terça-feira, 19 de maio de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (45)




2. Para clarificar tudo isso verdadeiramente, é preciso que antes se estude certas questões que não sejam da "área proibida", ou seja, da essência do Criador. De forma alguma é possível compreendê-Lo com a nossa mente e, portanto, não temos nem ideia nem conceitos sobre Ele. O campo de pesquisa obrigatório é o estudo das ações do Criador.



No geral, conseguimos entender as questões: "O que é a Essência?"; "Qual é o nosso papel na cadeia da realidade?"; "Por que somos imperfeitos se o Criador é Perfeito?" e assim por diante. Então por que precisamos de estudos preliminares?



Precisamos deles para entender essas questões com mais precisão. Em outras palavras, devemos abordá-las de um modo diferente, pois é dito: "Muitos (no curso da história) tentaram elucidar essas questões e muita tinta já foi gasta". Portanto, no fim, essas questões continuam sem decifração.



Como podemos resolver essas questões, encontrar as respostas e nos tornar de fato conscientes delas internamente? A fim de examinar essas questões e resolvê-las é necessário nos colocarmos numa posição ambígua em relação a elas. E é isso o que Baal HaSulam faz nos seus estudos. Ele diz:



Para clarificar tudo isso verdadeiramente, precisamos fazer certas investigações preliminares, de tal forma que o assunto não entre na "área proibida", isto é, na Essência do Criador…



Por que é proibido estudar a Essência do Criador? Mais adiante, ele responde o seguinte: …que, de forma alguma, pode ser compreendida pela nossa mente.



Já que não podemos compreender a Essência do Criador, não devemos estudá-la. Isso seria inalcançável para nós no nosso nível atual de desenvolvimento. Portanto, a única coisa que devemos fazer é estudar tudo o que talvez possamos compreender. Além disso, se estudamos o que podemos receber, nós nos aproximaremos da área incompreensível, a Essência do Criador.



Sobre isso, Baal HaSulam diz: A Essência do Criador não pode ser compreendida pela nossa mente, portanto, não pensamos nem conceituamos sobre Ele... O campo de pesquisa obrigatório (isto é, a instrução do Criador) é o estudo das ações do Criador. Da forma como nos é dito: "Conhece o Criador e sirva a Ele".



Se O recebo, se recebo Suas ações e Suas instruções, eu internamente me adapto à correção. Eu me coloco em semelhança com Ele, é isso que chamamos de "Eu compreendo Suas ações e sirvo a Ele", ou seja, compreendo o trabalho "pelo Criador".



Também é dito que "pelas Suas ações, O conhecerei".



Eu O alcanço ao ajustar minhas ações às Dele e ao me tornar semelhante a Ele. Se começo minha investigação diretamente a partir Dele, isso se chama "filosofia". E nada será conseguido dessa forma. Eu só poderei compreender e receber o Criador a partir do momento em que me tornar semelhante a Ele, e então todos os estados e qualidades que existem Nele serão formados em mim. Assim, serei capaz de compreender Suas intenções, o que precede Suas qualidades e ações. Do Guf (corpo) do Partzuf, alcançarei seu Rosh (Cabeça).



Se o meu corpo, isto é, todos os meus desejos, se tornarem semelhantes a todas as ações do Criador, então o corpo interno da minha alma, meus desejos, o corpo do Partzuf, será formado. O Toch (parte interna) ou Sof (fim) do Partzuf será semelhante à influência do Criador sobre mim. Isso se chama "nove das minhas Sefirot opostas, tornam-se semelhantes a nove das Suas Sefirot diretas", o que me permite encontrar o completo equilíbrio com o Criador e apreender Seus pensamentos, o Rosh do Partzuf.



Só assim chegamos a uma compreensão do Criador. Se a pessoa age expressamente dessa forma, ela revela no seu estudo a oportunidade de elevar-se do nível da Criação ao Nível do Criador.



Se desejamos fazer isso, que tipo de perguntas precisamos fazer?



Primeira Pergunta:



Como podemos ver a Criação como algo recém formado? Algo novo, algo que não existia no Criador antes de ter sido criado? Como é possível que alguém, em sã consciência, imagine que não havia nada no Criador? O simples senso comum nos faz acreditar nisso. Ninguém pode dar alguma coisa sem, antes, possuí-la.



Se o Criador cria alguma coisa, é preciso que essa coisa exista Nele de alguma forma. Como seria possível que alguma coisa subitamente surgisse do nada, a partir do nada? O que significa "a partir do nada"? Ele pensou nisso? Fez algum plano? O que O induziu a isso? De onde Ele tirou os materiais - pensamentos, sentimentos e ações - para construir a criação? Havia algum ponto Nele a partir do qual tudo isso começou? Como é possível que seja assim sem que nada existisse Nele, nem um ponto de partida? Não deveria existir um princípio? Se sim, como é possível acreditar que não viemos Dele, mas do nada?



