terça-feira, 24 de março de 2020

O TERCEIRO TEMPLO (5781)






Mishkney Elion

(Moradas do Supremo)



Moshe Chaim Luzzato


(Tradução de Poliana Pasa e Charles Kiefer)




         “Existe um rio cujas correntes trazem contentamento à cidade de Deus, o local sagrado das Moradas do Supremo (Mishkney Elyon)” (Salmos, 46-5).




         “Rabbi Yochanan disse: O Altíssimo, Bendito Seja, declarou: Eu não entrarei na sagrada Jerusalém até que Eu entre na Jerusalém terrena. Há, então, uma Jerusalém divina? Sim, como está escrito (Salmos 122:3): “Jerusalém será construída como a cidade que está ligada junto a ela” (Taanit 5a).




Prefácio



Meu plano era publicar o livro O III Templo (5781) em papel, numa requintada edição de trezentos exemplares, numerada e autografada por mim e pela Poliana Pasa, já que seu autor, RaMCHaL, Moshe Chaim Luzzatto, viveu entre 1707 e 1747. No entanto, a chegada de Keter, coroa, corona, a pandemia que vai transformar completamente a História da Humanidade, alterou meu planejamento de edição em papel. Talvez eu publique a obra em 5781, talvez além dessa data.



Mishkney Elyon, título original do manuscrito, foi encontrado em 1956, na Bodleian Library, em Oxford, no meio de outros manuscritos cabalísticos. O próprio autor, na Carta 31, parágrafo 109, carta escrita a Rabi Yishayah Basan, em 1729, mencionou a obra que escrevera com 22 anos de idade. Rabi Yitzchak Pacífico de Veneza, também em carta, mencionou que Luzzatto “escreveu uma explicação da visão de Ezequiel sobre o Templo e sobre o Templo Celestial, que ele chamou de Mishkney Elyon” (Manuscrito Montefiore 111).



Em 1999, Rabi Avraham Greenbaum publicou, pelo Instituto do Templo, de Jerusalém, uma tradução para o inglês, chamando a obra de Secrets of the future Temple (Segredos do Futuro Templo).



Eu, aqui, porque sei que profeta vê o futuro, mas que cabalista modifica o futuro, intitulei a obra de Luzzatto de O III Templo (5781).



Quero ver o começo da construção do III Templo em 5781, ou, em 2021.



Esse não é um livro para principiantes em Kabbalah. O que o mestre elabora aqui necessita de grandes Kelim, mas a simples leitura dessa obra no nível Pshat já auxilia na expansão dos Vasos.



Recomendo que antes da leitura desse livro, você leia Ezequiel, capítulos 40, 41, 42 e 43, no seu Tanat ou na sua Bíblia. 



                                                                           Charles Kiefer


















1.    Introdução



Meu propósito neste trabalho é discutir o tema do Templo Divino mencionado por nossos sábios, explicar sua forma e estrutura em todos os seus vários detalhes, e mostrar como a estrutura e a dimensão do Templo terreno estão em alinhamento direto com as do Templo Divino.



E você, querido e agradável leitor, aplique todos os seus poderes mentais, preste total atenção, que eu vou lhe ensinar uma sabedoria maravilhosa, do tipo que você nunca ouviu. Então você vai saber como o Rei dos reis de reis zela por Suas criaturas e conduz Seu Universo de uma forma ordeira. Ele instituiu a ordem do Universo a fim de estabelecê-la em uma Fundação firme e levá-la à perfeição em verdade e fé.



Essas questões profundas estão além do alcance da mente humana. Nenhum homem nunca teve sucesso em penetrar a Sabedoria do seu Criador e viajar pelo caminho da verdade e da justiça a fim de alcançar e entender os Trabalhos de Deus, mas agora eu vou desenvolver essas questões à sua frente em um trabalho introdutório único, totalmente inclusivo, que vai possibilitar que você entenda a maneira como o mundo é comandado e como Deus dá a cada dia a porção de comida e sustento a todas as Suas criaturas, cada uma a seu tempo.



A Pedra da Fundação



Quando o Criador desejou criar este mundo, Ele incluiu tudo em dez grandes luzes (as dez Sefirot) de onde emergiram todas as diferentes criaturas, como ramos se estendendo do tronco de uma árvore. Não há nada na existência inteira que não tenha seu lugar na Chariot Suprema.

        

A última dessas dez luzes, Malchut, é denominada Shechiná (a Presença que Habita). É aqui que todos os seres existentes estão enraizados. Entenda isso bem, pois além das raízes que todos os seres existentes têm nas outras Luzes Superiores, eles todos também têm uma raiz na Shechiná, a qual é chamada, portanto, de “a mãe das crianças”. Tudo emerge das Suas Mãos, e por essa razão todas as coisas estão enraizadas nela.



Entenda que há um lugar especial, conhecido Dela, em que todas essas raízes se juntam. [Este é o Templo Divino.] Neste lugar está a raiz de todas as coisas, tanto das que dependem Dela quanto das que dependem das outras Luzes Superiores. Neste lugar estão as raízes da terra e tudo o que esta contém, os céus, os céus dos céus e todos os seus anfitriões, sem exceção.

        

No meio do lugar onde todas as raízes se juntam há uma única Pedra. [Este é o Sagrado dos Sagrados do Templo Divino.] Essa Pedra é muitíssimo preciosa. Ela possui todo tipo de beleza e charme. É chamada de a Pedra da Fundação (Even Shetiyah). Há uma Pedra correspondente neste mundo, no mundo inferior, no lugar do Sagrado dos Sagrados, como será explicado depois.



Expandindo-se em todas as direções desde essa Pedra estão canais e caminhos que levam a todas as coisas. No seu início, esses canais são grandes caminhos que governam e regulam todas as diferentes ordens e espécies dos seres criados, todos os quais têm um profundo conhecimento interno das trilhas de sua raiz.  De lá, todos eles recebem sua porção no constante sustento providenciado a eles pelo Rei.



Como ramificações desses caminhos, há incontáveis trilhas menores que contêm as raízes individuais de cada ser único na Criação, do maior ao menor. Cada um tem seu caminho único.



Todos esses canais e caminhos começam no lugar que mencionei no início. Do ponto onde todos se juntam na Pedra, no meio deste local, o Criador zela por eles e contempla todos com um único vislumbre. Esse é o segredo do verso: “Ele forma seus corações juntos, Ele entende todos os seus trabalhos” (Salmos 33:15). Pois essa Pedra se encontra no coração do Universo, e lá todas as coisas são reunidas e conectadas e controladas em um único relance pelo Rei.



A Terra de Israel



Nesse lugar que eu mencionei há um único grande caminho circundando a Pedra. Esse caminho é como uma terra vasta, contendo grandes cidades fortificadas, de um tipo cuja beleza e esplendor nunca foi visto. Esse caminho inteiro emergiu da Luz que emana em completa beleza e esplendor da própria essência luminar da qual estou falando (Shechiná). Por essa razão, este lugar é muito sagrado. A terra lá é terra sagrada. E dela emanou, no mundo inferior, a terra que Deus olha com cuidado especial, a Terra de Israel.



O resto do mundo


Em torno dessa terra há numerosos outros caminhos que se estendem de um lado do mundo ao outro, alguns inclinados à direita (Chesed, Compaixão) e outros à esquerda (Din, Julgamento). Essas vias foram designadas para produzir muitas nações diferentes. Esses são todos os países do mundo. Eles estão todos sob a supervisão de grandes e poderosos ministros [os Sarim, Anjos das Setenta Nações]. Por essa razão, todos os outros países do mundo também deveriam ter sido puros como a Terra de Israel e isso também se aplica aos ministros nomeados sobre eles.



Contudo, quando a humanidade se tornou corrupta, tudo foi jogado à desordem e o mundo se deteriorou. Até mesmo os ministros foram arrastados para a impureza. É por isso que todos os outros países se tornaram impuros. A impureza tomou conta em todos os níveis, dividindo essas terras entre os ministros impuros, e por essa razão elas permaneceram impuras.



No entanto, isso não se deu quando eles se colocaram em sua devida ordem, no começo. Nem vai acontecer outra vez quando eles forem corrigidos no futuro. Eventualmente, os outros países também serão puros, ainda que não no mesmo grau de santidade quanto a boa terra que Deus concedeu eternamente ao Seu povo Israel.


Entenda bem isso, pois eu estou revelando a você grandes e impressionantes segredos, enraizados na mais profunda Sabedoria. Use sua inteligência e seja firme na busca pela Sabedoria e pelo Entendimento a fim de conhecer algo da grandeza do nosso Deus, ao menos uma gota desse oceano, pois aquele que atinge esse nível de Entendimento terá alcançado uma boa medida do que se encontra no poder da mente humana para compreender a grandeza e o mistério de Deus. E, agora, escute cuidadosamente e ouça, e eu lhe contarei um impressionante e maravilhoso segredo.



Construindo a Casa pela conexão das Luzes


Quando as últimas das dez Luzes (Shechiná) se completaram, com todas as suas luzes brilhando e tudo consertado e funcionando adequadamente, apareceu no final um certo lugar que é o mais impressionante [o Sagrado dos Sagrados do Templo Divino]. Esse é o lugar de grande desejo, o lugar de amor e paz. Esse lugar é oculto e secreto. Apenas o Rei pode ir lá. Ninguém pode entrar a não ser Ele. Esse lugar contém toda a beleza dessa Luz e todo o seu esplendor e perfeição. Nele são encontrados todos os encantos e prazeres. Quando o Rei entra, quem pode expressar a Sua grande beleza e bondade? Ninguém pode se comparar a Ele em toda a Sua glória e santidade. Por ser tão oculta, a Luz é ainda maior e mais intensa.


Foi desse lugar sagrado que emanou o outro lugar do qual eu estava falando anteriormente [ou seja, o resto do Templo Divino], e a Pedra da Fundação (Even Shetiyah) tem seu lugar firme nele.


Portanto, entenda: Esse local oculto e selado contém toda a beleza dessa Luz [ou seja, Malchut], enquanto o segundo local contém todas as fontes e raízes de todos os seres criados. O primeiro lugar é o Sagrado dos Sagrados, onde a Arca e o Testemunho estão situados, e onde a Pedra da Fundação se encontra em todo o seu poder. O segundo lugar é o resto da estrutura do Templo, o qual emergiu dessa pedra, como vou explicar depois.


Veja agora: Quando a Luz chamada Malchut (poder majestoso) juntou-se com o Melech (Rei), o estado resultante de feliz tranquilidade (Menuchá) fez com que se erguesse essa Casa em todos os seus detalhes, com todos os seus vários pátios e câmaras, interiores e exteriores. Todas as diferentes dimensões do Templo correspondem às Luzes relacionadas, sejam poucas ou muitas.


Pois nesta Casa estão os grandes caminhos que se estendem a todas as diferentes ordens e espécies de seres criados, como mencionado anteriormente. Esses caminhos possuem nomes gloriosos, repletos de energia e poder. Desses caminhos é que se ramificam as vias que mencionei. Cada caminho tem seu próprio nome especial. Tudo está organizado com a maior Sabedoria. É daqui que todas as coisas recebem seu poder. São a esses nomes que elas se anexam quando ascendem do reino inferior para o superior. Quando chegam a esses caminhos, elas se protegem sob esses grandes nomes que mencionei, para que nada das vias individuais possa ser visto. Somente quando emergem, cada uma em seu devido lugar, que elas assumem seus próprios nomes particulares. Por essa razão, na Casa em si apenas os caminhos têm nomes, mas não as vias. Entenda bem isso.


Como a Casa emerge com tamanha e tão feliz tranquilidade é chamada de Menuchá. Depois que essa Casa foi construída, nunca mais foi selada novamente. Essa Casa Sagrada foi criada antes do Universo, e é a partir dela que todos os seres criados recebem seu poder e sustento. Quando o fluxo de bênção e sustento chega à Casa a partir do Rei, todos os seus pátios e câmaras são vistos como repletos de poder e força para doar a todos que chegam perto, a cada um de acordo com seu nível.


Por essa razão, o fluxo de benção e sustento para essa Casa nunca cessou. Se fosse interrompido por um único momento, todos os seres criados deixariam de existir imediatamente. O Rei nunca desvia o Seu olhar do Seu palácio. Se você argumentar que foi apenas dos níveis superior (Aba e Ima) que disseram “eles nunca se separam”, mas não dos níveis inferiores, essa não é uma objeção válida. Você não compreendeu as profundezas da Sabedoria e não encontrou suas Raízes.


Você deve entender que acasalamento e união (Zivug) de um lado, e conexão (Chibur) de outro, são dois fenômenos distintos. Nós falamos da conexão (Chibur) quando duas Luzes brilham, uma em direção à outra, a partir de seus respectivos lugares, sem se aproximar. Por essa razão, quanto mais longe a Luz está de sua fonte, mais fraca se torna. Os sábios chamavam isso de “separação” (Pirud), ainda que não haja, de fato, separação entre as Luzes, Deus o proíba. Acontece apenas que, quando não estão perto uma da outra, é chamado de “separação”. Essa é a ideia de “desenraizar as plantas”.


Essa falha só é possível em esferas inferiores e não pode atingir o plano superior. Assim, as duas luzes de Yud e Hey (as duas primeiras letras do Tetragramaton) estão sempre e perfeitamente conectadas, com a ponta do Yud acima delas. Todas as três (a ponta do Yud, aludindo a Keter, a Coroa, o próprio Yud, aludindo a Chochmá, Sabedoria, e o Hey, aludindo a Biná, Entendimento) são unidos por um laço forte, firme. Mas, nos domínios inferiores, encontramos a separação como um resultado dos pecados do homem. O Yud se separa do Hey, o Hey do Vav, e o Vav do segundo Hey.


Por outro lado, acasalamento e união (Zivug) ocorre quando as Luzes se aproximam uma da outra. Quando se unem dessa forma, quem pode expressar a grande beleza de sua santidade e o poder de seu brilho? Como um fogo enfurecido, elas flamejam uma para a outra apaixonadamente, e se tornam estreitamente ligadas em uma grandiosa união. O poder e o prazer resultantes levam contentamento a todas as Luzes, uma após a outra, até a fonte perfeita e unificada, o Infinito (Ein Sof), bendito Seja. E devido a esse enorme contentamento, um fluxo de bênçãos abundantes surge Dele e descende a todos os níveis.


Esse acasalamento e união (Zivug) está ausente nos domínios inferiores. Por essa razão os sábios disseram: “O Altíssimo, bendito seja Ele, disse: Eu não entrarei na Jerusalém divina até que Eu entre na Jerusalém terrena” (Taanit 5a). Enquanto a Jerusalém terrena não estiver firmemente estabelecida para o louvor de toda a terra, o Rei não vai entrar completamente na Jerusalém divina, mas, como o conserto das Luzes as levam a uma perfeição cada vez maior, seu poder vai se espalhar com grande força e o Templo Divino vai ser construído no mundo inferior. Contudo, na ausência desse estado de conserto, como resultado do pecado, a Casa terrena é destruída.


Todavia, o Templo Divino nunca deixou de existir. Se deixasse, o Universo inteiro seria destruído em um momento, como eu disse anteriormente. Seu brilho original apenas escureceu, e lhe falta o intenso contentamento que irradiava com a residência gloriosa e o local de descanso do Rei. Quando os pecadores forem removidos da Terra, as coisas retornarão ao modo como eram no início. A Luz será mais brilhante e o fluxo de bênção vai ser derramado em abundância. Por essa razão, o Templo vai, sim, ser reconstruído no mundo inferior e a sua glória será maior que a dos dois primeiros, como discutirei melhor adiante.



As diferentes áreas do Templo correspondem às diferentes ordens de seres existentes


Agora eu vou começar a explicar em detalhe o formato do Templo, área por área, canto por canto. [Primeiro, um número de princípios gerais que apresentam o projeto como um todo.] O desenho inteiro do Templo é baseado em um grande segredo que se encontra em todas as cúpulas do Universo. Eu já lhe falei sobre como essa Casa emergiu desde a intensidade da feliz tranquilidade que se deu quando as duas grandes luzes (Tiferet e Malchut) se uniram como uma. Foi então que apareceram, na luz inferior (Malchut), o Santuário (Heichal) e suas câmaras, e os outros prédios gloriosos dos quais todos os servos e oficiais do Rei recebem suas porções, cada um no seu devido lugar, sem desordem e sem exceções.


O Templo consiste de três áreas principais após a emergência de vias e caminhos, os quais se estendem a partir da grande pedra que mencionei no início. Essas três áreas são as três ordens de seres criados que existem no mundo. A primeira ordem inclui todas as criações “externas”, as criaturas deste mundo, desde os maiores até os menores, sem exceção. A segunda consiste de todos os anjos em seus postos designados, prontos para executar o serviço do Rei. A terceira consiste das almas dos Filhos de Israel, a semente sagrada, um povo único na terra.


Os lugares correspondentes no Templo são: (1) o prédio do Santuário principal (Heichal), junto com o Sagrado dos Sagrados (Dvir) e o Vestíbulo (Ulam): esta é a parte mais interna do Templo [o lugar das almas]; (2) Os Pátios do Templo, ou seja, o Pátio Superior (ou Interno) e o Pátio Inferior (ou Externo) [o lugar dos anjos]; (3) o resto do Monte do Templo [o lugar das criaturas deste mundo].


Você deve entender que os anjos requerem dois tipos de sustento, um para sua própria subsistência e um segundo para que doem às criaturas sobre as quais eles são nomeados. Pois se eles não recebessem, o que teriam para dar? Se você está familiarizado com os Caminhos da Sabedoria, verá que, ainda que eu tenha dividido essas áreas em três, elas são na verdade quatro: (1) o prédio principal do Tempo (Heichal); (2) o Pátio Superior (Interno); (3) o Pátio Inferior (Externo); (4) o Monte do Templo.



Esses são os lugares dos habitantes dos quatro mundos, Atzilut (Emanação), Beriá (Criação), Yetsirá (Formação) e Assyiá (Ação). [O prédio do Templo, o lugar das almas, corresponde a Atzilut; o Pátio Interno, o lugar dos capitães dos anjos, correspondem a Beriá; o Pátio Externo, o lugar dos anfitriões angélicos, corresponde a Yetsirá, enquanto que o resto do Monte do Templo corresponde a Assyiá.] Além disso, o prédio do Templo (Heichal) é dividido em dois, pois na internalidade do próprio Heichal está o Sagrado dos Sagrados (Dvir), correspondendo à ponta do Yud, o qual é sempre conectado ao Yud e nunca se desloca dele.



