Três
conceitos essenciais da Kabbalah
Conceito
1
O
Rabi Hanania ben Akashia disse: “O Criador desejou recompensar Israel, portanto
lhes deu a Torá e os Mandamentos…".
Em hebraico,
“recompensar” (“Lizkot”) é semelhante à palavra “purificar” (“Lezakot”). O
Midrash “Bereshit Rabbah” diz: “Os mandamentos apenas são enviados para que,
através deles, Israel seja purificado”.
Com
isso, surgem duas questões:
“Qual o benefício com o qual o Criador
recompensou Israel?”
O que
é essa “impureza” e essa “rudeza” que existe em nós e das quais devemos nos
purificar com o auxílio da Torá e dos mandamentos?
Essas
questões foram discutidas em meus livros Panim Meirot uMasbirot e O Estudo das Dez Sefirot.
Vamos revisá-las brevemente.
A
intenção do Criador é doar prazer aos seres criados. Para tanto, Ele preparou
nas almas um enorme desejo de receber esse prazer contido na Shefa (a
abundância que o Criador deseja doar a nós). O “desejo de recebe” é um vaso
para a recepção do desejo contido na Shefa.
Quanto
maior for o “desejo de receber”, mais prazer penetra o vaso. Essas duas ideias
se interconectam de tal forma que é impossível separá-las.
É
possível apenas destacar que o prazer refere-se à Shefa (isto é, ao Criador)
enquanto que o “desejo de receber” refere-se à Criação.
Essas
duas ideias vêm diretamente do Criador e estão incluídas no Pensamento da
Criação. Enquanto que a abundância descende diretamente do Criador, o “desejo
de recebê-la”, também incluso na Shefa, é a raiz, a fonte dos seres criados.
O “desejo
de receber” é algo essencialmente novo, algo que nunca antes existiu, pois não
há vestígios do “desejo de receber” no Criador. Ocorre que o “desejo de receber”
é a essência da Criação do início ao fim, o único “material” do qual a Criação
é feita. Todos os diversos seres criados são apenas “porções” diferentes do “desejo
de receber”. Além disso, todos os eventos que ocorrem a eles são as mudanças
que acontecem nesse “desejo de receber”.
Tudo o que preenche os seres criados e
satisfaz o seu “desejo de receber” vem diretamente do Criador. Portanto, tudo o
que existe ao nosso redor, na verdade, deriva do Criador, seja de forma direta
como a abundância, ou de forma indireta, por exemplo, o “desejo de receber”,
que não existe no Criador Ele Mesmo mas foi criado por Ele para deleitar Suas
Criaturas.
Já que o desejo do Criador era deleitar
os seres criados, Ele teve que criar alguém capaz de receber essa abundância.
Como consequência, Ele integrou na Criação o desejo de receber prazer. Por quê?
Porque existe uma regra: O Criador criou tudo o que existe em nossa natureza. A
pergunta “Por que recebemos essa natureza?” refere-se ao estado do ser anterior
ao início da Criação e está além do nosso alcance. Somos capazes apenas de
receber aquilo que se refere à Criação, mas não o que corresponde a antes ou
depois dela. Portanto, nossa natureza permite-nos receber apenas os prazeres
que estão em equilíbrio com o nosso desejo por eles.
Por
exemplo, se um homem está com fome, ele sente prazer na refeição, ao passo em
que se lhe oferecerem comida quando não estiver com fome, então ele não sentirá
prazer algum. Todas as coisas consistem da combinação de uma carência e a sua
satisfação. Quanto mais forte for o desejo, maior o prazer sentido quando for
satisfeito.
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