terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Shamati (87)

 

87. Shabat Shekalim

(Ouvi em 26 de Adar, Tav-Shin-Het, 07 de março de 1948)

 

No Shabat Shekalim (nome de uma porção semanal), quando entrou para o Kidush[1] (…), ele disse: “Havia um costume entre os Admorim (rabinos, chefes de congregações) na Polônia, de que todos os homens ricos viriam no Shabat Shekalim para receberem Shekalim (moedas) dos seus rabinos.”

 

Isso sugere, ele disse, que não pode haver a eliminação de Amalek sem Shekalim. É assim porque antes de receber Shekalim, ainda não há Klipá (Casca) de Amalek. Ao contrário, a grande Klipá chamada “Amalek” vem quando se pega Shekalim, e então começa o trabalho de eliminar Amalek. No entanto, antes disso, o indivíduo não tem nada a apagar.

 

E ele adicionou uma explicação a respeito do que o Profeta de Kuznitz disse sobre o que é dito na oração final: “Tu separaste o homem desde o início e Tu o reconhecerás para se levantar diante de Ti.” Sobre isso, o profeta perguntou: “Como é possível se levantar sem um Rosh (Cabeça)? Isso significa que ele separou o Rosh do homem, e como pode ser uma coisa assim?” A explicação é: “Quando contares as cabeças dos filhos de Israel”, pelo qual atraímos o discernimento do Rosh. Se damos o meio Shekel, através disso somos recompensado com o Rosh.

 

E depois ele perguntou: “Por que ele prepara mais bebida do que comida para o Kidush? Essa não é a ordem correta, pois a ordem deveria ser comer mais do que beber, já que a bebida vem apenas como um complemento para a comida, por meio de ‘E comerás, te fartarás e louvarás’ (Deuteronômio 8:10). No entanto, não é assim quando se bebe mais do que se come.” E ele interpretou que comer sugere Chassadim (Misericórdia) e beber sugere Chochmá (Sabedoria).

 

E ele disse mais: que o Shabat anterior ao mês de Adar contém todo do mês de Adar. Assim, “quando entra Adar, há muita alegria”. E ele disse que há uma diferença entre um Shabat e um dia bom. O Shabat é chamado “amor”, e um dia bom é chamado “alegria”. A diferença entre alegria e amor é que o amor é uma essência, e a alegria é apenas um resultado, nascido de alguma razão. A razão é a essência, e o resultado é apenas o produto da essência. Assim, o Shabat é chamado “amor e boa vontade”, e um dia bom é chamado “alegria e regozijo”.

 

Ele também explicou a respeito do que o Rabi Yochanan ben Zakai respondeu à sua esposa, sobre ser como um ministro perante o Rei, e ele, Rabi Hanina ben Dosa, ser como um escravo perante o Rei. É por isso que ele conseguia rezar. Parece que deveria ser o oposto, que o ministro teria mais força para induzir sua opinião sobre o Rei, e não o escravo.

 

No entanto, um “Ministro” é alguém que já foi recompensado com a Providência Particular. Nesse estado, ele não vê espaço para a oração, pois tudo é bom. Mas um escravo é alguém que está no nível de recompensa e castigo, e então ele tem espaço para rezar, pois ele vê que tem mais a corrigir.

 

E ele adicionou uma explicação a partir de um artigo apresentado (Baba Metzia 85a). Lá está escrito: “Um bezerro estava sendo levado para o abatimento. O animal foi, colocou sua cabeça no colo do rabino, e chorou. O rabino disse ao bezerro: ‘Vá, é para isso que você foi feito.’ Eles disseram: ‘Como ele não tem piedade, o sofrimento se abaterá sobre ele.’”

 

“É para isso que você foi feito” significa Providência Particular, no sentido de que não há nada para adicionar ou retirar, pois ali também os sofrimentos são considerados méritos. É por isso que ele atraiu sofrimentos.

 

E a Guemará diz que ele estava livre do sofrimento através de um ato, dizendo  “E Suas misericórdias se manifestam em todos os Seus trabalhos”. Um dia, a empregada do rabino estava varrendo a casa. Havia pequenos ratos lá e ela os estava varrendo para longe. Ele disse: Deixe-os!Está escrito: E Suas misericórdias se manifestam em todos os Seus trabalhos. Ao alcançar o entendimento de que uma oração também permanece na eternidade, agora ele criou espaço para a sua oração. É por isso que os sofrimentos o abandonaram.

 

Ao final do Shabat, ele compartilhou uma interpretação a respeito do que o Zohar diz sobre o verso: “A Jacó escolheu para Si o Eterno” (Salmos 135:4). Quem escolheu quem? E o Zohar responde: “O Eterno escolheu Jacó.” Segue-se que Jacó não fez nada, tudo ocorreu sob a Providência Particular. E se Jacó, de fato, escolheu, isso significa que Jacó é o executor, ou seja, uma questão de recompensa e castigo.

 

E ele respondeu que, no início, o indivíduo deveria começar pelo caminho da recompensa e castigo. Quando completa essa fase de recompensa e castigo, ele é recompensado com a visão de que tudo está sob a Providência Particular, que “Ele sozinho faz e fará todas as ações”. No entanto, antes de completar o trabalho no nível recompensa e castigo é impossível entender a Providência Particular.

 

E, no domingo à noite, após a lição, ele explicou a questão da astúcia de Jacó. Está escrito sobre Jacó: “Teu irmão veio com esperteza” (Gênesis 27:35). Certamente, não havia questão de falsidade aqui. Caso contrário, o texto não diria sobre Jacó, o patriarca escolhido, que ele era um mentiroso.

 

Ao contrário, “esperteza” é quando o indivíduo executa um ato de sabedoria sem a intenção de sabedoria, mas para extrair um benefício de que ele necessita. Ele vê que não pode ser obtido diretamente e, portanto, executa um ato de sabedoria para obter aquilo que precisa. Isso é chamado “sabedoria”.

 

Esse é o significado do verso “seja astuto com razão”, ou seja, sabedoria através da razão. Isso significa que a sabedoria que ele quer obter não é para o propósito da sabedoria, mas através de outra coisa que o força a atrair sabedoria. Em outras palavras, ele deve atrair a fim de complementar os Chassadim.

 

Porque antes de os Chassadim obterem Chochmá, eles são discernidos como Katnut (Pequenez). No entanto, depois, quando ele atrai Chochmá, mas ainda assim prefere Chassadim a Chochmá, fica aparente que os Chassadim são mais importantes que Chochmá. Isso é chamado GAR de Biná, o qual significa que ele usa os Chassadim devido a uma escolha.

 

Esse é o sentido de Chochmá através de Daat, que a Chochmá aparece na forma de VAK em YESHUT. E, em AVI, Chochmá aparece por meio do aperfeiçoamento dos Chassadim e da permanência em Chassadim. Contudo, apesar de Biná ser considerada a correção de “Desejar misericórdia”, a escolha de Chassadim não é aparente devido ao Tzimtzum Beit, onde não há Chochmá. No entanto, em Gadlut (Grandeza), quando Chochmá vem, os Chassadim são usados devido a uma escolha.

 

 



[1] Kidush - uma bênção recitada sobre vinho ou suco de uva para santificar o Shabat e os feriados judaicos.

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