Esses lugares têm os mais grandiosos e melhor selecionados Nomes. São Nomes gerais. Em face desses Nomes, todos os outros poderosos e maravilhosos Nomes estão escondidos, como se nunca houvessem existido. Devido à grande santidade desses Nomes, seu poder é ilimitado. Toda a existência está sujeita a eles, do início ao fim. Essas são as quatro “expansões” (Miluim) do Tetragramaton conhecidas pelos sábios: a expansão de 72 [na qual as quatro “simples” letras do Nome são soletradas por extenso e, onde possível, “preenchidas” com Yud’s: יוד הי ויו הי]; a de 63 [onde o Vav é “preenchido” com um Aleph: יוד הי ואו הי]; a de 45 [onde as letras são “preenchidas” com Aleph’s: יוד הא ואו הא]; e a de 52 [onde os Hey são “preenchidos” com Hey’s: יוד הה וו הה]. É por isso que eu disse, na Introdução, que nesses lugares não é visto nenhum outro Nome além desses quatro. Todos os outros Nomes emergem desses quatro Nomes e tem domínio sobre seus próprios lugares particulares, mas não podem manter a influência no local onde suas raízes são tão poderosas.



Por que as dimensões do Terceiro Templo diferem daquelas do Primeiro e do Segundo: duas raízes da Criação


Agora eu vou explicar a você porque o futuro Templo será diferente do primeiro e do segundo. Essa não é uma questão vazia. Preste bem atenção e faça todo esforço para acompanhar. Há certos pontos importantes que você precisa entender antes.



Está escrito: “No princípio (Bereshit), Deus criou os céus e a terra” (Gênesis 1:1). Os sábios comentaram que a letra beit, na palavra Bereshit, tem também a conotação de “dois”, sendo esse o valor numérico da letra beit. A palavra Bereshit, portanto, indica dois começos. Você precisa compreender esse grande fundamento a fim de entender as coisas claramente e saber o significado da ideia de retificação (Tikun) do mundo.


Quando o Criado, bendito Seja, decidiu criar esse mundo, Ele colocou as luzes em seus devidos lugares e os guardas em seus postos, organizando todas as diferentes ordens da criação em Sua Sabedoria. Essa Sabedoria (Chochmá) foi exaltada sobre todas os Suas outras obras, e dessa Sabedoria tudo depende. Essa Sabedoria é representada pelo Yud do Seu glorioso e maravilhoso Nome.



Acima da Sabedoria é encontrado um outro começo (Keter, a Coroa), que é completamente selado: “Profundo, profundo, quem pode encontrar?” (Eclesiastes 7:24). Isso é o que dá à Sabedoria o seu poder e a sua força. Devido a sua intensa santidade, esse começo mais alto está totalmente ocultado na Sabedoria, e completamente invisível de fora. Quando todos os ministros e oficiais que recebem do Rei virem que todos eles recebem da Sabedoria, dirão “Certamente esse é o começo (Reshit) de tudo, essa é a fonte que nunca cessa.” Por essa razão, a Sabedoria é chamada de “o começo”.



Mas incluído na Sabedoria está o outro e mais alto “começo” (Keter). Não há separação entre os dois. Tudo que é provocado pela Sabedoria deriva de seu começo mais alto, e é de lá que a Sabedoria recebe suas ordens. Não há nada no mundo provocado pela Sabedoria que não derive do seu outro começo, significado pela ponta do Yud. Você verá que a ponta nunca é separada do Yud, nem o Yud da ponta. Assim, todas as coisas têm um começo e, além disso, há um começo do começo. Esse é o conceito dos dois começos (Be-reshit) do qual eu falei acima.


Por que a escritura usou uma expressão que comporta dois significados? A razão é que, desde o dia em que o mundo foi criado até os tempos atuais, o mundo não alcançou a perfeição. Tudo depende dos atos do homem. Se o homem não tivesse pecado, o Universo chegaria à perfeição. Por causa do pecado, não foi aperfeiçoado. Até agora, a criação só chegou ao nível de retificação correspondente à Sabedoria. Mas há um nível muito maior e mais alto que ainda precisa ser atingido, pois quando o começo oculto (Keter) for revelado em todo seu poder e glória, todas as Luzes chegarão a um nível muito maior e mais alto, depois do qual não haverá mais declínio. As Luzes ainda não atingiram esse nível, mas no tempo vindouro elas certamente o atingirão. E então o bem virá com abundância ao mundo, e a paz e a tranquilidade vão reinar em todos os lugares, e a tristeza e os suspiros serão banidos. Desses dias, é dito: “Neste dia YHVH vai ser Um e o Seu Nome Um”.


Se eu desenvolvesse essa questão, levaria a discussões muito extensas que me colocariam além dos limites do meu tema. É humanamente impossível compreender todo e cada detalhe até o fim, por isso não vou me dispersar muito do caminho. Vou simplesmente colocar a sua frente um número de explicações introdutórias. Examine-as cuidadosamente e você conquistará o entendimento de segredos ocultos que estão selados e reservados para os remanescentes que Deus chama, segredos que servem como a Vestimenta do Ancião (Isaías 23:18 como explicado em Pesachim 118a).



O Primeiro Templo: Chochmá

O que você deve saber é que, até agora, todas as Luzes e todos os níveis têm sido baseados apenas na Sabedoria (Chochmá), enquanto no futuro, o Princípio Oculto (Keter) será revelado e todas as coisas vão ascender aos maiores e mais preciosos níveis.


Saiba também que o pecado de Adão estragou tudo e fez com que toda a perfeição se tornasse oculta, com o resultado de que o mundo não foi sequer capaz de retornar a seu estado anterior [ou seja, ao nível da Sabedoria], a não ser nos dias de Salomão, quando o Templo foi construído pela primeira vez. Está escrito: “E Deus deu Sabedoria a Salomão” (I Reis 5:26). Nesse tempo, a Sabedoria foi revelada em toda a sua beleza e radiante glória, permitindo que todas as Luzes brilhassem com grande força e alegria. Naqueles dias, em todos os níveis e em todos os mundos, havia apenas o poder e o prazer sagrados, como nunca havia sido visto. Mesmo assim, porque tudo estava baseado apenas na Sabedoria e não alcançou o objetivo final (Keter), essa paz e tranquilidade chegou ao fim e o Templo foi destruído.



O Futuro Templo: Keter


Mas, no Tempo Vindouro, quando o Começo Oculto que mencionei (Keter) for revelado, a felicidade será muito, muito maior, e nunca vai acabar. Todas as coisas emanam da sua Fonte. Da mesma forma, todas as regras que governam as Luzes e o seu funcionamento, seja em movimento ou em repouso, seguem a sua Fonte. Qualquer mudança na Fonte da qual as Luzes recebem afeta o mundo inteiro. Por essa razão, no Tempo Vindouro, o mundo passará por muitas mudanças, e o Templo Divino certamente será diferente, já que é o lugar de onde toda a vida é canalizada para todas as criaturas em todos os mundos.


O Primeiro Templo, então, corresponde a Chochmá, a Sabedoria que foi concedida a Salomão e com a qual ele construiu o Tempo, como eu expliquei, enquanto o futuro Templo corresponde ao Princípio Oculto (Keter) que ainda será revelado.


Todavia, não há nada de novo sob o sol. Todas as mudanças e desenvolvimentos que ocorreram e continuam a ocorrer todos os dias pelos seis mil anos da Criação foram decretados desde o princípio. Mesmo assim, no Tempo Vindouro, quando as fronteiras de Chochmá forem ultrapassadas, o mundo vai entrar em um novo estado de contentamento. Esse é um grande fundamento, apesar de que eu não vou discuti-lo extensivamente agora. Deixe-me apenas dizer, de forma breve, que Deus inicialmente fez todas as coisas da maneira como são agora, com base apenas em Chochmá, mas elas contêm dentro delas o poder de serem ordenadas de acordo com o Princípio Supremo (Keter). E quando esse Começo for revelado, tudo será atraído por ele através do poder original já implantado no Princípio. A Criação inteira será, então, renovada como se nascesse naquele momento. É por isso que Isaías falou sobre “Os novos céus e a nova terra” (Isaías 66:22).


O Terceiro Templo foi construído acima no momento da destruição do Primeiro Templo



E agora eu vou revelar um segredo muito bom, então aplique a sua inteligência de forma resoluta a fim de descer às profundezas da questão. Saiba que esse futuro Templo é o que Ezequiel, o Profeta, viu logo depois da destruição do Primeiro Templo. Você já ouviu que o Templo acima nunca deixou de existir, embora o Templo abaixo houvesse sido destruído. Pois o Templo, neste mundo, só pôde ser construído por meio do grande poder das Luzes (Sefirot), as quais irradiavam, para baixo, de nível a nível, até atingir este mundo, produzindo o Templo. Na ausência desse poder, o Templo não pôde permanecer neste mundo, mas isso não significou que o Templo Divino precisasse ser destruído. Ele simplesmente se escureceu e não brilhou como no princípio.


No entanto, aqueles que estão familiarizados com os Caminhos da Sabedoria conhecem um grande segredo: se aqueles que viveram quando Salomão construiu o Primeiro Templo não tivessem caído em pecado, mas se tivessem se mantido firmes no caminho da pureza, eles teriam ascendido de nível a nível até que tudo fosse aperfeiçoado. Então, o mundo teria, simplesmente, mudado diretamente de um estado para outro, e o que era para ser revelado teria sido revelado. No entanto, a influência do mal e a proliferação dos pecadores causaram a destruição do Primeiro Templo, que tinha sido construído de acordo com o desenho original. Quando isso aconteceu, o Templo Divino não permaneceu mais em sua forma original. Em um único momento, ele desapareceu e foi reconstruído com uma forma e com uma estrutura diferentes: as do futuro Templo. Uma construção desapareceu e a outra apareceu no mesmo instante. Contudo, a nova estrutura não foi revelada no mundo inferior. Apenas no futuro será revelada. Mas, no Mundo Superior, desde aquele dia, assim foi e assim permanece.


É por isso que Ezequiel o viu, pois já estava construído e em pé. Se o povo judeu fosse digno, a redenção no tempo de Ezra deveria ter sido como a redenção no Egito, e a sua entrada na terra teria sido como a de José. Então, eles teriam construído o Templo de acordo com a visão de Ezequiel, e os dois Templos, acima e abaixo, estariam perfeitamente alinhados.

Diferenças entre a presença da Shechiná no Primeiro e no Segundo Templo


Como o povo falhou em aprimorar os seus hábitos, a redenção no tempo de Ezra foi uma questão silenciosa e eles não tiveram a força para construir o Templo de acordo com o plano do futuro Templo. Sob as instruções dos profetas entre eles, construíram-no em parte como o Primeiro Templo e em parte como o futuro Templo que já existia acima, mas o tempo não estava maduro para que o construíssem inteiramente como o futuro Templo.


Na época de Salomão, os dois Templos, neste mundo e no mundo superior, estavam em perfeito alinhamento e, por isso, a Shechiná encontrava nele um lugar de repouso e habitava no Templo terreno. O Segundo Templo, no entanto, não era similar ao Templo Divino e a Shechiná não habitava nele.



Presença da Shechiná no futuro Templo


No tempo futuro, os dois Templos não apenas serão similares, mas a Casa Superior vai se estender até alcançar o mundo inferior. Esse é o significado do ditado de nossos sábios de que o Terceiro Templo será o trabalho das mãos de Deus, pois o Templo Divino não será desenraizado do seu lugar. Ao invés disso, ele se estenderá até alcançar o mundo inferior e, então, ao seu redor, será construída uma estrutura física, como é adequado para este mundo material, e as duas estruturas serão unidas e se tornarão uma e nunca mais vão se separar novamente. A glória de Deus será inteiramente revelada lá, como está escrito: “E a glória de Deus será revelada, e toda a carne verá” (Isaías 40:5). Então, haverá paz completa e felicidade para sempre.


Há uma alusão a este segredo no verso: “o Santuário, ADNY, que as suas mãos estabeleceram (Konenu, כננו)“ (Êxodo 15:17). A beleza dos membros e dos ornamentos da Shechiná é revelada de acordo com a maneira como Ela recebe. Quando a Luz desse começo brilhar, a glória da Sua coroa (Keter) será muito exaltada. Assim, o Santuário será construído na fundação de Keter, e o valor numérico das letras da palavra KoNeNu (126), כננו, é equivalente ao de אדנ״יי אי אייד אדיינ, o qual brilha nessa Coroa. Todas essas questões são muito profundas e muito mais enraizadas em Sabedoria do que pode parecer.



Tirando as medidas da Casa com uma haste de medição e um Cordão de linho



“... E veja, havia um homem cuja aparência era como bronze com um cordão de linho em sua mão e uma haste de medição. E o homem me disse: Filho do homem, veja com seus olhos e ouça com seus ouvidos e coloque o seu coração em tudo o que vou lhe mostrar…” (Ezequiel 40:3-4).



Note que todas as dimensões dessa Casa foram medidas com uma “haste de medição” [Kney Hamidah, קנה המדה] (Ezequiel 40:3). Esse grande segredo se relaciona com a minha discussão sobre como esse prédio é construído de acordo com as luzes de Keter. Não importa para onde as Luzes se espalhem, cada uma delas tem em si a medida apropriada ao emergir da Fonte. É essa medida que mantém cada Luz individual dentro das fronteiras adequadas. Portanto, conforme essa Casa é construída em sua forma adequada, a medida correta de cada parte individual é consertada, e tudo se coloca na ordem apropriada. Deixe-me explicar isso. Todas as várias câmaras, pátios e outros lugares são construídos por um “construtor”: essa é a nona Luz [Yessod, Fundação], chamada pelos sábios de “a vida dos mundos”, já que é a fonte de vida para todos. Essa Luz é chamada “uma haste”, e agora é de fato uma “haste de medição”, pois inclui a qualidade da medida exata a fim de estabelecer limites aos vários prédios e estruturas que emergem dela.



É, de fato, o “cordão de linho” [פתיל] que significa a qualidade, a medida exata, pois o linho tem raiz em Guevurá, força, julgamento rigoroso e limitação. O “cordão” consiste das dez Luzes muito poderosas que são extraídas de Guevurá para estabelecer limites a todas as coisas e manter cada criatura dentro de suas fronteiras apropriadas. Essas dez Luzes são dez Nomes de YHVH, todos expandidos com Hey’s [a “expansão” de 52], como é do conhecimento dos sábios. [52 x 10 = 520, valor numéricos das letras פתיל.] Esses são os nomes de Guevurá que dão medida e limite a tudo. É a partir desse cordão que a Luz que mencionei [ou seja, Yesod, a “haste”] recebe a sua qualidade de medida exata. Ela é então chamada “haste de medição”, e, portanto, todos os seus prédios emergem dela com suas medições apropriadas.



Saiba que seiscentas e vinte grandes e poderosas Luzes emergem desta primeira Luz, o Começo Oculto [Keter] que eu mencionei anteriormente. Elas têm raízes em dois grandes Nomes, repletos de poder e força: El El [ א״ל א״ל]. Pois na medida em que esses dois Nomes exibem seu grande poder e glória, cada um se propaga a trezentos e dez mundos. [O valor numérico de א״ל é 31; 31 x 10 = 310.] Duas vezes trezentos e dez é seiscentos e vinte, o valor numérico de Keter, a Coroa. Pois esses dois Nomes estão estabelecidos numa maravilhosa e muito elevada coroa. Trezentas e dez dessas Luzes permaneceram no seu lugar, enquanto as outras trezentas e dez foram doadas de Keter para Chochmá e Biná. As Luzes foram divididas entre elas para que cada uma recebesse cento e cinquenta e cinco (valor numérico da palavra KaNeH, “haste”). Esse é o segredo do verso, “Adquira [kneh] sabedoria [Chochmá], adquira [kneh] entendimento [Biná]” (Provérbios 4:5).



É Biná que estabelece limites e medidas, pois ela é sua fonte. Quando a qualidade de medida estrita alcança Yessod, ela toma o seu nome e é chamada de “haste de medição”. Veja como tudo isso resulta da revelação daquele “começo”, pois ele é a fonte dessas duas hastes. A haste esquerda (as 155 Luzes, ou KaNeH, tomadas por Biná) é para medir, como eu disse. A extensão da haste é seis cúbitos. Cada cúbito tem seis mãos de largura. Veja, portanto, como todas as luzes estão unidas nessa Luz, a qual é chamada “Tudo”, já que tudo está contido nela. Existem seis direções [as seis Ketzavot, aludindo às seis Sefirot, de Chessed a Yessod, todas as quais estão incluídas em Yessod], e quando elas estão todas conectadas umas às outras, formam trinta e seis, correspondendo ao comprimento desta haste (36 mãos de largura).



Até agora, eu falei em termos gerais e estabeleci uma introdução compreensiva do tema. Agora, vou me voltar para questões específicas e, com a ajuda do Céu, vou providenciar uma explanação clara e detalhada da forma e da estrutura do Templo, em detalhes. Seguirei o caminho do fluxo de sustento e bênção (Shefa) à medida que ele emerge da Fonte e se espalha adiante para todos os lados. Começo, portanto, com o lugar de onde o fluxo emerge, e eu vou lhe dizer em quais direções ele viaja após sair de lá, e qual caminho ele toma no começo e qual caminho ele toma do final.














2. O Prédio do Templo



O Sagrado dos Sagrados



O primeiro lugar que emanou da Pedra da Fundação é um lugar de Luz intensa e bênção abundante. Pois como ela (ou seja, Malchut) parte de diante do Rei, ali ela se coloca pela primeira vez em toda sua beleza e glória. Quem pode descrever seu poder e brilho? Esse poder é concedido apenas a Israel. Uma grande tela separa o Santuário do Sagrado dos Sagrados.



E agora eu devo pedir que você aplique a sua inteligência a fim de entender os segredos deste grandioso lugar. Quando as duas grandes Luzes, cuja identidade você já conhece (Tiferet e Malchut) se uniram, a feliz tranquilidade resultante reforçou muito as duas últimas letras do nome sagrado de YHVH, bendito seja Ele, Vav e Hey. Um vasto salão, então, surgiu: o Sagrado dos Sagrados. Esse salão estava escondido nas profundezas e não era visto de fora, pois uma cortina (Parochet) se encontra antes dele, cobrindo a entrada e prevenindo que seja visto. Eu revelarei outros segredos sobre essa cortina mais adiante.



