sexta-feira, 15 de maio de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (44)



1. Nessa introdução, meu desejo é clarificar questões que parecem simples à primeira vista. Muitos tentaram explicá-las e muita tinta já foi gasta nessas tentativas (por toda história da humanidade). Mas ainda hoje não alcançamos um entendimento suficientemente claro sobre esses assuntos.



As questões são as seguintes:



Muitos filósofos e cientistas, tanto antigos como modernos, tem sido confundidos por elas. Que questões são essas? Elas são fundamentais e necessárias para nossa essência e existência.



Primeira questão:



O que é a nossa essência?



Quem somos? Somos animais ou humanos? Somos seres inteligentes? Nós realmente existimos ou imaginamos que existimos? É muito provável que sejamos completamente diferentes do que imaginamos ser. De fato, quando olhamos para qualquer outro animal pequeno, tal como um cachorro ou um gato, nossa impressão sobre ele, sobre sua natureza, é completamente diferente.



Como podemos nos enxergar objetivamente, como se nos víssemos de fora? O que significa "ver de fora"? A começar por: Onde podemos imaginar a nós mesmos? A questão em relação à nossa essência consiste de muitos critérios.



Segunda questão:



Qual é o nosso papel na grande cadeia da realidade, na qual não passamos de pequenos elos?



Conseguimos ver que passamos por certos estados. Esse mundo passou por vários estados com ou sem a nossa interferência. Possivelmente, talvez ele exista por si mesmo ou nós, por algum motivo, existimos nele. De qualquer forma, nós enxergamos tudo sob o viés da histórica, a cadeia de causas e efeitos da realidade.



Nós temos algum papel nisso? Essa cadeia existe por uma razão e o mesmo se aplica a nós. Existimos paralelamente a essa cadeia ou estamos inseridos nela? Nós que determinamos o desenvolvimento dessa cadeia e suas consequências? Podemos influenciar a realidade ou fazer algo em relação a ela? Qual é o nosso papel? A resposta para essas questões inclui o conhecimento de todo o desenvolvimento potencial, de causa e efeito, princípio e fim, de todos os processos, todos os níveis intermediários e o conhecimento sobre o nosso impacto potencial nesse processo.



Terceira questão:



Quando nos enxergamos, sentimos que somos tão baixos e mesquinhos que nenhum outro ser é tão desprezível quanto nós.



Baal HaSulam refere-se, aqui, a um recebimento interno específico em que realmente nos percebemos. Sentimos nossa insignificância e mesquinhez com a ajuda da Luz Circundante, a Ohr Makif, na direta proporção da descida da Luz Superior. Se A atraímos através do grupo e de um estudo sério, a Luz Superior nos mostra a insignificância da nossa essência.



Qual é a verdadeira questão aqui? A questão é que além da essência animal, nós temos algo que está acima da existência animal. Esse "algo" é chamado de "nosso egoísmo". Ele é baseado nos nossos desejos por riqueza, honra, fama, poder e conhecimento. Os animais não têm tais desejos. Isso se chama "Kina", "Ta'avah" e "Kavod" - inveja, inclinação aos prazeres e desejos de honra. Essas aspirações elevam a pessoa a um nível acima do nível animal. Já que elas estão acima das qualidades animais, essas aspirações e qualidades são louváveis, mas, por outro lado, sua utilização comum natural nos coloca abaixo dos outros níveis.



Portanto, Baal HaSulam diz:



Quando nos enxergamos, sentimos que somos tão baixos e mesquinhos que nenhum outro ser é tão desprezível quanto nós.



Animais matam outros animais porque isso está incorporado neles no nível do instinto. Um leão mata apenas para satisfazer seu pequeno desejo de saciar-se. Entretanto, o egoísmo no homem é tão mais elevado que, para o seu próprio bem, os seres humanos querem destruir todos os outros. Consequentemente, o egoísmo adicional que nos eleva acima dos animais, na verdade, nos torna mais baixos.



Entretanto, se pensarmos Naquele Que nos criou, chegaremos à conclusão de que deveríamos ter nos tornado a coroa de tudo, mais elevados que todo o resto, pois um Criador Perfeito realiza apenas ações perfeitas.



