domingo, 7 de junho de 2020

Shamati (50)




Dois estados
(Escutei em 20 de Sivan)


Há dois estados no mundo. No primeiro, o mundo se identifica com a “dor”, e no segundo, com a Sagrada Shekinat (Divindade). Isto acontece porque antes que a pessoa esteja dotada da capacidade de corrigir suas ações para transformá-las em outorgar, percebe o mundo somente sob a forma de dores e tormentos.



No entanto, depois, se é recompensado com o fato de poder ver que a Sagrada Shekinat está vestida no mundo inteiro, e que o Criador está preenchendo o mundo inteiro. Neste estado, o mundo recebe o nome de “Sagrada Shekinat”, pois está recebendo do Criador. Isto se chama “a unificação do Criador e da Divindade”. Do mesmo modo que o Criador dá, o mundo se ocupa somente em outorgar.



Isto se parece a uma melodia triste, por meio da qual alguns músicos sabem como transmitir a dor que é o seu tema central, porque todas as melodias são como uma linguagem falada que representam as palavras que a pessoa deseja exteriorizar em voz alta. Se a melodia evoca tristeza em quem a escuta, a ponto de fazê-la chorar pela dor que ela transmite, então é chamada “uma melodia”, e todos amam escutá-la. Isso se deve a que a melodia não aponta uma dor presente, mas sim uma dor passada, ou seja, a tormentos que já ficaram para trás e que já foram adoçados e receberam seu preenchimento. Por tal motivo, as pessoas gostam de escutá-la. Então, a música faz alusão aos adoçamentos dos Dinim (Juízos), e que as dores que a pessoa sentia foram adoçadas. Por isso, este tipo de aflição resulta doce ao ouvido, e assim, o mundo recebe o nome de “Sagrada Shekinat”.



A principal coisa que a pessoa deveria saber e sentir é que existe um líder que a guia até a cidade, como disseram nossos sábios: “Abraão o patriarca disse: ‘Não existe cidade sem um líder’”. A pessoa não deve pensar que tudo que acontece no mundo seja por casualidade, e que a Sitra Achra a induz a pecar e a dizer que tudo é fortuito.



Este é o significado de Hamat (vasilha de) Kerí (sêmen). Há um Hamat cheio com Kerí. O Kerí induz a pessoa a pensar que tudo é Bemikré (fortuito).



(Ainda quando a Sitra Achra provoca nela pensamentos tais como dizer que tudo é fortuito, sem uma direção determinada, isto tampouco é casualidade, pois o Criador assim o quer).



No entanto, não se deve crer na recompensa e no castigo, e que existem um juízo e um juiz, e que tudo está conduzido pela “Providência da recompensa e do castigo”. Isto se deve a que, às vezes, quando algum desejo e manifestação do trabalho de Deus desperta dentro da pessoa, e ela acredita que isto aparece por casualidade, deve saber que também aqui ela realizou um esforço prévio para escutar. Rezou por ajuda de Cima, para poder executar uma ação intencionada, e isto se chama “elevar MAN”.  



Entretanto, a pessoa já o esqueceu e não considerou fazê-lo, já que não recebeu uma resposta imediata à sua oração, como para declarar: “Para que tu escutes a oração de cada boca”. Ainda assim, deve crer e entender que a ordem de Cima estabelece que a resposta à oração pode chegar vários dias ou meses depois de se haver rezado.



Não se deve pensar que não é por casualidade que a pessoa tenha recebido este Itorenut (Despertar) presente. Às vezes a pessoa diz: “Agora que sinto que não me falta nada e que nada me preocupa, minha mente está curada e saudável; e por esta razão, posso focar minha mente e meu desejo em direção ao trabalho de Deus”.



Disto se depreende que a pessoa pode dizer que todo o seu compromisso no trabalho de Deus consiste em que “sua força e o poder de sua mão lhe concederam riqueza”. Assim, quando a pessoa pode comprometer-se e alcançar necessidades espirituais, deve entender que esta é a resposta a sua oração. Aquilo pelo que ela pediu antes, agora sim foi respondido.



Ademais, às vezes, quando se lê algum livro, o Criador lhe abre os olhos e a pessoa sente um certo despertar; então, também sua reação normal é atribuir isto à causalidade. Não obstante, tudo está guiado.



Ainda que se saiba que toda a Torá consiste nos nomes do Criador, como que se pode dizer que através do livro se está lendo e se obtendo algum tipo de sensação sublime? A pessoa deve entender que normalmente lê o livro e sabe que a Torá inteira consiste nos nomes do Criador, mas que apesar disto não recebe iluminação nem sensação alguma. Pelo contrário, tudo está seco e o conhecimento que a pessoa possui não o ajuda sequer minimamente.



Portanto, quando a pessoa estuda de certo livro e deposita sua esperança Nele, o estudo deve apoiar-se sobre a base da fé, ou seja, que a pessoa crê na Providência e que o Criador lhe abrirá os olhos. Neste momento, a pessoa se vê necessitada do Criador, e desta forma está em contato com Ele. Por meio disto, se pode chegar à adesão (Dvekut) com Ele.



Existem duas forças que se opõem entre si: uma Força Superior e uma força inferior. A respeito da Força Superior está escrito: “Todo aquele que é chamado por Meu Nome, e a quem Eu criei para a Minha glória”. Isto significa que o mundo inteiro foi criado somente para a glória do Criador. A força inferior é o desejo de receber que argumenta que tudo foi criado para ele, tanto o corporal quanto o espiritual. Para ele, tudo obedece ao amor por si próprio.



O desejo de receber argumenta que merece este mundo e o mundo vindouro. Por suposto, o Criador triunfa, mas isto recebe o nome de “o caminho da dor”. Se denomina “um caminho longo”. Mas há outro caminho mais curto, chamado “o caminho da Torá”. A intenção de todos deveria estar dirigida a encurtar o tempo.



Isto é chamado “eu aceitarei”. Do contrário será “em seu tempo”, segundo foi dito pelos nossos sábios: “recompensado: eu aceitarei; não recompensado: a seu tempo”, “que coloco diante de ti um rei como Hamán, e ele te obrigará a corrigir-te.



A Torá começa com Bereshit (No princípio): “... Agora a terra estava sem ordem e vazia, e a escuridão...”, e finaliza assim: “Diante dos olhos de toda Israel”.



No princípio vemos que a terra está “sem ordem e vazia, e a escuridão...”, mas, então, quando todos se corrigem para poder outorgar, são recompensados com “Então disse Deus: ‘Seja feita a Luz’...” Até que aparece a Luz “diante dos olhos de toda Israel”. 


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