Esse salão, portanto, é só para o Rei e para nenhum outro. Apenas uma vez por ano (no Yom Kippur), quando o Sumo Sacerdote no mundo inferior entra no Sagrado dos Sagrados com o incenso, é concedida a permissão para entrar àquele que tem permissão de entrar. Isso é devido ao grande amor de Deus por Seu povo, mais precioso para Ele do que os anjos-ministros. Isso é expresso no verso: “Naquele momento será dito a Jacó e Israel, ‘O que fez Deus?’” (Números, 23:23) [ou seja, como os anjos estão “de fora”, eles precisam perguntar ao Povo Judeu o que Deus fez].



Do estado de extrema felicidade e tranquilidade neste salão irradia uma luz muito sagrada chamada YAHDVNHY (o shiluv de YHVH e ADNY). Entenda os segredos desse nome: ele começa e termina com um Yud, aludindo ao segredo: “Eu sou o primeiro e Eu sou o último” (Isaías 44:6). Pois todas as Luzes estão incluídas nele em Unidade. Por essa razão, esses dois Yud’s brilharam em toda sua glória e esplendor e construíram o comprimento e a largura desse salão de acordo com suas medidas, pois eles se estendem do princípio ao fim e do fim ao princípio. Portanto, há vinte aqui e vinte lá, e as dimensões desse salão são vinte por vinte. Juntos, eles formam um Mem fechado [= 40], que é a medida do Mikvê [ou seja, 40 se’ah’s de água].



Parede leste do Sagrado dos Sagrados



À medida que essas Luzes irradiaram do seu lugar de glória, o atributo da medida exata as manteve dentro de suas fronteiras. Por meio do grande poder da restrição (Guevurá), inerente a esta qualidade de medida, uma parede foi construída a sua frente, mantendo as Luzes no interior e evitando que se propagassem adiante.



Entenda o princípio fundamental das paredes dos vários prédios: o poder de cada parede corresponde diretamente à intensidade da Luz que restringe. A natureza da parede corresponde à Luz que oculta e a intensidade da Luz corresponde à parede. Nenhuma possui poder ou importância maior que a outra. Já que o prédio do Templo inteiro foi construído a partir das Luzes das duas letras Vav e Hey, a parede do Sagrado dos Sagrados também surgiu através do poder dessas duas letras. A parede tem, portanto, dois cúbitos de espessura e concentra todas as Luzes que emergem dessas duas letras. Entenda bem isso. É essa parede que separa o Sagrado dos Sagrados do Santuário principal, do qual tratarei agora.

Portão do Sagrado dos Sagrados



À medida que a grande e poderosa letra Vav se afirmou (pois foi do Vav que a Luz emergiu), sua força foi tão grandiosa que rompeu a parede e fez ali um portão tão alto quanto a medida do Vav [= 6]: seis cúbitos. E como o Vav foi unido ao seu companheiro [6+1=7], a largura do portão foi sete cúbitos.



Quando eu discutir os outros Portões do Templo, vou explicar de forma mais extensa o significado dessas aberturas nas paredes. Até este ponto, tudo estava completamente oculto e, como eu afirmei, a única abertura era esse portão feito pelo Vav. Se não fosse pelo fato de esse Portão estar aberto, o Universo inteiro estaria em um estado de total privação e, portanto, deixaria de existir. É por isso que o Portão precisava primeiro ser aberto. Conforme o Fluxo de Bênção e Sustento saiu por esse Portão propagou-se em todas as direções, forjando uma multiplicidade de vias e caminhos de acordo com as necessidades dos diversos mundos.



O Santuário



Quando essa grande Luz emergiu desse Portão, ela se propagou para todos os lados e fez um segundo Salão. O primeiro Salão, discutido acima, é o Sagrado dos Sagrados, enquanto que o segundo Salão é o Santuário.



Esse é o lugar do qual as almas de Israel recebem seu sustento, e é onde está localizado o Altar do Incenso interno. Esse é o Altar onde o sacrifício das almas é oferecido quando elas trazem seu presente perante o Rei. Eu explicarei mais sobre essa questão quando eu explicar o sistema de sacrifício, e vou lhe dizer o que é esse presente, quem o oferece, quem o traz perante o Rei e como aqueles que o trazem são recompensados quando o Rei o recebe com benevolência. Agora, deixe-me completar minha discussão sobre o Santuário.



Nesse Santuário brilham as grandiosas e poderosas Luzes que emergem das duas letras Vav e Hey, como mencionei, e dos dois Yud’s. Como o Vav e o Hey se tornaram mais fortemente conectados, eles emitiram sessenta grandes e poderosas Luzes. Essas brilharam através do Santuário e se dividiram em três grupos, um ao Sul, um ao Norte e um ao Leste. Portanto, havia vinte Luzes em cada lado: dez Luzes provenientes do Vav e dez do Hey. Foram os dois Yud’s que fizeram com que a Luz emergida do Vav e do Hey se dividisse em dez. Quando o Vav e o Hey se uniram e causaram a emergência dessas Luzes, cada um emitiu dez Luzes. As vinte Luzes no Norte (Guevurá) se tornaram inseparavelmente unidas às vinte Luzes no Sul (Chessed). Então, havia quarenta Luzes em cada lado ao longo do comprimento do Santuário, e vinte Luzes em toda a sua amplitude. As dimensões do Santuário eram, portanto, quarenta por vinte cúbitos.



Entende que, quando as Luzes dos lados Sul e Norte emergiram do portão do Sagrado dos Sagrados, elas viajaram para o Leste. Isso porque é a partir do Leste que elas deveriam se propagar ainda mais. Por essa razão, verificamos que essas quarenta Luzes se propagaram do Oeste para o Leste. Imediatamente depois, as Luzes do lado Leste surgiram. Conforme foram para seu lugar nomeado, elas se alastraram aos dois lados, a fim de unir as Luzes dos lados Sul e Norte, já que essa é sua tarefa constante [ou seja, a tarefa das Luzes do “Leste”, Tiferet, a coluna central, é fazer a mediação entre as Luzes do “Sul”, Chessed, e do “Norte”, Guevurá].



Assim as Luzes se estenderam até alcançar o seu lugar nomeado, e é por isso que há quarenta Luzes ao longo do comprimento do Santuário nos seus lados Sul e Norte, mas apenas vinte através de sua amplitude no lado Leste.



Quando a “haste de medição” formou uma parede para as Luzes, as paredes Sul e Norte tinham, ambas, quarenta cúbitos de comprimento, pois quando as Luzes se uniram elas se tornaram vinculadas por uma forte ligação e incluíram uma à outra. No entanto, a parede Leste tinha apenas vinte cúbitos de comprimento, correspondente ao número de suas Luzes. Quando eu explicar o caminho pelo qual Bênção e Sustento (Shefa) fluem para o mundo você entenderá a função dessa parede e o papel que ela exerce no comando do mundo e da distribuição de Sustento e Bênção.



A Bênção Sacerdotal e as dimensões do Santuário e do Sagrado dos Sagrados



“Que Deus o abençoe e o proteja; que Deus brilhe Seu semblante sobre você e lhe seja benevolente; que o semblante de Deus se volte a você e lhe conceda paz” (Números 6:24-25).





Ao todo, são sessenta as Luzes do Santuário, correspondentes ao número de letras na Bênção Sacerdotal (Números 6:24-26). Pois é do Santuário que a Bênção segue para Israel por meio dos Sacerdotes, a quem são confiados os serviços do Templo e do Altar, como vou discutir mais adiante, com a ajuda de Deus. Ao adicionar essas sessenta Luzes às quarenta do Sagrado dos Sagrados, tem-se um total de cem. Essas Luzes derivam das vinte Luzes dos dois Yud’s.

Há uma alusão a esse segredo no verso: “É melhor um punhado de gratificação [Nachat] do que dois punhos cheios de trabalho em busca do vento” (Eclesiastes 4:6). Isso se refere ao lugar de tranquilidade e deleite espiritual sobre o qual estamos discutindo. O verso fala disso como um “punhado” [Melo Kaf], pois a letra Kaf tem o valor numérico de 20, correspondente aos dois Yud’s que construíram o Sagrado dos Sagrados, a parte mais interna do Templo. Quando eles se propagaram com grande força e poder fizeram com que as dimensões do salão interno [o Sagrado dos Sagrados] fossem quarenta [ou seja, vinte de comprimento por vinte de largura] e as do Santuário fossem sessenta [ou seja, quarenta de comprimento por vinte de largura]. Somando quarenta e sessenta, dá um total de cem, correspondente ao valor numérico do “preenchimento” de Kaf quanto soletrado por completo, Kad Pey (Kaf = 20, Pey = 80; 20 + 80 = 100).



Note que a Bênção Sacerdotal é composta de três bênçãos, correspondentes aos três grupos de Luzes que emanam do Norte, Sul e Leste. Três Yud’s emergiram do Vav e três do Hey. É por isso que cada uma das três Bênçãos começa com um Yud [יאר ישא יברכך]. Esses são os três Yud’s do Vav, os quais são a Fonte da Bênção, como eu indiquei. Quando eles se unem com os Yud’s do Hey, dá um total de cem em cada direção. É por isso que cada uma das três bênçãos termina com a letra Kaf [= 20, correspondendo, em cada caso, à união de um Yud do Vav com um do Hey]. O terceiro Kaf é o da palavra אליך na terceira Bênção [ישא], pois esse é o encerramento da Bênção principal. De lá, a Bênção se estende, concluindo com o Mem final da palavra “paz” [שלום], em alusão às quarenta Luzes do Sagrado dos Sagrados.



Paredes e portões



Agora eu vou explicar o significado dos portões nas paredes. Examine com cuidado o que eu digo, pois essas são questões importantes envolvendo maravilhosos segredos. Saiba que todas as coisas têm uma raiz no mais alto dos níveis. De lá, elas se estendem, descendendo de nível a nível até alcançarem o mundo inferior.



A raiz de todas as coisas é encontrada na Sabedoria Suprema (Mocha Stima, literalmente o “Cérebro Oculto”), que fica no alto de todos os níveis e dá poder a todos os anfitriões do Paraíso e aos paraísos dos paraísos. Nem ao menos uma pista do que está além deste nível é conhecida, exceto nas profundezas dos corações dos sábios, os quais sabem que tudo surge de Um único e unificado, que não tem nome e não pode ser descrito. “Ele nos fez e nós somos Dele” (Salmos 100:3): o Infinito, bendito seja Ele.

A Sabedoria possui poderosos “portões”, dos quais seu esplendor e glória brilham para todas as criaturas nos mundos inferiores que desejam se deleitar em seu enorme prazer.  Dois desses portões são especialmente grandiosos, e são tão importantes quanto todos os outros reunidos. São duas grandes e poderosas Luzes que fazem com que tudo o que ocorre no mundo aconteça por meio da Sabedoria. Essas duas Luzes são chamadas metaforicamente de duas “constelações” [Mazalot], a superior e a inferior [correspondentes ao oitavo e ao décimo terceiro dos Treze Atributos da Misericórdia revelados em Êxodo 34:7]. Delas, correm águas doces e agradáveis para satisfazer toda a vida com benevolência. [Mazal tem a conotação de “fluxo”.] Elas governam tudo no mundo, do começo ao fim, e nada surge sem a sua influência. Vendo este grande segredo, os sábios disseram: “Tudo depende do Mazal, até o rolo da Torá no Templo” (Zohar 3, 134a).



Quando a Sabedoria Suprema se preparou para propagar-se abaixo através da “abertura superior” [o Mazal de “preservar a bondade” (Êxodo 34:7), o oitavo dos Treze Atributos], brilharam três grandes Luzes de poder e esplendor ilimitados. Os nomes dessas luzes são: YHVH, YHVH, YHVH. Quando essas Luzes emergiram da Sabedoria, elas saíram e vieram a essa entrada, e todos os portões de misericórdia se abriram diante delas. Quando esses portões estão abertos, nenhum dos portões inferiores pode permanecer fechado, pois tudo o que acontece nos mundos inferiores depende dos mundos superiores, já que tudo está ligado em uma única corrente, de cima até embaixo. 



Quando essas três Luzes saíram do seu lugar de glória e alcançaram a abertura inferior [o Mazal de “e purifica” (ibid.), o décimo terceiro atributo], elas encontraram três outros nomes que são seus dignos correspondentes: EHYH, EHYH, EHYH. Cada um dos nomes em cada conjunto uniu-se fortemente ao seu parceiro, e eles descenderam juntos aos reinos inferiores. São os três nomes do primeiro conjunto que dominam, pois eles são “masculinos”, enquanto os três nomes do segundo conjunto são “femininos”. Essas Luzes descenderam até que alcançaram o ponto mais profundo do Universo. Neste fim, encontrava-se outro conjunto de três nomes: ADNY, ADNY, ADNY. Quando as Luzes em descenso os alcançaram, todas foram preenchidas com Bênção e Benevolência, fazendo com que os nomes de ADNY fossem “preenchidos” com as suas letras, doze de cada uma [אלףַ דלת נון יוד], abrindo, assim, os portões.



Deixe-me explicar essa questão. Cada “parede” é chamada ADNY. Por essa razão está escrito: “Observe ADNY em pé em uma parede…” (Amos 7:7), e Salomão disse “Eu sou uma parede” (Cântico dos Cânticos 8:10). Essa questão ficará clara para qualquer um que tenha seguido os Caminhos da Sabedoria até as raízes. Essa qualidade (de Malchut) é um “vidro que não brilha”, ou seja, uma barreira que se coloca em frente às Luzes e as impede de brilhar através dela.



Essa parede tem portões, pois, sem portões, como a Bênção e o Sustento seguiriam aos reinos inferiores? Esses portões surgiram quando, num certo ponto ao longo da parede, a Luz se tornou tão poderosa que o local em questão foi preenchido de grande misericórdia e se transformou em uma abertura ou portal para a Luz passar. Entenda isso. Pois quando o nome de ADNY é “preenchido”, como mencionado acima, seu valor numérico é 671, correspondente ao de Tar’a [תרעא], que é a palavra em aramaico para “portão”.



Por essa razão, quando os dois conjuntos de três nomes que descendem das já mencionadas “entradas” [os portões de Mocha Stima, os dois Mazalot] alcançaram os três nomes de ADNY no fundo “final” do Universo, os últimos foram “preenchidos” com Luz abundante, e cada um deles se tornou um “portão”. Por essa razão, os pátios do Templo têm três portões, como você vai ver. Contudo, aqui [no Santuário] há apenas um portão com duas pequenas entradas laterais à direita e à esquerda.



O portão do Santuário e suas duas entradas laterais



Agora, deixe-me explicar essa questão a você. Esses três nomes [de YHVH brilhando desde Mocha Stima] correspondem às três colunas de Compaixão [Chessed, à direita], Julgamento [Guevurá, à esquerda] e Misericórdia [Tiferet, no centro]. Este lugar de conexão e feliz tranquilidade é a coluna central que influencia. Devido a sua grande glória e esplendor, as duas colunas laterais são subordinadas. Por essa razão há apenas um portão aqui, com dois pequenos portões em cada lado, correspondentes às duas colunas laterais.



Conforme as Luzes que se propagavam a partir do Santuário se prepararam para sair, apesar de seu grande número, todas foram incluídas nas dez grandes Luzes, pois a raiz também está dividida em dez. Elas ficaram cinco de um lado e cinco do outro, criando dois “ombros” para a abertura: cinco à direita, no lado da Compaixão, e cinco à esquerda, no lado do Julgamento. A extensão da abertura era de dez cúbitos, a fim de que as Luzes mencionadas pudessem passar pelo do portão.

          

Pórtico do Santuário



Quando essas Luzes Supremas se uniram para abrir o portão, elas exibiram seu poder e glória exatamente no lugar do portão. Conforme se propagaram no portão, fizeram aparecer uma estrutura bela, ampla e gloriosa, chamada o “Átrio [Ulam] do Portão”. Por que é chamada de Ulam? Porque essas três Luzes são unidas em tal unidade que todas as três aparecem em cada uma delas, e o seu número (26 x 3 = 78) é o mesmo que o valor das letras de Ulam (Aleph 1 + Vav 6 + Lamed 30 + Mem 40 + 1 para a palavra como um todo = 78).



Quando a coluna central se afirmou, exibiu seu poder e beleza, fazendo com que as letras dos nomes associados de YHVH e EHYH fossem “preenchidas”: יוד הי ויו הי , אלף הי יוד הי. Ao todo, esses dois nomes contêm vinte letras: vinte maravilhosas Luzes que agem com grande poder. Quando os Nomes se uniram, essas Luzes se tornaram perfeitamente interconectadas: אילופ״ד ההי״י יוויד״ו ההי״י. Portanto, todas as Luzes foram incluídas entre as duas de cada ponta, nomeadamente Aleph e Yud. Essas Luzes determinaram as dimensões desse Pórtico: vinte cúbitos de comprimento [ou seja, Norte-Sul, correspondente às vinte letras nas duas expansões] e onze de largura [Leste-Oeste, correspondente à soma do Aleph = 1 e do Yud = 10; 1 + 10 = 11].

Casa das Navalhas



De forma similar, [a Luz desde] as entradas bilaterais se propagaram para as laterais do Pórtico, criando dois lugares gloriosos, um em cada lado. Esses são conhecidos como “A Casa das Navalhas” [onde são mantidas as facas de abate dos sacrifícios].



Entenda que, quando os Nomes de YHVH e EHYH saíram dos portões laterais, eles foram ofuscados pela Luz esmagadora do portão central, e não puderam exibir seu poder. Por essa razão, suas letras constituintes não foram “preenchidas”, mas se mantiveram sozinhas em sua forma simples. Além disso, os Nomes aqui não se interconectaram da mesma forma que os Nomes vindos do portão central.



Isso é refletido nas dimensões dessas duas estruturas nos dois lados do Pórtico. Os dois Nomes em cada lado consistem de oito letras, oito Luzes, e essas são acompanhadas por duas Luzes adicionais que saíram das duas “constelações” para reforçá-las. Adequadamente, essas duas estruturas têm dez cúbitos de largura. Nas duas pontas estão duas Luzes: um Yud em uma ponta e um Hey na outra [sendo esses o primeiro Yud de YHVH e o Hey final de EHYH]. Isso determina a extensão das duas estruturas, que é de quinze cúbitos [Yud 10 + Hey 5 = 15]. Quando eu falar sobre o serviço de sacrifício, explicarei porque esse lugar é chamado de Casa das Navalhas.



A espessura das paredes do Santuário e do Pórtico



Se você considerar cuidadosamente todas as diferentes Luzes, verá que todas derivam do Vav e do Hey que se uniram no começo. Por essa razão, quando a Linha de Medição determinou as dimensões apropriadas das paredes construiu a parede do Santuário na fundação do Vav e a parede do Pórtico na fundação do Hey, sendo a última a parede exterior. Essas paredes têm, portanto, seis e cinco cúbitos de espessura respectivamente, e se estendem de acordo com as Luzes incluídas nelas.



