segunda-feira, 2 de março de 2020

Baal HaSulam (3)




A essência da Sabedoria da Cabalá



Antes que eu fale sobre elucidar a história da Sabedoria da Cabalá, exposta por muitos, acho necessário começar com uma clarificação completa da essência desta Sabedoria, a qual eu acredito que tão poucos conhecem. Naturalmente, é impossível falar da história de algo antes de sabermos o que é este algo.



Embora este conhecimento seja mais amplo e profundo do que o mar, eu tentarei, com toda a força e conhecimento que adquiri neste campo, clarificá-lo e iluminá-lo de todos os lados, o suficiente para que qualquer pessoa tire as conclusões corretas, como elas realmente são, sem deixar espaço para o erro, como é freqüente em tais assuntos.




Do que trata a Sabedoria



Esta questão vem à mente de toda pessoa bem-intencionada. Para tratar disso apropriadamente, providenciarei uma definição confiável e duradoura: Esta Sabedoria não é mais nem menos que um conjunto de raízes de causa e efeito, que seguem leis fixas e determinadas que se entrelaçam num único e exaltado propósito descrito como “a revelação de Sua Santidade às Suas criaturas neste mundo.”



E aqui há uma conduta geral e uma conduta particular:

        

Geral – a humanidade inteira é obrigada a chegar a esse imenso desenvolvimento, como está escrito, “Pois a terra estará cheia do conhecimento do Criador, como a água cobre o mar” (Isaías 11, 9). “E eles não ensinarão mais cada homem a seu vizinho, e cada homem a seu irmão, dizendo, conheça o Criador, pois eles todos Me conhecerão, do menor deles ao maior” (Jeremias 31, 33), e ele diz, “Seu Professor não mais Se ocultará, e seus olhos verão seu Professor” (Isaías 30).



Particular – que, mesmo antes da perfeição da humanidade inteira, essa regra será implementada em alguns poucos indivíduos escolhidos em cada geração. Estes são os que são dotados, em cada geração, com certos graus de revelação de Sua Santidade. Estes são os profetas e os homens de Deus, e como nossos sábios disseram: “Não há geração sem aqueles que são como Abraham, Isaac e Jacó” (Midrash Rabbah Beresheet, Porção 74). Portanto, você vê que a revelação de Sua Santidade é implementada em cada geração, como nossos sábios, que consideramos confiáveis, proclamam.




A abundância de Partzufim, Sefirot e Mundos



De acordo com o escrito acima, surge uma pergunta: já que esta Sabedoria não tem senão um papel, especial e claro, por que há uma abundância de Partzufim, Sefirot, e conexões intercambiáveis, as quais são tão predominantes nos livros de Cabalá?



Na verdade, se você pega o corpo de um pequeno animal, cuja única tarefa é nutrir-se para que possa existir neste mundo por tempo suficiente para procriar e levar adiante sua espécie, você encontrará nele uma estrutura complexa de milhões de fibras e tendões, como os fisiologistas e anatomistas encontraram, e há aí muito ainda que os seres humanos irão descobrir. Do afirmado acima, você pode deduzir a vasta variedade de questões e canais que precisam se conectar para formar e revelar aquele propósito sublime.




Duas Condutas – de Cima para Baixo e de Baixo para Cima

        

A Sabedoria é geralmente dividida em duas ordens paralelas, iguais e idênticas entre si, como duas gotas de um lago. A única diferença entre elas é que a primeira ordem se estende de cima para baixo, para este mundo, e a segunda ordem começa neste mundo e cruza de baixo para cima precisamente pelas mesmas rotas e combinações impressas na raiz delas quando elas apareceram de cima para baixo.



A primeira ordem é chamada “a ordem de descida dos mundos, Partzufim e Sefirot,” em todas as suas ocorrências, sejam elas duradouras ou transitórias. A segunda ordem é chamada “recebimentos (attainments) ou graus de profecia e Espírito Santo.” Uma pessoa recompensada com ela deve seguir as mesmas trilhas e enseadas, e gradualmente alcançar cada detalhe e cada grau, precisamente pelas mesmas regras que foram gravadas nelas quando de sua Emanação de Cima para baixo.



Isto é assim porque o assunto da revelação da Santidade não aparece de uma vez, como na revelação de coisas corpóreas, mas gradualmente, por um período de tempo, dependendo da limpeza daquele que alcança, até que se descubram todos os graus que estão pré-arranjados de Cima para baixo. Por eles virem em uma ordem de recebimento (attainment) um depois do outro e um acima do outro como se fossem degraus de uma escada, eles são chamados “níveis” [degraus].




