Sinto-me bem. Ou não?
A Kabbalah explica que a vida se baseia num único desejo:
sentir-se bem, sem importar se tal sensação provem de obter um emprego melhor,
um carro novo, um casamento ou filhos exitosos. Detrás de todos esses desejos
encontra-se a busca de satisfação. E tudo o que queres é conseguir essa
sensação de prazer.
Quando começas a sentir a espiritualidade, tua escala de
valores muda. Podes começar a ver que alguns dos teus desejos tornaram-se mais importantes, e outros menos. Começas a sopesar tua vida não somente de acordo
com o que vês e conheces deste mundo, coisas que teu corpo físico sente agora
mesmo, mas também consideras as tuas vidas passadas e as futuras. Começas a ver
o que ajudará e o que não ajudará às gerações futuras. Como resultado,
naturalmente modificas a avaliação de teu meio.
Quando começas a te dar conta de que és uma parte da alma
única e de que toda a humanidade também forma parte dessa mesma alma, começas a
pensar que ajudar à humanidade também serve aos teus interesses (mesmo que de
maneira egoísta). Em resumo, a Kabbalah te leva a olhar para o quadro
completo.
É irônico, no entanto, que, quanto mais desejas a
espiritualidade, mais desejas também os prazeres mundanos. Um cabalista não é
uma pessoa sem desejos por alimento, sexo, dinheiro, poder e conhecimento. Ao
contrário, é uma pessoa com desejos mundanos mais fortes que os experimentados pela
maioria das pessoas, mas também o seu desejo por espiritualidade é maior que a
soma de todos os seus desejos materiais. Noutras palavras, o fato de teres uma
maior percepção da tua espiritualidade não te exime de continuares um ser
humano e de tudo o que isso implica.
Este processo de intensificação está desenhado para fazer-te
desenvolver um desejo tão forte por espiritualidade que estarás disposto a
fazer qualquer coisa para satisfazê-lo, inclusive a renunciar a todos os
desejos por qualquer coisa que não seja espiritualidade. E para renunciar a
esses desejos deves experimentá-los. Esta é a razão pela qual os cabalistas
explicam que quanto mais alto é o teu grau espiritual, maiores serão os teus
desejos mundanos também. É assim que os cabalistas progridem: ao experimentar
os maiores prazeres mundanos, e depois, ao receber a consciência de que há algo
muito maior que todos os prazeres combinados.
Segundo a perspectiva da Kabbalah, tu mudas de acordo com teu
ascenso ao mundo espiritual e começas a compreender um bem maior mais
profundamente. É o mesmo que aconteceu em teu desenvolvimento neste mundo:
quando eras criança, querias um carrinho de brinquedo. Quando cresceste,
quiseste um carro de verdade.
Também na espiritualidade os teus desejos mudam conforme vais crescendo. Os primeiros objetos do teu desejo parecem joguinhos comparados com as coisas reais que agora começas a buscar. Ao final, essa busca te conduz ao bem absoluto, isto é, ao contato direto com o Criador, o que se consegue através da semelhança de forma com Ele, através de ser como Ele é.
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