O portal do Pórtico



A intensidade da Luz no Pórtico fez com que aparecesse um portão na parede. Deixe-me explicar a forma desse portão. Quando as vinte Luzes que se espalhavam de lado a lado pelo Pórtico quiseram emergir, elas tomaram uma ordem diferente. As Luzes de EHYH foram incluídas nas Luzes de YHVH, criando dez dentro de dez. Ao lado dessas dez Luzes, apareceram quatro Luzes muito grandiosas, as quais eram, de fato, a fonte daquelas dez, criando um total de quatorze Luzes: יוד הי ויו הי e as quatro letras do Tetragramaton. Essas quatorze Luzes atravessaram a parede e formaram um portão de largura correspondente: quatorze cúbitos.



Os dois pilares



Do lado de fora desse portão apareceram duas Luzes gloriosas, na forma de dois grande pilares erguidos na entrada, um à direita e um à esquerda. Entenda o significado desses pilares. Eles são os ramos das duas “constelações” supremas [Mazalot] mencionadas anteriormente. Estas são a fonte de toda Luz e de toda Bênção, e têm uma influência decisiva sobre tudo que acontece nos mundos superiores e inferiores. Delas emergiram os três grandes nomes de YHVH, YHVH, YHVH, que abriram o portão do Santuário e criaram o Pórtico perante ele, mostrando que o ramo nunca está separado da raiz. Não importa o quanto a Luz descenda, ela sempre permanece conectada à sua fonte. É por isso que essas duas Luzes apareceram na forma desses dois pilares, uma manifestação inferior das duas Luzes supremas que são a Fonte dos Céus e, em última análise, controlam todas as coisas.



Essas colunas são muito altas, como sabem aqueles que entendem a Árvore e seus ramos e sua fonte. A verdade é que a distância entre o lugar de onde essas Luzes emergem e o lugar onde elas deixam de brilhar é de sessenta cúbitos, após a qual a sua Luz é doada para as duas grandes Luzes de Tiferet e Malchut, as quais determinam tudo que acontece no mundo. É daqui que descende tudo o que está destinado a descer a partir das duas “constelações”, até que alcance o fundo e faça os portões apropriados.



Até agora, eu discuti a maneira como o Templo foi construído, e expliquei a estrutura do Santuário, do Sagrado dos Sagrados e do Pórtico, e as medidas de suas paredes e portões. Deixe-me lhe falar agora sobre o que está dentro deles, e você vai aprender muitos segredos preciosos.



A Cortina na entrada no Sagrado dos Sagrados



Perante a entrada do Sagrado dos Sagrados está suspensa uma grande cortina exatamente com a mesma largura e altura da entrada, nem mais nem menos. Deixe-me explicar o propósito dessa cortina. Ela foi formada por diversas Luzes que se uniram aqui para impedir a passagem de qualquer coisa que não devesse entrar.

As duas grandes “constelações” [Mazalot] provocam todas as coisas em todos os momentos, e elas mesmas incluem todas as treze das grandes nascentes conhecidas pelos sábios, nomeadamente os Treze Atributos da Misericórdia. Nenhum homem jamais poderia encarar seu grande brilho e santidade. Todos temem e tremem para que não sejam consumidos no Grande Fogo. Depois deles, sete grandes e maravilhosos nomes têm influência: essas são as quatro principais expansões de YHVH [72 + 63 + 45 + 52 = 232], pertencentes ao Mazal superior, e as três principais expansões de EHYH [161 + 151 + 143 = 455], pertencentes ao Mazal inferior. É a partir de todas essas Luzes unidas que a cortina [Parochet] é formada. O valor numérico das letras de PaRoCheT [פרכת] é 700, correspondente a esses sete nomes e aos Treze Atributos da Misericórdia. [Pey 80 + Reish 200 + Chaf 20 + Tav 400 = 700 = 232 + 455 + 13.]



A Arca do Testemunho



Atrás da cortina, dentro do Sagrado dos Sagrados, está a Arca do Testemunho, testemunhando sobre a inseparável unidade oculta de Deus. A Arca fica sobre a Pedra da Fundação por razões que ficarão claras com base no que eu expliquei na Introdução.





O Candelabro, a Mesa e o Altar do Incenso



No Santuário há três grandes e preciosas Luzes, uma à direita, uma à esquerda e uma no centro, servindo aos dois lados ao mesmo tempo. Deixe-me explicar essas três Luzes. A Luz no lado direito se espalhou com toda a sua força e glória, aparecendo como um candelabro (Menorá) feito inteiramente de ouro, com sete grandes lâmpadas se estendendo nos dois lados. Essa Luz vem da Shechiná Superior. Pois é aqui [no Santuário] que ela revela seu poder, já que este é o lugar onde todas as almas são purificadas, como você verá depois quando discutirmos os sacrifícios. Por que as suas Luzes são de número sete? Porque ela está no sétimo nível contando a partir de cima.



Da mesma forma, à esquerda há uma única Luz, que se estende ao longo e através, na forma de uma mesa posta com todos os tipos de iguarias. O Pão de Proposição está na mesa o tempo todo. A mesa tem dois cúbitos de comprimento e três de altura, num total de cinco. Essa é a Luz que vem da Shechiná Inferior. Como ela é a quinta, contando para baixo a partir dos níveis acima dela, sua medida é cinco. Três desses cinco níveis se uniram, enquanto o quarto, Yessod, não se separa de Malchut. É por isso que as dimensões da mesa são três por dois.



Entre essas duas Luzes [ou seja, o Candelabro e a Mesa] está uma terceira, servindo a ambas. Isso é chamado o Altar Interior [ou do Incenso], onde é oferecido o sacrifício das almas de Israel, como explicarei depois.



Revestimento de madeira e ouro nas paredes



Quando o Santuário se ergueu, com todas as paredes no seu devido lugar e com suas medidas corretas, apareceu um revestimento por dentro, cobrindo as paredes de cima a baixo. Sobre ele, apareceu um segundo revestimento. Deixe-me explicar o segredo desses revestimentos. As paredes em si são feitas de pedras, as quais vêm de Malchut. Sobre elas, paira a glória do Rei [Melech], a qual as cobre completamente, de forma que são invisíveis. Esse revestimento é feito de madeira porque vem da Árvore da Vida. Cobrindo-o está um segundo revestimento, o qual é muito mais esplêndido que ambas as pedras e a madeira. Esse segundo revestimento deriva de Biná, a qual esconde seus filhos sob suas asas. É, portanto, ouro puro.



Deixe-me agora revelar um grande segredo: quando todos os níveis atingem um estado de retificação e a união sagrada das Luzes faz crescer a mais feliz tranquilidade, nada é visto de Tiferet ou Malchut, porque Biná paira constantemente sobre eles, como diz o verso: “Como uma águia que desperta a sua ninhada” (Deuteronômio 32:11). A grande glória que paira sobre eles se esconde dos olhos de todos os vivos. Isso é apenas apropriado, pois está dito: “Caminhar discretamente com o teu Deus!”.  (Miquéias 6:8). É por isso que a Torá proíbe a colocação de madeira no Templo inferior, a não ser que esteja coberto de ouro. Isso lhe ajudará a entender os caminhos de Deus, e a ver o quão profundo e distante eles estão da sabedoria humana.



Querubins e palmeiras nas paredes



Dentro do Santuário, as mais bonitas Luzes aparecem em todas as paredes. Todas recebem umas das outras na medida em que se espalham em meio ao brilho causado pela união perfeita em todo o redor. Essas Luzes brilham na forma de querubins e palmeiras. Entenda a grandeza e a importância dessas Luzes. Elas são feitas de palmeiras machos e fêmeas. Disso é dito: “Os justos, porém, florescerão como a palmeira” (Salmos 92:13), referindo-se ao tzadik (Yessod) e sua companheira (Malchut).



Os querubins têm duas faces: a de um homem de um lado e a de um leão do outro. Saiba que a construção desse Templo é realizada por meio do poder do lado direito (Chessed) na misericórdia (Tiferet). Esse é o segredo do verso “E ocorrerá no fim dos dias que o Monte da Casa do Eterno se elevará acima de todas e se destacará dentre as colinas, e a ele afluirão todas as nações” (Isaías 2:2). O “topo das colinas” alude ao lado direito, o do leão, do qual é dito “E a cara de um leão do lado direito” (Ezequiel 1:10). Este se une a Adam, homem, correspondente a Tiferet, a coluna central. É a partir da Luz desses dois que deriva a união simbolizada pela palmeira. Por essa razão, as faces dos querubins estão voltadas para a palmeira, pois o leão está de um lado, a face do homem do outro, e a palmeira se encontra entre os dois.



As janelas estreitas



Essas Luzes iluminaram o Santuário inteiro, preenchendo-o de Bênção e Benevolência. As palmeiras e os querubins aumentaram a força da corrente de bem-estar de Bênção concentrada no Santuário. Mesmo quando sai da presença de seus mestres não enfraquece. Quando a Luz intensa no interior do Santuário explodiu para fora, ela não apenas abriu o portão, mas também rompeu numerosas aberturas nas paredes.



Apesar de essas aberturas serem muito estreitas no lado de dentro, a Luz que brilha a partir delas se propaga para todos os lados. Por essa razão, essas aberturas nas paredes são chamadas “janelas fechadas”, porque são estreitas no interior e amplas por fora. Tais aberturas são encontradas em todas as paredes do Santuário, do Sagrado dos Sagrados e dos Pórticos. Numerosas Luzes brilham a partir dessas janelas o tempo todo, além do Fluxo de Bênção que sai a partir dos portões. Pois o Fluxo de Bênção sai apenas nos horários determinados, enquanto as Luzes dessas janelas nunca param de brilhar, dando força e poder aos mundos inferiores.



Ademais, mesmo aqueles que ascendem para receber dos portões vão primeiro para as janelas. Eles olham para dentro através da janela. Ao ver a intensidade da Luz e da alegria no interior, eles são preenchidos com satisfação e anseio em se deleitar nessa bondade oculta. Seus anseio e desejo levam-nos a correr para o portão, exultantes e cantando louvores. Lá, eles permanecem até que sua porção lhes seja concedida, cada um de acordo com sua parte. Ao contemplar primeiro através das janelas, suas almas ganham força suficiente para suportar a intensidade do Fluxo de Bênção que sai do portão.



Pilar voltado para pilar



Quando as paredes foram construídas, três pilares apareceram em sua estrutura. Eles eram visíveis em ambos os lados, já que estavam embutidos na espessura da parede. Eles se erguem “pilar voltado para pilar” (Ezequiel 42:3), correspondendo às três colunas [das Sefirot: Compaixão, Julgamento e Misericórdia], a fim de reforçar o poderoso prédio e mantê-lo estável.



Portas do Santuário



No Portão do Santuário, há umbrais quadrados com duas portas à direita e duas à esquerda. O segredo dessas portas tem raiz no nome ADNY, do qual duas das quatro letras (o Aleph e o Yud) ficam à direita, e duas (o Dalet e o Nun) à esquerda. Quando essas portas estão fechadas, ninguém sai ou entra. Apenas quando elas estão abertas é possível entrar ou sair. Esse é o “Caminho Divino” pelo qual todos os visitantes da Casa entram e saem.



Há outro segredo aqui para os sábios. Nesse portão ficam vinte e duas Luzes à direita e vinte e duas à esquerda. Essas são as vinte e duas letras da Torá. Unidas em grupos separados, à direita e à esquerda, elas aparecem na forma de duas portas voltadas uma para a outra. De cada lado estão dois grupos de seis letras unidos por um terceiro grupo, atrás deles, de dez letras. Esses três grupos de letras de cada lado tomam a forma de uma “dobradiça” e de uma “porta”: uma à direita e uma à esquerda. [A “porta”, Delet = Dalet (ד), é feita de dois Vav’s (ו = 6) anexados por “trás” por uma “dobradiça”, o Yud (י = 10). Seis + seis + dez = 22.]  Quando as duas portas estão fechadas e unidas, elas formam um Mem fechado [ם, feito de dois Dalet’s anexos], e o portão permanece fechado até a hora em que abrirá de novo.



Embora eu tenha dito que há vinte e duas Luzes à direita e vinte e duas à esquerda, a verdade é que [em cada lado] há vinte e duas Luzes interiores e vinte e duas Luzes exteriores. Pois esse é o lugar da Shechiná Superior e da Shechiná Inferior, ambas as quais possuem essas Luzes. Por essa razão, as Luzes são duplicadas e há quatro portas.



Altura dos portões



Entenda que, com exceção do Portão Interior, todos os portões são muito altos, pois são desenhados para satisfazer as necessidades daqueles que recebem deles. Os portões têm cinquenta cúbitos de altura, sendo a matriz inteira de almas e anjos dividida por cinco. No entanto, o primeiro portão [o do Sagrado dos Sagrados] é menor que os outros. Como você certamente entende, a Luz que alcança os mundos inferiores tem apenas uma minúscula fração da intensidade da Luz que brilha na Morada do Supremo. Essa pequena porção é proporcional à escala dos mundos inferiores e é absolutamente suficiente para eles.



Alturas do Primeiro, do Segundo e do Terceiro Templos



A altura do Terceiro Templo é de cem cúbitos, apesar de isso não ser afirmado explicitamente por Ezequiel, que disse simplesmente “eu vi a altura da Casa” (Ezequiel 41:8). A altura é uniforme ao longo de toda a extensão e largura do Templo, e ele não precisou especificá-la. Deixe-me explicar um grande segredo, pois essa não é a mesma altura do Primeiro Templo, nem no mundo superior nem na Terra. O Primeiro Templo tinha cento e vinte cúbitos de altura (Crônicas II 3:4). Isso porque ele tinha um andar superior que chegava a essa altura. Contudo, o Templo visto por Ezequiel tinha apenas cem cúbitos de altura e não tinha um andar superior.



Entenda que cada atributo divino (Sefirá) mede cem [já que cada Sefirá individual contém todas as dez Sefirot, e cada Sefirá componente consiste, em si, de todas as dez: 1 x 10 x 10 = 100]. Como o Primeiro Templo foi construído através de Chochmá, sua altura era de cem cúbitos em virtude de Chochmá, com vinte cúbitos adicionais brilhando a partir de Keter, a fim de levar Chochmá à perfeição. É por isso que o Primeiro Templo foi construído com um andar superior, indicando como Keter, significado pela letra Kaf (= 20), paira sobre Chochmá e brilha no interior dela. É por isso que havia apenas vinte cúbitos a partir de Keter e cem de Chochmá.



No entanto, o Terceiro Templo [construído pela própria Keter] não tem andar superior, pois Keter é a “cabeça” e está acima de todo o resto. A altura do Terceiro Templo é de cem cúbitos, sendo esses cem de Keter. Esses cem cúbitos são, até agora, maiores que todos o cento e vinte cúbitos de altura do Primeiro Templo. Adequadamente, está escrito: “Grande será a glória desta última Casa” (Ageu 2:9). O Segundo Templo também foi construído com uma altura de cem cúbitos, como no Templo Divino visto por Ezequiel em sua visão profética. Se aqueles que o construíram não soubessem disso, eles não teriam feito nenhuma mudança por conta própria, sem uma base firme, mas teriam mantido as medidas do Primeiro Templo.



O telhado do Templo



Da parede do Santuário até a parede do Pórtico apareceram grandes Luzes na forma de raios, segurando e reforçando as paredes e mantendo-as em sua posição. Cada raio é um Vav que emana do Vav Supremo do Nome Sagrado, Bendito Seja. Há um princípio fundamental que você deveria entender: toda “casa” deriva de Malchut, enquanto que todo telhado deriva de Tiferet. É a partir dos raios, portanto, que o Fluxo de Bênção é atraído para a Casa, assim como Tiferet brilha sua Luz abaixo, para Malchut. Na frente do Pórtico, há degraus, os quais eu vou explicar depois, com a ajuda de Deus, quando eu discutir o serviço do Templo.



Dimensões da Casa



O profeta menciona três números quando fala das dimensões do Templo: cem, noventa e setenta (Ezequiel 41:12-13). Cada um desses números está conectado com as Luzes (Sefirot). Ao todo, as Sefirot chegam ao montante de cem [ou seja, há dez Sefirot, das quais cada uma contém todas as dez Sefirot: 10 x 10 = 100]. Contudo, uma dessas Luzes [Keter] é oculta, deixando noventa. Mas as Luzes inferiores através das quais o mundo é, de fato, conduzido, são setenta [ou seja, as sete Sefirot de Chessed a Malchut: 7 x 10 = 70]. Esse é o segredo do verso: “O homem anda como uma sombra [TzeLeM]” (Salmos 39:7). A partir de um ponto de vista, há noventa Luzes, correspondendo ao Tzade [= 90]; de outro, há setenta, correspondendo ao Lamed [= 30] e ao Mem [= 40; 30 + 40 = 70], enquanto do ponto de visto do Keter Supremo há cem.









3. Os Pátios do Templo


Agora, deixe-me discutir os Pátios do Templo em todos os seus vários detalhes, e você ouvirá a mais gloriosa Sabedoria. Eu pularei agora certos assuntos que eu deveria ter discutido, e os deixarei para o final, porque estou seguindo o Caminho do Fluxo de Bênção, como eu já afirmei.


Conforme as vias e os caminhos se estenderam a partir da Pedra da Fundação, duas grandes áreas apareceram, uma em frente ao prédio do Templo e a outra cercando tanto o Templo quanto essa primeira área. Deixe-me explicar tudo isso em detalhe.


Essas duas áreas tinham a forma de dois grandes pátios, colocados a frente e ao redor do Templo. O primeiro é chamado de Pátio Interno, o segundo de Pátio Externo. Esses são os lugares de todos os exércitos e criados do Rei que estão ao Seu serviço. Esses líderes têm suas próprias áreas especiais. Esses líderes são os Serafim, cujo poder é enorme. Eles ficam perto do Trono. Todas as outras tropas acampam sob suas diversas bandeiras. Sobre elas ficam oficiais, inferiores aos Serafim, que lhes dão suas ordens e supervisionam todas as suas atividades para que tudo corra de forma apropriada, sem nenhum impedimento. Os oficiais recebem do Pátio Interno, enquanto os anjos inferiores e outras tropas recebem do Pátio Externo.


Esses pátios são cercados por altos muros, os quais mantêm todas as Luzes dentro de seus limites. A espessura dos muros é a mesma que [o comprimento] da haste de medição [seis cúbitos], e eles têm portões que permitem a passagem do Fluxo de Luz e Bênção, como explicarei em mais detalhes depois.


