17. A segunda restrição será explicada do mesmo
modo. Saiba que, assim como explicamos os quatro tipos de conhecimento em
apenas um componente do Mundo de Beriá, o mesmo também se aplica, no geral, aos
quatro Mundos de ABYA, nos quais as cores vermelha, verde e preta dos três
Mundos de BYA são Matéria e Essência. O branco do Mundo de Atzilut é Forma
transformada em Matéria, isto é, nos três mundos chamados BYA. O Mundo do
Infinito, como tal, é Essência.
O Mundo do Infinito representa a Essência (como sabemos, o Mundo do
Infinito inclui o Mundo de Adam Kadmon) e é seguido pelos Mundos de Atzilut,
Beriá, Yetzirá e Assiyá. O Mundo de Atzilut constitui a Forma Abstrata, e o
Mundo de Beriá é a Matéria na qual essa Forma é vestida. Atzilut é acromático,
Beriá é vermelho, Yetzirá é verde, e Assiyá é preto.
No início do nosso estudo sobre "O Prefácio ao Livro do
Zohar", dissemos que não estudamos o Mundo de Atzilut, somente o de Beriá,
Yetzirá e Assiyá, já que é onde as Almas estão. Referimo-nos a Atzilut apenas à
medida em que os Mundos de BYA elevam-se até lá, ou, colocando de outra forma,
à medida que Atzilut brilha dentro dos Mundos de BYA. Além disso, não
mencionamos os Mundos de AK ou do Infinito.
Como dissemos na primeira restrição, a essência
está além do nosso alcance, ela é o quarto tipo de conhecimento que cada ser
criado encerra dentro de si mesmo, inclusive dentro dos seres do nosso mundo. A
cor branca é branca em si mesma, não está "vestida" em nenhuma das
três cores dos três Mundos de BYA, ou seja, a Luz de Chochmá não está
"vestida" em Biná, Tiferet e Malchut, mas é uma Forma Abstrata, que ignoramos.
Se alcançamos nosso mundo a partir do nosso interior (e certamente o
fazemos), devemos sempre lembrar que apenas estudamos a Matéria e a Forma
vestida na Matéria. Entretanto, quanto mais profundamente avançamos, mais
propriedades interiores ocultas permanecem inalcançáveis. E podemos apenas
imaginá-las, pois é impossível alcançá-las antes da Correção Final.
O Zohar trata unicamente da nossa ascensão ao Mundo de Atzilut através
dos Mundos de BYA, enquanto que a Correção Final (Gmar Tikun) ocorre no Mundo
de Atzilut. O Livro do Zohar não
aborda a ascensão ao Mundo do Infinito, depois da Gmar Tikun, nem os chamados oitavo, nono e décimo Milênios.
Portanto, sempre estudaremos a Matéria e sua Forma, enquanto que a Forma
Abstrata e a Essência permanecerão inalcançáveis, pois a nossa correção em
todos os níveis será sempre parcial. Ainda que determinada reshimó apareça em nós e a corrijamos, essa correção sempre será
limitada e fragmentada.
Permita-me explicar como isso funciona. Presume-se que existem Dez
Sefirot, de Keter a Malchut. Se tiramos Malchut de cena e paramos de receber a
Luz que desce até nós (e que tenciona preencher Malchut), consequentemente não
conseguimos receber a Essência. Além disso, quando não trabalhamos a partir de
Malchut, mas a partir de Yesod, alcançamos apenas as primeiras nove Sefirot de
cada Sefirá e somente as alcançamos com a intenção pelo propósito de doar. Assim,
é dito que utilizamos parcialmente Yesod, pois apenas uma parcela do Kli
chamada VAK é utilizada, enquanto que GAR permanece inativa, então ainda outro
recebimento (percebido como Forma Abstrata) é suprimido. Recebemos GAR de VAK
na Gmar Tikun e, depois disso,
recebemos GAR de GAR.
