quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Kabbalah Sem Segredos (5)

 

Os muitos anos de ocultação

 

Nem sempre a Kabbalah foi tão popular e nem os cabalistas eram tão abertos. Durante muitos séculos a Kabbalah se manteve em segredo, escondida do olhar do público nos lugares sombrios de reuniões de cabalistas, que selecionavam a cada estudante de forma meticulosa e ensinavam somente em grupos bem reduzidos. Por exemplo, o Grupo de Ramchal, a cargo do rabino Moshe Chaim Luzzato, que ensinou no século XVIII, fazia o ingresso nas aulas algo muito difícil. O coletivo obrigava o candidato a aceitar um rigoroso pacto de estilo de vida e de estudo que precisava ser cumprido durante todo o dia, todos os dias, durante todo o tempo em que o indivíduo se mantivesse como membro do grupo. Outros grupos, como o de Kotz (nomeado assim em homenagem a uma cidade da Polônia), costumavam vestir roupas esfarrapadas, e tratavam aos não-membros com um cinismo ofensivo. De modo deliberado, se afastavam da comunidade ao aparentar que desobedeciam os costumes judaicos mais sagrados, como o do Dia do Perdão. Os membros do grupo salpicavam migalhas de pão em suas barbas para aparentar que haviam comido nesse dia de jejum. Naturalmente, a maioria das pessoas sentia repulsa por eles.

 

Não obstante, os mesmos cabalistas que ocultaram a Sabedoria também fizeram tremendos esforços para escrever os livros que seguem sendo os pilares da Kabbalah até os dias de hoje. O rabino Isaac Lúria (o Santo Ari), por exemplo, instruiu a apenas um estudante, mas a publicação de seus livros fez com que o seu aluno, o rabino Chaim Vital, declarasse que, a partir daquele momento, o estudo do Livro do Zohar estava permitido a todo aquele que assim o desejasse. Por esse motivo, ao largo de sua vida o Ari ensinou a um grupo de estudantes, mas, em seu leito de morte, ordenou a todos, exceto a Chaim Vital, que deixassem de estudar. O Ari afirmou que somente Chaim Vital compreendia os ensinamentos de forma apropriada e que temia que, sem um mestre adequado, o restante dos alunos se desviaria.

 

Para entendermos esse longo tempo de ocultação dos cabalistas, é preciso compreender que foi durante o século XVI que o Ari chegou a Safed, a capital dos cabalistas daquela época. Ele suplicou ao seu único discípulo, Chaim Vital, que se abstivesse de convidar outras pessoas a estudar. Chaim Vital, que se transformou num grande cabalista por direito próprio, não acedeu ao pedido de seu mestre e convidou outros indivíduos a estudar em grupo. Enquanto ensinava nesse grupo, o Ari produziu um dos textos mais extraordinários da Kabbalah e da lei judaica até os dias de hoje. De fato, a kabbalah luriânica que o Ari fundou constitui a maior parte da Kabbalah que temos na atualidade.

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