Três portões do Pátio Interno


O Pátio Interno tem três portões: um ao Sul, um ao Norte e um ao Leste. Cada portão tem a largura de dez cúbitos, já que dez grupos de anjos devem receber de cada um. A altura dos portões é de cinquenta cúbitos. Eu já expliquei esse segredo anteriormente (veja Altura dos portões).


No entanto, como as Luzes já haviam viajado por alguma distância desde o lugar da maravilhosa conexão, a coluna central não tinha mais o mesmo enorme poder de quando emergiu do Santuário pela primeira vez, pois sua força já havia diminuído. Por essa razão, o portão Leste do Pátio Interno, correspondente à coluna central, não era diferente dos portões dos dois lados. Agora, todos os três são semelhantes e cada um tem um portal para si mesmo.


Pórticos do Pátio Interno


Conforme cada um dos portões se abriu, um portal apareceu diante dele, como eu já expliquei. Pois o que ocorreu apenas no caso da coluna central [quando a Luz saiu do portão do Santuário], agora ocorreu no caso das duas colunas laterais [conforme a Luz saiu dos portões do Pátio Israelita]. Contudo, as dimensões dos Pórticos desses portões são diferentes daquelas do Pórtico do Santuário, pois as Luzes que emanam dos portões do Pátio Israelita não são iguais às Luzes que emanam no Santuário. No caso dos portões do Pátio Israelita, os nomes de YHVH e EHYH fizeram seus pórticos com oito cúbitos de largura [correspondendo às oito letras dos dois Nomes]. Adjuntas a eles estavam as duas colunas cujas identidades e medidas você já sabe.


Três câmaras em cada lado dos portões


Conforme esses portões se abriram nas paredes, para permitir a passagem do Fluxo de Bênção, as mais lindas câmaras apareceram em ambos os lados de cada um dos portões, três à direita e três à esquerda. As três câmaras de cada lado do portão abrem umas para as outras, enquanto as entradas para as duas câmaras imediatamente adjuntas, em cada lado do portão, estão frente a frente.


Deixe-me lhe contar agora alguns segredos sobre essas entradas. Você deve entender que para que o Fluxo de Bênção que sai em direção aos mundos seja perfeitamente equilibrado e adequado às necessidades dos seus habitantes ele deve ter sempre a combinação apropriada de Julgamento e Misericórdia.  Na Carruagem, “direita” e “esquerda” aludem respectivamente a Misericórdia e Julgamento. Nada pode atingir seu estado devidamente retificado a não ser através do masculino e do feminino. Por essa razão, as Luzes são “masculinas” e “Femininas”, e juntas elas ajustam e equilibram o Fluxo de Bênção de forma a levar todas as coisas a um estado de perfeição.


Isso explica porque essas câmaras se encontram lá. O seu segredo está ligado à sua raiz: uma tríade de Chessed-Guevurá-Tiferet à direita, e uma tríade similar à esquerda. A medida interna de cada câmara é de seis cúbitos, pois aqui predomina o Vav, o elemento masculino. A espessura das paredes das câmaras é de cinco cúbitos, pois aqui predomina o Hey, o elemento feminino. Portanto, cada uma dessas câmaras é uma união de masculino e feminino.


A Bênção e o Sustento adequados para todos os Serafim já estão reunidos dentro do Pátio Interno. Quando o Fluxo de Bênção passa pelo portão, ele primeiro entra imediatamente nessas câmaras, pois o Fluxo de Bênção que sai da direita entra nas câmaras da esquerda, enquanto o fluxo que sai da esquerda entra nas câmaras da direita. O Fluxo de Bênção é retificado nessas três câmaras, em cada lado, e é ajustado em um equilíbrio de Compaixão, Julgamento e Misericórdia, dependendo se a influência é da Compaixão ou do Julgamento rigoroso. São o Vav e o Hey, masculino e feminino, que fazem o ajuste. Depois, o Fluxo sai com um equilíbrio perfeito, pronto para ser doado àqueles que o exigem. 


Telhados das câmaras


Deixe-me lhe contar o que faz com que o Fluxo de Bênção que emerge dos portões seja desviado para dentro dessas câmaras ao invés de ir diretamente para fora. Quando o portão abriu, passaram as três Luzes que somaram treze, como foi mencionado antes [ver Paredes e portões]. Conforme elas saíram, juntaram-se a outras Doze Luzes que estavam no próprio portão. Essas são as doze letras אלף דלת נון יוד. Juntas, chegam a um total de vinte e cinco. Essas vinte e cinco Luzes se propagaram para ambos os lados, do telhado da câmara na extrema direita ao telhado da câmara na extrema esquerda. Essas Luzes não foram muito longe. Elas simplesmente se espalharam pela largura das câmaras, em ambos os lados, acima dos seus telhados, mas não abaixo.


Portanto, conforme o Fluxo de Bênção deixa o portão, essas Luzes brilham sobre ele a partir de cima. O poder dessa Luz faz com que o Fluxo de Bênção se amplie e flua para os lados como as Luzes acima, ao invés de simplesmente se propagar para fora. É então que o lado direito do fluxo entra nas câmaras da esquerda, enquanto o lado esquerdo do fluxo entra nas câmaras da direita, até que tudo esteja em perfeito equilíbrio.


Depois de ser retificado nessas câmaras, o Fluxo de Bênção sai das aberturas das duas câmaras imediatamente adjuntas ao portão, em cada lado, e as duas correntes se juntam no meio para formar uma. Então, outra Luz brilha sobre ela e a leva para fora, para ser doada aos destinatários pretendidos.

O profeta alude a isso quando diz: “E havia abóbadas ao redor, de 25 cúbitos de comprimento e cinco de largura” (Ezequiel: 40:30). Você deveria entender que todas as diversas medidas e dimensões são mencionadas apenas porque elas aludem a algum aspecto de Sabedoria, e são sabidamente necessárias para o governo apropriado dos mundos.















4. O Serviço do Templo



É nesse Pátio Interno que está localizado o altar externo ou Altar da Queima do Sacrifício. É onde os sacrifícios diários são oferecidos. Eu devo explicar agora a ordem dos serviços do Templo e o sacrifício ao Rei. Faça todo o esforço para entender.



Saiba que todos os Anfitriões Celestes (os anjos e as almas) recebem da multiplicidade de Luzes Sagradas [as Sefirot] o Fluxo de Sustento e poder de que precisam para sobreviver e cumprir seus deveres. Todo dia, todos os seres criados devem receber Bênção e Sustento do seu Criador. Por que eu digo “todo dia”? Porque cada dia é um nível único, e nenhum dia é como o outro. Eu não posso entrar nisso em profundidade, pois seria necessária uma longa explicação, então serei breve. Use todo o poder do seu intelecto para mergulhar nas profundezas dessas questões.



Todo dia, os reinos inferiores precisam se aproximar [KaRoV] dos reinos superiores a fim de que os ramos estejam conectados às raízes. Dessa maneira, os anjos estão ligados às suas raízes, e as almas às delas. É o sacrifício animal [KoRBan] que traz os anjos para perto, enquanto a oferta de incenso aproxima as almas. Entenda bem isso, pois esse é o segredo de “homem e animal” (Salmos 36:7): os seres mais internos [Pnimi’im] são chamados de “homem”, enquanto as criações exteriores [Chitzoni’im] são chamados de “animal”.



Tipos de animais e pássaros para sacrifício



Os sacrifícios consistem de animais (bois, ovelhas e cabras) e de pássaros (pombas e pombos), mas não de animais selvagens. Cada uma dessas três categorias tem seu lugar único na ordem da Criação: os animais domesticados no mundo de Beriá (Criação), os pássaros no de Yetzirá (Formação) e os animais selvagens no de Assyiá (Ação). Os animais selvagens estão em um nível tão modesto que não são levados como oferendas. Devido ao poderoso domínio da impureza no seu nível eles não teriam força para ascender a um lugar tão exaltado.



O Altar em si é o lugar especial preparado para a execução desse serviço. A qualidade intrínseca do Altar deriva do “ponto”. Veja Construindo a Casa pela conexão das Luzes, o lugar do desejo. Aqui queima o Fogo Ardente, do qual é dito: “Esse é o sacrifício queimado na pira” (Levítico 6:1). Faça todo esforço para entender, pois essas são questões muito profundas.



Sacerdotes, Levitas e Israelitas



Deixe-me explicar agora o serviço do sacrifício. Entenda que há três colunas principais: Compaixão [Chessed], Julgamento [Din] e Misericórdia [Rachamim], correspondentes às três categorias de Sacerdotes [Cohanim], Levitas e Israelitas. A mais próxima de todas [dos níveis superiores] é a Compaixão, correspondente ao Sacerdote, que de fato executa o serviço. Todas as três devem estar unidas em um único laço. Beleza, Tiferet [= Misericórdia, a coluna central] deve estar unida com e incluída na Força, Guevurá [= Julgamento, coluna da esquerda]. A Força, Guevurá deve estar unida com e incluída na Compaixão, Chessed [a coluna da direita], enquanto a Compaixão, Chessed finalmente oferece a doação de uma forma adequada.



É por isso que os Israelitas, Levitas e Sacerdotes têm, cada um, lugares especiais no Pátio Interno, começando de baixo para cima. Todos estão presentes no momento da oferenda, ainda que o sacrifício em si só possa ser executado pelo Sacerdote. O Sacerdote oferece o sacrifício, o Levita canta com toda sua força, e o Israelita permanece focado com intenção, para que todos sejam elevados juntos. Para ser mais preciso, o Pátio tem lugares para quatro categorias de pessoas: Sacerdotes, Levitas, Israelitas e mulheres. O lugar das mulheres é no lado de fora, no Pátio Externo, enquanto que as outras três categorias têm seus lugares no lado de dentro.



Três partes do animal incluídas no sacrifício



Você precisa saber que os seres vivos são feitos de três componentes. Os membros e a gordura são enraizados na Compaixão [Chessed]; o sangue, na Força [Guevurá]; e a alma, na Beleza [Tiferet]. É por isso que o sangue é derramado no Altar enquanto os membros e as gorduras são queimadas nele. E conforme a alma deixa o animal, ela os une e, assim, ascende e se torna parte do elevado lugar ao qual subiu.



Todos esses fenômenos são visíveis e manifestos em nosso mundo, aqui embaixo, de acordo com o comando do Rei, enquanto seu segredo interior é conhecido nos Mundos Superiores conforme esse três aspectos se juntam em um único laço de modo a subirem e se tornarem parte do lugar para onde ascenderam. Uma parte do sacrifício corresponde ao Sacerdote, outra ao Levita, e outra ao Israelita. Note como todos os diferentes aspectos do Templo estão conectados com a Criação em geral, e não apenas com detalhes específicos. Somente depois [na cadeia da Criação que começa com o Templo] há uma descida do plano geral e uma divisão em questões específicas.



Abatimento e derramamento de sangue



Deixe-me explicar agora o ritual do sacrifício. Primeiro vem o abatimento da oferenda, o qual pode ser executado até mesmo por alguém que não seja um Sacerdote. O propósito do abate [Shechitá] é remover o sangue, o qual é ainda mais forte por ter raiz no lado “esquerdo” [Guevurá]. É onde os anjos da destruição têm domínio. Por essa razão, o sangue precisa ser retirado por meio da “adaga” [Sakin], a qual é uma Luz Sagrada maravilhosa que emana do Entendimento [Biná]. O valor numérico das letras da palavra SaKiN é 140, correspondendo à soma das letras que formam essa Luz: ל״ף י׳ ו״ד י׳. Essas são as letras de “preenchimento” da expansão de EHYH com Yud’s [אלף הי יוד הי]. Através do poder dessa Luz é removido o sangue forte que não é adequado para ser apresentado ao Rei. Até esse ponto, o serviço está no nível do puro [Tahor], mas não do sagrado [Kadosh]. Depois, a porção de sangue que é adequada para o Altar é levada e derramada sobre ele, sendo essa a porção que é oferecida dessa parte do animal.



A Casa das Adagas



Deixe-me lhe explicar agora o grande e maravilhoso segredo do por que os dois lugares [nos dois lados do Ulam, o Pórtico do Portão do Santuário], que eu mencionei antes, serem chamados de A Casa das Adagas. Pois é aqui que são guardadas as facas. Grande sabedoria pode ser vista aqui. Entenda que, em geral, cada um dos lugares que discutiremos conforme prosseguimos, seja dentro dos pátios ou em outro lugar, tem a sua própria função particular. Isso porque Luzes especiais brilham em cada lugar, fornecendo o poder de executar a atividade específica associada a ele.



As facas são mantidas aqui porque esse é o lugar do qual essas facas recebem o poder de cumprir sua função de forma apropriada. Para explicar melhor essa questão: O Portão do Santuário é para as almas, e, portanto, os anjos não recebem nada dali. Eles não recebem absolutamente nada do Portão em si. O que eles recebem dali vem apenas das entradas laterais e das Casas das Adagas adjacentes. Daqui, eles recebem um pouco, incluindo o poder de preparar sua oferenda e banir toda impureza, purificando e retificando o sacrifício por meio do poder dessa faca.



Deixe-me explicar como eles recebem seu poder dessas entradas laterais. Pois aqui nós encontramos dois nomes simples de EHYH, sem a “expansão” com Yud’s do caso do Portão Central. Ao invés disso, as “letras de preenchimento” são atraídas para baixo para formar essas adagas. [Como eu expliquei acima, a palavra em hebraico para “faca”, SaKiN, tem o mesmo valor numérico que as letras de “preenchimento” da expansão de EHYH com Yud’s, אלף הי יוד הי]. Portanto, as facas são guardadas nesses lugares a fim de uni-las a sua raiz, a qual toma a forma, aqui, dos nomes simples de EHYH. Daqui, elas recebem a força e o poder de que precisam para cumprir sua função de forma apropriada. Um lado é para as facas que estão aptas para uso, enquanto o outro lado é para aquelas que precisam de reparo.



Benefícios dos sacrifícios para os anjos e as almas



Entenda que, mesmo que os sacrifícios animais venham a retificar os anjos, é Israel que é ordenada a oferecê-los, já que lhe foi confiada a tarefa de retificar todos os mundos, em todos os seus diferentes níveis. Isso é porque todos os mundos foram criados por causa de Israel, cujo serviço lhes dá Mérito perante o Rei. Aqui, no mundo inferior, o Povo de Israel oferece o sacrifício animal, através do qual os anjos são retificados. Depois disso, eles oferecem o incenso, o qual provoca a sua própria retificação.



Portanto, o serviço de sacrifício começa com o derramamento do sangue da oferenda animal diária [no Altar Externo, no pátio do Templo], a fim de partir dos níveis mais baixos para cima. O sacrifício animal retifica os aspectos externos da Criação, e, ao mesmo tempo, as próprias almas são retificadas em virtude do fato de que estão executando um comando do Rei.



Imediatamente depois, eles queimam o incenso [no Altar Dourado, dentro do Santuário]. Isso provoca a retificação dos aspectos internos da Criação. Então, eles voltam para fora, para completar o serviço do sacrifício [ou seja, a queima das partes do animal]. Pois a única forma de ascender ao nível supremo é começar pelo nível mais baixo. No entanto, os Mundos Inferiores só podem chegar à perfeição através da retificação dos Mundos Superiores. Entenda bem isso.



O abate das oferendas “mais sagradas” no Norte



O abate das oferendas “mais sagradas” [ou seja, a queima, oferendas de pecado e culpa, Kodoshey Kodoshim] é executado na seção Norte [do Pátio do Templo]. Isso é porque os efeitos benéficos dos serviços de sacrifício são provocados através da Força [Guevurá = “Norte”], a qual “sobe, mas não desce. Além disso, fazer o abate desses sacrifícios no Norte quebra a raiz de poder da raiva do destruidor.



A área de abate



Adjacente ao pórtico do portão Norte do Pátio Interno está a Área de Abate (Beit Mitbachaim). Lembre-se do princípio fundamental que eu expliquei antes, de que todas as diversas áreas do Templo são diferenciadas de acordo com as Luzes específicas que brilham em cada uma, fornecendo o poder de executar a atividade específica associada ao lugar.



Quatro Luzes emergem do brilho da Shechiná Inferior e param no Pórtico, duas ao Leste e duas a Oeste. Elas se propagam na forma de quatro mesas. Saiba que é através do poder de Malchut que surgem todas as coisas. Essas quatro Luzes são as quatro letras de ADNY. E quatro outras, exatamente como elas, pairam nos “ombros” do portão, e partem da Shechiná Superior.



A Câmara de Lavagem



Também no Pátio Interno está um lugar onde o sacrifício abatido passa por uma purificação principal, pois aqui as Águas da Misericórdia se espalham e limpam toda sujeira e impureza. Esse lugar é chamado, portanto, de A Câmara de Lavagem. Nela, brilham outras quatro Luzes na forma de quatro mesas, cujas medidas correspondem ao seu segredo oculto. Cada mesa tem um cúbito de altura, e um cúbito e meio de comprimento e largura. A altura da mesa, de um cúbito, adicionada à soma de seu cumprimento e de sua largura (= 3) dá um total de quatro, correspondendo às quatro letras de ADNY. Quando as Letras constituintes do Nome são “expandidas”, elas são formadas por três letras cada uma. É aqui que os utensílios para o abate são colocados, prontos para uso, e é daqui que eles recebem seu poder.



Ganchos de ferro para esfolar o sacrifício



Nesta Câmara estão Nomes de Escolha. Eles são todos HaVaYaH’s preenchidos com Luz e Poder. Conforme o sacrifício dos anjos começa a ascender, ele se conecta com esses Nomes e recebe grande Luz deles, a qual o prepara até que esteja apto a subir ao altar do Rei. De forma correspondente, a Área de Abate no Templo abaixo contém “ganchos duplos, de um palmo de comprimento” (Ezequiel 40:43) para pendurar os animais de sacrifício [enquanto são esfolados]. Entenda que um palmo é considerado, às vezes, quatro dedos e, às vezes, cinco. Isso é porque o Nome Divino YHVH, ao qual alude o “palmo”, é feito de quatro letras, e quando a ponta do Yud é incluída, soma cinco.



A entrada para essa Câmara é ao lado do Portão do Pátio [ao Norte]. Entenda que, quando eu falo sobre a entrada de qualquer Câmara, esse é o lugar onde a Luz entra para cumprir sua função.



Confirme a Luz se propagou para sair através do Portão do Pátio, Ela entrou nessa Câmara e habitou ali.



A Câmara da Canção



Além da Câmara de Lavagem, esse pátio contém outras câmaras, incluindo duas localizadas ao lado do portão Norte, de frente para o Sul. A verdade é que, de fora, elas parecem ser uma só câmara, mas são divididas em duas do lado de dentro. Aqui é onde são guardados os instrumentos musicais com os quais cantam as sagradas Chayot.



