terça-feira, 12 de abril de 2022

Hillulot (13)

 

Rabi Moshe Ben Nachman (Nachmanides)

Comentador, Talmudista, Cabalista

11 de Nissan

 

 

Mais conhecido como Ramban (as iniciais do seu nome) e como Nachmanides (que, em Grego, significa “filho de Nachman”). Halachista, comentador, filósofo.

 

A alma de Ramban era de um alto nível, no Sha’ar HaGilgulim (Hakdama 36), o Rabi Yitzchak Luria, afirma: “Rambam (1135-1204) é da costeleta esquerda e, portanto, ele não tinha mérito de conhecer a sabedoria do Zohar, mas o Ramban (Rabi Moshe ben Nachman) é da costeleta direita e, assim, ele tinha mérito de conhecer a sabedoria do Zohar”. O Ari também confirma a profundidade e a veracidade da porção mística do comentário do Ramban sobre a Torá, e o considera como o último da antiga escola cabalística, que recebia diretamente a transmissão dos segredos místicos que mais tarde foram ocultados.

 

Herdeiro de uma família rabínica renomada, parente de Rabi Yonah de Gerona, Ranban estudou sob a orientação de R’ Yehudah ben Yakar e R’ Natan ben Meir. Seus mentores de Kabbalah foram R’ Ezra e R’ Ezriel, ambos de Gerona. Ele também estudou medicina, a qual exercia profissionalmente, línguas e física.

 

Ramban personifica o melhor e mais nobre judeu da comunidade hispânica. Ele era reconhecido como a maior autoridade em Halachá de todo território Espanhol, e suas decisões eram respeitadas também em outros países. 

 

Em 1238, Ramban foi chamado para dar sua opinião sobre a grande controvérsia em relação às obras de Rambam. Como resposta, ele elogiou a erudição do Rabi Shlomo de Montpellier, que liderou a oposição ao Rambam, e castigou severamente a todos que insultaram o grande Talmudista pelo seu zelo. Ao mesmo tempo, Ranban também procurou acalmar a veemência dos opositores do Rambam, destacando que a Mishná Torá não mostra indulgência na interpretação da Halachá, sendo até rigorosa. E sobre o Moreh Nevuchim (Guia dos Perplexos), do Rambam, Ranban explica que ele não é destinado ao público geral, mas apenas àqueles que haviam se desviado através da filosofia. Ele também aponta que mesmo que o Moreh Nevuchim fosse desnecessário e até nocivo aos judeus da França e da Alemanha, ele era de necessidade vital às comunidades sefaraditas da Espanha, de orientação filosófica. Com base nisso, ele implorou aos defensores do banimento a revogarem-no, permitindo o estudo do Moreh Nevuchim e das sessões filosóficas do Sefer MaMada da Mishná Torá.

 

Ramban escreveu novos comentários e interpretações (chidushim) sobre grande parte do Talmude, no estilo dos Tosafistas. Suas outras obras incluem: Torat HaAdam, um compêndio de leis sobre luto, culminando com o Shaar HaGemul, um tratado que discute recompensa e castigo e a ressurreição dos mortos; Iggeret Mussar, uma epístola ética enviada ao seu filho; Sefer HaGeulah sobre a vinda do Mashiach; um comentário sobre Iyov (Jó); Mishpat HaCherem, sobre as leis de excomunhão, publicado como Kol Bo; Hilchot Bedika sobre as leis que regulam o exame dos pulmões dos animais após o sacrifício ritual; Hilchot Challah; e Hilchot Niddah (publicado juntamente com o seu chiddushim no Tratado de Niddah). São atribuídos a ele, mas sem confirmação, um tratado cabalístico HaEmunah Ve HaBitachon e Igeret HaKodesh, sobre a santidade e o significado do casamento.

 

Em 1263, o Rei James de Aragão forçou Ramban a sustentar uma disputa religiosa pública contra o judeu apóstata Pablo Christiani. Na presença do Rei James e de muitos dignatários e clérigos, Ramban destruiu seu adversário com a lógica dos seus argumentos. Por admiração, o Rei recompensou o vitorioso Ramban com um presente de 300 moedas. Os fanáticos padres dominicanos, entretanto, começaram a espalhar o boato de que seu lado havia ganho o debate. Ramban respondeu publicando, sob o título de Sefer HaVichuach, o relatório exato das questões e respostas utilizadas na disputa. Os clérigos então o acusaram de humilhar a religião católica. Ramban assumiu a acusação, mas contestou que ele havia publicado somente o que havia sido dito na disputa, sob o aval do Rei, que lhe havia garantido liberdade de expressão. Mesmo assim, o Sefer HaVichuach foi condenado a ser queimado e Ramban foi banido de Aragão.

 

Por três anos, Ramban permaneceu em Castela de Provença, onde ele começou a escrever seu monumental Comentário sobre a Torá, que é único pois ele não apenas interpreta os versos, mas também analisa os tópicos, apresentando-os sob a perspectiva da Torá. Permeado de interpretações hagádicas e cabalísticas, estão também análises cuidadosas de outros comentários, especialmente do Rambam e Ibn Ezra, a quem Ramban critica severamente pela abordagem excessivamente racional que, na sua opinião, deriva das verdadeiras interpretações Talmúdicas e cabalísticas. Ramban também discorda frequentemente das interpretações do Rashi - posteriormente, outros autores como Mizrachi e Maharal escreveram contra-argumentos defendendo o Rashi. O Comentário sobre a Torá do Ramban é estudado mundialmente e foi publicado em todas as edições do Mikraot Gedolot.

 

Em 1267, com 72 anos, Ramban decidiu se estabelecer em Eretz Yisrael. Antes de partir, deixou uma dissertação sobre o Eclesiastes, louvando a Terra Santa e o preceito da caridade. Depois de uma difícil jornada e de muito sofrimento, Ramban chegou em Acco no mês de Elul de 1267. Ele passou o Rosh HaShanah em Jerusalém, que estava em condições deploráveis como resultado da destruição causada pelos Cruzados. Ramban designou uma casa assolada como sinagoga e trouxe um rolo de Torá de Shechem. Nessa sinagoga, ele deu um drasha (sermão) sobre as leis do Shofar e exortou os habitantes de Israel que tomassem muito cuidado para que suas ações fossem justas, pois eles eram os serviçais do palácio do Rei. Com a ajuda de Ramban, a comunidade Judaica de Jerusalém, que havia praticamente deixado de existir, começou a ressurgir.

 

O próprio Ramban estabeleceu-se em Acco, um centro de Torá da época, e reuniu um círculo de alunos. Lá, ele completou seu Comentário sobre a Torá. Manteve contato estreito com sua família na Espanha, informando-lhes as condições da Terra Santa.

 

Muitos opinam que o local onde Ramban foi enterrado fica em Hebron, perto da caverna de Machpelah, Haifa, Acco ou Jerusalém. O Rivash (Rabbi Yitzchak ven Sheset Perfet) escreveu sobre ele: “Todas as suas palavras são como fagulhas de fogo, e toda a comunidade de Castela baseia-se nas suas decisões haláchicas como se fossem aquelas recebidas diretamente do Altíssimo pelo Moshe Rabeinu”.

 

Que o mérito do tzadik Rabi Moshe ben Nachman proteja a todos nós, Amém.

 

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