segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (89)

 

47. No Partzuf de Nefesh, o qual o homem recebe ao observar a Torá e os Mandamentos sem intenção, um ponto da Luz de Ruach já está vestido nele.  

 

O Partzuf de Nefesh é o menor de todos. Nós já começamos a adquiri-lo. Obtemos a Luz de NaRaNHaY de Nefesh tanto no Mundo de AK quanto aqui, no nosso mundo. Isso pode ser feito ao observar a Torá e os Mandamentos sem intenção, isto é, ao cumprir todo o tipo de ações que podem nos corrigir. Baal HaSulam descreve-as no seu artigo “Livre Arbítrio”.

 

O que significa uma “ação”? “Ação” significa trabalhar com o livro durante seus estudos em grupo. Isso o direciona diretamente ao Criador, capacita-o a expandir o seu desejo por Ele. Se você acumula todos os seus poderes, todos os seus desejos combinados com os desejos dos seus amigos, enquanto aspira atingir os estados descritos no livro, você se agarra ao AHP do Partzuf Espiritual Superior (o professor) junto com os outros, para que ele os eleve e atraia a Ohr Makif.

 

Para isso, você não precisa ter intenções específicas pelo Criador, pois elas ainda não podem surgir em você. Elas surgirão devido à influência da Luz Superior, mas podemos atrair a Luz enquanto ainda temos intenções egoístas. Nesse caso, a Luz que brilha sobre nós se chama não Ohr Pnimi (já que ela não pode penetrar em nós) mas sim Ohr Makif, mas ela nos purificará da mesma maneira.

 

Dessa forma, adquirimos nosso primeiro Partzuf NaRaNHaY de Nefesh. Assim que o completamos, seu ponto mais alto será a raiz do Partzuf seguinte, de Ruach. Então começaremos a construir Nefesh, Ruach, Neshamá, Chayá e Yechidá do Partzuf de Ruach. Uma vez terminado, o início do Partzuf seguinte será no nível de Yechidá: Nefesh, Ruach, Neshamá, Chayá e Yechidá do Partzuf Neshamá. Quando terminamos este, começaremos a trabalhar em Nefesh, Ruach, Neshamá, Chayá e Yechidá do Partzuf de Chayá e etc.

 

Essa “Escada” tem sua origem na descida dos Mundos. Durante esse processo, o Mundo Superior gerou o mundo seguinte abaixo dele e, portanto, o ponto mais baixo de um Partzuf está conectado ao ponto mais alto do Partzuf abaixo dele. O homem pode dizer que passa de um nível para o outro quando alcança o ponto mais alto de um determinado Partzuf. Automaticamente, uma aspiração pelo nível seguinte desperta nesse Partzuf e surgem as condições do Kli do próximo nível. Assim, o homem continua a ascender.

 

Ainda assim, o trabalho que fazemos para avançar, isto é, as telas, a profundidade do autoconhecimento, o recebimento do Mundo que nos cerca, e o contato com o Criador é totalmente diferente a cada vez. É como um bebê recém nascido que ainda é incapaz de ouvir, de ver ou compreender qualquer coisa. Ele se desenvolve pouco a pouco e então começa a participar das ações do mundo: primeiro, através de jogos e brincadeiras, depois, através do contato com jogos de equipe e, por fim, através da interação com os adultos.

 

Um avanço individual ao longo dos níveis ocorre devido a uma múltipla influência do ambiente e do desenvolvimento de sentidos alternativos, poderes e ferramentas. Isso é o que ocorre no Mundo Espiritual, portanto, observamos o mesmo também em nosso mundo. Quais são as nuances do nosso trabalho nesses níveis? Parece que estou cercado pelo mesmo mundo, e minha essência interior permanece a mesma. Eu apenas interajo comigo mesmo, e com o mundo ao meu redor, com níveis de profundidade diferentes a fim de me comparar com o Criador. A cada vez, eu penetro mais profundamente no meu mundo interior e naquele ao meu redor, para que eles comecem a formar um único Kli. Todos os níveis da natureza, o mineral, vegetal, animal e humano, fundem-se com o Criador. Aqui, Baal HaSulam explica como e em quais níveis isso ocorre.

 

Tudo o que podemos fazer chama-se “Mandamentos”, ou “Atrair a Luz Superior” (a Ohr Makif) conhecida como “Torá” (da palavra hebraica “Ohrah”, “Ohr”) . A Torá é a Luz Superior mais geral e abrangente. Entretanto, a Luz que nos atinge em nosso estado através dos Mundos, a Ohr Makif, é também chamada de Torá. Essa Luz invisível é destinada a toda humanidade no seu estado final e mais exaltado. Recebemos a Ohr Makif que nos afeta mesmo quando ainda não temos a intenção com o propósito de doar. Se o homem fizer tudo o que estiver ao seu alcance, ele purifica e corrige esse nível mineral.

 

Quando a pessoa se esforça para cumprir a Torá e os Mandamentos com a intenção adequada, ela purifica a parte vegetal do desejo de receber, e se eleva ao nível seguinte. Nessa medida, ela constrói o ponto de Ruach no Partzuf. Realizar os 248 Mandamentos Positivos com a intenção correta resulta na formação dos 248 Órgãos Espirituais desse ponto. E o cumprimento dos 365 Mandamentos Negativos gera outros 365 Órgãos Espirituais.

 

Ainda que o ponto de Ruach origine-se no Partzuf anterior, ele já se refere ao Partzuf seguinte.

