terça-feira, 8 de março de 2022

Shamati (15)


15. O que são “Outros Deuses” no Trabalho?

(Ouvi em 24 de Av, Tav-Shin-Hey, 3 de agosto de 1945)


Está escrito: “Não terás outros deuses diante de Mim” (Êxodo 20:3). O Zohar interpreta que deve haver pedras para pesar, e pergunta: Como o trabalho é pesado com pedras pelas quais o indivíduo sabe o seu estado nos caminhos do Criador? E responde: É sabido que, quando o indivíduo passa a trabalhar mais do que está acostumado, o corpo começa a tremer e a se opor a esse trabalho com toda a sua força, pois a doação é um peso e um fardo para o corpo. Ele não pode tolerar esse trabalho, e a resistência do corpo aparece na pessoa na forma de pensamentos invasivos. O corpo vem e faz as perguntas: “Quem?” e “O Quê?”.

 

Por meio dessas perguntas, uma pessoa diz que todos esses questionamentos são certamente enviados pela Sitra Achra [o outro lado] a fim de obstruí-lo no trabalho.

 

O Zohar diz que se, nesse momento, o indivíduo diz que as perguntas vêm da Sitra Achra, ele viola o que está escrito: “Não terás outros deuses diante de Mim”. A razão é que o indivíduo deveria acreditar que os questionamentos vêm da Shechiná [Divindidade], já que “não há ninguém além Dele”. No entanto, a Shechiná mostra ao indivíduo o seu verdadeiro estado, a forma como ele está trilhando os caminhos do Criador.

 

Ao lhe enviar essas perguntas, chamadas de “pensamentos invasivos”, a Shechiná vê como o indivíduo responde às questões consideradas “pensamentos invasivos”. E com tudo isso o indivíduo deve conhecer seu verdadeiro estado no trabalho, a fim de saber o que fazer.

 

É como uma alegoria sobre alguém que queria saber o quanto o seu amigo o amava. Certamente, quando estão frente a frente, seu amigo se esconde devido à vergonha. Por isso, ele envia uma pessoa para falar mal do seu amigo. Então ele vê a reação do seu amigo enquanto está longe dele, e daí o indivíduo pode saber a verdadeira medida do amor de seu amigo.

 

A lição é que, quando a Shechiná mostra sua face – ou seja, quando o Criador dá vitalidade e alegria ao indivíduo -, nesse estado a pessoa sente vergonha de dizer o que pensa sobre o trabalho de doação sem receber nada para si mesma. No entanto, quando a Shechiná não está face a face – ou seja, quando a vitalidade e a alegria esfriam, o que é considerado não estar de frente para ela -, então o indivíduo pode ver o seu verdadeiro estado em relação ao objetivo de doar.

Se o indivíduo acredita que não há ninguém além Dele, e acredita que o Criador envia todos os pensamentos invasivos, ou seja, que Ele é o operador, então a pessoa certamente sabe o que fazer e como responder todas as perguntas. Parece que a Shechiná envia mensageiros ao indivíduo, para ver como ele difama o reino dos céus, e assim podemos interpretar a questão acima.

 

O indivíduo pode entender isso, que tudo vem do Criador, pois é sabido que o corpo ataca a pessoa com pensamentos invasivos. E eles não vêm quando a pessoa não está envolvida no trabalho. Pois esses ataques, que vêm para o indivíduo como uma sensação completa, ao ponto de esses pensamentos esmagarem a mente, chegam especificamente após ele se dedicar à Torá e ao trabalho mais do que de costume. Isso é chamado “pedras para pesar”.

 

Isso significa que essas pedras caem na mente do indivíduo quando ele quer entender essas questões. Depois, ele passa a pesar o propósito do seu trabalho, avalia se realmente vale a pena trabalhar a fim de doar, trabalhar com toda sua força e alma, e percebe que todas as suas aspirações se tornarão apenas esperança de que o que há para se adquirir neste mundo é apenas o propósito do seu trabalho, de levar contentamento ao seu Criador, e não qualquer questão corpórea.

 

Neste momento, inicia-se uma discussão amarga, já que o indivíduo vê que há argumentos de ambos os lados. As escrituras advertem sobre isso: “Não terás outros deuses diante de Mim”. Não diga que outro deus lhe deu as pedras com as quais podes pesar o teu trabalho, mas “diante de Mim”.

 

Em vez disso, o indivíduo deve saber que isso é considerado “diante de Mim”. Isso é para que o indivíduo veja a verdadeira forma da base e da fundação sobre as quais é construída a estrutura do seu trabalho.

 

O peso no trabalho existe primariamente porque eles são textos que negam um ao outro. De um lado, o indivíduo deve tentar fazer com que todo o seu trabalho seja para atingir a Dvekut [adesão] ao Criador, que todo o seu desejo seja apenas para doar contentamento ao seu Fazedor, e não, de forma alguma, trabalhar para receber algo para si mesmo.

 

Por outro lado, vemos que esse não é o objetivo original, já que o propósito da Criação não foi que as criaturas doassem ao Criador, pois Ele não tem necessidade que as criaturas lhe doem algo. Ao contrário, o propósito da Criação se deu devido ao Seu desejo de fazer o bem às Suas criações, ou seja, para que as criaturas recebessem deleite e prazer Dele.

 

Essas duas questões se contradizem de ponta a ponta, pois, de um lado, o indivíduo deve doar, e por outro lado, deve receber. Em outras palavras, há a questão da correção da Criação, que é atingir a Dvekut, discernida como equivalência de forma, sendo que todas as ações do indivíduo serão apenas para doar. Depois, é possível atingir o propósito da Criação – receber deleite e prazer do Criador.

 

Consequentemente, quando o indivíduo se acostuma a andar nos caminhos da doação, de qualquer forma ele não tem vasos de recepção. Quando o indivíduo anda nos caminhos da recepção, ele não tem vasos de doação.

 

Portanto, por meio das “pedras para pesar” o indivíduo adquire ambos. Após a negociação durante o trabalho, quando ele supera e assume o jugo dos céus na forma de doação na mente e no coração, então o indivíduo pode atrair a abundância superior, pois ele já tem uma base sólida de que tudo deve ser na forma de doação. Assim, mesmo quando o indivíduo recebe alguma iluminação, ele a recebe a fim de doar. Isso é porque toda a base do seu trabalho é construída somente sobre a doação. Isso é considerado “receber para doar”.

 

Nenhum comentário:

Shamati (130)

    130. Tiberias dos nossos sábios, boa é a sua visão (Ouvi em 1 º de Adar, Tav - Shin - Zayin , 21 de fevereiro de 1947, em uma via...