Serei muito breve na minha explicação desta questão. Faça todo esforço para entender. Melodia e canção emergem de Malchut, como é indicado no verso: “E, à noite, Sua canção está comigo” (Salmos 42:9) [“noite” é uma alusão a Malchut]. As raízes da melodia e da canção se encontram em Guevurá, Força, temperada por Misericórdia, pois ela [Guevurá] anseia por ascender e se conectar com o lado direito [Chessed, Compaixão], como está escrito: “E o seu impulso será para o seu marido” (Gênesis 3:16).



Todos que ascendem só podem fazê-lo por meio de Guevurá, e é por isso que só ascendem por meio da canção. E a verdade é que a canção tem um tremendo poder de despertar amor e desejo. Elas são conhecidas por conterem sete notas básicas. É apenas o tom e o timbre que variam, criando a grande variedade de reais sons musicais. As Luzes se manifestam de muitas maneiras diferentes. A maneira como as várias Luzes das raízes brilham determina a natureza do instrumento musical correspondente. A única função de qualquer instrumento é tocar o tipo de canção específica que corresponde ao nível do qual o instrumento deriva.



Canção e música derivam seu poder dessas duas câmaras, as quais correspondem à Shechiná Superior e Inferior. As câmaras estão voltadas para o Sul porque, como você já sabe, a melodia deriva de Guevurá temperada com Misericórdia.



Câmara das Vestimentas



Perto do portão Leste está outra câmara, voltada para o Norte, onde os sacerdotes vestem seus trajes sacerdotais. Eles são todos feitos de linho, o qual tem raiz na Força, Guevurá [à esquerda], mas eles são brancos, o que indica Misericórdia [a coluna central]. E eles são vestidos pelo Sacerdote, o qual, como você sabe, é o Homem da Compaixão, Chessed [à direita].



Deixe-me explicar isso: entenda que Chessed e Guevurá são bem separados um do outro. Cada um está voltado a uma direção diferente e não há conexão entre eles até que vem um terceiro fator decisivo [Misericórdia, Rachamim] e faz as pazes entre eles. Pois Rachamim pega as Luzes de Guevurá e as une a si mesmo, extinguindo, portanto, algo da intensidade ardente de Guevurá, a qual agora se torna temperada com Rachamim. Então, é a vez de Chessed se conectar com esses dois, forjando uma interconexão tão tremenda entre eles que se tornam uma única união inseparável. O processo todo pode ser visto no caso das vestimentas mantidas nesta câmara. As Luzes de Guevurá viajam a partir do Norte e entram nesta câmara, a qual está no Leste [= Rachamim]. Aqui, elas são temperadas com Rachamim, produzindo lindas vestimentas brancas com as quais se veste o Sacerdote [= Chessed]. Entenda bem isso.














5. O Fluxo de Bênção: Shefa


Ascenso e descenso das categorias


Deixe-me agora completar a minha explicação do serviço do Templo a fim de lhe dar um entendimento adequado de como o Fluxo de Sustento e Bênção descende e se propaga pelo mundo. As categorias inferiores da Criação ascendem e se fundem com as que estão acima delas. Os Ofanim se fundem com as Chayot, as quais, por sua vez, fundem-se com os Serafim. O seu lugar no Mundo Superior é no Pátio Interno. É aqui, portanto, que se localiza o Altar, e daqui elas ascendem a níveis superiores. As almas, por outro lado, ascendem a partir de dentro do Santuário [onde o incenso é oferecido].


Dessa maneira, as raízes [Sefirot] e ramos [almas e anjos] se unem e completam um ao outro, dentro e fora. Quem pode descrever a alegria desse momento de conexão e o esplendor da Luz que brilha em todos os níveis? Através dessa maravilhosa conexão sagrada [Chibur], Bênção e Sustento fluem para todos que compartilham do presente que sobe ao Rei.


Distribuição do sustento


Os Fluxos de Bênção e Sustento emergem, primeiro, no Santuário - e é aqui onde as almas recebem seu sustento. Você deve entender que é a partir dos portões que todos os destinatários recebem sua porção dos lugares dos quais recebem. Bênção e Sustento brotam em cada lugar e, então, seguem para seus destinatários através dos portões. As paredes de determinado lugar colocam limites à Bênção naquele lugar, permitindo que o Sustento flua de maneira calculada para os seus vários recipientes. As fronteiras formadas pelas paredes de qualquer local determinam como a Luz emerge, pois a Luz sempre brilha dentro de fronteiras e limites.


Quando as almas se unem e se fundem, todas são incluídas nas doze Tribos de YaH, sendo essas as raízes de todas as almas. As Tribos se fundem sob os patriarcas, todos os quais são então incluídos em Abraão, o primeiro pai. Ele é o Sumo Sacerdote, que tem permissão para entrar no Santo dos Santos uma vez a cada ano.

O serviço do Sumo Sacerdote desencadeia um Fluxo de Bênção a partir do Chessed supremo. Conforme Bênção e Sustento descem, eles chegam, em primeiro lugar, para os patriarcas e depois para seus os filhos, fluindo de nível a nível até que alcançam toda criatura individual.


A partir do Pátio Interno, brilha a Luz adequada para os anjos do mundo de Beriá (Criação), os quais a recebem nos portões do Pátio. Do Pátio Externo, brilha a Luz adequada para os anjos do mundo de Yetzirá (Formação), enquanto a Luz própria para os oficiais do mundo de Assiá (Ação) e as suas criaturas brilha a partir do Monte do Templo.


Trinta e três celas em torno do edifício do Templo


Em torno do Santuário e do Sagrado dos Sagrados existem estruturas na forma de quartos ou celas, construídas uma acima de outra. Tudo o que sai do Sagrado dos Sagrados se divide em três [colunas]. Portanto, há [três colunas de] cinco celas ao longo da parede Sul, [três colunas de] cinco ao longo da parede Norte, e três celas [uma em cima da outra] ao longo da parede Oeste. Assim, o Santuário é rodeado por celas nos três lados, exceto pelos cinco últimos cúbitos na ponta Leste das paredes Norte e Sul, aonde as celas não chegam.

Deixe-me explicar o propósito dessas celas. Além do Sustento que os exércitos de anjos recebem dos portões do Pátio Interno e além, eles também recebem uma porção que vem detrás das paredes do Santuário em si. Depois eu vou explicar como eles a recebem. Isso é Sustento extra. Mesmo que venha a eles a partir do lado de fora [do Santuário], está no mais alto nível, em oposição ao Sustento que recebem dos portões, o qual já está num nível inferior, ainda que venha de dentro.


O Recuo


Fora das paredes Norte e Sul do Santuário, na ponta Leste, há um recuo de cinco cúbitos (Munach), já que as celas param a cinco cúbitos do fim das paredes. Através dos cinco cúbitos do recuo, a Luz que emerge do Santuário é capaz de sair para a direita e para a esquerda. A entrada para a cela mais afastada é pelo recuo, enquanto todas as outras celas abrem umas para as outras. Por meio dessa entrada, a Luz do Santuário adentra as celas.


Ao todo, há trinta e cinco celas organizadas em três níveis de onze celas cada. Isso é porque elas derivam da união do Vav [=6] e do Hey [=5] no Santo dos Santos [6 + 5 = 11]. Portanto, a Luz que criou as celas existia antes.

Entenda que o poder dessas celas não é enorme. Ele deriva apenas do Hey, que é o porquê de o recuo do qual as celas recebem ter cinco cúbitos de largura. Esse Hey criou o limite das celas na forma de uma parede com cinco cúbitos de espessura. Dentro das celas, a Luz brilhou apenas através das quatro letras do seu nome ADNY [e as celas têm, portanto, quatro cúbitos de largura]. O Vav apresentou apenas uma pequena fração do seu poder, formando somente a Fundação sobre a qual as celas são construídas [a qual tem seis cúbitos de espessura]. Disto, você pode estimar o quanto a intensidade da Luz é diminuída antes de alcançar seus recipientes.


A Escada Sinuosa


Considere alguns outros fatores importantes. Os anfitriões angélicos são incapazes de receber mesmo das celas. Portanto, há outros dois lugares, à direita e à esquerda [ou seja, ao longo das paredes Sul e Norte, fora das celas], cada um com dez cúbitos de largura. Diferente das celas que eu venho discutindo, essas duas áreas não são divididas em cinco. Eles são espaços inteiros nos quais se reúne toda a Luz que emerge das celas. Por que eles têm dez cúbitos de largura? A razão é que dez grupos [de anjos] recebem deles. É daqui que sai o Sustento extra para eles, como eu vou explicar. Correspondente a esse lugar, no Templo inferior está a Escada Sinuosa [Mesibah].


Sobre o tema das celas: aquelas em cada fileira sucessiva são maiores do que aquelas abaixo delas. Isso é porque a parede do Santuário [que é a parede interna das celas] se torna mais estreita conforme sobem os degraus. Já que a parede que forma o limite da Luz se torna sucessivamente mais fina, a Luz em si se torna mais abundante, de forma que o brilho das câmaras superiores é maior do que o das câmaras inferiores.


A abundância da Luz depende do teto, pois, como você já sabe, são as vigas de qualquer estrutura que atraem a Luz para o espaço abaixo delas. No entanto, essas vigas não penetram de fato a parede do Santuário, mas jazem sobre esses degraus. As escadas levam acima, de cela e cela: todas as Luzes têm esses degraus para tornar possível a ascensão de nível a nível.


A cela Nordeste se abre para o Santuário e para o portão lateral


É através dos pequenos portões ao lado do Grande Portão do Santuário que o Sustento flui para essas celas, pelo recuo. Deixe-me explicar alguns grandes segredos. A primeira cela [na ponta Leste] da parede Norte do Santuário se abre para o Santuário, enquanto o acesso à cela [de fora] é pelo portão lateral.


Por que é assim? A razão é que quando o Fluxo de Sustento emerge do Santuário, ele precisa se propagar para dentro dessas celas. Além disso, os reparos efetivados nos Mundos Inferiores só podem ascender através dessa rota de acesso. É por meio dessa abertura que a retificação ascende. No entanto, o Fluxo Descendente de Sustento não é recebido de lá, mas apenas do recuo [Munach], como eu afirmei antes.


O portão do lado Nordeste fica sempre aberto a fim de dar acesso à cela, pois aqui estão as “Águas Inferiores”, as quais são femininas. Contudo, o portão do lado Sul fica fechado, pois aqui estão as Águas Superiores, as quais são masculinas. Por essa razão, é dito do portão do lado Sul: “Pois YHVH, o Deus de Israel, passa por ele” (Ezequiel 44:2), e apenas o Sumo Sacerdote, o qual está no lado Sul [Chessed], pode ir lá.


Deixe-me completar agora a minha discussão sobre o Pátio Interno. Eu chegarei ao Pátio Externo depois. O Pátio Interno tem cem cúbitos de comprimento e cem cúbitos de largura, pois, como você já sabe, quando todos os níveis estão incluídos um no outro, eles somam cem [pois cada uma das dez Sefirot contém todas as dez Sefirot: 10 x 10 = 100].












6. O Altar



Altura do Altar



É aqui no Pátio Interno que se localiza o Altar Sacrificial, como eu já afirmei. Deixe-me explicar suas medidas, as quais envolvem os mais profundos segredos, pois o Altar fornece um lugar para todos que precisam ascender nele. A altura total do Altar é dez cúbitos, construídos em três níveis distintos. A altura do nível mais alto é quatro cúbitos, assim como a do segundo nível [ou do meio], enquanto o terceiro nível [ou o de baixo] tem dois cúbitos de altura.



Isso é assim porque há um lugar aqui para todos os Palácios [Heichalot] do Mundo de Beriá, de acordo com sua ordem de ascensão. Os quatro cúbitos superiores correspondem a Keter, Chochmá e Biná no Palácio conhecido como Sagrado dos Sagrados, junto com o Desejo [Tiferet], o qual sobe mais alto que todos os outros. Os quatro cúbitos intermediários correspondem a Chessed, Guevurá, Netzach e Hod. Os dois cúbitos inferiores correspondem a Yessod e Malchut, os quais se unem no Palácio de Pedra Safira.



Comprimento e largura do Altar



Deixe-me lhe explicar agora os princípios fundamentais que governam o comprimento e a largura do Altar. Saiba que a Sabedoria Suprema [Chochmá] contém trinta e dois caminhos sob os quais todas as coisas são subordinadas: são as dez Sefirot junto com as vinte e duas letras do Aleph Beit, de cima a baixo. De forma correspondente, a Sabedoria Inferior - Shechiná - é chamada de “Glória” [KaVoD = 32], porque, como a Sabedoria Superior, ela também contém trinta e dois caminhos, mas neste caso eles são ordenados de baixo para cima.



Quatro Luzes descenderam da Shechiná para o Mundo de Beriá. Elas são chamadas de Glória. Quando essas Luzes alcançaram seu nível mais baixo [ou seja, a base (Yessod) do Altar, o qual tem trinta e dois cúbitos quadrados], todos os trinta e dois caminhos apareceram fundidos em um só lugar, como eu vou explicar.



A Pilha de Lenha do Altar



Conforme essas quatro Luzes descenderam, um lugar correspondente surgiu nesse Altar [no topo, ou seja, a Pilha de Lenha, Ma’arachah]. Inicialmente, ele tinha vinte a quatro cúbitos quadrados, correspondendo às vinte e quatro permutações das letras do nome ADNY. De forma análoga, vinte e quatro divisões de Sacerdotes e Levitas servem no Templo, e, portanto os ramos se unem às raízes.



Caminho para os Sacerdotes darem a volta no Altar



Quando Tiferet e Yessod - que são dois Vav’s - se uniram com a Shechiná, um cúbito adicional foi incluído no comprimento e na largura [cada cúbito é formado por seis (= Vav) palmos]. Isso formou um lugar de vinte e seis cúbitos de comprimento e vinte e seis de largura, correspondendo ao valor numérico do nome sagrado de YHVH, bendito Seja. Esse lugar é chamado de Caminho para os Sacerdotes darem a volta no Altar [Mekom Hiluch Ragley Hacohanim], enquanto a área anterior é chamada de Local da Pilha de Lenha [Mekom Hama’arachah].



Chifres do Altar



Depois, Netzach e Hod também se juntaram à Shechiná. Essas duas Sefirot são dois poderosos chifres, dos quais é dito: “E seus chifres serão como aquele do antílope” (Deuteronômio 33:17). Isso formou um lugar de vinte e oito cúbitos quadrados. Isso é porque a Shechiná é chamada Bat Sheva [já que é através dela que as sete Sefirot inferiores são reveladas]. Quando ela encara as quatro, nomeadamente Netzach, Hod, Yessod e Malchut [ou seja, quando a Shechiná fica “face a face” com as quatro Sefirot inferiores de Zeir Anpin], aparecem essas vinte e oito Luzes [7 x 4 = 28]. Esses são os vinte e oito acampamentos da Shechiná.



Como resultado da retificação provocada quando a Shechiná encara essas quatro [Sefirot de Zeir Anpin], quatro Luzes descem de cima para o Mundo de Beriá. Isso explica a presença de quatro chifres aqui [nos quatro cantos, no topo do Altar]. Eles são as quatro letras de ADNY.



Você deve entender que a medida do cúbito utilizada no Templo consiste, às vezes, de seis e, às vezes, de cinco palmos. O cúbito de seis palmos deriva do aspecto masculino, enquanto o cúbito de cinco palmos deriva do aspecto feminino. A Glória revelada no Altar está conectada ao Hey [aspecto feminino] do Nome Divino, e, por essa razão, os cúbitos dos chifres são de cinco palmos.





A borda circundante



Agora, a Luz descendeu quatro níveis, pois nesse caminho todos os níveis estão unidos como um. Depois, o Hey brotou de novo, e com grande força, e se propagou ainda mais que antes, fazendo surgir outros dois cúbitos (de cinco palmos) em ambas as direções [formando a borda circundante, Sovev]. Deixe-me lhe falar de onde vieram esses dois cúbitos. Eles foram atraídos abaixo a partir do Palácio do Desejo, pois cada um dos Palácios individuais recebe do seu aspecto correspondente no Palácio do Desejo. Assim, essa seção do Altar tem trinta cúbitos quadrados.



A fundação



Depois de outros quatro níveis [quatro cúbitos], a Glória se propagou ainda mais adiante. Quando alcançou seu nível mais baixo, brilhou com toda a sua força e excelência na forma de trinta e duas grandes Luzes, correspondentes ao valor numérico das letras de KaVoD. A base do Altar tem, portanto, trinta e dois cúbitos quadrados.



Posição do Altar e da Rampa



No futuro Templo, o Altar ficará em frente ao Santuário, em alinhamento direto com suas paredes Sul e Norte, pois está escrito: “E o Altar estava diante da Casa” (Ezequiel 40:47). A Rampa do Altar fica ao Sul. Deixe-me explicar o significado dessa Rampa. O Altar em si deriva de Malchut, enquanto a Rampa que fica ao seu lado deriva de Yessod. A Rampa está posicionada ao Sul do Altar [Sul = Chessed, a “mão” direita), a fim de retificar o Altar por meio da conexão com o lado da mão direita. É por isso que a Rampa fica ao Sul, pois dessa maneira o Altar é atraído para o Sul.



Isso está de acordo com o segredo oculto do verso: “O monte da Casa do Eterno se elevará acima de todas” (Isaías 2:2), como eu expliquei.  O Altar em si não se inclina intrinsecamente à direita, já que está posicionado no centro. Mas [através da posição da Rampa, a qual dá acesso ao topo do Altar a partir do Sul] o Altar “começa” no lado Sul. Como o Altar tem trinta e dois cúbitos de Sul a Norte, seu lado Norte está em alinhamento direto com o fim da parede Norte do Santuário.



A Rampa em si também tem trinta e dois cúbitos de comprimento. Sua extensão é, portanto, idêntica à da base do Altar, nem mais nem menos. Além disso, há duas rampas laterais menores, que dão acesso, a partir da Rampa principal, à borda circundante [Sovev] e à base do Altar [Yessod], os quais são os dois níveis inferiores.



O Pátio dos Sacerdotes e Duchan



Nesse Pátio Interno [Azarah], um degrau leva para cima [a partir da seção Leste, o “Pátio Israelita”, Ezrat Israel], ao lugar dos Levitas [também conhecido como Quadra dos Sacerdotes, o qual é, portanto, um degrau mais alto do que o Ezrat Israel]. Nessa plataforma, outros três degraus levam ao lugar dos Sacerdotes [o Duchan].



