sábado, 19 de novembro de 2022

Shamati (56)

  

56. Torá se chama Indicação

(Ouvi em 1º de BeShalach, Tav-Shin-Aleph, 2 de fevereiro de 1941)

 

 

A Torá é chamada “indicação”, da palavra “disparou”[1]. Significa que quando o indivíduo se engaja na Torá ele sente o seu afastamento na medida do seu esforço. Em outras palavras, a verdade lhe é mostrada, ou seja, a medida da sua fé lhe é mostrada, a qual é a base inteira da verdade.

 

A base da observação da Torá e das Mitzvot (mandamentos) é na medida da fé, pois então lhe aparece que a sua base inteira é construída apenas sobre a educação que ele recebeu. Isso é porque a educação é o suficiente para ele manter a Torá e as Mitzvot em todas as suas complexidades e detalhes, e tudo o que vem por meio da educação é chamado “fé dentro da razão”.

 

Apesar disso ser contrário a mente, pois a razão precisa disso de acordo com os acréscimos que o indíviduo precisa fazer em Torá, assim ele deveria se sentir mais perto do Criador. Porém, a Torá sempre lhe mostra mais da Verdade. Quando ele busca pela Verdade, a Torá lhe traz mais perto da Verdade e ele enxerga a sua medida de fé no Criador.

 

É assim para que ele seja capaz de pedir por misericórdia e rezar ao Criador para que lhe traga genuinamente para mais perto Dele, o que significa que o indivíduo será recompensado com fé no Criador. Então, ele será capaz de louvar e ser grato ao Criador por ter permitido que se aproximasse Dele.

 

No entanto, quando o indivíduo não enxerga a medida do seu afastamento e pensa que adiciona constantemente, percebe-se que ele constrói todas as edificações sobre uma base frágil, e ele não tem lugar para rezar ao Criador para ser aproximado Dele. Segue-se que ele não tem lugar para se esforçar para que lhe seja transmitida a fé completa, pois o indivíduo se esforça apenas no que precisa.

 

Assim, enquanto o indivíduo não for digno de enxergar a Verdade, é ao contrário. Quanto mais ele adiciona Torá e Mitzvot, ele os adiciona na medida da sua completude e não vê qualquer déficit em si mesmo. Portanto, ele não tem lugar para se esforçar e rezar para que lhe seja concedida a fé no Criador de verdade, porque quando ele sente corrupção, deveria se dizer correção.

 

Porém, quando se se engaja verdadeiramente na Torá e nas Mitzvot, a Torá lhe mostra a Verdade, porque a Torá tem esse poder de mostrar ao indivíduo seu verdadeiro estado de fé (e esse é o significado de “ser conhecido”).

 

Quando o indivíduo se engaja na Torá e enxerga a Verdade, ou seja, enxerga a medida do seu afastamento da espiritualidade, e vê que é um ser tão baixo que não há pessoa pior que ele na terra, então a Sitra Achra (Outro Lado) vem a ele com um argumento diferente: De fato, seu corpo é realmente muito feio, e é verdade que não há pessoa mais feia que você no mundo. Ela lhe diz isso para que ele se desespere, pois ela tem medo que ele note e passe a corrigir o seu estado. Por essa razão, ela concorda com o que ele diz, que é uma pessoa feia, e deixa que ele entenda que, se tivesse nascido com maiores habilidades e melhores qualidades, ele poderia superar esse mal e corrigi-lo, e ele seria capaz de atingir a Dvekut (adesão) com o Criador.

 

A resposta a isso deveria ser que o que ela lhe diz é trazido no Masechet Taanit (p. 20), que o Rabino Elazar, filho do Rabino Shimon, veio de uma torre cercada até a casa de seu professor. Ele estava montado num burro, e passeando pela margem do rio, sentindo grande alegria. E a sua mente estava intolerante, pois ele havia estudado muita Torá.

 

Uma pessoa muito feia cruzou por ele e lhe disse: “Olá, rabino”. Mas ele não  respondeu. Elazar pensou: “Nossa, como esse homem é feio”. Depois, perguntou: “Todos os seus conterrâneos são tão feios quanto você?” O outro respondeu: “Eu não sei, mas vá e diga ao artesão que me fez ‘Como é feio esse vaso que você fez’”. Ao se dar conta de que havia pecado, Elazar desceu do burro.

 

De acordo com o que lemos acima, podemos ver que, por ter aprendido muita Torá, lhe foi concedido enxergar a verdade sobre a distância entre ele e o Criador, ou seja, a medida do seu afastamento e da sua proximidade. Esse é o significado de a sua mente estar bruta, intolerante, no sentido de que ele viu a forma completa de quem é orgulhoso, que é o seu desejo de receber, e então ele pôde enxergar a verdade de que ele próprio era muito feio. Como ele viu a verdade? Ao aprender muita Torá.

 

Portanto, como ele será capaz de aderir a Ele, já que é uma pessoa tão feia? É por isso que ele perguntou se todas as pessoas eram tão feias quanto o estranho ou se ele era o único feio e o resto das pessoas no mundo não eram feias.

 

Qual foi a resposta do homem? “Eu não sei.” Significa que eles não sentem e, portanto, não sabem. E por que eles não sentem? É pela simples razão de que eles não foram recompensados com a visão da verdade, pois lhes falta Torá, portanto a Torá lhes mostrará a verdade.

 

Diante disso, Eliseu replicou: “Vá ao artesão que me fez”, porque ele viu que Elazar estava num estado do qual não podia ascender. Por essa razão, Eliseu lhe apareceu e lhe disse: “Vá ao artesão que me fez”. Em outras palavras, já que o Criador te criou tão feio, o Criador sabe que são com esses Kelim (vasos) que é possível atingir o objetivo.

 

Então, não se preocupe, vá em frente e tenha êxito.

 

 



[1] * Em hebraico, a mesma palavra é usada para tiro (atirar) e para indicar algo.

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