Nomes abstratos



Muitos acreditam que todas as palavras e os nomes na Sabedoria da Cabalá sejam um tipo de nomes abstratos, já que ela lida com a Santidade e a espiritualidade, as quais estão acima do espaço e do tempo, onde nem mesmo nossa imaginação alcança. Por esta razão, eles decidiram que tudo que é dito sobre tais assuntos são apenas nomes abstratos, até mesmo mais sublimes e exaltados que nomes abstratos, já que são completamente, e desde o princípio, desprovidos de elementos imaginários.



Mas este não é o caso. Ao contrário, a Cabalá usa apenas nomes e denominações que são concretos e reais. É uma lei inflexível para todos os cabalistas que “Qualquer coisa que nós não atingimos, nós não definimos por um nome e uma palavra.” Aqui você deve saber que a palavra “recebimento” (attainment, em hebraico Hasagah) significa o grau definitivo de compreensão. Esse nome deriva da frase, Ki Tasig Yadcha [“Tua mão alcançará/receberá”]. Isto significa que antes que algo se torne completamente lúcido, como se tivesse sido apanhado pela mão de alguém, os cabalistas não o consideram recebido, mas o chamam por outros nomes, como entendimento, compreensão e assim por diante.




A realidade na Sabedoria da Cabalá

        

Coisas reais são encontradas mesmo na realidade corpórea que está posta diante de nossos olhos, embora nós não tenhamos nem percepção nem uma imagem de suas essências. Assim são a eletricidade e o magnetismo, os quais são chamados “fluidos”.



Não obstante, quem pode dizer que esses nomes não são reais, quando nós temos uma consciência completamente satisfatória de suas ações, e somos completamente descuidados a respeito do fato de que não temos percepção da essência do assunto em si, a saber, a eletricidade ela mesma. Este nome é tão tangível e próximo de nós como se fosse inteiramente percebido por nossos sentidos. Todas as criancinhas estão familiarizadas com a palavra “eletricidade”, assim como estão familiarizadas com palavras como “pão”, “açúcar” e assim por diante.



Além disso, se você deseja exercitar suas ferramentas de escrutínio, eu lhe direi que, como um todo, já que não há qualquer percepção do Criador, é impossível receber a essência de qualquer uma de Suas criaturas, mesmo os objetos tangíveis que nós sentimos com nossas mãos.



Portanto, tudo que sabemos sobre nossos amigos e parentes no mundo da ação diante de nós não são mais do que “conhecimento das ações”. Estas são incitadas e nascidas pela associação do encontro delas com nossos sentidos, os quais nos dão satisfação completa embora nós não tenhamos percepção alguma da essência do assunto.



Além disso, você não tem percepção ou recepção alguma mesmo da sua própria essência. Tudo que você sabe sobre sua própria essência não é nada mais que uma série de ações que derivam de sua essência.



Agora você pode facilmente concluir que todos os nomes e denominações que aparecem nos livros de Cabalá são na verdade reais e factuais, embora nós não tenhamos recepção (attainment) do assunto de maneira alguma. Isto é assim porque aqueles que se engajam neles (nos nomes e denominações) têm a satisfação completa de percepção, inclusiva em sua plenitude definitiva, significando apenas a percepção de ações que são estimuladas e nascidas da associação da Luz Superior e seus percebedores.



Porém, isto é suficiente, pois esta é a regra: “Tudo que é medido e se estende desde a Sua orientação de modo a se tornar uma realidade, a natureza da criação, é completamente satisfatório”. Isto é precisamente como alguém que não irá desejar um sexto dedo em sua mão porque os cinco dedos são suficientes.




Os termos corpóreos e os nomes físicos em livros de Cabalá



Qualquer pessoa razoável entenderá que, ao lidar com assuntos espirituais, ainda mais com a Santidade, não temos palavras ou letras para contemplar. Isto é assim porque todo o nosso vocabulário não passa de combinações das letras de nossos sentidos e imaginação, e como elas podem ajudar quando não há nem imaginação nem sentidos?



Mesmo que tomemos a palavra mais sutil que pode ser usada em tais assuntos, tal como “Luz Superior” ou mesmo “Luz Simples”, isto ainda é imaginário e emprestado da luz do sol ou de uma vela, ou de uma luz de contentamento que se sente ao se dirimir uma dúvida. Como podemos utilizá-las em assuntos espirituais e de modos Divinos? Elas oferecem ao examinador nada mais do que falsidade e engano.



