Rabi Moshe Ben Nachman (Nachmanides)
Comentador, Talmudista, Cabalista
11 de
Nissan
Mais conhecido como Ramban (as iniciais do seu
nome) e como Nachmanides (que, em Grego, significa “filho de Nachman”).
Halachista, comentador, filósofo.
A alma de Ramban era de um alto nível, no
Sha’ar HaGilgulim (Hakdama 36), o
Rabi Yitzchak Luria, afirma: “Rambam (1135-1204) é da costeleta esquerda e,
portanto, ele não tinha mérito de conhecer a sabedoria do Zohar, mas o Ramban
(Rabi Moshe ben Nachman) é da costeleta direita e, assim, ele tinha mérito de
conhecer a sabedoria do Zohar”. O Ari também confirma a profundidade e a
veracidade da porção mística do comentário do Ramban sobre a Torá, e o
considera como o último da antiga escola cabalística, que recebia diretamente a
transmissão dos segredos místicos que mais tarde foram ocultados.
Herdeiro de uma família rabínica renomada,
parente de Rabi Yonah de Gerona, Ranban estudou sob a orientação de R’ Yehudah
ben Yakar e R’ Natan ben Meir. Seus mentores de Kabbalah foram R’ Ezra e R’
Ezriel, ambos de Gerona. Ele também estudou medicina, a qual exercia
profissionalmente, línguas e física.
Ramban personifica o melhor e mais nobre judeu
da comunidade hispânica. Ele era reconhecido como a maior autoridade em Halachá
de todo território Espanhol, e suas decisões eram respeitadas também em outros
países.
Em 1238, Ramban foi chamado para dar sua
opinião sobre a grande controvérsia em relação às obras de Rambam. Como
resposta, ele elogiou a erudição do Rabi Shlomo de Montpellier, que liderou a
oposição ao Rambam, e castigou severamente a todos que insultaram o grande
Talmudista pelo seu zelo. Ao mesmo tempo, Ranban também procurou acalmar a
veemência dos opositores do Rambam, destacando que a Mishná Torá não mostra indulgência na interpretação da Halachá,
sendo até rigorosa. E sobre o Moreh
Nevuchim (Guia dos Perplexos), do Rambam, Ranban explica que ele não é
destinado ao público geral, mas apenas àqueles que haviam se desviado através
da filosofia. Ele também aponta que mesmo que o Moreh Nevuchim fosse desnecessário e até nocivo aos judeus da
França e da Alemanha, ele era de necessidade vital às comunidades sefaraditas
da Espanha, de orientação filosófica. Com base nisso, ele implorou aos
defensores do banimento a revogarem-no, permitindo o estudo do Moreh Nevuchim e das sessões filosóficas
do Sefer MaMada da Mishná Torá.
Ramban escreveu novos comentários e
interpretações (chidushim) sobre
grande parte do Talmude, no estilo dos Tosafistas. Suas outras obras incluem: Torat HaAdam, um compêndio de leis sobre
luto, culminando com o Shaar HaGemul,
um tratado que discute recompensa e castigo e a ressurreição dos mortos; Iggeret Mussar, uma epístola ética
enviada ao seu filho; Sefer HaGeulah
sobre a vinda do Mashiach; um comentário sobre Iyov (Jó); Mishpat HaCherem, sobre as leis de excomunhão, publicado como Kol Bo; Hilchot Bedika sobre as leis que
regulam o exame dos pulmões dos animais após o sacrifício ritual; Hilchot Challah; e Hilchot Niddah (publicado juntamente com o seu chiddushim no Tratado de Niddah). São atribuídos a ele, mas sem
confirmação, um tratado cabalístico HaEmunah
Ve HaBitachon e Igeret HaKodesh,
sobre a santidade e o significado do casamento.
Em 1263, o Rei James de Aragão forçou Ramban a
sustentar uma disputa religiosa pública contra o judeu apóstata Pablo
Christiani. Na presença do Rei James e de muitos dignatários e clérigos, Ramban
destruiu seu adversário com a lógica dos seus argumentos. Por admiração, o Rei
recompensou o vitorioso Ramban com um presente de 300 moedas. Os fanáticos
padres dominicanos, entretanto, começaram a espalhar o boato de que seu lado
havia ganho o debate. Ramban respondeu publicando, sob o título de Sefer HaVichuach, o relatório exato das
questões e respostas utilizadas na disputa. Os clérigos então o acusaram de
humilhar a religião católica. Ramban assumiu a acusação, mas contestou que ele
havia publicado somente o que havia sido dito na disputa, sob o aval do Rei,
que lhe havia garantido liberdade de expressão. Mesmo assim, o Sefer HaVichuach foi condenado a ser
queimado e Ramban foi banido de Aragão.
Por três anos, Ramban permaneceu em Castela de
Provença, onde ele começou a escrever seu monumental Comentário sobre a Torá,
que é único pois ele não apenas interpreta os versos, mas também analisa os
tópicos, apresentando-os sob a perspectiva da Torá. Permeado de interpretações
hagádicas e cabalísticas, estão também análises cuidadosas de outros
comentários, especialmente do Rambam e Ibn Ezra, a quem Ramban critica
severamente pela abordagem excessivamente racional que, na sua opinião, deriva
das verdadeiras interpretações Talmúdicas e cabalísticas. Ramban também
discorda frequentemente das interpretações do Rashi - posteriormente, outros
autores como Mizrachi e Maharal escreveram contra-argumentos defendendo o
Rashi. O Comentário sobre a Torá do Ramban é estudado mundialmente e foi
publicado em todas as edições do Mikraot
Gedolot.
Em 1267, com 72 anos, Ramban decidiu se
estabelecer em Eretz Yisrael. Antes de partir, deixou uma dissertação sobre o
Eclesiastes, louvando a Terra Santa e o preceito da caridade. Depois de uma
difícil jornada e de muito sofrimento, Ramban chegou em Acco no mês de Elul de
1267. Ele passou o Rosh HaShanah em Jerusalém, que estava em condições
deploráveis como resultado da destruição causada pelos Cruzados. Ramban
designou uma casa assolada como sinagoga e trouxe um rolo de Torá de Shechem.
Nessa sinagoga, ele deu um drasha
(sermão) sobre as leis do Shofar e exortou os habitantes de Israel que tomassem
muito cuidado para que suas ações fossem justas, pois eles eram os serviçais do
palácio do Rei. Com a ajuda de Ramban, a comunidade Judaica de Jerusalém, que
havia praticamente deixado de existir, começou a ressurgir.
O próprio Ramban estabeleceu-se em Acco, um
centro de Torá da época, e reuniu um círculo de alunos. Lá, ele completou seu
Comentário sobre a Torá. Manteve contato estreito com sua família na Espanha,
informando-lhes as condições da Terra Santa.
Muitos opinam que o local onde Ramban foi
enterrado fica em Hebron, perto da caverna de Machpelah, Haifa, Acco ou
Jerusalém. O Rivash (Rabbi Yitzchak ven Sheset Perfet) escreveu sobre ele: “Todas
as suas palavras são como fagulhas de fogo, e toda a comunidade de Castela
baseia-se nas suas decisões haláchicas como se fossem aquelas recebidas
diretamente do Altíssimo pelo Moshe Rabeinu”.
Que o mérito do tzadik Rabi Moshe ben Nachman
proteja a todos nós, Amém.
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