quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

O Tzimtzum Beit: Chamado de Tzimtzum NHY de AK (60)


60. O Tzimtzum Beit também é chamado de Tzimtzum NHYM de AK, pois se dividirmos o Partzuf Galgalta em Dez Sefirot, então o Rosh será KaHaB, o Toch será HaGaT e o Sof será NHYM. Isso ocorre porque as Nekudot de SAG, durante a ascensão de Malchut à Biná e consequente interação das duas, terminavam acima do ponto do nosso mundo e, agora, terminam abaixo do Tabur de Galgalta, em Tiferet de Guf de Galgalta, para onde elevou-se Malchut Mesayemet.

 

Um espaço vazio e absolutamente destituído de Luz foi formado abaixo de Malchut, no lugar dos desejos egoístas NHYM de SAG, já que estes restringiram a recepção de Luz e ficaram vazios. O AHP de Rosh de SAG separou-se do GE e assumiu o papel de Guf. As Dez Sefirot de Rosh elevaram-se acima do Nikvey Eynaim, a fronteira entre Gar e Zat de Biná, enquanto que o Guf foi formado abaixo, podendo receber apenas uma parca luminescência que emana de Rosh.

 

As Dez Sefirot que surgiram devido a um Zivug de Haka’a no Nikvey Eynaim de SAG são chamadas de Dez Sefirot do Mundo de Nikudim. Elas desceram do Nikvey Eynaim e tomaram seu lugar abaixo do Tabur de AK. Ali, se dividiram em Rosh e Guf. O local abaixo do qual a Ohr Chochmá não pode expandir-se é chamado de “Parsá”. O Mundo de Nikudim é chamado de “parte externa”. As Sefirot internas são chamadas de Partzufim MA e BON do Mundo de AK.

 

Mas, então, por que ocorreu o Tzimtzum Beit? Quando as Nekudot de SAG desceram abaixo do Tabur, lá encontraram NHYM de Galgalta. De um lado, as Nekudot de SAG são, na verdade, Zat de Biná. Zat significa “Zain Tachtonot”, sete Sefirot inferiores, ou seja, os Vasos para os quais ZA e Malchut se voltam buscando Luz e que estão prontos para transferir essa Luz para baixo. Por outro lado, NHYM de Galgalta são os enormes desejos Dalet/Guímel que, em relação às suas propriedades, aproximam-se de Dalet de Dalet, isto é, a Essência da Criação.

 

As Nekudot de SAG adotaram os desejos NHYM de Galgalta, mas não possuíam a tela adequada e correram o risco de receber Luz em benefício próprio. Para evitá-lo, Malchut, que havia realizado o TA, eleva-se à Tiferet (Biná de Guf), e separa os Vasos de Recepção dos Vasos de Doação. Assim, as Nekudot de SAG não poderão receber prazer de forma egoísta. Este é o Tzimtzum Beit.

 

Em Malchut do Mundo do Infinito existem as dez Sefirot KaHaB, HaGaT e NHYM. Depois do TA e tanto quanto a tela permitir, é possível utilizar as primeiras nove Sefirot a fim de receber Luz pelo Criador. Apenas Malchut não pode receber a Luz Direta, ficando somente com a Ohr Hozer, a Luz Circundante.

 

Já o Tzimtzum Beit acarreta condições adicionais: depois de realizado, é impossível receber Ohr Chochmá, mesmo em benefício do Criador, e Malchut pode apenas doar, recebendo Ohr Hassadim, o prazer pela equivalência de suas qualidades com as do Criador. Se uma restrição for imposta em dois ou três desejos, o Zivug de Haka’a não se realiza sobre eles, pois são ignorados e permanecem inutilizados.

 

Revisaremos, agora, a interação entre as qualidades de Julgamento e Misericórdia. Durante a ascensão de Malchut à Biná, a Misericórdia foi restringida. Então, como sabemos que Malchut recebeu o assim chamado “adoçamento”, a qualidade de Misericórdia? Não é este o propósito dessa ação, prover Malchut, Din, de qualidades de Misericórdia, ao invés de dar à Biná, Misericórdia, a propriedade de Julgamento?

