Meu aluno de Estudos
Avançados de Kabbalah, Leon Naifleisch, que participa do Grupo Hey, o Grupo
da Nevuah, fez-me uma refinada
pergunta:
“O que significam os nomes Harel e Ariel, em Ezequiel 43:15, no original hebraico?”
A pergunta de meu aluno requer Sabedoria (Chochmá) e Entendimento (Daat), e muito escrutínio. Comecemos
pelas traduções.
A maioria dos tradutores do Velho Testamento para o português
opta por traduzir com simplicidade e clareza, evitando os espinhos Harel e Ariel. Também sou tradutor e também vivo o mesmo dilema: sacrificar
a literalidade do original em nome do entendimento rasteiro das massas ou ser
fiel ao original, sacrificando a compreensão dos leitores comuns?
Vamos a algumas traduções disponíveis em nosso idioma:
“E o Altar terá quatro cúbitos de altura, e desde o Altar,
apontando para cima, haverá quatro chifres” (Bíblia Hebraica, Editora Sefer, tradutores David Gorodovits e Jairo
Fridlin);
“E a fornalha do Altar terá dois metros de altura e se levantarão
quatro pontas, da lareira do altar para cima” (Bíblia King James Atualizada, tradução do Comitê Internacional de
Tradução da Bíblia King James para a Língua Portuguesa);
“A lareira de quatro côvados de altura; da lareira para cima
se projetavam quatro chifres” (Bíblia Sagrada,
Editora Maltese, tradução de “eminentes teólogos, para o linguajar de nossos
dias, baseado na tradução do Padre Antonio Pereira de Figueiredo”).
Eu poderia continuar citando várias outras edições, pois
tenho quase uma dúzia Bíblias, mas vou ficar com essas três e mais uma: a
primeira, da Editora Sefer, é judaica; a segunda é inglesa, anglicana; e a
terceira, é católica. Essas três preferem ignorar os nomes dos dois Arcanjos
que se encontram no original em língua hebraica, o Harel e o Ariel.
No entanto, a Bíblia
Sagrada, edição da Imprensa Bíblica Brasileira, 1971, traduzida ao
português por João Ferreira de Almeida, apresenta a passagem da profecia sobre
a construção do futuro Templo assim:
“E o Harel, de quatro côvados, e desde o Ariel até acima
havia quatro cornos”.
Será, Leon Naifleisch, que João Ferreira de Almeida, um dos
meus tradutores preferidos, sabia que nós, no futuro, saberíamos que Harel significava, no tempo dos grandes
profetas, “altar superior”, e que Ariel
significava “lareira do altar”?
Pois é, no nível Pshat (literal
e histórico) todos os tradutores, de uma forma ou de outra, acertaram, mas, no
nível Sod (dos segredos cabalísticos),
a questão é outra... Essa resposta, Leon, eu te darei de “boca a ouvido”.
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