57. É preciso considerar que não há qualquer vestígio da criação dos quatro mundos de ABYA nesses três Partzufim, e não havia nem lugar para eles, uma vez que Galgalta do Mundo de Adam Kadmon alcança o ponto do nosso mundo. A raiz da correção desejada ainda não foi revelada, o que causou o Tzimtzum Aleph, realizado a fim de proporcionar ao Behina Dalet a oportunidade de receber a Luz Superior e criar o homem a partir disso. O homem, por sua vez, com o auxílio da Torá e dos Mandamentos em prol do Criador, é capaz de transformar recepção em doação.
Então, Behina Dalet torna-se o
vaso de recepção da Luz Superior, unificando-se com ela a partir de suas
propriedades, ainda que a raiz dessa correção ainda não tenha sido revelada no
Mundo de Adam Kadmon. Por isso, o homem não deve se constituir apenas de Behina
Dalet, o "desejo de receber", mas também de propriedades que remetam
às primeiras nove Sefirot, ou seja, o “desejo de doar”, que lhe permite "realizar
boas ações” (doação).
Se o homem tivesse surgido no estado em que os Partzufim de Adam
Kadmon se encontravam, ele não poderia receber luz alguma, pois o Behina Dalet,
sendo a raiz do corpo espiritual do homem, estaria abaixo do Sium do Mundo de
Adam Kadmon, imerso em escuridão e absolutamente oposto à Luz em suas
propriedades. Tivesse o homem sido criado desta forma, ele nunca teria
corrigido a si mesmo devido à ausência total do “desejo de doar”. Ele teria
sido considerado um animal, vivendo apenas por si e para si mesmo, assim como
pecadores atolados no seu “desejo de receber”: mesmo quando realizam boas ações
são considerados mortos em vida.
O Criador criou apenas uma Criação: Behina Dalet, o “desejo de receber”, o egoísmo, o homem, Malchut. Ao receber Luz no seu interior,
Behina Dalet sente-se vazia. No Mundo
Espiritual, uma recepção tão direta leva à morte. Ao perceber isso, realiza um Tzimtzum e para de receber Luz, pois
deseja ser como o Criador. Mesmo assim, ela não se torna como o Criador, mas
deixa de ser oposta a Ele em suas propriedades. O Criador incutiu suas
propriedades às quatro fases do desenvolvimento de Malchut, entretanto, uma vez que a própria Malchut deixa de ser uma qualidade Sua, passa a ser chamada de
“Criação”, “desejo de receber”.
Mas de que forma Malchut
pode tornar-se semelhante ao Criador? Para isso, ela precisa receber, mas
apenas em benefício do Criador. Se Malchut
percebe que, recebendo, agrada o Criador, ela deve fazê-lo.
Onde Malchut pode
adquirir essas propriedades altruístas? Elas vêm de Biná, pois Biná é o
“desejo de doar”. Para consegui-las, é preciso combinar o desejo de Biná de "nada receber" com o
desejo de Malchut de “receber para si
mesma”. Se isso acontecer, é possível conferir à Malchut o desejo de receber em prol do Criador. Um desejo não pode
ser transformado, pois é a nossa natureza e não está sujeito à modificação.
Se for possível atribuir essa intenção à Malchut, ela poderá receber toda a Luz do Criador e alcançar a Gmar Tikun. Como podemos aproximar e
fundir essas duas propriedades tão opostas? É preciso que elas tenham algo em
comum. Para tanto, será necessário quebrar Biná
e Malchut, o “desejo de doar” e o
“desejo de receber”, misturar muito bem os fragmentos a fim de que cada objeto
espiritual que surgir depois dessa quebra possua esses dois desejos.
Para que isso ocorra, uma das propriedades de Biná deve ser “corrompida" a fim de se tornar um pouco
semelhante à Malchut. Em outras palavras, a intenção de doar para o Criador
deve ser “corrompida”, convertida, por assim dizer, no “desejo de doar” para
receber. Suas intenções tornam-se semelhantes às de Malchut, ainda que Biná
não receba nada e Malchut queira
consumir tudo. Dessa forma, Biná
“corrompe” sua intenção e torna-se egoísta como Malchut. Resta apenas incluir as propriedades de Biná em Malchut.
Isso ocorre através do Zivug de Haka´á, a penetração de impacto,
uma explosão que integra as propriedades tão completamente que é quase
impossível separá-las. Se isso puder ser feito, seremos capazes de irradiar
essa massa homogênea juntamente com a Luz Superior até que Biná recupere sua intenção primária em benefício do Criador. Então,
enredada nessa mistura, Malchut
também adquire a intenção de receber pelo Criador.
No Mundo de Adam Kadmon,
o Partzuf Galgalta atua como Keter, AB como Chochmá e SAG como Biná. Deve-se notar que tudo o que existe no Sof de Galgalta, abaixo
do seu Tabur, é Malchut. Por isso, a fim de integrar Biná à Malchut, ela deve se posicionar abaixo do Tabur de Galgalta.
Assim, Malchut atravessa três estados:
1.
Quando recebe tudo, antes do Tzimtzum Aleph
2.
O estado de Correção
3.
O estado de recepção pelo Criador.
Durante todo esse processo, Malchut
não muda sua forma de agir, nem antes do Tzimtzum
Aleph, nem depois. A correção consiste meramente em transformar a intenção
de receber para si mesma na de receber pelo Criador. O Universo todo foi criado
para este fim, e essa intenção é recebida de Biná.
Malchut do
Mundo do Infinito, integrada à Biná,
é chamada de Adam, Homem. Todo o
sistema de Mundos, o Universo, foi criado apenas para transformar a intenção de
Malchut. A recepção em benefício do
Criador é chamada Kabbalah.
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