 

No nível vegetal, o homem já começa a diferenciar entre o bem e o mal, benefício e malefício. Tudo o que for útil ao desenvolvimento do desejo e intenção altruístas é atraído e absorvido, enquanto que o oposto é repelido. Até aqui, ele não possui a habilidade de movimentar-se de forma independente, e lhe falta a sensação de passado e futuro. Ele ainda vive, junto com outros como ele, nos mesmos estados, movendo-se sob a influência da Luz. Ele ainda não consegue trabalhar de forma independente e, assim como uma flor, ele murcha à noite e retorna à vida pela manhã.

 

Apesar disso, ele já compreende o que precisa para o seu crescimento. Assim, ele separa os 248 Mandamentos-Desejos com os quais deseja trabalhar e os corrige a partir dos 365 desejos com os quais ele não tem o direito de trabalhar. Já nesse nível, seu Partzuf está dividido em GE e AHP, 248 e 365, ao todo 613 desejos. No estado de Nefesh, ele ainda é incapaz de sentir ou distinguir esses desejos, quanto mais analisá-los. Isso acontecerá em um estágio posterior.

 

Quando a formação de todos os 613 órgãos do Partzuf está completa, ele se eleva e se veste na Sefirá de Tiferet do Mundo de Assiyá, que direciona a Luz mais importante, chamada Ruach, do Mundo do Infinito. A Luz de Ruach é destinada à correção das partes vegetal e animal que pertencem ao nível da Sefirá de Tiferet. Todas essas partes auxiliam o Partzuf de Ruach de uma pessoa a receber a Luz completa da Sefirá de Tiferet, como ocorreu antes com a Luz de Nefesh. Portanto, ele é chamado de “vegetação espiritual”.

 

O que Baal HaSulam deseja transmitir aqui? Tudo o que foi corrigido no Partzuf anterior, agora, começa a ajudar o Partzuf seguinte no nível em que ele trabalha. Por um lado, cada Partzuf constitui um pré-requisito para dominar o seguinte e, por outro, dominar o Partzuf subsequente ajuda na efetivação do anterior.

 

Suponha que eu tenha adquirido determinadas habilidades alguns anos atrás. Hoje, me familiarizo com algumas ideias ou teorias. Eu passo a utilizar as habilidades adquiridas no passado como um meio de implementar os conceitos de hoje. Hoje, eu compreendo melhor o que adquiri previamente e passo a analisar o passado relacionando-o ao presente.

 

Ao elevar-me ao nível do Partzuf de Ruach, eu não deixo de construir meu Partzuf de Nefesh. Pelo contrário: com o desenvolvimento de Ruach, eu continuo a descobrir e utilizar o Partzuf de Nefesh. Nada desaparece ou cai no esquecimento do passado. A cada nível, eu me reconheço de acordo com a minha posição atual, seja no nível de Nefesh, Ruach, ou Chayá, eu percebo todos os Partzufim anteriores que construí.

 

Consequentemente, eu recebo uma quantidade maior de Luz e de Kelim, que compõem o meu Mundo do Infinito. Ele é composto de uma tal variedade de meus pensamentos e habilidades que absolutamente tudo está lá. Todas as oportunidades estão vinculadas à conceitos, forças e intenções, de forma a preparar a completa realização, começando pelo primeiro nível e terminando no último.

 

A natureza dessa luminescência do nível vegetal do mundo material é tal que mudanças nos movimentos são perceptíveis em cada parte individual. A Luz Espiritual do nível vegetal é capaz de brilhar de maneira diferenciada sobre cada um dos 613 órgãos.

 

A Luz Ascendente de Ruach separa cada um dos 613 desejos particulares de dentro do meu desejo interior comum. Eu já os diferencio, percebo a característica de cada desejo e compreendo se posso adaptá-lo ao Criador ou não. Vejo se é necessário modificar ou deixar algum desejo de lado para estabelecer um contato com o Criador. A Luz revela a minha alma e, portanto, ela é chamada de Ruach, Ruchaniut - a Luz Espiritual. É com esse Ruach, Espiritualidade, que começa meu desenvolvimento individual e o contato com o Criador.

 

 A Luz Espiritual do nível vegetal é capaz de brilhar de maneira diferenciada sobre cada um dos 613 órgãos do Partzuf de Ruach. Cada órgão expressa sua potencialidade específica nesse ato. Quando o Partzuf de Ruach nasce, ele recebe o ponto de um nível superior que é o ponto do Partzuf de Neshamá.

 

O mesmo princípio se aplica aos Mundos de AK, Atzilut, Beriá, Yetzirá e Assiyá. Cada Mundo encontra-se no nível do seu próprio GE, e o seu AHP no nível do Mundo abaixo dele. Suas extremidades se sobrepõem, como uma antena telescópica, ao passo que nenhum deles existe por si mesmo. Ocorre que nenhum Partzuf possui qualquer parte livre ou independente. Em todos eles vemos que toda sua parte superior, GE, veste-se no Partzuf superior, enquanto que sua parte inferior, AHP, insere-se no Partzuf inferior. Em outras palavras: todos os nossos pensamentos e desejos estão conectados seja com o nível superior ou com o inferior. Portanto, o desenvolvimento só é possível graças a essa conexão. É impossível elevar-se acima do seu próprio nível, a menos que eu me conecte com o Nível Superior e receba um desejo, MAN, do nível inferior.

 

Cada um de nós funciona como um elo em uma corrente, e só conseguimos avançar se nos conectarmos ao Partzuf Superior e impulsionarmos todos os outros para cima. É impossível avançar sozinho, sem estar conectado com o grupo.

 

 


Nenhum comentário:

Shamati (130)

    130. Tiberias dos nossos sábios, boa é a sua visão (Ouvi em 1 º de Adar, Tav - Shin - Zayin , 21 de fevereiro de 1947, em uma via...