quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Shamati (54)

  

54. O propósito do trabalho1

(O que ouvi em 16 de Shevat, Tav-Shin-Aleph, 13 de fevereiro de 1941)

 

É sabido que a servidão existe principalmente para “doar contentamento ao seu Fazedor”. Contudo, o indivíduo deve saber o significado de doação, já que isso é usado por todos, e é sabido que o hábito desgasta o sabor. Portanto, devemos clarificar completamente o significado da palavra doar.

 

A questão é que o desejo de receber também é incorporado no desejo de doar do inferior (mas o desejo de receber pode ser usado com correções), senão não há conexão entre doador e receptor. Isso é porque é impossível que um indivíduo doe e o outro indivíduo não doe nada em troca, ainda que vá haver um estado de parceria.

 

Apenas quando ambos demonstram amor um pelo outro há uma conexão e amizade entre eles. Mas se o indivíduo demonstra amor e o outro não dá nenhuma resposta, tal amor não é real e não tem direito de existir. Nossos sábios disseram sobre o verso “E para proclamar: ‘Tu és meu povo, Tsión’” (Isaías, 51:16). Não diga Ami (meu), mas Imi (comigo)[1], “para ser Meu parceiro” (Zohar Beresheet,p. 5), significando que as criaturas estão em uma parceria com o Criador.

 

Segue-se que quando o inferior quer doar ao Criador também o inferior deveria receber do Criador. Isso é chamado parceria, quando o inferior doa, e o superior doa também.

 

No entanto, o desejo de receber deveria ansiar por aderir a Ele e receber a Sua abundância, sustento e bondade; e esse foi o propósito da Criação, fazer bem às Suas criações.

 

Contudo, devido à quebra que ocorreu no mundo de Nekudim, o desejo de receber caiu no domínio das Klipot (cascas), pelo qual foram feitos dois discernimentos no Kli (vaso): 1) Desenvolveu uma relação com os prazeres separados, e o trabalho de sair da autoridade das Klipot é chamado “o trabalho da purificação”; 2) O segundo discernimento que ocorreu durante a quebra é a separação dos prazeres espirituais.

 

Em outras palavras, o indivíduo se torna distante da espiritualidade e não tem nenhum desejo pela espiritualidade. A correção para isso é chamada Kedushá (Santidade), onde a ordem do trabalho é desejar a Sua exaltação. Nesse estado, o Criador brilha para o indivíduo nesses vasos. Porém, devemos saber que na medida em que ele tem Kelim (vasos) de pureza, chamados “odiar o mal”, nessa medida ele pode trabalhar em Kedushá, como está escrito: Vós que amais ao Eterno, repudiais o mal.

 

Segue-se que há dois discernimentos: 1) Pureza; 2) Kedushá. Kedushá é chamada de Kli, a preparação para receber a Sua bondade, por meio de fazer o bem às Suas criações. No entanto, esse Kli é atribuído ao indivíduo inferior, sendo que cabe a nós repará-lo. Em outras palavras, cabe a nós ansiar pelo bem, e isso significa engajar-se extensivamente na exaltação Dele e na própria humildade.

 

Contudo, a abundância que deveria aparecer no Kli de Kedushá está nas mãos do Criador. Ele é Quem transmite abundância ao inferior. Nesse momento, o indivíduo não pode ajudar de nenhuma forma e isso é chamado “As coisas secretas pertencem ao Senhor nossos Deus”.

 

O Pensamento da Criação, chamado “Fazer o bem às Suas criações”, começa a partir do Ein Sof (infinito). Por essa razão, rezamos ao Ein Sof, ou seja, para a conexão que existe entre o Criador e as criaturas. Esse é o significado do que está escrito nos registros do Ari, que devemos rezar ao Ein Sof.

 

É assim porque o Atzmuto (Ele Mesmo) não tem conexão com as criaturas, já que o início da conexão começa em Ein Sof, onde está o nome Dele, o qual é a raiz da criação. Esse é o significado do que está escrito no Talmude de Jerusalém, que aquele que reza, rezará ao Nome, significando que lá está o Seu nome, e o Seu nome e o Ein Sof são chamados, nas palavras da lenda, e “Uma torre repleta de abundância”. É por isso que rezamos ao Nome, para receber o benefício que nos foi preparado com antecedência.

 

É por isso que Keter é chamado “Seu desejo de fazer o bem às Suas criações”, e o benefício em si é chamado Chochmá (Sabedoria), a qual é a abundância em si. É por isso que Keter é chamado de Ein Sof e “Emanador”. No entanto, Chochmá ainda não é chamada de “emanado”, já que ainda não há um Kli em Chochmá, e ela é considerada uma Luz sem um Kli.

 

Por essa razão, Chochmá também é discernida como o Emanador, porque não há realização (Attainment) na Luz sem um Kli, e toda a diferença entre Keter e Chochmá é que lá a raiz do emanado está mais revelada.

 



[1] Ambas as palavras consistem das mesmas letras em hebraico, e quando não há marcas de pontuação, como na Bíblia, elas parecem iguais.

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