segunda-feira, 12 de março de 2018

Kisse Shel Eliahu (1)


Análise da oração cabalística Ana Bekoach

Ana Bekoah (lê-se Ana Becoah, com um “e” breve, um “o” fechado e um “h” levemente aspirado) é atribuída ao grande cabalista Nehuniá ben Hakanah do século I da Era Comum, que se baseou no primeiro parágrafo do Livro da Gênese (Bereshit), que tem 42 letras no original em hebraico, para escrevê-la. Por isso, a essa prece é atribuído o poder de evocar a poderosíssima energia inicial da criação (Tzimtzum, o Big Bang Luriânico), e a própria Luz emanada por Deus naquele momento. Também se diz que teria sido criada por Abraão, o pai das três religiões monoteístas, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.

Não é necessário que se conheça o idioma hebraico para que se possa usufruir das maravilhosas bênçãos dessa oração. Apenas pronunciar a forma transliterada do texto já é suficiente. Aliás, a simples meditação traz a conexão com tais forças, pois as letras hebraicas são energias espirituais e refletem cada uma delas os princípios cósmicos arquetípicos e universais, válidos para qualquer pessoa, de qualquer religião e origem. A combinação das letras do alfabeto hebraico, bem como as permutações de grupos de letras, têm o mesmo efeito.

Ana Bekoach é composta por sete versos, cada um deles formado por seis palavras.

Na oitava linha se lê: “Baruch Shem Kevód Malkuto Le’Olam Va’ed” (Bendito seja o Nome do Senhor, cujo Glorioso Reino é Eterno), é uma espécie de ratificação da prece, um AMÉM ou um Está Feito, e deve ser lida em voz muito baixa, como que sussurrada.

A transliteração de Ana Bekoach para o idioma português é a seguinte:


1-    Ana bekôach gedulát yeminchá tatir tzerurá

2- Kabél rinát amcha sagveinu tahareinu norá

3- Na guibór dorshéi yechúdcha kevavát shomrem

4- Barchem taharem rachamei tzidkatechá tamid gomlem

5- Hassín kadósh beróv tuvchá nahél adatechá

6- Yahíd ge’eh le’amchá p’nêh zochrei kedushatechá

7-
Shavateinu kabél ushmá tza’akateinu yódea ta’alumot

(8) - Baruch shem kevód malkuto le’olam va’ed.


Nessa transliteração, o SH deve ser lido como em Shopping, ainda que esteja no final da palavra. Já o CH deve ser lido, a grosso modo, como o dígrafo RR, como carro, morro. Por exemplo, a palavra yeminchá, do 1º verso, deve ser lida yeminrrá. A palavra amchá, do sexto verso, deve ser pronunciada como amrrá, enquanto que barchem, da 4ª linha, deve ser lida como barrrem. Quando o CH estiver no final da palavra, porém, deve ser lido como um H aspirado. Observe a palavra bekoach, com seu CH final, que deve ser pronunciada como becôahh. O H entre duas vogais, como, por exemplo, em tahareinu (2º verso) deve ser lido como RR – tarrareinu, no caso.



A tradução de Ana Bekoach para o português:

Verso 1: Nós te rogamos: com o poder de Tua Mão Direita, desmancha o nó;

Verso 2: Aceita o canto de Tua Nação, exalta-nos e purifica-nos, ó Temido;

Verso 3: Por favor, ó Poderoso, protege aqueles que exijam a Tua Unificação, como a pupila do Olho;

Verso 4: Abençoa-os, purifica-os, concede- lhes sempre Tua Justiça misericordiosa;
Verso 5: Ó Santo, ó Protetor, com a abundância da Tua Bondade, governa Tua congregação;
Verso 6: Ó Único, ó Exaltado, derrama-Te sobre Teu povo, e sobre aqueles que se lembram de Tua Santidade;

Verso 7: Aceita os nossos clamores, e ouve os nossos gritos, ó Tu, que conheces todos os mistérios.

Última linha: (Bendito seja o Nome daquele cujo glorioso Reino é Eterno.)


Analisando a prece de maneira resumida, observamos que cada verso tem 6 palavras cada. Ao multiplicarmos os sete versos pelas 6 letras iniciais de cada uma das mencionadas palavras, em cada verso, obtemos um total de 42 letras, que formam o chamado Nome de Deus, ou Nome Divino, de 42 letras. Na tradição cabalística, há muitos Nomes de Deus, nas Sefirot, (esferas), ou em outros temas cabalísticos, como os 72 nomes de Deus, e outros nomes originários de acrônimos, por um processo que chamamos de Notarikon.