Há quatro tipos de recebimentos, mas no momento apenas dois deles são
possíveis para nós. Por isso, é importante saber o que podemos e o que não
podemos considerar como evidente.
Nada disso é abordado no Zohar. Ele trata
apenas do primeiro tipo de recebimento, ou seja, as três cores de BYA,
consideradas Matéria e que representam as três Sefirot: Biná, Tiferet e
Malchut. O Zohar também trata do segundo tipo, que representa a iluminação do
Mundo de Atzilut "vestida" nas três cores de BYA. Isto é: a Luz de Chochmá
"vestida" em Biná, Tiferet e Malchut – a forma na qual ela "veste" a si
mesma em Matéria. O Livro do
Zohar examina apenas esses dois tipos.
Logo, se o aluno não estiver completamente
consciente de que, enquanto estiver estudando o Zohar, seus pensamentos e
compreensão deverão permanecer dentro dos limites desses dois tipos de
conhecimento, ele imediatamente ficará confuso sobre todas essas questões, pois
ele não será capaz de associar as palavras ao seu verdadeiro significado.
Ou seja, se durante os nossos estudos não percebermos claramente que
trabalhamos apenas com Formas concretas vestidas em Matéria, perderemos tudo o
que o Zohar tenta explicar. Baal HaSulam nos alerta para não cairmos nessa
armadilha.
Uma dúvida surge aqui: É realmente possível cumprir o que o Zohar
descreve? Posso mesmo controlar a mim mesmo? Posso ver a mim mesmo como alguém
que compreende claramente todas essas questões durante o estudo? Alguém que
consegue distinguir precisamente tais propriedades em si mesmo? Isso tudo é
realmente possível?
Ainda que ele nos diga que isso é impossível, a percepção correta
ocorre inconscientemente através da nossa atitude corrigida em relação à
realidade, ou seja, ao nos concentrarmos no Criador através do grupo.
Para que um grupo? Ele é um indicador da minha orientação altruísta.
Se me dirijo corretamente ao Criador através do grupo (eu mesmo, o grupo e o
Criador), então estou realmente concentrado Nele. Isso ocorre porque eu não
consigo me conectar ao grupo no meu desejo de alcançar o Criador a menos que
minhas intenções se tornem altruístas.
Assim, se minha intenção se concentra no Criador através do grupo,
estarei trabalhando automaticamente com aquela parte de mim na qual minhas
percepções estão corrigidas. Por isso que eu preciso de um indicador direto do
que preciso fazer no momento. Esse é meu estudo com o grupo e meu anseio pelo
Criador através do grupo.
Dessa forma, o grupo me ajuda a manter a abordagem correta e estudar
apenas aquilo que eu realmente preciso, ao mesmo tempo em que me impede de
penetrar em áreas onde eu cometeria erros.
Portanto, não precisamos, de fato, de nenhuma habilidade analítica
especial ou extra-sensorial, pois somos providos com tudo o que é necessário
para o nosso crescimento espiritual.
Há um grande número de pessoas no nosso grupo virtual. Todos nós
estudamos, pensamos uns nos outros, e sabemos que sem ajuda mútua, não seríamos
capazes de receber nada espiritual. Gradualmente, alcançaremos a união,
interação, interdependência e amor e, com isso, veremos claramente quanto
estamos interconectados.
Isso nos afasta dos sentimentos puramente egoístas e, naturalmente,
sem qualquer esforço mental, compreenderemos a Matéria e a Forma na Matéria
corretamente, direcionando-nos ao Criador, tornando-nos semelhantes a Ele. Não
seremos capazes de transcender os limites dos nossos desejos não corrigidos e
desregulados, nos quais imaginamos as categorias abstratas e afirmamos que sua
verdade está acima de tudo, enquanto desconsiderarmos totalmente os gostos e
desgostos das pessoas. Ou seja, as Leis da Torá visam o nosso estado
verdadeiro, corrigido, que só podemos alcançar com a ajuda da Luz.
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