Isto é particularmente assim quando se necessita encontrar uma justificativa para ajudar alguém nas negociações costumeiras na pesquisa da Sabedoria. Aqui o sábio deve usar definições rigorosamente acuradas para os olhos dos leitores.



Se o sábio falhar com uma única palavra malsucedida, ele irá confundir e induzir a erro os leitores. Eles não entenderão o que ele diz antes e depois dessa palavra, e tudo o que está conectado a essa palavra não será compreendido, como é sabido por qualquer um que examina livros de Sabedoria.



Assim, devemos nos perguntar como é possível para cabalistas usar palavras falsas para explicar as interconexões nessa Sabedoria. Ainda, é sabido que não há definição através de um nome falso, pois a mentira não tem pernas nem postura.



Na verdade, aqui você deve conhecer em primeiro lugar a “Lei das Raízes e dos Ramos”, através da qual as palavras se relacionam umas com as outras.




A Lei das Raízes e Ramos através da qual os Mundos estão relacionados



Os cabalistas descobriram que a forma dos quatro mundos chamados Atzilut, Beria, Yetzira e Assiya, começando com o primeiro e mais elevado mundo, chamado Atzilut, descendo até este mundo corpóreo e tangível chamado Assiya, é exatamente a mesma em cada item e evento. Isto significa que tudo que sucede e ocorre no primeiro mundo é encontrado inalterado no próximo mundo, abaixo dele, também. É o mesmo em todos os mundos que se seguem, até [chegar a] este mundo tangível.



Não há diferença entre eles, mas unicamente uma diferença de grau percebido na substância dos elementos da realidade em todo e cada mundo. A substância dos elementos da realidade no primeiro e mais elevado mundo é mais refinada do que em todos os mundos abaixo dele. E a substância dos elementos da realidade no segundo mundo é mais densa que no primeiro mundo, mas mais refinada do que tudo que está em um grau mais baixo.



Isto continua de maneira similar até este mundo diante de nós, cuja substância dos elementos de sua realidade é mais grosseira e escura do que em todos os mundos precedentes. No entanto, as formas e elementos da realidade e todas as suas ocorrências vêm inalteradas e iguais em todos os mundos, tanto em quantidade quanto em qualidade.



Eles compararam isto ao comportamento de um carimbo e sua impressão: todas as formas no carimbo são perfeitamente transferidas em cada detalhe e complexidade ao objeto impresso. Assim é com os mundos: cada mundo inferior é uma impressão do mundo acima dele. Consequentemente, todas as formas no mundo superior são meticulosamente copiadas, tanto em quantidade quanto em qualidade, para o mundo inferior.



Portanto, não há um elemento [da realidade] ou uma ocorrência da realidade em um mundo inferior que você não encontrará à sua imagem e semelhança no mundo acima, sendo tão idênticos quanto duas gotas de uma lagoa. E eles são chamados “Raiz e Ramo”. Isto significa que o item no mundo inferior é considerado um ramo de seu padrão encontrado no mundo superior, o qual é a raiz do elemento inferior, já que este é o local onde aquele item no mundo inferior foi impresso e feito para ser.



Esta foi a intenção de nossos sábios quando eles disseram, “Não há uma folha de grama abaixo que não tenha uma fortuna e um guarda acima que bate nela e lhe diz, ‘Cresça’!” (Omissões de O Zohar, p. 251a [fonte em hebraico], Beresheet Rabbah, Capítulo 10). Segue-se que a raiz, chamada “fortuna”, a impele a crescer e assumir seu atributo em quantidade e qualidade, como a impressão e seu carimbo. Esta é a Lei da Raiz e do Ramo que se aplica a cada detalhe e ocorrência na realidade, em cada um dos mundos, em relação ao mundo acima dele.




A linguagem dos cabalistas é uma linguagem de Ramos



Isto significa que os ramos apontam para suas raízes, sendo seus moldes que necessariamente existem no mundo superior. Isto porque não há nada na realidade do mundo inferior que não derive de seu mundo superior. Assim como o carimbo e a impressão, a raiz no mundo superior compele seu ramo no mundo inferior a revelar sua forma e atributo completos, como nossos sábios disseram, que a fortuna no mundo acima, relacionada à grama no mundo abaixo, bate naquela grama e a força a completar seu crescimento. Por causa disso, todo e cada ramo neste mundo define bem seu molde situado no mundo superior.



Assim, os cabalistas encontraram um vocabulário definido e anotado, suficiente para criar uma excelente língua falada. Ela permite a eles conversarem uns com os outros sobre os procedimentos nas raízes espirituais nos mundos superiores apenas mencionando os ramos mais baixos e tangíveis neste mundo, o qual está bem definido para nossos sentidos corpóreos.