 

 

Para responder essa questão, daremos um exemplo que demonstra como Malchut recebe o adoçamento por meio do TB.

 

Os sábios dizem que: “No princípio, o Criador pensou em criar o mundo através da propriedade de Julgamento, mas viu que ele não se sustentaria, então adicionou a propriedade de Misericórdia”. Esse mundo é Malchut, que restringiu a si mesma, o que expressa a qualidade de Julgamento. No entanto, sempre existem Sefirot em cada Partzuf, ainda que Malchut tenha realizado a Restrição em si mesma. Malchut ainda não possui um Partzuf completo, mas Seu desejo é torná-la um Partzuf inteiro para que receba a Luz Direta nos seus Kelim, da forma como recebia antes da Restrição.

 

Já sabemos que o local dessa correção é Malchut de ZA do Mundo de Atzilut. Para tanto, ela se separa de ZA e torna-se um Partzuf independente: Malchut do Mundo de Atzilut. Assim como sucede a todos os outros Partzufim, Malchut ascende à Biná em ZA, isto é, sua Malchut eleva-se ao seu ZA chamado “Chazeh”. NHY caem do Chazeh para baixo sob o poder de Malchut. Ocorre que, devido à elevação de Malchut à Biná, ZA restringe-se, ou seja, não utiliza todas as suas dez Sefirot, mas só até o Chazeh (Biná de Guf).

 

E então, devido a um Zivug de AB-SAG, o TB é anulado e Malchut retorna ao seu lugar. Os Kelim NHY foram purificados e ZA pode novamente utilizá-los. Aqui vemos algo realmente novo. Já que nada desaparece no Mundo Espiritual, descobrimos que NHY ainda se encontra sob o poder de Malchut, entretanto, mesmo depois da anulação do TB, o Zivug AB-SAG não a rebaixa. Assim, graças ao Gadlut de ZA, Malchut adquire e incorpora os Kelim NHY.

 

Esses Kelim referem-se à Luz Direta, chamada de “faísca do Desejo de Doar”. Ainda que não tenham conexão alguma com Malchut, esses Vasos caíram ali, no “desejo de receber para si mesmo” e então ela adquire a capacidade de doar. NHY dividiram-se em nove partes, juntaram-se à Malchut na sua posição superior e formaram o Partzuf Malchut. Com isso, vemos que se o TB não tivesse sido realizado, Malchut seria incapaz de construir seu próprio Partzuf.

 

Um cálculo realizado no Rosh define que apenas as três primeiras Sefirot serão os vasos de recepção e, assim, poderão ser utilizadas. Os vasos de recepção inferiores, isto é, as Sefirot compreendidas entre Malchut e a metade de Tiferet, não serão utilizadas. O Zivug de Haka’a realiza-se apenas da metade de Tiferet para cima. No Guf, ocorre uma situação similar: são utilizadas apenas as Sefirot que se encontram entre Keter e o meio de Tiferet, enquanto que o restante dos desejos permanecem vazios. Esse é o TB e indica que é possível doar em prol do Criador, mas não receber.

 

A Masach de Rosh eleva-se do Peh ao Nikvey Eynaim e, depois disso, apenas os vasos de doação acima da tela podem ser utilizados. Não há tela nos desejos de receber, mas pode-se impedir que esses desejos recebam de forma egoísta. Eles permanecem neutralizados, ignorados, trabalha-se unicamente com os desejos de doar. O estado em que o Partzuf trabalha só com os desejos de doar é chamado de Katnut, “Pequenez”, pois só os vasos de doação são utilizados.

 

O estado em que o Partzuf torna-se apto a receber Luz nos seus Vasos de recepção e a trabalhar com eles após adquirir poderes anti-egoísmo é chamado de Gadlut, “Grandeza”. Eis que surge uma questão: Como o décimo desejo, Malchut, pode receber? Isso não era impossível mesmo antes do TB? Malchut pode fazê-lo com o auxílio de AHP de Aliyah e das “três colunas”, o que discutiremos mais adiante.

 

Acima da tela se encontram somente os vasos de doação (GE) e, abaixo, os de recepção (AHP), inutilizados enquanto se opera no estado de Katnut. O GE de Rosh preenche o GE de Toch, no entanto, nenhuma parte de AHP de Rosh penetra no AHP de Toch.