O Nome de 42 Letras (de dois pares de três letras) tem uma finalidade específica para cada linha. Já a meditação sobre o conjunto, como um todo, tem o objetivo de atrair as forças primordiais da Criação. A meditação sobre cada seqüência de letras permite que sejamos envolvidos e enlevados pelas vibrações delas emanadas, trazendo para nosso ser uma harmonização com sua essência vibracional:

Linha a (oriunda do primeiro verso): meditação para desmaterializar a ilusão, remover a influência do materialismo e nos conectar com a Àrvore da Vida;
Linha b (oriunda do segundo verso): meditação para frear os impulsos reativos, para combater o Mal, para eliminar pensamentos negativos e para fechar as portas para Satan;

Linha c (oriunda do terceiro verso): meditação para a prosperidade e para abrir os canais para o sustento (primeiras três letras, da direita para a esquerda). Para recuperar a energia perdida para a Sitra Achra e para eliminar o ódio sem motivo conhecido ou aparente (quarta, quinta e sexta letras);

Linha d (oriunda do quarto verso): meditação para alcançar a perseverança e força para continuar no Caminho, mesmo diante de adversidades;

Linha e (oriunda do quinto verso): meditação para desenvolver a clarividência, o sexto sentido e para conseguir enxergar a causa além do efeito. Também para adquirir a capacidade de vivenciar o aqui/agora;

Linha f (oriunda do sexto verso): meditação para que a espiritualidade se espalhe pelo mundo e para que as pessoas se tornem cada vez mais conscientes das Forças Superiores e da Revelação da Kabbalah a toda a humanidade;

Linha g (oriunda do sétimo verso): meditação para trazer energia de renovação e entusiasmo para nossas vidas.


O método básico de meditação sobre as seqüências de letras é o seguinte: num lugar calmo, tranqüilo e seguro (você não vai querer ser interrompido durante suas meditações) você deve se sentar calmamente com as seqüências de seis letras, três a três – ou a oração completa, em hebraico - à sua frente. Deve fazer, então, uma série de inspirações profundas, para acalmar sua mente e tranqüilizar seu corpo. Então, deve passar a se concentrar na série de letras escolhidas, passando o olhar sobre ela, da direita para a esquerda, sem pressa e passivamente. Em seguida, deve imaginar que cada letra, e depois a seqüência delas, começa a se iluminar e a vibrar, emitindo uma luz branca, que deve ser absorvida por suas narinas, percorrendo o interior de seu corpo. Sinta que a vibração percorreu todos os seus órgãos internos e todas as suas células. Permaneça nessa condição por alguns minutos. Quando sentir que conseguiu perfeita harmonia com as vibrações emanadas pelas Letras Sagradas, pode, então, encerrar sua meditação, agradecendo às Forças Superiores que o acompanharam nesse trabalho. Você pode repetir essa meditação quando e sempre que quiser.
Outra maneira de usufruir da oração é ler em voz relativamente alta a transliteração acima escrita, como se estivesse falando em hebraico e, em seguida, ler também a tradução. 

13 comentários:

Unknown disse...

Alento diário !!! Gratidão !

Unknown disse...

Muito bom para compartilhar!

Margarete Conter disse...

Mantra diário.

Margarete Conter disse...

Mantra diário.

Dani Keller disse...

Muito bom conhecer mais a fundo Ana Bekoach e o ensinamento da meditação.
Obrigado!

vera disse...

Adorei esta explicação,desde que conheci está música me transmite calma.

Unknown disse...

Gratidão por todos os seus ensinamentos!

renata lehmann disse...

Grata por explicar o q eu ainda não entendia apesar de ouvir todos os dias. Foi uma leitura excelente.

Sônia Scheuerlein Haim disse...

Um presente divino!!

Deborah Valle disse...

Maravilhosa explicacao!!!! Referencia muito seria SUPER gostei...

Analor disse...

MUITO BOM! Um bálsamo para a alma!

Unknown disse...

mesmo depois de fazer tantas vezes essa oração, nunca havia feito de uma maneira fão esclarecedora !!!obrigada , Maguid !!!

Danieli Pimentel disse...

Linda oração! Foi um presente ter recebido!

Shamati (130)

    130. Tiberias dos nossos sábios, boa é a sua visão (Ouvi em 1 º de Adar, Tav - Shin - Zayin , 21 de fevereiro de 1947, em uma via...