Os ouvintes compreendem a raiz superior à qual este ramo corpóreo aponta porque ele está ligado a ela, sendo a sua impressão. Portanto, todos os seres da criação tangível e todas as suas instâncias se tornaram para eles palavras e nomes bem definidos, indicando as altas raízes espirituais. Embora não possa haver uma expressão verbal em seu lugar espiritual, pois este está acima de qualquer imaginação, elas conquistaram o direito de ser expressas por enunciados através de seus ramos, dispostos diante de nossos sentidos aqui no mundo tangível.



Esta é a natureza da linguagem falada entre os cabalistas, através da qual eles transmitem seus recebimentos (attainments) espirituais de pessoa a pessoa e de geração a geração por palavra oral e escrita. Eles compreendem inteiramente uns aos outros, com toda a precisão necessária para ajustes em uma pesquisa de Sabedoria, com definições precisas, nas quais não se pode falhar. Isto é assim porque cada ramo tem sua definição natural e ímpar, e esta definição absoluta indica sua raiz no mundo superior.



Tenha em mente que essa Linguagem de Ramos da Sabedoria da Cabalá é mais adequada para explicar os termos da Sabedoria do que nossas linguagens ordinárias. É sabido, através da teoria do nominalismo, que todas as linguagens foram deturpadas pelas massas, o que significa que devido ao uso excessivo das palavras, elas estão sendo esvaziadas de seu conteúdo correto, resultando em grandes dificuldades para transmitir deduções precisas de uma pessoa a outra por palavra oral ou escrita.



Este não é o caso com a Linguagem dos Ramos da Cabalá: ela é derivada dos nomes das criações e suas ocorrências, estabelecidas diante de nossos olhos, e definidas pelas imutáveis leis da natureza. Os leitores e ouvintes nunca serão confundidos por palavras oferecidas a eles, posto que as definições naturais são absolutas e não podem ser violadas.




Transmissão de um sábio cabalista a um receptor compreensivo



Assim escreveu Nachmânides em sua introdução ao seu comentário sobre a Torá, e Rav Chaim Vital também escreveu de modo similar no ensaio Pesi’ot: “Os leitores deveriam saber que eles não entenderão uma única palavra de tudo o que está escrito nestes ensaios, a menos que elas sejam transmitidas de um sábio cabalista para o ouvido de um receptor sábio que entenda com sua própria mente.” Ainda, nas palavras de nossos sábios (Hagigah 11b): “Não se estuda a Merkavá [estrutura/epíteto à sabedoria da Cabalá] sozinho, a menos que a pessoa seja sábia e compreenda com sua própria mente.”



As palavras deles são completamente compreendidas quando dizem que a pessoa deve receber de um sábio cabalista. Mas por que a necessidade do discípulo de primeiramente ser sábio e compreender com sua própria mente? Além disso, se ele não for assim, então não deve ser ensinado, mesmo que seja a pessoa mais honesta do mundo. Além do mais, se uma pessoa já é sábia e compreende com sua própria mente, que necessidade ela tem de aprender de outros?



Do que foi mencionado acima, as palavras deles são entendidas com absoluta simplicidade: Nós vimos que todas as palavras e expressões que nossos lábios pronunciam não podem nos ajudar a clarificar nem mesmo uma única palavra dos assuntos espirituais Divinos que estão acima do tempo e espaço imaginários. Ao invés disso, há uma linguagem especial para estes assuntos, a Linguagem dos Ramos, de acordo com sua relação com suas raízes superiores.



No entanto, essa linguagem, embora seja muito apropriada para sua tarefa de aprofundar os estudos dessa Sabedoria, mais do que outras linguagens, só o é se o ouvinte é sábio por seu próprio direito, ou seja, que ele sabe e entende a maneira pela qual os ramos se relacionam com suas raízes. Isto é assim porque essas relações não são nada claras quando se olha do mais baixo ao mais alto. Em outras palavras, é impossível fazer qualquer dedução ou imagem a respeito das raízes superiores ao se observar os ramos inferiores.



É o contrário, o inferior é que é estudado a partir do superior. Portanto, deve-se primeiro alcançar as raízes superiores da maneira como elas são na espiritualidade, acima de qualquer imaginação e com puro attainment (recepção), como foi explicado no ensaio A Essência da Sabedoria da Cabalá, Item 4, “A Realidade na Sabedoria da Cabalá.” E uma vez que ele recebeu/alcançou (attained) completamente as raízes superiores com sua própria mente, ele pode examinar os ramos tangíveis neste mundo e saber como cada ramo se relaciona com sua raiz no mundo superior, em todas as suas ordens, em quantidade e qualidade.