A razão para esses degraus é que o lugar dos Levitas [Guevurá] é um nível mais alto que o dos Israelitas [Tiferet]. Depois, no entanto, os três níveis [Chessed, Guevurá e Tiferet] se unem para que todos os três sejam incluídos no lugar onde os Sacerdotes [Chessed] executam o serviço do Templo. A razão pela qual não há meramente dois degraus acima para o lugar dos Sacerdotes é que esse lugar não é exclusivamente deles, mas é, sim, um lugar onde todos os três níveis se unem como um, no próprio Chessed. Entenda bem isso.














7. O Pátio Externo



Deixe-me explicar agora os detalhes do Pátio Externo [também conhecido como Pátio das Mulheres]. Esse é o lugar onde as Chayot, anjos do Mundo de Yetzirá, recebem seu sustento. A distância do muro externo do Pátio Interno ao muro externo do Pátio Externo [o qual circunda o Pátio Interno em todos os lados] tem cem cúbitos em todas as direções, e você já sabe o segredo de “cem”.



O Pátio Externo inclui a área atrás do Sagrado dos Sagrados



O Pátio Externo circunda todo o prédio do Templo, incluindo os fundos [ou seja, o Sagrado dos Sagrados]. Da parede de trás [Oeste] do prédio do Templo à parede Oeste do Pátio Externo há uma distância de onze cúbitos, correspondendo ao Vav [=6] e ao Hey [=5; 6 + 5 = 11].



Nos primeiros dois Templos, o Pátio Externo não circundava o prédio do Templo [mas se situava a Leste do Pátio Interno, o Azarah]. Qual é a razão para essa diferença? É porque atrás do Templo, bem, bem embaixo, está o lugar da impureza e dos anjos da vingança. O Pátio original não continha esse lugar, a fim de não lhes dar nenhuma porção. Mas, no futuro, o mundo todo será purificado e os falsos deuses vão desaparecer completamente. Tudo o que restar será puro. Há uma alusão a isso no verso “Farei então com que os povos voltem a conhecer uma língua pura, com a qual todos possam invocar (do mesmo modo) o Nome do Eterno, para servi-Lo com seus sentimentos unidos” (Sofonias 3:9). É por isso que o Pátio vai circundar o prédio do Templo em todos os lados, pois nada vai impedir isso.



A posição dos Pórticos dos portões no Pátio Externo



O Pátio Externo tem três portões. Eles são exatamente iguais aos portões do Pátio Interno, com a exceção de que os pórticos dos portões do Pátio Interno estão fora dos seus portões [ou seja, eles ficam no Pátio Externo], enquanto os pórticos dos portões do Pátio Externo estão dentro dos seus portões, dentro do Pátio Externo.



A razão para isso é que o pórtico [ULaM = 77 mais 1 para a palavra como um todo] fornece o Pão Sagrado [LeCheM = 78] que é distribuído a toda Israel e passa para fora por meio dos portões. O Pátio Externo é forte o suficiente para suportar a intensidade da Luz que emerge de lá, razão pela qual os pórticos dos portões do Pátio Interno se localizam fora dos seus portões, no Pátio Externo. Contudo, o Monte do Templo [ou seja, a área ao redor do Pátio Externo] não tem a força para suportar essa intensidade, e, portanto, os pórticos dos portões do Pátio Externo ficam dentro dos seus portões, dentro do Pátio Externo.



[Como nós vimos, há três celas em cada lado de cada portão, para equilibrar o Fluxo de Sustento que emerge do portão.] As paredes dessas câmaras derivam das paredes dos pórticos, com a exceção de que as paredes dos pórticos são construídas com a Luz do Vav [=6], enquanto as paredes das câmaras são construídas com a Luz de Hey [=5]. Por essa razão, no caso dos portões do Pátio Externo, as paredes das duas câmaras imediatamente contíguas a cada portão, de cada lado [no lado de fora], são recuadas a um cúbito a mais de distância do portão do que as paredes correspondentes do pórtico [do lado de dentro]. As paredes do pórtico têm seis cúbitos de espessura, enquanto as das câmaras têm apenas cinco cúbitos de espessura. Por essa razão, o profeta afirma muito precisamente: “Havia um espaço diante das câmeras de um cúbito de cada lado” (Ezequiel 40:12), e ele relaciona as câmaras não aos portões, mas aos pórticos.

Veja e entenda: o pão [LeCheM = 78], ou seja, o Pórtico [Ulam = 78], não vai além de três níveis: o Santuário e os dois Pátios [pois os portões do Santuário, os quais estão no nível de Atzilut, e os dos Pátios Interno e Externo, correspondendo, respectivamente, a Beriá e Yetsirá, todos têm seus próprios pórticos]. Mas no Monte do Templo não há nenhum pórtico à vista. Isso é assim porque o Monte do Templo corresponde ao mundo de Assyiá, enquanto que o pão que estamos discutindo é “pão do Céu”. Essa é a comida dos anjos, e isso é o que os Israelitas também comeram quando estavam no deserto. O pão de Assyiá, por outro lado, é literalmente o pão criado a partir da terra, e está num nível muito inferior, já que só surge depois de muitas mudanças e transformações. É por isso que esses pórticos alcançavam apenas o lado de dentro do Pátio Externo.



A Galeria ao redor do Pátio



Dentro das paredes do Pátio Externo fica uma magnífica galeria pavimentada, na mesma altura dos portões. Ela cerca o Pátio inteiro [exceto no Oeste]. Nessa galeria, existem trinta câmaras. Como você já sabe, o nível do chão sempre corresponde a Malchut. O Fluxo de Bênção e Sustento entra primeiro nessas câmaras e, de lá, descende ao Pátio abaixo.



Deixe-me explicar o propósito dessas câmaras nessa galeria. Elas são para os três grandes e elevados chefes, Shmuel, Metatron e Yehuel [שמועא״ל מטטרו״ן יהוא״ל], os quais são capitães de todos os exércitos de anjos no Mundo de Yetzirá. Cada um tem dez câmaras. Não que eles ascendam nessas câmaras, pois, como eu já lhe falei, todos os destinatários recebem dos portões. Mas é para essas câmaras que fluem primeiro o Sustento e a Bênção destinados a esses anjos, que os recebem, então, depois disso. É a partir dessas câmaras que o sustento flui abaixo para o resto do Pátio.



“A Câmara que dava para o lugar separado” (Ezequiel 42:1)



Do lado de fora do Pátio Interno, nas duas pontas da sua parede oeste, ficam duas câmaras extraordinárias de cem cúbitos de comprimento. Elas estão situadas na seção Oeste do Pátio Externo, paralelas ao prédio principal do Templo em seus lados Norte e Sul. A largura dessas câmaras é cinquenta cúbitos. Cada uma tem três andares, um em cima do outro.



Entenda que essas câmaras estão onde os anjos de fato recebem seu Sustento, fornecido a eles a partir do entorno do lado de fora do prédio do Santuário, como foi discutido antes. O Sustento flui a partir do recesso [Munach] em direção às celas [adjuntas às paredes do Santuário]. Conforme ele deixa as celas, funde-se em um único Fluxo na Escada Sinuosa [Mesibah]. Então, a uma distância de vinte cúbitos, ele alcança essas câmaras, onde os anjos o recebem.



Essas câmaras são designadas para a alimentação com as porções do sacrifício sagrado, pois esse é o Sustento que desce aos ramos depois que eles se reconectam a sua raiz e depois da linda unificação [Zivug] causada [pelo sacrifício]. Mas note como eles estão distantes [ou seja, os anjos] quando recebem sua porção da oferenda sagrada se comparado às almas de Israel, que recebem sua porção do interior do Santuário [já que seu Sustento vem do incenso, o qual é queimado no interior]. É por isso que os sábios disseram: “o lugar designado de Israel é mais adentro do que o dos anjos ministros” (Yerushalmi Shabbat 2).



Apesar de essas câmaras serem consideradas parte do Pátio Interno [pois até mesmo as porções mais sagradas, Kodoshey Kodoshim, podem ser comidas nessas câmaras, como em Azarah], veja o quanto elas estão distantes. A distância entre o prédio do Santuário e essas câmaras é de vinte cúbitos de cada lado, por causa da grande Luz dos dois Yud’s [10 x 2 = 20] que construiu o interior do Santuário. De fato, as entradas para essas câmaras estão voltadas, na verdade, para o prédio do Templo, já que é de lá que elas recebem. Essas câmaras também têm outras entradas, no lado que não está voltado ao Templo. Elas levam ao lado de fora [para as seções Noroeste e Sudoeste do Pátio Externo]. Eu já lhe expliquei por que esses portões têm cinquenta cúbitos de altura. Essas câmaras estão, portanto, literalmente voltadas para as celas [em torno das paredes do Santuário], pois é de lá que elas recebem.



No entanto, as câmaras nos andares mais altos são mais baixas que as câmaras nos níveis inferiores, pois elas recebem de um lugar muito elevado. Estendendo-se abaixo, da parte inferior das câmaras mais altas, estão três grandes pilares. Eles descendem de baixo das paredes das câmaras superiores: na verdade, as paredes são sustentadas por esses pilares. Portanto, esses três pilares saem das paredes mais altas e se estendem até o chão. As paredes das câmaras inferiores são construídas atrás dos pilares, e por isso as câmaras inferiores são mais largas que as câmaras superiores.



Isso é mencionado no verso: “As câmaras altas eram menores, porque as galerias lhes tomavam mais (espaço) do que as mais baixas e as do meio, no edifício” (Ezequiel 42:5). Ou seja, os pilares consomem parte do espaço das câmaras inferiores, as quais são construídas no seu entorno, enquanto o pilar em si fornece suporte à parede das câmaras superiores [as quais são, portanto, mais estreitas que as câmaras inferiores].



Pois esses pilares não são como os pilares do Pátio [nas pontas das paredes dos pórticos dos portões]. Os últimos estão do lado de fora e recebem de seus respectivos pátios, razão pela qual jazem sobre eles. Mas a função dos pilares dessas câmaras é fortalecer o prédio, e eles entram na sua própria espessura. É por isso que esses pilares empurraram o seu lugar até as câmaras inferiores, a fim de fornecer uma fundação para as câmaras superiores. A verdade é que eles emergiram antes das câmaras superiores e, depois da emergência desses pilares, a parede se fechou ao redor deles. Quanto às palavras no verso “os pilares consumiram parte delas” [מהנה], isso indica que não há um pilar em toda câmara, mas há três pilares na parede inteira.



Lugar para cozinhar as porções do sacrifício sagrado



Há um lugar no Norte do Pátio Externo, delimitado de um lado por essas câmaras e pelo prédio do Templo e de outro pelo canto Oeste do Pátio. É onde as porções sacrificiais são cozinhadas, em preparação para os Sacerdotes comerem-nas. Entenda que o cozimento se dá em água [Chessed] no fogo [Guevurá].



Câmaras do Leste no Pátio Externo



Mais duas câmaras, similares às primeiras, estão situadas na seção Leste do Pátio Externo, a Leste do Pátio Interno. Uma dessas câmaras está situada a Nordeste da terceira câmara do Leste do portão Norte, enquanto a segunda câmara está situada a Sudeste da terceira câmara do Leste do portão Sul. Em cada caso, essas câmaras têm cem cúbitos de comprimento e cinquenta cúbitos de largura, com entradas nos dois lados.



Deixe-me explicar sua função. As câmaras “superiores” [ou seja, aquelas discutidas anteriormente, as quais ficam na seção Oeste do Pátio Externo, paralelas ao prédio do Templo] pertencem ao Pátio Interno, pois é onde os capitães dos anjos do Mundo de Beriá recebem sua porção, por detrás do prédio do Templo. Contudo, as que estamos discutindo agora pertencem ao Pátio Externo. Aqui, os exércitos do Mundo de Yetsirá recebem sua porção a partir do Pátio Interno.



O principal Fluxo de Sustento sai através dos portões, enquanto o Sustento que os anjos recebem dessas câmaras deriva de Luzes mais elevadas, das quais os anjos tomam sua porção aqui.





Essas câmaras do Leste têm aberturas diretamente para o Pátio Interno em si. Portanto, há aberturas numerosas para o Sustento alcançar os anjos de Yetsirá. As câmaras internas [do Oeste] ficam a alguma distância do prédio do Templo. No entanto, as câmaras do Leste são diretamente adjacentes ao Pátio Interno [aos seus cantos Nordeste e Sudeste], pois a Luz aqui não tem o mesmo poder que a Luz tem lá, e, portanto, eles são capazes de suportá-la melhor.



Lugar para cozinhar as porções menos sagradas do sacrifício



Nos quatro cantos do Pátio Externo apareceram quatro quadras medindo quarenta cúbitos de comprimento e trinta cúbitos de largura. Nelas, brilham quatro grandes Luzes. Sua função é injetar poder nas porções menos sagradas do sacrifício [Kodeshim Kalim], que podem ser comidas do lado de fora [no Monte do Templo, em qualquer  lugar de Jerusalém], a fim de prepará-las e torná-las aptas para seus destinatários. Todas as preparações ocorrem no nível de Malchut. Adequadamente, essas quatro Luzes são quatro nomes de ADNY. A razão pela qual essas quadras têm quarenta cúbitos de comprimento e trinta cúbitos de largura é que cada uma das quatro letras-raiz desses Nomes, quando “expandida”, consiste de três letras de “preenchimento” [e toda letras contém todas as dez Sefirot: 4 raízes x 10 = 40; 3 letras de “preenchimento” x 10 = 30].



Pórticos nas paredes do pátio



Nas paredes do Pátio Externo apareceram estruturas na forma de pórticos, as quais atuam como recipientes para a Luz que se espalha a partir do prédio do Templo para o Pátio. Quando a Luz alcançou as paredes, ela fez para si lugares de moradia, mas ela não teve o poder de atravessar as paredes, exceto naqueles pontos onde estão os portões, porque a Luz dos três grandes astros alcançou esses pontos. Todos esses pórticos são baseados no segredos dos Hey’s: isso é verdadeiro em relação a todos os lugares de moradia. Por essa razão, os pórticos têm cinco cúbitos de largura [Hey = 5]. Conforme os Hey’s se afirmaram, a Luz se intensificou, fazendo com que seu comprimento fosse cinco vezes cinco, ou seja, vinte e cinco cúbitos.
















8. O Monte do Templo


Deixe-me discutir agora o Monte do Templo. Esse é o lugar de onde recebem os oficiais do Mundo de Assyiá, e, portanto, as suas paredes, as quais estabelecem limites para toda a Luz contida nelas, totalizam quinhentas hastes por quinhentas hastes. [A haste de medição tem seis cúbitos de comprimento - Ezequiel  40:5].


A base lógica dessas dimensões está ligada ao fato de que todas as Luzes que governam a administração do mundo trabalham juntas, em completa harmonia e perfeito uníssono. Todas elas se juntam e se tornam interconectadas umas às outras, ao invés de ir cada uma em sua própria direção. As suas faces estão todas voltadas a um lugar e, da mesma forma, o espírito nelas está direcionado a um lugar. Ezequiel se refere a isso na sua visão [da Carruagem]: “Seguiam para onde se dirigisse seu espírito” (Ezequiel 1:12). Portanto, nada é jamais executado por meio do Poder do Reino [Malchut] que não tenha sido comandado pelo Rei [Zeir Anpin], o qual é a Árvore da Vida. Essa é uma jornada de quinhentos anos. É por isso que a medida do Monte do Templo é a maior de todas: quinhentos. Mas ele não se expandiu mais adiante, pois conforme ela [Malchut] recebe também ela dá.


Tamanho maior do futuro Templo


Esse Templo futuro será superior aos Templos anteriores. No Primeiro Templo, cada um dos quatro lados do Monte do Templo tinha quinhentos cúbitos de comprimento, enquanto no Terceiro Templo cada lado terá quinhentas hastes. O uso da haste como unidade de medida no Terceiro Templo está ligado ao fato de que ele será construído através da revelação do “Começo” [Keter] oculto, como eu discuti anteriormente [veja Medindo a Casa com uma haste de medição e uma corda de linha]. Note que não há câmaras, salas ou celas no resto do Monte do Templo [ou seja, além do Pátio Externo], porque a providência de Deus sobre suas outras criaturas não é tão diretamente sintonizada a cada criatura individual como é no caso do homem.


Portões do Monte do Templo


Há cinco portões nos muros do Monte do Templo, dois ao Sul e um em cada um dos outros três lados. A altura e largura dos portões são as mesmas dos outros portões do Templo. Entenda que o muro em si é ADNY, como eu já expliquei (veja Paredes e portões), enquanto as portas dos portões são letras simples de ADNY. O Aleph e o Yud ficam à direita e o Dalet e o Nun ficam à esquerda, e eles são os que de fato fecham o portão.


A luz que brilha dentro das paredes é atraída para baixo através do nome YHVH, bendito seja Ele. É por isso que está escrito: “Esse é o portão para YHVH” (Salmos 118-120), pois esse é o nome que irradia e sai pelo portão.


Quando qualquer um desses portões está aberto, cada um tem letras conhecidas que se destacam e lampejam para cima e para baixo. Essas letras estão no comando das “cabeças” do seu portão particular [confira Salmos 24:7] e, portanto, quando essas letras brilham, aqueles chamados aos portões podem vir e ficar na entrada para receber sua porção. Depois, eles retornam aos seus lugares. Então, essas letras são escondidas de novo e não podem mais ser vistas, e o portão se fecha.


No caso dos portões dos Pátios do Templo, treze letras se destacam em cada portão e, de forma similar, o número daquelas que vêm a cada portão é treze. Os três portões, portanto, têm um total de trinta e nove recipientes, de acordo com o valor numérico das primeiras três letras de YHVH quando expandidas [יוד הא ואו], pois essas são as Luzes que abrem o portão.


Jerusalém ao Sul do Monte do Templo


Deixe-me lhe explicar agora um segredo muito especial relacionado às quatro direções no Monte do Templo. Está escrito: “Ele me levou à terra de Israel e me pôs sobre uma montanha muito alta, perto da qual havia algo que parecia ser a estrutura de uma cidade, ao Sul” (Ezequiel 40:2). Portanto, nós descobrimos que a cidade fica ao Sul, enquanto o Templo fica ao Norte. Isso envolve um segredo muito profundo, então faça todo o esforço para entendê-lo.