Baal HaSulam fala, aqui, sobre as pessoas que mal podem imaginar o que o Criador, a Perfeição e o Desejo de Doar significam.



Ainda assim, como pôde um Criador Perfeito criar um ser tão mesquinho que é tão mais baixo que todos os outros? Como Ele é, já que Ele é Perfeito? Além disso, somos perfeitos ou imperfeitos? Sabemos, pelas Leis Universais, que a imperfeição jamais emana da perfeição.



Quarta questão:



A mente nos faz reconhecer a absoluta bondade do Criador, e que Ele age apenas com bondade e, portanto, não há nada acima Dele.



Na sua essência, nossa mente não concorda com isso. Muitos acreditam que o mundo é governado por uma única "força má". Os cabalistas falam sobre a essência do Criador. Eles estão em outro nível de recebimento. Baal Ha Sulam nos provoca com questões que ainda não se materializaram em nós. Entretanto, para ele, elas já estão resolvidas.



Assim, ele adequa o que recebeu no Nível Perfeito Superior para a nossa condição imperfeita, a partir da fundação desses dois pontos, em que o primeiro ponto é ele mesmo no Nível do Criador, e o segundo somos nós no nosso nível atual. Ele demonstra uma diferença entre esses dois níveis que são chamados "questões". Todas as nossas dúvidas derivam da discrepância e oposições em relação ao seu nível. Então, ele diz:



A mente nos faz reconhecer (a partir da sua percepção) o fato de que o Criador é o puro Bem e age apenas com Bondade, e, portanto, não há nada acima Dele. Entretanto, como Ele pôde criar tantas formas que, desde o princípio, estão destinadas a passar todos os dias da sua existência em um estado de sofrimento e dor? (Aqui, ele está perguntando no nosso nível). Se isso não foi feito em bondade, ao menos poderia ter sido feito com menos maldade (Ele nos criou)?!



Por que Ele nos criou para sofrer? E, além disso, por que mesmo agora que estamos começando a estudar o Caminho que devemos percorrer para alcançar o Propósito da Criação, vemos que cada passo desse Caminho consiste de contínuas quedas e acertos? E que, quanto mais baixo caímos, mais alto nos elevamos?



Nada disso é perceptível a menos que um Kli seja percebido primeiro: sofrimento, sensação de inutilidade, inferioridade, depressão, vazio e oposição ao Criador. Somente então vem a revelação do Criador e a Unificação com Ele.



Quinta questão:



Como é possível que formas tão insignificantes, transitórias e impuras derivem do Infinito (nosso "estágio final", conforme concebido por Baal Ha Sulam) que não tem início nem fim?



Como isso pode ser? A quinta questão parece semelhante à terceira. Ele diz que:  "Quando nos enxergamos, sentimos que somos tão baixos e mesquinhos que nenhum outro ser é tão desprezível quanto nós. Quando pensamos em Quem nos criou, percebemos que deveríamos ter nos tornado a coroa de tudo, mais elevados que todo o resto, pois um Criador Perfeito realiza apenas ações perfeitas".



Aqui ele diz algo semelhante: Quando nos enxergamos, sentimos que somos tão baixos e mesquinhos que nenhum outro ser é tão desprezível quanto nós.



As cinco questões que ele expõe tratam do nosso nível em relação ao nível do Criador. Essas perguntas somente podem ser levantadas e solucionadas por alguém que esteja no nível Dele, quando comparado com o nosso. Baal Ha Sulam nos fala sobre as diferenças entre esses dois níveis. Ele deseja nos explicar por que é necessário haver essa diferença e como podemos alcançar a Perfeição. Esse é o nosso desafio, perceber onde estamos, onde o Criador está, e como superar esse abismo entre nós e Ele.



Por que ele traz essas questões?



Nesta Introdução ele as explica parcialmente mas, na verdade, ele as coloca a fim de compreendê-las. Durante as lições, descobriremos que não só devemos compreendê-las enquanto estivermos estudando essa Introdução, como também realizá-las dentro de nós mesmos e, depois, aplicá-las com o objetivo de chegarmos ao nível em que precisamos estar. Por isso precisamos estudar o Livro do Zohar. Consequentemente, ele utiliza essa explicação na sua Introdução para este livro.


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