quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Três conceitos essenciais da Kabbalah (10c)


É possível comprovar a ciência da Cabalá? Ao ver o nosso mundo de cima, a pessoa vê que todos os ensinamentos e religiões terminam onde começa o mundo interior do homem, na fronteira da sua psicologia interna. Assim como é impossível demonstrar qualquer evento espiritual no nível do nosso mundo, é também impossível provar qualquer coisa. Apenas quem ascende consegue ver. Por isso, a Cabalá é chamada de Ciência Secreta. Se um homem nasce cego neste mundo, é impossível lhe explicar o que significa "enxergar".

 

Na Cabalá existe um método de auto-recebimento estritamente científico, razoável e crítico. Quando um sentido adicional surge, o homem começa a falar com o Criador, a senti-Lo. O Criador começa a abrir o próprio mundo interior da pessoa - a única coisa que o homem pode sentir e compreender. Assim como qualquer outro ser criado, o homem é capaz de sentir apenas o que vem do Criador para ele.

 

É possível que existam outras coisas que o Criador não revele? É claro que sim. Nós também recebemos cada vez mais informações e sensações diferentes que Ele não havia inserido em nós anteriormente. Entretanto, a pessoa não pode julgar algo que ainda não tenha recebido do Criador.

 

O homem recebe tudo na Cabalá ao atravessar os 6000 níveis, os chamados "seis mil anos". Ao completar sua ascensão espiritual, que consiste de 6000 níveis, o homem eleva-se ao nível mais alto de recebimento: o 7º Milênio, ou "Shabbat".

 

Então, se seguem mais três ascensões: o 8º, o 9º e o 10º Milênios, em que o homem recebe as Sefirot mais elevadas: Biná, Chochmá e Keter. Esses níveis estão acima da Criação. Eles pertencem totalmente ao Criador, que proporciona às almas corrigidas tais recebimentos, tal nível de unificação com Ele.

 

Nada disso está escrito em lugar algum, nenhuma língua é capaz de descrever essas coisas. Isso se refere aos Segredos de Torá. Por isso, quando alguém pergunta sobre o Criador Ele Mesmo, não podemos dizer nada. Falamos apenas da Luz que emana Dele. Recebemos a Luz e, assim, recebemos o Criador. O que quer que recebamos, chamamos de "Criador", algo que nos criou. Ocorre que, na verdade, recebemos a nós mesmos, nosso mundo interior, e não o Criador.

 

Estando totalmente preenchida pela Luz, Malchut sente que, mesmo tendo agradado ao Criador ao receber a Luz, ainda é totalmente oposta a Ele em suas propriedades. Ela deseja apenas receber prazer, enquanto que o único desejo do Criador é doá-lo.

 

Nesse estágio do seu desenvolvimento, Malchut, pela primeira vez, sente uma vergonha avassaladora, pois vê o Doador com Suas propriedades e a grande diferença existente entre si mesma e Ele. Como resultado dessa sensação, Malchut decide se libertar de vez da Luz, como na fase 2 (Biná), com a diferença de que, agora, a Criação deseja ardentemente receber prazer e sente o quanto esse desejo é oposto ao do Criador.

 

A expulsão da Luz do interior de Malchut é chamada de "Tzimtzum Aleph" (TA). Devido ao TA, Malchut fica completamente vazia. O Criador surge na fase quatro. Quando começa o sentimento de vergonha, a criação passa a agir como se fosse "independente", sendo o sentimento de vergonha sua força motriz.

 

Depois da restrição, Malchut não deseja receber mais nenhuma Luz. Ela se sente oposta ao Criador, que lhe doa esse prazer. Ao ser preenchida pela Luz e assim satisfazer o desejo do Criador, Malchut finalmente torna-se oposta ao Criador. O que ela poderia fazer para não sentir vergonha e ser semelhante ao Criador, isto é, para que receba, pois Ele assim deseja, e também doe, da mesma forma que Ele faz?

 

Malchut pode alcançar tal estado se receber não para si mesma, para a satisfação do seu próprio desejo de receber prazer, mas pelo Criador. Isso significa que, então, ela receberá a Luz apenas porque ao fazê-lo levará contentamento ao Criador. É como um convidado que, mesmo que esteja com muita fome, recusa-se a receber para si mesmo o que lhe servem, mas aceita receber para agradar o anfitrião.

 

Para tanto, Malchut cria uma tela - uma força que resiste ao desejo egoísta de receber prazer para si mesma, ignorando o Doador. Essa força expulsa toda a Luz que vem a ela. Então, com a ajuda da mesma tela, Malchut calcula a quantidade de Luz que pode ser recebida pelo Criador.

 

Malchut só se abre para a porção de Luz filtrada pela tela, que pode ser recebida pelo prazer do Criador. O que sobra de Malchut, isto é, o restante dos seus desejos, permanece vazio. Se ela puder preencher-se completamente de Luz e receber com o propósito de doar, ela será semelhante ao Criador em suas propriedades. Isso completa a correção do seu egoísmo e ela passa a utilizá-lo para doar prazer ao Criador.

 

Esse estado, a absoluta correção de Malchut, é o "propósito da Criação" e é chamado de "O Fim da Correção" (do desejo egoísta de receber prazer). Mas é impossível alcançar tal estado em um momento, em uma ação, pois ele é absolutamente contrário à natureza egoísta de Malchut. Malchut recebe sua correção em partes, fracionada durante um período de tempo.

 

A Luz que entra no Kli é chamada de "Ohr Yashar" (Luz Direta). A intenção do Kli de receber a Luz apenas pelo Criador é chamada de "Ohr Hozer" (Luz Refletida). Com a ajuda dessa intenção, o Kli reflete a Luz. A parte do Kli que recebe a Luz é chamada de"Toch" (parte interna). A parte do Kli que permanece vazia é chamada de "Sof" (fim). Juntas, Toch e Sof formam o Guf (corpo) - o desejo de receber prazer. É preciso que a pessoa tenha em mente que, quando os livros cabalísticos falam sobre o "corpo", isso sempre se refere ao "desejo de receber".

 

Exceto o nosso mundo, todo o Universo espiritual está fundamentado sobre esse único princípio: receber para o prazer do Criador. Parece que o Universo é apenas uma variação da Malchut que se esvazia em TA e depois se preenche com a ajuda da tela. A parte externa e menos significante de Malchut é chamada de Mundos de Adam Kadmon, Atzilut, Beriá, Yetzirá e Assiyá. Entretanto, a parte interior e remanescente de Malchut é chamada de "alma", Adam.

 

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