Malchut está inclinado na direção da coluna da esquerda de Guevurá, enquanto Tiferet está no lado da Misericórdia [Rachamim, a qual se inclina mais à coluna direita de Chessed]. Esses dois opostos devem se unir a fim de que o mundo seja governado de forma equilibrada. A essência dessa união [Zivug] e conexão [Chibur] é quando a direita se junta à esquerda. Já que o Templo é o lugar onde essa união e conexão ocorre, tanto direita quanto esquerda devem estar presentes, pois quando a força do lado esquerdo neste lugar se junta à força do lado direito, a severidade da esquerda é mitigada. Todos os diferentes níveis e ramos de Guevurá são, então, adoçados através da influência dessa força do lado direito, e todas se tornam temperadas com misericórdia.


É por isso que o Templo, o qual é o lugar onde essa união acontece, fica ao Norte, enquanto a cidade fica ao Sul. Pois é depois do adoçamento do Norte [Guevurá] através da influência da direita [Chessed] que a cidade emerge desta maneira. Entenda isso.


Os quatro lados do Monte do Templo


Você deveria entender que todas as partes do Monte do Templo, Oeste, Norte, Leste e Sul, estão em uso. Mesmo que o Templo em si esteja situado ao Norte, a área Sul do Monte tem grande poder, e por essa razão, a área entre o prédio do Templo e o lado Sul da montanha é maior do que qualquer outro lado. A segunda maior área é entre o Templo e o lado Leste do Monte, correspondendo à Misericórdia [Rachamim]. Terceira em tamanho é a área ao Norte do Templo, a qual está na esquerda [Guevurá], enquanto a menor área é no Oeste [Malchut], pois essa é a que recebe das outras e é menor que elas.

Quanto aos cinco portões: os dois portões no Sul são os portões de Keter e Chochmá, correspondendo ao Yud [de YHVH] e à sua ponta. Os outros portões são aqueles de Biná [Norte], Tiferet [Leste] e Malchut [Oeste], correspondendo ao primeiro Hey, ao Vav e ao Hey final do Nome, bendito seja Ele.














9. A Distribuição do Sustento



Primeiro estágio: O Monte do Templo - Sobrevivência das Criaturas



Deixe-me explicar agora alguns grandes segredos relacionados ao Sustento fornecido a todas as criaturas deste mundo, das maiores às menores. Todas têm raiz, em última instância, nas vinte e duas letras do Aleph Beit, pois tudo na Criação deriva dessas letras e das suas várias combinações e permutações. Essas vinte e duas letras estão assentadas no leme do governo [Malchut], gerando infinitos números de permutações.

As combinações básicas de letras são os “duzentos e trinta e um portões” para frente e para trás. Essas, por sua vez, geram incontáveis combinações mais complexas. Três cifras apareceram primeiro e elas comandam todas as outras: אבגד [Aleph-Beit-Guimel-Dalet em ordem] à direita, תשרק [Tav-Shin-Reish-Kuf de trás para frente] à esquerda, e אתב״ש [Aleph-Tav, Beit-Shin ou ATBaSh] ao centro.

Quando a Luz da União Sagrada [Zivug] brilhou nesse lugar, a Luz e o esplendor abundantes deram nova força e poder às vinte e duas letras que estavam lá. Uma Luz em particular brotou com grande poder. Essa Luz é composta de todas as vinte e duas letras do Aleph Beit, bem como de outras cinco: MaNTzPaCh [ם׳ן׳ץ׳ף׳ך׳ , sendo essas as cinco letras que tomam uma forma diferente quando estão no final de uma palavra]. Essa Luz é chamada Ochazah, אוחז״ה, como no verso: “Eu disse que escalarei a palmeira, Eu tomarei posse [אוחזה] dos seus ramos” (Cântico dos Cânticos 7:9). O valor numérico das letras dessa palavra é vinte e sete [correspondente às vinte e sete letras].

Depois da união [Zivug], essa Luz brilha adiante com tal força que ofusca todas as outras. Ela é, portanto, muito sagrada e tem um tremendo poder de levar santidade a uma pessoa, junto com os outros Nomes conectados a ela, os quais são incorporados no mesmo verso. Já que esse Nome surge da conexão e da união [Zivug], o verso diz: “Eu escalarei a palmeira”. Pois, como você já sabe, a palmeira sempre indica conexão e unidade. É então que esse nome Ochazah, o qual inclui as letras do Aleph Beit, ganha poder. A ideia dos “ramos” alude às permutações geradas pelas letras.

Essa é a fonte de todo Sustento fornecido a todos aqueles que precisam dele. Portanto, o verso diz: “E faça com que seus seios sejam como cachos da vinha…” (Ibidem). “Seios” é o nome dado às Luzes supremas que dão Sustento aos seres nos Mundos Inferiores. Por que elas são comparadas a “cachos da vinha”? Pois quando as criaturas dos Mundos Inferiores ascendem para receber nos portões, eles se conectam e se prendem às letras que brilham no portão, como eu discuti acima, pois essas letras são suas próprias raízes. Quando estão anexadas lá, elas são como uvas anexadas a um cacho. Quanto à continuação do verso “O aroma do seu semblante [literalmente, nariz] é de maçãs” (Ibidem), ele alude ao odor do sacrifício que sobe ao nariz para adoçar a severidade [Guevurá] encontrada lá.



Deixe-me completar agora a minha explicação do tema do Sustento. Quando Tiferet e Malchut se uniram, três grandes Luzes emergiram da cabeça de Tiferet e desceram via Yessod a Malchut, onde alcançaram essas três cifras. Quando fizeram isso, quem pode descrever o grande esplendor e brilho com os quais elas reluziram? A Luz sobe e desce a cada uma, repetidamente, com tremenda força, propagando-se a todas as suas gerações derivadas de uma só vez, e isso é o que dá a cada criatura no mundo o poder que ela precisa.



Segundo estágio: O Soreg - Renovação das Criaturas



Depois disso, outra Luz irradiou da cabeça [de Tiferet] e brilhou abaixo para as três cifras e todas as suas gerações derivadas. Através desse grande brilho, todas as gerações derivadas puderam se reconectar as suas raízes, tornando tudo firmemente ligado e profundamente interconectado. Como resultado, todas brilharam com uma nova Luz muito grandiosa, que lhes deu poder regenerativo para si mesmas, bem como o poder de produzir novas gerações. No entanto, essas novas gerações surgiram apenas através da união e interconexão mútuas dessas Luzes.



Conforme essas Luzes se abraçaram e se combinaram umas às outras, apareceu uma estrutura neste lugar, na forma de uma divisória de madeira entrelaçada, conhecida como Soreg. Isso inclui o Monte do Templo inteiro dentro do muro externo. A área mais externa [entre o Soreg e o muro externo] contém o Sustento básico necessário para permitir que todas as diferentes espécies sobrevivam. Esse Sustento vem da primeira Luz que brilhou abaixo para as vinte e duas letras, como eu expliquei acima. Essa área cerca todas as outras porque ela inclui tudo na Criação, e tudo o mais está localizado dentro dela. A altura dessa divisória tem exatamente dez palmos, nem mais nem menos. Você já sabe o significado do palmo e a medida de dez. Essa medida é suficiente para abastecer todas as criaturas no mundo.



Terceiro estágio - O Cheil - Perfeição das Criaturas



Finalmente, uma terceira Luz irradiou da cabeça [de Tiferet] e alcançou as cifras. Essa Luz compreendia todas as Luzes e todas as letras em sua totalidade, unindo-as todas, juntas, em um só laço. Esse laço é manifestado no glorioso e maravilhoso nome de YHVH, bendito seja Ele. Isso deu a tudo na Criação o poder de atingir a perfeição através do mistério de Adam. Esse grande segredo é conhecido daqueles versados nos Caminhos da Sabedoria, que entendem o processo de fato pelo qual o mundo se torna retificado.



O nome ao qual estou me referindo é Adam, ou seja, a expansão de YHVH com Aleph’s: [= 45, soma do valor numérico das letras de ADaM] יוד הא ואו הא. Todos os trabalhos de Deus passaram a existir através de Biná, associada ao nome EHYH. Quando este nome é “expandido” como אלף הא יוד הא, ele entra no Aleph central do YHVH expandido que eu mencionei, de forma que tudo - YHVH, EHYH e tudo o mais - está incluído em Adam.



Ao redor da área na Luz que se propagou fica uma parede de dez cúbitos de altura conhecida como Cheil. A soma dos valores numéricos das letras de Cheil [48] é equivalente ao de YHVH (26) e EHYH (21) [mais 1 pelo kolel]. Portanto, todas as medidas da Casa estão devidamente completas.



Degraus que levam do Cheil ao Pátio



Resta eu lhe explicar o significado dos degraus entre as várias áreas do Templo. Esses degraus envolvem grandes segredos, pois eles são literalmente os degraus sobre os quais os mundos e seus habitantes ascendem de mundo a mundo. Portanto, todos os portões têm degraus até eles, apesar de serem em números diferentes em cada caso, dependendo dos seus respectivos segredos.



Do Cheil até o Pátio Externo, no lado Leste, existem doze degraus muito imponentes, enquanto nos lados Norte e Sul existem, em cada, sete degraus. Deixe-me explicar essa questão. As Luzes são organizadas de duas diferentes maneiras, e é por isso que há dois diferentes caminhos para sua ascensão, cada caminho correspondendo a uma dessas diferentes organizações, pois as Luzes são divididas em dez e sete. Elas são sete quando organizadas na ordem dos Palácios [Heichalot], mas são dez quando organizadas na ordem dos próprios dez níveis [Sefirot]. Ambas precisam ascender. Como elas fazem isso? Elas sempre começam de baixo. Cada Luz inferior se une e se funde com a Luz superior a ela, até que todas estejam juntas, em uma só unidade. Por essa razão, há tantos degraus quanto há níveis, a fim de elevá-los, degrau após degrau, até o topo. É por isso que há sete degraus ao Norte e ao Sul, correspondendo aos sete Heichalot.



No lado Leste, no entanto, há doze degraus. Deixe-me lhe dizer por que são doze. Esse é um segredo muito profundo, ao qual você deve aplicar seus poderes de entendimento. A Malchut do nível das Chayot [anjos de Yetzirá] permaneceu no nível dos Ofanim [anjos de Assyiá, pois Malchut do nível mais alto se torna Keter do nível mais baixo]. Lá, no nível dos Ofanim, essa Malchut se dividiu em duas, completando o número de degraus.

Uma nova Malchut surgiu, então, no nível das Chayot, e dessa Malchut se formaram duas grandes cabeças sobre todos os Ofanim. Elas pairam sobre eles na forma de um macho e uma fêmea. Portanto, há dez níveis com duas cabeças sobre eles. Já que algumas dessas cabeças já estavam no próprio mundo [dos Ofanim], ou seja, a primeira Malchut que eu mencionei [a qual permaneceu no nível dos Ofanim e se dividiu em duas], era preciso mais dois degraus correspondentes a essas próprias cabeças [ou seja, as duas cabeças formadas a partir da nova Malchut das Chayot, a qual paira sobre os Ofanim].



Degraus do Pátio das Mulheres até o Pátio Israelita



Do Pátio Externo ao Pátio Interno há oito degraus em todos os três lados. Eles ocupam parte dos pórticos que levam aos portões do Pátio Interno, entre as celas dos portões. Deixe-me lhe explicar o segredo desses oito degraus. Eles têm seus próprios Nomes conhecidos. São dois Nomes que contêm um total de oito letras, das quais esses degraus são formados, pois quando os mundos precisam ascender, poder e energia saem dos Mundos Superiores para doar aos Mundos Inferiores a força para ascender. Quando as Chayot [anjos de Yetzirá, correspondendo ao Pátio Externo] querem subir ao Trono [Mundo de Beriá, correspondendo ao Pátio Interno], duas das mais poderosas Luzes brilham até elas a partir do Trono, dando-lhes a força para ascender. Conforme elas sobem, o poder dessas Luzes faz com que elas cantem uma canção muito prazerosa, pois são essas Luzes que lhes dão a força para se erguer. Por essa razão, os anjos não vão deixá-las, a fim de não perder a sua força.



Essas duas Luzes saem da Sabedoria [Chochmá] e do Entendimento [Biná] no Trono. O nome da primeira Luz é Kadosh, enquanto o nome da segunda luz é Baruch. As suas raízes são, respectivamente, YHVH e EHYH. Quando essas Luzes brilham nas Chayot, quem pode descrever a trovejante onda de agitação e tremor e o rugido que as Chayot mandam de volta enquanto recebem as Luzes com reverência e medo, santidade e pureza? Dessas luzes, as Chayot ganham a força para ascender. É por isso que está escrito: “E cada um se voltava para outro e proclamava: ‘Santo, santo, santo [Kadosh] é o Eterno dos Exércitos; sua Glória envolve o mundo inteiro” (Isaías 6:3), enquanto Ezequiel disse: “Então um espírito me elevou, e ouvi por trás de mim a voz que afirmava em alto som: ‘Bendita [Baruch] seja a glória do Eterno desde o Seu lugar’” (Ezequiel 3:12).

É por meio desses dois Nomes que os anjos sobem, e é por isso que o Povo de Israel fica na ponta dos pés quando recita esses dois versos nas suas orações, pois quando as Chayot se movem adiante para ascender, elas também dizem essas palavras. No início, é dito: “E quando avançavam, eu ouvia o ruído de suas asas como o rolar de águas caudalosas...” (Ezequiel 1:24), mas, quando elas chegam ao nível mais alto para o qual ascendem, é dito delas: “Quando elas se levantaram, abaixaram suas asas” (ibid. vv. 24, 25).



Entenda como os degraus vieram a ficar em frente aos portões. Foi quando a Luz irrompeu através das paredes e se propagou para fora que essas Luzes [as quais trouxeram os degraus à existência] foram reveladas às criaturas dos Mundos Inferiores.



Degraus entre o Altar e o Pórtico do Santuário



Doze degraus levam do Pátio Interno até o Pórtico do Santuário. Eles são doze porque correspondem aos Palácios [Heichalot] do Trono [Beriá, ou seja, o Pátio Interno], dos quais há seis no Palácio do Desejo [Heichal Haratzon] e outros seis, formando um total de doze. O mais alto de todos, “Sagrado dos Sagrados”, é o que sobe ao Mundo de Atzilut [ou seja, é o “degrau mais alto”, que leva ao Santuário e ao seu Pórtico, o qual corresponde ao Mundo de Atzilut].



“O portão voltado para o leste deve ser fechado” (Ezequiel 46:1)



Deixe-me lhe explicar agora um segredo relativo às instruções passadas a Ezequiel sobre “O Portão do Pátio Interior que aponta para o Oriente” (Ezequiel 46:1). O Portão Leste é um lugar da mais intensa Luz e poder, e não pode ser aberto para as criaturas dos Mundos Inferiores, exceto no Shabat e na Lua Nova. Isso é porque ele está em alinhamento direto com o Grande Portão [a coluna central], e deve, portanto, permanecer fechado. Ele só pode ser aberto para o Príncipe, nomeadamente o Rei Messiânico. Devido à sua grande força e importância primordial, esse portão será aberto para ele, mas ninguém mais será capaz de entrar, exceto naqueles dois dias.



Deixe-me lhe explicar o que é especial sobre esses dois dias. Nesses dias, a Shechiná recebe de Tiferet uma Luz muito grandiosa. Agora deixe-me falar sobre a diferença entre o Shabat e a Lua Nova. A Lua Nova está “abaixo” no sentido de que a Shechiná [não se levanta do seu lugar, mas fica abaixo e lá] recebe poder de Tiferet - um novo poder para governar todos os seus exércitos por todo o circuito de trinta dias. O Shabat, por outro lado, eleva-se a níveis mais altos. Por essas razões, esse portão será aberto nesses dois dias e as pessoas virão para se prostrar e compartilhar essa grande luz.



A rota de saída dos peregrinos do Templo



Contudo, a obrigação de aparecer no Templo nos festivais está ligada a um segredo diferente: O propósito é reconectar os ramos com suas raízes três vezes por ano. As raízes são divididas em duas, uma à direita e uma à esquerda. Os peregrinos [ramos] devem entrar por um portão, atravessar o Templo, e sair pelo portão oposto para que todas as raízes se unam umas às outras e se tornem, portanto, interconectadas e unificadas. Quando isso acontece, é dito: “E quem é como o teu Povo, como Israel, essa nação tão singular na terra!” (II Samuel 7:23).



Água fluindo do Sagrado dos Sagrados

Na entrada da Casa Interna há um pequeno caminho onde fluem as mais doces águas. Deixe-me lhe contar de onde vêm essas águas e para onde elas vão. Essas águas vêm do mais interno lugar de prazer, um lugar da mais poderosa Misericórdia [Rachamim]. Por essa razão, conforme essas águas saem, a sua direção de Fluxo é para o Sul [Chessed]. Elas então fluem para fora do Templo.



Para onde? Isso é explicado no verso: “Estas águas fluem até a região oriental e descem sobre (o deserto de) Aravá; e quando entram no mar, suas águas se tornam potáveis” (Ezequiel 47:8), pois a sua missão é curar todos os reservatórios de água de sua salinidade por meio da tremenda misericórdia que contêm. Essas águas não são o mesmo que o Sustento básico fornecido para permitir que todas as coisas subsistam, mas antes uma Luz muito preciosa que brilha do Sagrado dos Sagrados a fim de temperar a severidade de Guevurá em qualquer lugar onde ela é forte.



Mesmo assim, é dito: “Mas seus pântanos e charcos não serão curados; eles servirão para fornecer o sal” (ibid v. 11), pois alguma Guevurá é necessária no mundo, e esse é o significado do sal exigido com todos os sacrifícios. Por essa razão, “eles servirão para fornecer o sal”, e é por isso que um pouco foi deixado. Se não fosse assim, a Misericórdia se espalharia para todos os lados e os poderes de Guevurá desapareceriam.



No tempo do Mashiach, a Misericórdia vai se propagar pelo mundo, e todas as coisas serão retificadas e trazidas à perfeição. Todas as Luzes brilharão com uma luminosidade igual a nada jamais conhecido. A santidade vai se espalhar sem fronteiras, e todos os mundo ficarão repletos de serenidade, êxtase e alegria, como é dito: “Este é o dia com que nos brindou o Eterno e nele noa alegraremos e nos regozijaremos!” (Salmos 118:24).



E que seja a vontade do nosso Pai no Céu provocar rapidamente a Sua redenção, na gentileza e na misericórdia.



“Sobre seus próprios escombros a cidade será reedificada, e seu palácio voltará a ser habitado como antes” (Jeremias 30:18), rapidamente em nossos dias, Amém.

Shamati (130)

    130. Tiberias dos nossos sábios, boa é a sua visão (Ouvi em 1 º de Adar, Tav - Shin - Zayin , 21 de fevereiro de 1947, em uma via...