Eu recomendo que você pare agora e tente recordar de tudo o que eu falei até aqui. Não se esforce internamente para adaptar o material e colocá-lo inteiro dentro de você, em prateleiras determinadas. Por favor, não faça isso!



É preciso ir com calma, senão nada disso entrará em você. Não há razão para ficar nervoso, estude livremente e com amor. Não tente memorizar nada! Talvez nem possamos nos lembrar de tudo o que aprendemos.



De repente, sentiremos que só conseguimos compreender algo novo se esse algo nos penetra por dentro, torna-se a nossa natureza. Não faça como os filósofos que "derramaram muita tinta" por milhares de anos. Nada resultou disso.



Precisamos reproduzir todas essas ações dentro de nós mesmos. Quando elas tornarem-se nossas propriedades internas, nós saberemos, sentiremos e veremos todas elas. Do contrário, nossas tentativas inúteis de guardar essas informações falharão.



Enquanto estivermos estudando, tente se concentrar no que desejamos alcançar, onde queremos estar. O mais importante não é saber, mas atrair a Luz da Correção, que nos eleva a todos esses estados. É nisso que devemos pensar durante o nosso estudo.



Ao estabelecer um objetivo, tentamos direcionar sobre nós mesmos a Luz Circundante. Para isso, lemos o que o autor escreveu enquanto estava no alto nível de recebimento em que ele fundiu-se com o Criador. Ele não escreveu seus livros para elucidar pobres filósofos ou a nós. Ele nos instrui a "conhecer o Criador e servir a Ele", a ajustar Suas ações em nós mesmos e nos tornar semelhantes a Ele. O resultado será o que disse o Rei David: "Pelas Suas ações, eu O conhecerei". Aqui é onde o nosso foco deve estar. Portanto, vamos parar de torturar em vão o nosso cérebro e tentar ativar nossos corações e, acima disso, o ponto neles.



Segunda Pergunta



Pode-se dizer que, do ponto de vista da Onipotência do Criador, Ele pode criar algo a partir do nada, ou seja, algo novo, que não esteja presente Nele?



Se dizemos que Ele pode fazer qualquer coisa, então, é claro que Ele pode criar algo a partir do nada, ou seja, algo novo que não estava presente Nele. Então surge a dúvida, que tipo de realidade podemos dizer que não existia no Criador, mas que possui uma nova formação?



Suponha que aceitamos nossa primeira pergunta como um axioma: Sim, o Criador criou algo a partir do nada. Nós ainda vamos chegar a essa conclusão, mas, por agora, vamos admitir que já a obtivemos e, nesse caso, que Ele criou algo que estava completamente fora de Si Mesmo.



Então surge a dúvida, que tipo de realidade podemos dizer que não existia no Criador, mas que possui uma nova formação?



Então foi isso que o Criador decidiu criar, algo que não está presente Nele e do qual Ele sentiu uma súbita necessidade? Isso não sugere que existe uma certa ausência de perfeição Nele? Que algo estava faltando e que, agora, esse algo é uma necessidade? Ou ainda, se Ele era Perfeito antes e depois, por que Ele fez algo novo? Se assim é, obviamente essa nova “criação” nada tem a ver com a Perfeição.



Terceira Pergunta



Os cabalistas dizem que a alma humana é uma parte do Criador e, portanto, não há diferença entre Ele e a alma.



Dentro de cada pessoa existe uma alma animal, uma força vital que sustenta tanto os animais como nós humanos e, além disso, temos uma pequena partícula do Criador Ele Mesmo. A alma está dentro de nós, mas é uma pequena faísca de Cima. Quando ela está Acima, ela é uma pequena faísca, quando está em nós, é uma alma.



A diferença é que Ele é o “todo” e a alma é uma “parte”. É como uma pedra que é retirada de uma rocha: não há diferença entre a pedra e a rocha exceto pelo fato de que a rocha é um “todo” e a pedra é uma “parte”. Com isso, perguntamos: Ainda que a pedra retirada da rocha tenha sido separada dela por um machado, criado para esse fim, causando a separação da “parte” e do “todo”, como podemos imaginar que o Criador separa uma parte da Sua Essência para se tornar independente Dele, ou seja, uma alma, a ponto de ela apenas ser compreendida como uma parte da Sua Essência?



O machado é o Kli, uma ferramenta, uma força material que separa uma “parte” do “todo”.



Então o que é o machado espiritual que extrai uma parte do todo? Por que a parte retirada permanece imutável, com as mesmas propriedades que existem no Criador? O Criador sofre com esse processo? Afinal, uma parte Sua foi retirada! Essa parte retirada foi reduzida da Sua Perfeição? É possível que Ele se torne imperfeito? Falta algo Nele? Qual é a conexão entre uma parte (uma alma) separada do Criador e o Criador Ele Mesmo? Ou ainda, essa parte está totalmente separada Dele?


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