segunda-feira, 25 de abril de 2022

A Experiência Cabalística (4)

 

 

O PAPEL DO PROFESSOR

 

Pergunta

 

Eu sinto minha própria insignificância comparada à elevação do professor, mas é assim que eu deveria me sentir com relação ao Criador, já que não posso senti-Lo de maneira alguma. O que devo fazer?

 

Michel Laitman: O professor só existe para voltar a sua atenção para o Criador. É natural que você ainda não tenha contato com o Criador e que sua atenção esteja concentrada no professor, mas esta situação gradualmente passará.

 

Logo você descobrirá um egoísmo novo e crescente dentro de si. Então, você começará a criticar seu professor e a encontrar mais e mais falhas nele. Eu mesmo passei por um processo similar com o meu professor, o Rabash.

 

Este processo é guiado pelo Alto para que você possa examinar se você está agindo a partir do egoísmo, ou somente pelo bem da doação. Mas quando você encontrar sensações espirituais, vai precisar do seu professor mais e mais. Apenas então vocês trabalharão juntos, como uma criança e um adulto fazem em nosso mundo.

 

De fato, tudo o que nós sentimos no processo da correção é crucial para nós, especialmente perto do Gmar Tikun, o final da correção. Qualquer sensação, boa ou ruim, pode ser aceita de um jeito diferente, mas nós devemos sempre entender que qualquer sensação é um resultado necessário do nosso caminho.

Nós devemos sentir o que sentimos e lembrar disso (sem estendê-lo mais do que o necessário para compreendê-lo), e então seguir em frente. No começo de todo ato e pensamento deve existir uma intenção: “Existe o propósito da criação e eu quero alcançá-lo porque ele é o contato e a equalização com o Criador. Ele é a razão de eu fazer o que faço (dormir, comer, beber, trabalhar e outras ações)”. Então o professor não irá substituir o Criador, mas se tornará seu guia.

 

Pergunta

 

Discordar do professor indica falta de respeito?

 

Michael Laitman: Absolutamente não! Você sempre pode expressar discordância. No entanto, eu não posso tolerar objeções que se originam da lógica terrena de um estudante que não lê os textos. Leia e objete, fique furioso e encontre.

 

A ATITUDE DE UM DISCÍPULO PARA COM O SEU PROFESSOR

 

Pergunta

 

Em uma de suas gravações, eu ouvi que há momentos em que o estudante pode odiar seu professor. Como pode ser? Neste momento, eu sinto sua bondade e seu desejo de ajudar. Por que isso deveria mudar?

 

Michael Laitman: De modo geral, a atitude de um discípulo para com o seu professor é idêntica à relação do discípulo com o Criador. Quando o discípulo não sente o Criador e Seu Domínio completamente, os desafios (julgamentos, sensações desagradáveis, perturbações, conflitos a respeito do caminho e desapontamentos constantes) que vem do Alto levam a pessoa a reclamar para o professor. O indivíduo realmente pensa que o professor é a fonte dessas provações. De fato, ele fica tão bravo com o professor que acredita que a morte dele ou seu desaparecimento acabaria com todas as sensações ruins, com o vazio e com os obstáculos no caminho para o Criador. Você aprenderá o resto por si mesmo enquanto continuar no caminho.

 

Pergunta

 

Você escreveu: “Logo você começará a descobrir um egoísmo crescente em você. Vai começar a criticar o seu professor e a ver mais e mais falhas nele...”. Se este é o caso, como um estudante deve trabalhar com o próprio ego com o objetivo de passar por esta fase tão rapidamente quanto possível?

 

Michael Laitman: Tudo é predeterminado para nós. Dentro de nós estão todas as Reshimot (reminiscências), as instruções para nossa ascensão gradual, do nosso mundo para o propósito da criação. Essas Reshimot são como uma espiral contraída dentro de nós, que se abre progressivamente. A cada momento sentimos um certo desejo, que é uma expressão da Reshimot que está emergindo. Quando entramos no grupo correto, no ambiente correto e lemos os livros corretos, aumentamos a influência da Luz Superior em nós mesmos. Esta Luz ilumina a espiral de Reshimot, desta forma acelerando as suas aparições em nós. Sempre descobrimos a Reshimot mais fraca dentre as que podemos perceber. Nosso livre-arbítrio está apenas em nossa escolha do ambiente. Tudo que podemos fazer é acelerar nosso progresso. Isto só é possível com a influência de um ambiente apropriado. Em outras palavras, somos livres para escolher entre acelerar o processo ou não. Se você ouve às pessoas que se opõem à Kabbalah, e é incitado a se afastar do professor e do grupo, você ainda assim alcançará o propósito, mas muito mais tarde. Baal HaSulam (Rav Yehuda Ashlag) escreveu em seu ensaio “A Liberdade”, que apenas ao escolhermos nosso ambiente (livros, amigos e professor) nós expressamos nossa liberdade em escolher nosso caminho.


Quanto mais correta for a escolha do fator ambiente, maior será a aceleração das correções de alma. Na verdade, podemos fazer a jornada durar apenas alguns anos ao invés de centenas de anos. Isto não é exagero.

 

Com relação à anulação diante do professor... Quando disseram a Baal HaSulam que, diferente de outros grandes professores, seus discípulos não tinham nem uma gota de medo dele, ele respondeu: “Eles estariam melhor temendo o Criador e não a mim”. E quando lhe disseram que ele tinha apenas cinco ou seis discípulos depois de décadas de trabalho, ele respondeu: “O Criador não tem nem mesmo esse tanto”.

 

Você não pode dirigir seus pensamentos e desejos por si mesmo, da maneira que acha melhor. A direção deles deriva da sua situação interna, e é ditada pela Reshimo que está sendo ativada no momento, o que deixa a sensação e a experiência da sua situação atual.

 

Olhe para si mesmo de fora – vale a pena se examinar e lembrar como de você era um mês atrás, ou há cinco anos, e começar a dialogar com suas imagens passadas e presentes. Isto ajuda a entender melhor as mudanças que acontecem em você. Ajuda você a se referir a si mesmo como um fator de emoções cambiantes, e não como um indivíduo que pensa e sente independentemente.

 

Você tem que se examinar de fora e ver o que o Criador faz com você. Siga Seu Trabalho – este é o exato significado das palavras: “Avodat Hashem”, o “Trabalho de Deus”. Ou seja, o Seu Trabalho em você.

 

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