40. Qual é a medida da fé no Rav?
(Ouvi emTav-Shin-Gimel,
1942-1943)
É sabido que há um caminho da direita e um
caminho da esquerda. “Direita” vem da palavra hebraica “à direita”,
referindo-se ao verso: “E Abrão acreditou no Eterno” (Gênesis 15:6). O Targum
diz “À direita, quando o rav diz ao discípulo para tomar o caminho da direita”.
A direita é normalmente chamada de “completude”, e a
esquerda de “incompletude”, no sentido de que faltam correções ali. Nesse
estado, o discípulo deve acreditar nas palavras do seu rav, o qual lhe diz para
caminhar na linha da direita, chamada “completude”.
E o que é a “completude” na qual o discípulo deve
caminhar? Significa que o indivíduo deve retratar para si mesmo se já foi
recompensado com a fé completa no Criador, e se já sente, nos seus órgãos, que
o Criador guia o mundo inteiro na forma de “O Bom que Faz o Bem”, ou seja, que
o mundo inteiro recebe apenas o bem Dele.
No entanto, quando o
indivíduo olha
a si mesmo, vê que é pobre e indigente. Além disso, quando ele observa o mundo,
vê que o mundo inteiro está atormentado, cada um de acordo com o seu nível.
O indivíduo deve dizer sobre isso: “Eles têm
olhos, mas não vêem.” “Eles” significa que, enquanto o indivíduo estiver sob
múltiplas autoridades, chamadas “eles”, ele não enxerga a verdade. Quais são as
múltiplas autoridades? Enquanto o indivíduo tiver dois desejos, apesar de
acreditar que o mundo inteiro pertence ao Criador, também acredita que algo
pertence ao homem.
Mas, em verdade, o
indivíduo deve
anular a sua autoridade perante a autoridade do Criador e dizer que não quer
viver para si mesmo, e que a única razão pela qual quer existir é para levar
contentamento ao Criador. Portanto, dessa forma o indivíduo anula completamente
a sua própria autoridade, e então se encontra na autoridade singular, a
autoridade do Criador. Apenas então ele pode enxergar a verdade, de como o
Criador guia o mundo pela qualidade do bem e de fazer o bem.
Enquanto o indivíduo está sob múltiplas autoridades, ou
seja, quando ainda tem dois desejos tanto na mente quanto no coração, ele é
incapaz de enxergar a verdade. Ao invés disso, ele deve subir acima da razão e
dizer “eles têm olhos”, mas eles não vêem a verdade.
Segue-se que quando o
indivíduo
considera a si mesmo e quer saber se agora ele está em um momento de descenso
ou de ascensão ele tampouco pode saber isso. Ou seja, ele pensa que está em um
estado de descenso e isso, também, está incorreto, pois ele pode estar agora em
um estado de ascensão, de forma que enxerga seu estado verdadeiro, o quão
distante está do trabalho sagrado. Assim, ele agora se aproximou da verdade.
E pode ser ao contrário: O indivíduo sente que está em um
estado de exaltação, quando, na verdade, está sendo controlado pela vontade de
receber para si mesmo, chamada “um descenso”.
Apenas aquele que já está sob a autoridade singular pode
discernir e saber a verdade. Dessa forma, o indivíduo deve confiar na opinião
do seu rav e acreditar no que o rav lhe diz. Isso significa que o indivíduo
deve fazer como o rav lhe disse para fazer.
E apesar de ver muitos
argumentos e muitos ensinamentos que não vão ao encontro da opinião do seu rav, o indivíduo
deve, ainda assim, confiar na opinião do rav e dizer (sobre aquilo que entende
e vê em outros livros, que não coincide com a opinião do seu rav) que enquanto
estiver sob múltiplas autoridades ele não pode entender a verdade, e não pode
ver o que está escrito em outros livros, a verdade que eles proferem.
É sabido que quando o indivíduo ainda não
foi recompensado a sua Torá se torna para ele uma poção de morte. E por que diz
“Não recompensado, sua Torá se torna para ele uma poção de morte?” É porque
todos os ensinamentos que o indivíduo aprender ou ouve não lhe trarão qualquer
benefício no sentido de o tornar apto a receber Vida, a qual é Dvekut (adesão)
com a Vida das Vidas. Ao contrário, o indivíduo é constantemente atraído para
mais longe da Vida das Vidas, já que tudo o que ele faz é apenas para as
necessidades do corpo, chamadas “receber para si mesmo”, e isso é considerado
separação.
Isso significa que
através de suas
ações ele se torna mais e mais separado da Vida das Vidas, e isso é chamado “a
poção de morte”, pois lhe traz morte e não vida. Quer dizer que o indivíduo se
torna ainda mais afastado da doação, chamada “equivalência de forma com o
Criador”, por meio de “Como Ele é misericordioso, assim tu és misericordioso”.
Devemos também saber que quando o indivíduo está
envolvido na direita é o momento certo para ampliar a abundância superior,
porque “o abençoado adere ao Abençoado”. Em outras palavras, já que o indivíduo
está em um estado de completude, chamado “abençoado”, nesse respeito ele tem,
atualmente, equivalência de forma, já que o sinal da completude é se o
indivíduo está em um estado de alegria. Caso contrário, não há completude.
É como nossos sábios disseram: “A Shechiná
(Divindade) se torna presente apenas a partir da alegria de uma Mitzvá (mandamento).”
O significado disso é que a razão que lhe traz alegria é a Mitzvá, ou
seja, o fato de que o rav havia ordenado que ele tomasse a linha da direita.
Segue-se que ele mantém a ordem do rav, de que a ele foi
distribuído um tempo especial para caminhar na direita e um tempo especial para
caminhar na esquerda. A esquerda contradiz a direita, pois a esquerda é quando
o indivíduo calcula para si mesmo e começa a examinar o que já adquiriu no
trabalho do Criador, e ele vê que está pobre e indigente. Portanto, como ele
pode estar em completude?
Ainda assim, o indivíduo sobe acima da razão devido à ordem do
rav. Segue-se que toda a sua completude foi construída acima da razão, e isso é
chamado “fé”. Esse é o significado de “Em todo lugar em que Eu fizer recordar
Meu nome, virei a ti e te abençoarei”. “Em todo lugar” significa que, apesar de
o indivíduo ainda não ser digno de uma bênção, mesmo assim eu dei a Minha
bênção porque tu fizeste um lugar, ou seja, um lugar de alegria, no qual a Luz Superior
pode existir.
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