quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (17)




17. A segunda restrição será explicada do mesmo modo. Saiba que, assim como explicamos os quatro tipos de conhecimento em apenas um componente do Mundo de Beriá, o mesmo também se aplica, no geral, aos quatro Mundos de ABYA, nos quais as cores vermelha, verde e preta dos três Mundos de BYA são Matéria e Essência. O branco do Mundo de Atzilut é Forma transformada em Matéria, isto é, nos três mundos chamados BYA. O Mundo do Infinito, como tal, é Essência.



O Mundo do Infinito representa a Essência (como sabemos, o Mundo do Infinito inclui o Mundo de Adam Kadmon) e é seguido pelos Mundos de Atzilut, Beriá, Yetzirá e Assiyá. O Mundo de Atzilut constitui a Forma Abstrata, e o Mundo de Beriá é a Matéria na qual essa Forma é vestida. Atzilut é acromático, Beriá é vermelho, Yetzirá é verde, e Assiyá é preto.



No início do nosso estudo sobre "O Prefácio ao Livro do Zohar", dissemos que não estudamos o Mundo de Atzilut, somente o de Beriá, Yetzirá e Assiyá, já que é onde as Almas estão. Referimo-nos a Atzilut apenas à medida em que os Mundos de BYA elevam-se até lá, ou, colocando de outra forma, à medida que Atzilut brilha dentro dos Mundos de BYA. Além disso, não mencionamos os Mundos de AK ou do Infinito.



Como dissemos na primeira restrição, a essência está além do nosso alcance, ela é o quarto tipo de conhecimento que cada ser criado encerra dentro de si mesmo, inclusive dentro dos seres do nosso mundo. A cor branca é branca em si mesma, não está "vestida" em nenhuma das três cores dos três Mundos de BYA, ou seja, a Luz de Chochmá não está "vestida" em Biná, Tiferet e Malchut, mas é uma Forma Abstrata, que ignoramos.



Se alcançamos nosso mundo a partir do nosso interior (e certamente o fazemos), devemos sempre lembrar que apenas estudamos a Matéria e a Forma vestida na Matéria. Entretanto, quanto mais profundamente avançamos, mais propriedades interiores ocultas permanecem inalcançáveis. E podemos apenas imaginá-las, pois é impossível alcançá-las antes da Correção Final.



O Zohar trata unicamente da nossa ascensão ao Mundo de Atzilut através dos Mundos de BYA, enquanto que a Correção Final (Gmar Tikun) ocorre no Mundo de Atzilut. O Livro do Zohar não aborda a ascensão ao Mundo do Infinito, depois da Gmar Tikun, nem os chamados oitavo, nono e décimo Milênios.



Portanto, sempre estudaremos a Matéria e sua Forma, enquanto que a Forma Abstrata e a Essência permanecerão inalcançáveis, pois a nossa correção em todos os níveis será sempre parcial. Ainda que determinada reshimó apareça em nós e a corrijamos, essa correção sempre será limitada e fragmentada.



Permita-me explicar como isso funciona. Presume-se que existem Dez Sefirot, de Keter a Malchut. Se tiramos Malchut de cena e paramos de receber a Luz que desce até nós (e que tenciona preencher Malchut), consequentemente não conseguimos receber a Essência. Além disso, quando não trabalhamos a partir de Malchut, mas a partir de Yesod, alcançamos apenas as primeiras nove Sefirot de cada Sefirá e somente as alcançamos com a intenção pelo propósito de doar. Assim, é dito que utilizamos parcialmente Yesod, pois apenas uma parcela do Kli chamada VAK é utilizada, enquanto que GAR permanece inativa, então ainda outro recebimento (percebido como Forma Abstrata) é suprimido. Recebemos GAR de VAK na Gmar Tikun e, depois disso, recebemos GAR de GAR.



Há quatro tipos de recebimentos, mas no momento apenas dois deles são possíveis para nós. Por isso, é importante saber o que podemos e o que não podemos considerar como evidente.



Nada disso é abordado no Zohar. Ele trata apenas do primeiro tipo de recebimento, ou seja, as três cores de BYA, consideradas Matéria e que representam as três Sefirot: Biná, Tiferet e Malchut. O Zohar também trata do segundo tipo, que representa a iluminação do Mundo de Atzilut "vestida" nas três cores de BYA. Isto é: a Luz de Chochmá "vestida" em Biná, Tiferet e Malchut a forma na qual ela "veste" a si mesma em Matéria. O Livro do Zohar examina apenas esses dois tipos.



Logo, se o aluno não estiver completamente consciente de que, enquanto estiver estudando o Zohar, seus pensamentos e compreensão deverão permanecer dentro dos limites desses dois tipos de conhecimento, ele imediatamente ficará confuso sobre todas essas questões, pois ele não será capaz de associar as palavras ao seu verdadeiro significado.



Ou seja, se durante os nossos estudos não percebermos claramente que trabalhamos apenas com Formas concretas vestidas em Matéria, perderemos tudo o que o Zohar tenta explicar. Baal HaSulam nos alerta para não cairmos nessa armadilha.



Uma dúvida surge aqui: É realmente possível cumprir o que o Zohar descreve? Posso mesmo controlar a mim mesmo? Posso ver a mim mesmo como alguém que compreende claramente todas essas questões durante o estudo? Alguém que consegue distinguir precisamente tais propriedades em si mesmo? Isso tudo é realmente possível?



Ainda que ele nos diga que isso é impossível, a percepção correta ocorre inconscientemente através da nossa atitude corrigida em relação à realidade, ou seja, ao nos concentrarmos no Criador através do grupo.



Para que um grupo? Ele é um indicador da minha orientação altruísta. Se me dirijo corretamente ao Criador através do grupo (eu mesmo, o grupo e o Criador), então estou realmente concentrado Nele. Isso ocorre porque eu não consigo me conectar ao grupo no meu desejo de alcançar o Criador a menos que minhas intenções se tornem altruístas.



Assim, se minha intenção se concentra no Criador através do grupo, estarei trabalhando automaticamente com aquela parte de mim na qual minhas percepções estão corrigidas. Por isso que eu preciso de um indicador direto do que preciso fazer no momento. Esse é meu estudo com o grupo e meu anseio pelo Criador através do grupo.



Dessa forma, o grupo me ajuda a manter a abordagem correta e estudar apenas aquilo que eu realmente preciso, ao mesmo tempo em que me impede de penetrar em áreas onde eu cometeria erros.



Portanto, não precisamos, de fato, de nenhuma habilidade analítica especial ou extra-sensorial, pois somos providos com tudo o que é necessário para o nosso crescimento espiritual.



Há um grande número de pessoas no nosso grupo virtual. Todos nós estudamos, pensamos uns nos outros, e sabemos que sem ajuda mútua, não seríamos capazes de receber nada espiritual. Gradualmente, alcançaremos a união, interação, interdependência e amor e, com isso, veremos claramente quanto estamos interconectados.



Isso nos afasta dos sentimentos puramente egoístas e, naturalmente, sem qualquer esforço mental, compreenderemos a Matéria e a Forma na Matéria corretamente, direcionando-nos ao Criador, tornando-nos semelhantes a Ele. Não seremos capazes de transcender os limites dos nossos desejos não corrigidos e desregulados, nos quais imaginamos as categorias abstratas e afirmamos que sua verdade está acima de tudo, enquanto desconsiderarmos totalmente os gostos e desgostos das pessoas. Ou seja, as Leis da Torá visam o nosso estado verdadeiro, corrigido, que só podemos alcançar com a ajuda da Luz.


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