terça-feira, 15 de novembro de 2022

Shamati (52)

 

52. Uma transgressão não extingue uma mitzvá

(Ouvi na véspera do Shabat, 9 de Iyar, Tav-Shin-Gimel, 14 de maio de 1943)

 

Uma transgressão não extingue uma mitzvá (mandamento), e uma mitzvá  não extingue uma transgressão.” A pessoa deve tomar o bom caminho, mas o mal que se encontra dentro dela não lhe permite fazer isso.

 

No entanto, o indivíduo deve saber que ele não precisa desenraizar o mal, já que isso é impossível. Ao invés disso, ele deve apenas odiar o mal, como está escrito: “Vós que amais ao Eterno, repudiais o mal” (Salmos 97:10). Apenas o ódio é necessário, já que ao odiar o mal a pessoa se separa dele.   

 

Por essa razão o mal não tem existência por si próprio. Ao contrário, a existência do mal depende do amor pelo mal ou do ódio pelo mal. Isso significa que se o indivíduo tem amor pelo mal, então ele está preso na autoridade do mal. Se o indivíduo odeia o mal, ele sai do seu território e o mal do indivíduo não tem domínio sobre si.

 

Segue-se que o trabalho primário não é no próprio mal, mas na medida do amor e na medida do ódio. Por essa razão, transgressão incita transgressão. Devemos perguntar: “Por que ele merece tal punição?” Quando o indivíduo cai em seu trabalho, ele deve ser ajudado a se levantar da queda. Mas aqui vemos que mais obstáculos são adicionados para que ele caia ainda mais abaixo do que na primeira queda, porque a fim de sentir ódio pelo mal, ele recebe mais mal, para que sinta como a transgressão o remove do trabalho do Criador. Apesar de ter se arrependido da primeira transgressão, ele ainda não sentiu remorso o suficiente para trazer a ele o ódio pelo mal.

 

Portanto, uma transgressão incita uma transgressão, e a cada vez ele se arrepende, e cada remorso certamente instiga o ódio pelo mal até que a medida do seu ódio pelo mal se complete, e então ele está separado do mal, já que o ódio induz à separação.

 

Segue-se, portanto, que se o indivíduo encontra uma certa medida de ódio em um nível que incita a separação, ele não precisa de uma correção do tipo transgressão-incita-transgressão, e assim poupa tempo. Quando o indivíduo já foi recompensado, ele é admitido no amor do Criador. Esse é o significado de “Vós que amais ao Eterno, repudiais o mal. Eles apenas odeiam o mal, mas o mal em si permanece no seu lugar, e é apenas ódio ao mal que precisamos.

 

Isso se extende de: “Entretanto, pouco menos que os anjos o fizeste e de glória e esplendor o corosaste” (Salmos 8:6), e esse é o significado da fala da serpente “E sereis como Deus, conhecedores do bem e do mal” (Gênesis 3:5). Isso quer dizer que quando o indivíduo se esforça e quer entender todas as condutas da Providência, como se fosse o Criador, e esse é significado de “A soberba de um homem o fará (ao fim) rebaixar-se” (Provérbios 29:23). Isso significa que o indivíduo quer entender tudo com a mente externa, e se ele não entende isso, está em um estado de humildade.

 

A verdade é que se o indivíduo desperta para saber algo é um sinal de que ele precisa saber disso. Quando ele supera a própria mente, o que ele quer entender, e toma tudo com fé acima da razão, isso é chamado a grande humilde no atributo humano. Você percebe que na medida em que o indivíduo tem uma demanda para saber mais, porém leva isso na fé acima da razão, você vê que ele está em maior humildade.

 

Agora podemos entender o que eles interpretaram sobre o verso: “E o homem Moisés era muito humilde” (Números 12:3), modesto e paciente. Isso significa que ele tolerava a humildade na medida mais alta possível.

 

Esse é o significado de Adam HaRishon comer da Árvore da Vida antes do pecado, e de ele estar em integridade. Contudo, ele não podia caminhar além do nível em que estava, pois ele não sentia qualquer falta no seu estado. Portanto, ele naturalmente não podia descobrir todos os Nomes Sagrados.

 

Por essa razão, fez que comesse da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, em concordância com o seguinte versículo: “Venha e veja as obras de Deus, terrível em Seus feitos sobre os filhos dos homens”. Através desse pecado, todas as Luzes o deixaram e ele foi obrigado a começar seu trabalho de novo. 

 

Sobre isso, a escritura diz que ele foi expulso do Jardim do Éden, porque se tivesse comido da Árvore da Vida ele teria vivido para sempre. Esse é o significado da interioridade dos mundos. Se o indivíduo entra, ele permanece lá para sempre. Isso significa que, mais uma vez, ele permaneceria sem qualquer falta. E para ser capaz de ir e revelar os Nomes Sagrados, os quais aparecem por meio da correção de bem e mal, ele precisava, portanto, comer da Árvore do Conhecimento.

 

É similar a uma pessoa que quer doar a seu amigo um grande barril repleto de vinho, mas o seu amigo tem apenas uma taça pequena. O que ele faz? Ele derrama o vinho nessa taça e leva a taça para casa e a derrama noutro recipiente. Então, ele começa a vir com a taça mais uma vez, e mais uma vez a enche com vinho. Daí, ele vai para a sua casa mais uma vez até que recebe todo o barril de vinho.

 

Ouvi outra parábola que falava de dois amigos, um que se tornou um rei e o outro que se tornou muito pobre, e ouviu que o seu amigo havia se tornado um rei. Então, o homem pobre foi até seu amigo, o rei, e lhe falou sobre o seu mau estado.

 

Então, o rei lhe deu uma carta destinada ao ministro do tesouro dizendo que, por duas horas, ele poderia receber quanto dinheiro quisesse. O homem pobre veio ao tesouro com uma pequena caixa, entrou, e preencheu aquela pequena caixa com dinheiro.

 

Quando saiu, o ministro chutou a caixa e todo o dinheiro caiu no chão. Isso continuou de novo e de novo, e o homem pobre começou a chorar: “Por que você está fazendo isso comigo?” Finalmente, ele disse: “Todo o dinheiro que você pegou durante todo esse tempo é seu e você vai levar tudo. Você não tinha recipientes para levar dinheiro suficiente do tesouro; é por isso que isso foi aplicado contra você.”

 

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