15. Ao observar esses três estados,
descobrimos que eles dependem um do outro. Se um deles não existisse (ainda que um mínimo detalhe de qualquer um
deles - ação, causa e efeito), os outros
também desapareceriam.
Esses três estados acima mencionados são interdependentes, sustentam
um ao outro e existem simultaneamente no presente. Devemos percebê-los da
maneira como foram criados inicialmente: existindo por nossa causa. Depende
apenas do nosso desejo de ser incluído neste ou naquele estado para estar lá.
Esse desejo é chamado de “Aliyat MAN” (Elevação de MAN). É o envio de
uma prece, e ela depende apenas do quanto percebemos a grandeza do Altíssimo e
a baixeza da nossa própria condição.
Por exemplo, a menos que o terceiro estado
existisse, no qual a propriedade de recepção transforma-se na propriedade de
doação, o primeiro estado não seria capaz de existir no Mundo do Infinito (no Pensamento Primordial). A perfeição do primeiro estado só pode
manifestar-se por já existir no terceiro estado futuro. Devido à Eternidade do
Criador, o terceiro estado existe como presente e a perfeição do terceiro
estado é como que copiada sobre o primeiro (dessa forma, o primeiro
torna-se tão ideal quanto o terceiro).
Portanto, o terceiro estado depende da existência do primeiro.
Em outras palavras, se o Criador não tivesse criado o estado perfeito,
o primeiro também seria incapaz de existir em relação a Ele.
A menos que algo existisse no segundo estado,
onde todo o nosso trabalho de correção para alcançar os níveis Espirituais
acontece (durante os 6000 anos), como o terceiro estado chegaria (em
relação a nós)? Nesse sentido, o segundo
estado determina a existência do terceiro.
Não é suficiente que as coisas existam no Criador, pois elas existem
Nele mesmo sem nós, já que Ele está em um estado perfeito e eterno. Entretanto,
para sentirmos que estamos no terceiro estado, devemos passar pelo segundo.
O mesmo acontece com o primeiro estado no
Mundo do Infinito, onde se encontra a perfeição do terceiro estado. Ele
precisa, necessariamente, da existência do terceiro estado, ou seja, o segundo
e o terceiro estados devem manifestar-se em completa perfeição. Assim, o
primeiro estado necessita do surgimento de dois sistemas opostos no segundo
estado. Isso revela o corpo (o desejo egoísta do segundo estado), o que nos permite que o corrijamos com a ajuda das forças impuras
(e que recebamos o terceiro, estado que assegura a perfeição do primeiro).
Isso nos leva à conclusão acerca da necessidade das forças impuras.
Não conseguiremos receber o terceiro estado se não cairmos sob a influência das
forças impuras e recebermos o material com o qual possamos trabalhar e nos
corrigir.
Sem um sistema de mundos impuros, nós não
teríamos nem o desejo de receber (o enorme desejo egoísta que se iguala ao desejo de doar do Criador), e tampouco poderíamos corrigi-lo e
alcançar o terceiro estado, pois “o homem não pode corrigir o que não existe
nele”.
O sistema de forças impuras é indispensável como armazenamento de
todos os desejos impuros. Nós extraímos e corrigimos um por um, subindo a
escada do primeiro estado ao terceiro, chegando cada vez mais perto do Criador.
Dessa forma, não precisamos perguntar como o
sistema impuro deriva do primeiro estado (que é perfeito e eterno, pois Malchut do Mundo do Infinito fez a
Primeira Restrição - Tzimtzum Aleph - e, sem haver outros desejos, fundiu-se ao
Criador). Essas forças impuras surgiram para que fôssemos capazes de
corrigi-las e, assim, receber o terceiro estado.
O intervalo entre o primeiro e o terceiro estado faz com que o sistema
impuro seja necessário. Ele é expresso pela nossa queda às profundezas das
forças impuras e sua subsequente elevação, que as corrige de acordo com o
primeiro estado. Isso já é o terceiro estado, pois adquirimos as forças impuras
e as corrigimos.
Portanto, a diferença entre o primeiro e o terceiro estado reside na
correção das forças impuras e não apenas na recepção de força, desejos e
possibilidades adicionais.
Malchut do Mundo do Infinito é nada mais que um pequeno ponto na Luz.
A fim de preencher todo o Infinito, o círculo exterior maior, Malchut deve
adquirir desejos impuros que se equiparem ao tamanho desse círculo. A própria
Malchut é apenas um ponto no círculo que está cercado de forças impuras. Ela
primeiro adquire esses desejos e depois os corrige, então eles se tornam as
forças puras de Malchut. Assim, ela preenche todo o círculo, adquire as nove
Sefirot superiores e o ponto torna-se um Partzuf, um Kli do tamanho do
Infinito.
O primeiro estado, Malchut, é apenas um ponto unido ao Criador.
Perfeita, mas ainda assim um ponto. A Malchut do terceiro estado é um círculo
enorme. Pode-se dizer que seja 620 vezes maior que o primeiro ponto. Na
verdade, é impossível mensurar o quão maior o círculo se torna com esses 620
desejos depois que ele os conecta a si mesmo e os utiliza para doação. Essa é a
verdadeira diferença entre o primeiro e o terceiro estado.
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