 

Nosso corpo foi projetado à imagem e semelhança do Partzuf Espiritual. O diafragma é um ponto limítrofe que separa o sistema respiratório do digestivo. O sistema respiratório corresponde aos vasos de doação enquanto que o digestivo aos de recepção. Nesse sentido, a letra Aleph, a primeira letra do alfabeto hebraico, consiste de uma linha trespassada, o diafragma, acima da qual a letra Yud superior representa o GE e a Yud inferior o AHP. Na verdade, só depois do TB que a Criação assume uma forma definitiva e a letra Aleph representa o início desse processo.

 

Quando os desejos surgem no homem, ele decide qual deles pode ou não utilizar. Isso significa que a tela está sendo criada e que ele começa a trabalhar com ela. O que significa desejar doar sem receber nada em troca? Isso é Biná, Behina Beit, que diz não querer nada para si, uma vez que compreende que o prazer a afasta do Criador, assim, prefere não receber nada e ficar próxima Dele. Ela sente prazer na doação e na proximidade com o Criador. Nós podemos sentir prazer tanto recebendo quanto doando, o que, na verdade, também é um tipo de recepção.

 

O Partzuf SAG também não recebe nada, então por que ele possui Rosh, Toch e Sof? Por que ele realiza um Zivug de Haka’a? À primeira vista, apenas a Ohr Hassadim deveria expandir-se no seu interior, entretanto, não é bem assim que acontece. A Ohr Hassadim é o prazer gigantesco de ser semelhante ao Criador, de estar perto Dele e compartilhar informações com Ele. A pessoa acaba conhecendo Seus Pensamentos, Seus Sentimentos, recebe tudo que estiver Nele, atinge o mesmo nível Dele. Ela traz um prazer indescritível, para o qual também deve haver uma tela, a fim de que seja usufruída de maneira altruísta. SAG não pode receber todos os prazeres, então, realiza um Zivug no Rosh e produz o Toch. O Sof, contudo, não pode ser preenchido.

 

Em realidade, a Criação não pode ter vasos de doação. A Criação é Malchut após o TA, isto é, os vasos de recepção. Essa Malchut instala uma tela de força variável e age, conforme essa força, segundo Keter, Chochmá, Biná, ZA ou Malchut. Então, aqueles vasos de recepção que possuem uma tela adequada, Keter, Chochmá ou GAR de Biná, podem ser utilizados como vasos de doação.

 

Se a pura doação existisse, isto é, tão somente o Criador, a criação não seria capaz de senti-Lo de forma alguma, pois só é possível sentir algo que a perpassa. O Partzuf superior sempre gera o inferior porque retém as Reshimot. A Luz preenche Malchut do Mundo do Infinito e lhe transfere todas as suas forças e propriedades. Por causa disso, Malchut deseja apaixonadamente ser como ela e prontifica-se a sacrificar tudo a fim de expulsar a Luz e ficar vazia.

 

A força desse desejo direciona toda a Criação desde o seu início até o fim derradeiro, a Gmar Tikun. Tudo o que acontece com a Criação (o desejo de Malchut de corrigir-se e tornar-se semelhante ao Criador) reflete-se após o TA. Além disso, Malchut possui essa força, uma vez que estava preenchida de Luz, imbuída com suas propriedades.

 

O estado mais alto determina completamente e eleva o estado mais baixo, que se encontra em um nível mais baixo. Por exemplo, qual a diferença entre Galgalta e AB? A diferença é que AB trabalha pelo Criador com uma força menor. No entanto, ambos utilizam Kelim egoístas em Seu benefício.

 

SAG já não pode fazê-lo, pois sua tela é mais fraca que a de AB e, assim como Biná, pode apenas recusar-se a receber. Por não receber nada, ignorando seus vasos de recepção, é capaz de preencher de Ohr Hassadim aqueles desejos que nenhum outro Partzuf poderia preencher. Como já dissemos, não existe Tzimtzum para a Ohr Hassadim, assim, o Partzuf SAG pode descer abaixo do Tabur.

