segunda-feira, 18 de maio de 2020

Shamati (43)




Sobre a verdade e a fé



“Verdade se refere a aquilo que a pessoa sente e vê através dos seus olhos. Este discernimento recebe o nome de “recompensa e castigo”, pois não se pode obter nada sem esforço. Imaginemos, por exemplo, uma pessoa que se senta e não quer fazer nada para procurar seu sustento. Esta pessoa diz que, já que o Criador é bom e benevolente, e já que Ele é o provedor de tudo, suas vontades serão transmitidas a Ele, enquanto ela, em contrapartida, não precisa fazer nada.



Claro que se essa pessoa se comporta dessa maneira, com toda certeza morrerá de fome. Isto é evidente aos olhos de qualquer um, porque é óbvio, cai de maduro; e é lógico e razoável que assim seja; ou seja, que morra de fome.



Mas, ao mesmo tempo, a pessoa deve crer e convencer-se de que, para além de toda razão, poderia conseguir tudo o que necessita sem esforços nem preocupações de nenhum tipo, por causa da Providência particular. Em outras palavras, o Criador realiza e realizará toda a ação; e a pessoa não O ajuda em nada, pois é o Criador que faz tudo. E a pessoa não pode adicionar nem subtrair nada ao que Ele faz.



Ainda assim, como podem andar de mãos dadas estas duas coisas, considerando que uma está em oposição a outra? Uma se refere ao que a mente alcança ou compreende, e indica que sem a ajuda do homem, sem um trabalho e um esforço prévios, não poderá conseguir nada. A isto se chama “a verdade”, pois o Criador deseja que a pessoa se sinta dessa forma. E por isso esse caminho se chama “O caminho da Verdade”.



Mas não fiquem perplexos com o seguinte dilema: se esses dois caminhos são opostos entre si, como é possível que esse estado seja verdadeiro? A resposta é que, se a verdade se refere à sensação de que o Criador deseja que a pessoa se sinta dessa forma, então isso é a “verdade”. Disso resulta que o relativo à verdade pode ser dito precisamente acerca do Criador, acerca da sua vontade, e que Ele deseja que a pessoa se sinta e se veja dessa mesma maneira.



No entanto, ao mesmo tempo que a pessoa deve crer e estar convencida de que ainda não perceba nem veja com os “olhos” da mente o fato de que o Criador pode ajudar-lhe a obter todos os benefícios que podem ser alcançados sem esforço da sua parte isto é certo somente com relação à Providência particular.



A razão pela qual a pessoa não pode alcançar o discernimento da “Providência particular” antes de alcançar o de “recompensa e castigo” é que a Providência particular é algo eterno, enquanto que sua mente não é eterna. E algo eterno não pode vestir-se de algo que não seja eterno. Mas quando a pessoa tiver obtido o resultado de “recompensa e castigo”, este se converte em um kli (vaso) dentro do qual se pode vestir a Providência particular.



Agora podemos compreender o verso: “O Senhor salva, o Senhor triunfa”. “Salva” se refere à “recompensa e castigo”. Deve-se rezar para que o Criador proveja trabalho e esforço por meio dos quais a pessoa possa ser recompensada. Ao mesmo tempo, deve-se rezar pelo êxito, que é da Providência particular, e que indica que a pessoa será recompensada com todos os benefícios do mundo sem trabalho nem esforço de sua parte.


Também podemos ver isso relativamente às posses materiais (deste mundo físico, que se discernem em sua separação em lugares distintos; ou seja, em dois corpos diferentes, enquanto que na espiritualidade tudo existe somente em um corpo, mas duas vezes). Há pessoas que adquirem suas posses especificamente através de grandes esforços, energia e sagacidade; mas ao mesmo tempo temos o contrário; há aqueles que não são tão sagazes, nem têm tanta energia, nem se esforçam tanto, mas ainda assim triunfam e até se convertem nos maiores possuidores de propriedades do mundo.



A explicação para isso é que esses assuntos corporais surgem e se estendem de suas raízes superiores; ou seja, do discernimento de “recompensa e castigo” e da Providência particular. A única diferença está em que a espiritualidade se manifesta em um lugar, somente num aspecto, mas um a um. Isto quer dizer que ocorre dentro de uma pessoa, mas em dois estados. E no corporal, ao contrário, ocorre uma única vez, mas em dois estados diferentes; ou seja, de uma só vez e em duas pessoas distintas.


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