Quando a pessoa sabe e compreende tudo isto completamente, ela tem uma linguagem em comum com seu professor, a saber, a Linguagem dos Ramos. Ao utilizá-la, o sábio cabalista pode transmitir todos os estudos sobre a sabedoria conduzidos nos mundos espirituais superiores, tanto o que ele recebeu de seus professores quanto as expansões na Sabedoria que ele descobriu por si mesmo. Isto porque agora eles têm uma linguagem comum e compreendem um ao outro.



No entanto, quando um discípulo não é sábio e compreende aquela linguagem por si mesmo, ou seja, como os ramos apontam para suas raízes, naturalmente o professor não pode transmitir sequer uma única palavra dessa Sabedoria espiritual, muito menos negociar com ele no escrutínio da Sabedoria. Posto que eles não têm uma linguagem comum que possam utilizar, eles ficam como mudos. Por isso, é necessário que a Maase Merkavá, que é a Sabedoria da Cabalá, não seja ensinada, a menos que ele (o discípulo) seja sábio e entenda com sua própria mente.



Nós devemos questionar ainda mais: como então o discípulo se tornou tão sábio a ponto de saber as relações entre Ramo e Raiz, rastreando as raízes superiores? A resposta é que, aqui, os esforços do homem são em vão; é da ajuda do Criador que nós necessitamos! Ele preenche aqueles que Ele favorece com Sabedoria, entendimento e conhecimento para adquirir attainments sublimes. Aqui é impossível ser auxiliado por qualquer carne e sangue!



De fato, uma vez que Ele se afeiçoou a uma pessoa e a dotou com o sublime attainment, ela então está pronta para vir e receber a vastidão da Sabedoria da Cabalá de um sábio cabalista, pois apenas agora eles têm uma linguagem comum.




Nomes alheios ao espírito humano



Com tudo o que está dito acima, você compreenderá por que algumas vezes nós encontramos nomes e termos que são muito alheios ao espírito humano nos livros de Cabalá. Eles são abundantes nos livros fundamentais de Cabalá, que são O Livro do Zohar, os Tikunim, e os livros do ARI. Na verdade, é desconcertante por que estes sábios utilizaram nomes tão baixos para expressar noções tão exaltadas e sagradas.



Ainda, você compreenderá isto inteiramente uma vez que tenha adquirido as concepções acima. Isto porque está claro agora que nenhuma linguagem no mundo pode ser usada para explicar esta Sabedoria exceto por uma que se destina somente para este fim, a saber, a Linguagem dos Ramos de acordo com as relações com as raízes superiores.



Portanto, obviamente, nenhum ramo ou ocorrência de um ramo deve ser negligenciado por seu grau inferior, ou não usá-lo para expressar a concepção desejada nas interconexões na Sabedoria, posto que não há outro ramo no mundo para tomar seu lugar.



Assim como dois fios de cabelo não se alimentam de uma mesma raiz, nós não temos dois ramos que se relacionem a uma única raiz. Consequentemente, ao deixarmos um incidente sem uso, perdemos o conceito espiritual correspondente no mundo superior, pois não temos uma única palavra para pronunciar em seu lugar e indicar aquela raiz. Além disso, tal incidente prejudicaria toda a Sabedoria em toda a sua vastidão, já que agora há um elo perdido na corrente da Sabedoria conectada àquele conceito.



Isto mutila toda a Sabedoria, pois não há outra Sabedoria no mundo na qual os assuntos estão tão fundidos e interligados por meio de causa e efeito, primário e consequente, quanto na Sabedoria da Cabalá, conectados de cima a baixo exatamente como uma longa corrente. Portanto, após a perda temporária de apenas um pequeno conhecimento, toda a Sabedoria escurece diante de nossos olhos, pois todos os seus assuntos estão conectados uns aos outros, literalmente se fundindo em um só.



Agora você não irá se questionar quando do uso ocasional de apelativos/nomes alheios. Os cabalistas não têm Livre Arbítrio com apelativos/nomes, para substituir o mau pelo bom, ou o bom pelo mau. Eles devem sempre usar o ramo ou o incidente, o qual aponta precisamente para sua raiz superior em todas as medidas necessárias. Além disso, os assuntos devem ser expandidos para providenciarem uma definição precisa aos olhos de seus colegas leitores.


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