segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Três conceitos essenciais da Kabbalah (1)


Três conceitos essenciais da Kabbalah

 

Conceito 1

 

O Rabi Hanania ben Akashia disse: “O Criador desejou recompensar Israel, portanto lhes deu a Torá e os Mandamentos…".

 

Em hebraico, “recompensar” (“Lizkot”) é semelhante à palavra “purificar” (“Lezakot”). O Midrash “Bereshit Rabbah” diz: “Os mandamentos apenas são enviados para que, através deles, Israel seja purificado”.

 

Com isso, surgem duas questões:

 

“Qual o benefício com o qual o Criador recompensou Israel?”

 

O que é essa “impureza” e essa “rudeza” que existe em nós e das quais devemos nos purificar com o auxílio da Torá e dos mandamentos?

 

Essas questões foram discutidas em meus livros Panim Meirot uMasbirot e O Estudo das Dez Sefirot. Vamos revisá-las brevemente.

 

A intenção do Criador é doar prazer aos seres criados. Para tanto, Ele preparou nas almas um enorme desejo de receber esse prazer contido na Shefa (a abundância que o Criador deseja doar a nós). O “desejo de recebe” é um vaso para a recepção do desejo contido na Shefa.

 

Quanto maior for o “desejo de receber”, mais prazer penetra o vaso. Essas duas ideias se interconectam de tal forma que é impossível separá-las.

 

É possível apenas destacar que o prazer refere-se à Shefa (isto é, ao Criador) enquanto que o “desejo de receber” refere-se à Criação.

 

Essas duas ideias vêm diretamente do Criador e estão incluídas no Pensamento da Criação. Enquanto que a abundância descende diretamente do Criador, o “desejo de recebê-la”, também incluso na Shefa, é a raiz, a fonte dos seres criados.

 

O “desejo de receber” é algo essencialmente novo, algo que nunca antes existiu, pois não há vestígios do “desejo de receber” no Criador. Ocorre que o “desejo de receber” é a essência da Criação do início ao fim, o único “material” do qual a Criação é feita. Todos os diversos seres criados são apenas “porções” diferentes do “desejo de receber”. Além disso, todos os eventos que ocorrem a eles são as mudanças que acontecem nesse “desejo de receber”.

 

Tudo o que preenche os seres criados e satisfaz o seu “desejo de receber” vem diretamente do Criador. Portanto, tudo o que existe ao nosso redor, na verdade, deriva do Criador, seja de forma direta como a abundância, ou de forma indireta, por exemplo, o “desejo de receber”, que não existe no Criador Ele Mesmo mas foi criado por Ele para deleitar Suas Criaturas.

 

Já que o desejo do Criador era deleitar os seres criados, Ele teve que criar alguém capaz de receber essa abundância. Como consequência, Ele integrou na Criação o desejo de receber prazer. Por quê? Porque existe uma regra: O Criador criou tudo o que existe em nossa natureza. A pergunta “Por que recebemos essa natureza?” refere-se ao estado do ser anterior ao início da Criação e está além do nosso alcance. Somos capazes apenas de receber aquilo que se refere à Criação, mas não o que corresponde a antes ou depois dela. Portanto, nossa natureza permite-nos receber apenas os prazeres que estão em equilíbrio com o nosso desejo por eles.

 

Por exemplo, se um homem está com fome, ele sente prazer na refeição, ao passo em que se lhe oferecerem comida quando não estiver com fome, então ele não sentirá prazer algum. Todas as coisas consistem da combinação de uma carência e a sua satisfação. Quanto mais forte for o desejo, maior o prazer sentido quando for satisfeito.

 

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