quarta-feira, 17 de junho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (58)



15. Ao observar esses três estados, descobrimos que eles dependem um do outro. Se um deles não existisse (ainda que um mínimo detalhe de qualquer um deles - ação, causa e efeito), os outros também desapareceriam.



Esses três estados acima mencionados são interdependentes, sustentam um ao outro e existem simultaneamente no presente. Devemos percebê-los da maneira como foram criados inicialmente: existindo por nossa causa. Depende apenas do nosso desejo de ser incluído neste ou naquele estado para estar lá.



Esse desejo é chamado de “Aliyat MAN” (Elevação de MAN). É o envio de uma prece, e ela depende apenas do quanto percebemos a grandeza do Altíssimo e a baixeza da nossa própria condição.



Por exemplo, a menos que o terceiro estado existisse, no qual a propriedade de recepção transforma-se na propriedade de doação, o primeiro estado não seria capaz de existir no Mundo do Infinito (no Pensamento Primordial). A perfeição do primeiro estado só pode manifestar-se por já existir no terceiro estado futuro. Devido à Eternidade do Criador, o terceiro estado existe como presente e a perfeição do terceiro estado é como que copiada sobre o primeiro (dessa forma, o primeiro torna-se tão ideal quanto o terceiro). Portanto, o terceiro estado depende da existência do primeiro.



Em outras palavras, se o Criador não tivesse criado o estado perfeito, o primeiro também seria incapaz de existir em relação a Ele.



A menos que algo existisse no segundo estado, onde todo o nosso trabalho de correção para alcançar os níveis Espirituais acontece (durante os 6000 anos), como o terceiro estado chegaria (em relação a nós)? Nesse sentido, o segundo estado determina a existência do terceiro.



Não é suficiente que as coisas existam no Criador, pois elas existem Nele mesmo sem nós, já que Ele está em um estado perfeito e eterno. Entretanto, para sentirmos que estamos no terceiro estado, devemos passar pelo segundo.



O mesmo acontece com o primeiro estado no Mundo do Infinito, onde se encontra a perfeição do terceiro estado. Ele precisa, necessariamente, da existência do terceiro estado, ou seja, o segundo e o terceiro estados devem manifestar-se em completa perfeição. Assim, o primeiro estado necessita do surgimento de dois sistemas opostos no segundo estado. Isso revela o corpo (o desejo egoísta do segundo estado), o que nos permite que o corrijamos com a ajuda das forças impuras (e que recebamos o terceiro, estado que assegura a perfeição do primeiro).



Isso nos leva à conclusão acerca da necessidade das forças impuras. Não conseguiremos receber o terceiro estado se não cairmos sob a influência das forças impuras e recebermos o material com o qual possamos trabalhar e nos corrigir.



Sem um sistema de mundos impuros, nós não teríamos nem o desejo de receber (o enorme desejo egoísta que se iguala ao desejo de doar do Criador), e tampouco poderíamos corrigi-lo e alcançar o terceiro estado, pois “o homem não pode corrigir o que não existe nele”.



O sistema de forças impuras é indispensável como armazenamento de todos os desejos impuros. Nós extraímos e corrigimos um por um, subindo a escada do primeiro estado ao terceiro, chegando cada vez mais perto do Criador.



Dessa forma, não precisamos perguntar como o sistema impuro deriva do primeiro estado (que é perfeito e eterno, pois Malchut do Mundo do Infinito fez a Primeira Restrição - Tzimtzum Aleph - e, sem haver outros desejos, fundiu-se ao Criador). Essas forças impuras surgiram para que fôssemos capazes de corrigi-las e, assim, receber o terceiro estado.



O intervalo entre o primeiro e o terceiro estado faz com que o sistema impuro seja necessário. Ele é expresso pela nossa queda às profundezas das forças impuras e sua subsequente elevação, que as corrige de acordo com o primeiro estado. Isso já é o terceiro estado, pois adquirimos as forças impuras e as corrigimos.



Portanto, a diferença entre o primeiro e o terceiro estado reside na correção das forças impuras e não apenas na recepção de força, desejos e possibilidades adicionais.



Malchut do Mundo do Infinito é nada mais que um pequeno ponto na Luz. A fim de preencher todo o Infinito, o círculo exterior maior, Malchut deve adquirir desejos impuros que se equiparem ao tamanho desse círculo. A própria Malchut é apenas um ponto no círculo que está cercado de forças impuras. Ela primeiro adquire esses desejos e depois os corrige, então eles se tornam as forças puras de Malchut. Assim, ela preenche todo o círculo, adquire as nove Sefirot superiores e o ponto torna-se um Partzuf, um Kli do tamanho do Infinito.



O primeiro estado, Malchut, é apenas um ponto unido ao Criador. Perfeita, mas ainda assim um ponto. A Malchut do terceiro estado é um círculo enorme. Pode-se dizer que seja 620 vezes maior que o primeiro ponto. Na verdade, é impossível mensurar o quão maior o círculo se torna com esses 620 desejos depois que ele os conecta a si mesmo e os utiliza para doação. Essa é a verdadeira diferença entre o primeiro e o terceiro estado.




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