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Introdução
O Rabi de Berditchev viu um homem que caminhava
com
pressa pela rua, sem olhar para a direta ou para a esquerda.
“Por que tens tanta pressa?”, perguntou.
“Vou atrás do meu sustento”, replicou o homem.
“E como sabes que o teu sustento corre na tua
frente, de tal modo
que tens
que correr atrás dele? Talvez ele esteja atrás de ti
e tudo o
que precisas fazer é parar de correr…”.
Crise de Percepção
Fritjof Capra, em seu livro “O ponto de mutação”, afirma: “Nossa sociedade se encontra numa crise
sem precedentes: podemos ler sobre as suas diversas manifestações todos os dias
nos jornais, mas ela é, essencialmente, uma crise de percepção. Estamos tratando
de aplicar conceitos de uma visão antiquada (mecanicista) a uma realidade que já
não pode ser entendida nesses termos.”[1]
No começo, meditar pode ser uma tarefa árdua. O fato de se
permanecer imóvel, com os olhos fechados durante um certo tempo, pode ser difícil.
Manter a concentração prolongada requer um grande esforço. Os conflitos psicológicos
não resolvidos tendem a emergir assim que a atenção se volta para dentro.
Excitação e emoção se alternam com uma tranquilidade profunda. Nossos níveis de
percepção estão insensibilizados e deformados e escapam do nosso autocontrole. É
por esse motivo que o treinamento da mente e o intento de exercer um controle
mais efetivo sobre nosso próprio autocontrole é uma tarefa tão complexa, mas
vale a pena todo ese esforço.
Meditação e liberdade
O ego é uma série de pensamentos que definem o nosso Universo.
É como uma casa construída de pensamentos. Através das suas janelas, podemos
ver o Universo. Nessa casa, estamos seguros, mas, porque temos medo de sair
dela, transforma-se numa prisão. O medo é a perda de identidade. Quando abandonamos
os nossos pensamentos, temos a sensação de que estamos morrendo. No entanto,
somos infinitamente mais que isso. Nosso ego, ao invés de ser uma prisão, pode
ser uma base de lançamento para a libertação. Nesse sentido, a meditação é um êxtase, é um sair de si mesmo; e é um íntase, um sair para dentro de si mesmo.
A maioria das pessoas não podem escapar dessa visão
encaixotada do ego, pois se identificam completamente com seus pensamentos. São
incapazes de separar a percepção pura dos pensamentos, que são seus objetos. A
meditação liberta a percepção. O caminho da libertação passa pelo desapego dos
velhos hábitos do ego. Ou seja, é preciso fluir para além dos limites do ego,
até fundir-se com o Universo.