 

Com isso, cria-se o Mundo de Nikudim e, posteriormente, o Mundo de Atzilut. Biná (SAG) é o primeiro e único desejo da Criação que coloca tudo em movimento. Behina Shoresh é o desejo do Criador de dar prazer aos seres criados. O Behina Aleph é a Criação criada pelo Criador. O Behina Beit, Biná, é a reação da Criação, o seu desejo de ser como Ele. Então, é a propriedade de Biná que determina a direção de toda evolução da Criação até a Correção Final.

 

SAG expande-se como Nekudot tanto acima quanto abaixo do Tabur de Galgalta. Os Partzufim MA Elion e BON Elion emergem das Reshimot de SAG de cima do Tabur. SAG realiza um Zivug nas Reshimot que se elevam de baixo do Tabur de Galgalta e gera um Partzuf chamado Mundo de Nikudim. SAG ficou imbuída dos desejos Dalet/Guímel de baixo do Tabur e quis preenchê-los.

 

Imagine que você possua tanto o desejo de receber quanto o de doar. De modo geral, a Criação não possui desejos de doar altruístas, pois foi criada do puro egoísmo, o desejo de receber prazer. No entanto, pode-se desfrutar da recepção de Ohr Chochmá, isto é, a recepção direta do prazer, Luz do Criador, e da recepção da Luz de Hassadim, que consiste na semelhança de propriedades com o Criador. Dessa forma, distinguimos dois desejos na criação: doar e receber. Na realidade, o Criador criou apenas um desejo: receber.

 

Quando trabalha com seu “desejo de doar”, o homem restringe todos os seus desejos egoístas e encontra-se no estado de Katnut. Como se chega a esse estado? Se todos os desejos egoístas do homem forem maiores que sua tela, não há nada que se possa fazer além de restringir sua utilização como vasos de recepção. Todos nós estamos nesse estado: a única coisa que podemos fazer é desativar todos os nossos desejos egoístas, ignorá-los. Esse estado é chamado de “Ibur”, embrião.

 

Malchut é o "desejo de receber” para receber, um desejo totalmente egoísta. Se todos os desejos do homem estiverem preenchidos unicamente com esta intenção, significa que Malchut elevou-se à Biná, isto é, ela rege todos os seus desejos de Biná para baixo. Esse é o Tzimtzum Beit.

 

Não há como corrigir de forma autônoma esses desejos em nós mesmos. O que podemos fazer é trabalhar em um grupo sob a orientação de um professor autêntico e com materiais autênticos, fontes confiáveis de Sabedoria Cabalística. Ao aplicar os esforços necessários nesses estudos, podemos atrair a Luz do Criador, Sua influência, Sua presença, tudo aquilo que nos ajudará a adquirir a força anti-egoísmo, ou seja, a tela.

 

Na mesma medida que pudermos superar nosso egoísmo, também poderemos sentir o Criador e adquirir a intenção de trabalhar em Seu benefício. Via de regra, quando o Partzuf menor passa a sentir o maior, ele adquire o desejo, a intenção, de fazer tudo pelo maior. Se nos falta esse desejo, significa que ainda não conseguimos sentir o Partzuf mais elevado. O Criador oculta-Se de nós, uma vez que é o egoísmo que impera sobre nós, suprimindo o altruísmo, e isso faz com que sintamos nossa independência. Mas quando Ele Se revela, instantaneamente nos tornamos Seus escravos. Para transformar algumas das minhas qualidades, primeiro eu preciso perceber que elas são nocivas para mim e então pedir ao Criador que as torne altruístas. Esse processo é chamado de “Revelação do Mal” e constitui a base para todos os nossos estudos.

 

Ou somos escravos do nosso próprio egoísmo, ou do Criador. O principal é compreender qual dessas situações é melhor. A liberdade consiste na capacidade de escolher, autonomamente, um ou outro. A sensação de sofrimento determina o comportamento humano. O Criador conferiu à mãe o desejo de nutrir seu filho e fazer tudo por ele. Para algumas pessoas, Ele conferiu a capacidade de sentir o sofrimento dos outros. Independentemente disso, todos sofrem por não conseguirem satisfazer o s seus desejos egoístas.

 

 

 

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