sexta-feira, 1 de maio de 2020

Shamati (20)




20. LISHMÁ


(Escutei de Baal HaSulam em 1945)


Para que uma pessoa alcance Lishmá (capacidade de receber pelo Criador) é preciso que aja um despertar de Cima, porque isso é uma iluminação vinda de Cima e a mente humana não consegue entender esse processo. Mas quem o experimenta, quem o saboreia, é capaz de entender. Está escrito sobre isso: “Prove e veja como o Senhor é bom”. A pessoa precisa aceitar completamente essa pressão do Reino dos Céus, e somente com o objetivo de doar e jamais com o objetivo de receber. E se a pessoa vê que os seus órgãos físicos não concordam com isso, ela não tem outra saída a não ser orar e permitir que seu coração seja preenchido pelo Criador, para que Ele ajude o corpo a submeter-se à escravidão.[i]



Se Lishmá é um presente do Alto, então que valor há no esforço que a pessoa faz para corrigir a si mesma e alcançá-lo? Se Deus não lhe der outra natureza, chamada de “Desejo de Doar”, não há trabalho que a ajude a conseguir Lishmá. Nossos sábios disseram: “Você não tem liberdade para fugir disso”. Significa que devemos fazer um despertar de baixo. Esse despertar é considerado prece. Mas não pode haver prece verdadeira se a pessoa não compreender que é impossível obter Lishmá sem orar.



Assim, os atos e as correções que a pessoa faz para conseguir Lishmá criarão dentro dela o Kli correto para receber esse dom. Depois de todos esses atos e correções, a pessoa poderá fazer uma oração honesta, desde que ela tenha percebido que todas essas ações não lhe trarão nenhum benefício. Somente então ela conseguirá fazer uma oração do fundo de seu coração. Depois disso, o Criador ouvirá as suas preces e lhe dará o presente de Lishmá.



Precisamos entender ainda que ao obter-se Lishmá, consegue-se matar a inclinação para o mal. Isso é assim porque a inclinação para o mal é chamada “recebendo para o próprio benefício”. Obtendo-se a capacidade da doação, a auto-gratificação é anulada. A morte da inclinação para o mal significa que a pessoa não conseguirá mais usar seus vasos de recepção para si mesma. E desde que se tenha removido a parte da inclinação para o mal ela é considerada morta. 



Quando consideramos que lucro o homem tem em seu trabalho sob o sol, vemos que não é tão difícil escravizar-se ao Criador, por duas razões:



1.    De qualquer maneira, querendo ou não, temos que trabalhar neste mundo, e o que nos resta dos esforços que fazemos?



2.    Entretanto, ao trabalharmos em Lishmá recebemos prazer durante o trabalho em si.



Isso é como Sayer de Dubna disse, a respeito do verso “Jacob, você não Me chamou, e nem Israel se cansou Comigo”. Significa que aquele que trabalha para o Criador não faz esforços, mas, ao contrário, além de sentir prazer, recebe ainda uma elevação de espírito. Mas, aquele que não trabalha para o Criador, mas para outros propósitos, não pode reclamar que o Criador não lhe dá alegria no trabalho, pois se dedica a outras coisas. Alguém só pode se queixar para quem trabalha, exigindo-lhe que lhe dê prazer e alegria durante o seu trabalho.



Não se surpreendam que alguém assuma o fardo do Reino dos Céus e seja compelida a assumir esse fardo coercitivamente, mesmo sabendo que não há nenhum benefício para ela nisso. O motivo para isso é que existe aí uma grande correção. Não fosse por isso, o desejo de receber concordaria com o trabalho, e dessa forma a pessoa não seria digna de receber Lishmá.



É como se diz, que o ladrão corre e grita: “Pega, ladrão; pega, ladrão”. Então, é impossível reconhecer quem é o verdadeiro ladrão, e é impossível pegar o ladrão e recuperar o roubo de suas mãos.



No entanto, quando o ladrão, ou seja, a vontade de receber, não sente qualquer gosto e alegria no trabalho de aceitar o fardo do Reino dos Céus, se neste caso a pessoa trabalha com fé acima da razão, coercivamente, e o corpo se torna habituado a esse trabalho contra a vontade do desejo de receber, então a pessoa tem os meios pelos quais chegar a um trabalho que levará contentamento ao Criador. "Então tu deverás deliciar-te no Senhor." Antes, quando ele trabalhou para o Criador não derivou prazer de seu trabalho; ao contrário, seu trabalho foi feito sob coerção. Mas, depois, quando a pessoa já se acostumou ao trabalho a fim de doar, ela é recompensada com o prazer no Criador, e o trabalho por si só produz prazer e vitalidade. E este prazer é considerado, também, um deleite para o Criador.

                                                                  (Tradução de Charles Kiefer)




[i] As muitas e variadas dores físicas que surgem durante os exercícios são fruto dessa luta do corpo em não se submeter ao Criador. As dores mais frequentes aparecem nos ombros, nos quadris, nas pernas. Em alguns casos, a depender do nível de resistência inconsciente, surgem pequenos ferimentos, incremento de doenças auto-imunes, dores “agulhadas” na cabeça e no corpo, enxaquecas, sensação de afogamento, quedas inconscientes, acidentes domésticos, como se o corpo fizesse o possível e o impossível para afastar o iniciante do Caminho. (N.T.) 

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