terça-feira, 22 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (49)

 

O “bom” propósito do “mal”

 

Talvez não nos surpreenda que muitos desses níveis de desejo, apesar de não serem maus em sentido intrínseco, conduzem as pessoas a atos aos quais os cabalistas se referem como “egoísmo", através dos quais as pessoas trabalham para si mesmas em vez de trabalhar na tentativa de serem semelhantes ao Criador. Não há nada de mau nisso, em seu sentido lato. O Criador começou a criação. Para sermos mais exatos, Ele criou o desejo de receber prazer (criação) que nós transformamos em mal ou corrupção ao transformar a vontade de receber em egoísmo.

 

No capítulo anterior falamos sobre o reconhecimento do mal. Dissemos que se consideramos o nosso estado como completamente nocivo, e Seu estado como completamente desejável, cruzaremos a barreira e entraremos no mundo espiritual. A pergunta que permanece aberta é qual é a melhor maneira de reconhecer nossa maldade, fazendo-o de uma forma rápida e inócua. Aqui é que a Kabbalah entra em jogo. A vantagem da Kabbalah é que ela te ensina sobre a natureza humana sem a necessidade de experimentares o mal no nível físico. Esta é a razão pela qual os cabalistas dizem que não precisamos sofrer. Em seu lugar, podemos estudar.

 

Definição: Na Kabbalah, o correto se refere à correção. Ninguém te dirá se o que és ou o que fazes é correto ou incorreto, mas sim se satisfizeste o teu desejo de assemelhar-te ao Criador. Se o fizeste, então fizeste o que é correto. Os cabalistas referem-se à correção como o fato de sincronizarmos a intenção com que abordamos um desejo de “para mim” a “para o Criador”.

 

Neste sentido, os humanos terminam a criação do Criador, o que significa que a corrigem. Dado que nós, humanos, temos a capacidade de sermos como o Criador, Ele nos delega a liderança da criação, uma vez que tenhamos nos corrigido. Assim, o bom propósito do mal se realiza somente se o egoísmo se converte numa força impulsionadora em direção ao Criador, o que sabemos que não é o caso mais comum. Pelo contrário, o mal é mau em si mesmo, e produz o mal, como o demonstram os atos egoístas ao longo da história.

 

O Criador incrementa a pressão sobre nós para que tomemos o comando sobre nós mesmos. Esta é a razão pela qual o mundo parece fazer-se cada vez mais hostil: o Criador o faz dessa maneira para que tu e eu comecemos a corrigir o mundo e a nós mesmos. Se Ele não o tivesse feito desse jeito, nós nos sentaríamos embaixo de uma árvore, ou ao sol, na praia, para nos bronzear. Apesar de que isso possa parecer muito bom para ti, não te aproxima muito de converter-te em um ser semelhante ao Criador, razão pela qual Ele nos criou, antes de mais nada.

 

A meta do Criador é que os humanos corrijam a Sua criação. Se te lembrares disso constantemente, todos os teus cálculos deixarão de ser passivos e se converterão em vasos, ou intenções, com as quais serás capaz de conectar-te com o Criador e o experimentar. Todo atributo maligno ou negativo em ti se transformará num meio para um fim.

 

Na Kabbalah não existe outra maneira de se fazer contato com o Criador, mas somente através dos nossos atributos negativos, através do mal. O reconhecimento do mal é o princípio da revelação do bem.

 

Esta explicação da meta do Criador deixa aberta uma nova pergunta: Se Ele deseja brindar-nos prazer, como dizem os cabalistas, o que há de mau num bom bronzeado, se nós o desfrutamos? Bem, de acordo com os cabalistas, não há nada de mau nisso se isso é realmente o que desejas. No entanto, se uma pergunta perfura o fundo da tua mente (enquanto descansas na praia) e já não podes desfrutar mais do teu banho de sol, então necessitas de algo mais, e talvez esse algo seja a Kabbalah. Como o expressa o cabalista Yehuda Ashlag: a Kabbalah é para aqueles que se perguntam (inclusive no nível inconsciente): “Qual é o sentido da minha vida?”

 

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