quinta-feira, 7 de maio de 2020

Shamati (190)



Todo ato deixa uma impressão

(Escutei em 1 de Pessach, durante uma refeição; 15 de abril de 1949)


Perguntou se a redenção de nossa terra, dos opressores, está nos afetando. Temos sido recompensados com o fato de termos sido libertados da opressão das nações, e temos nos voltado a todas as nações, onde a pessoa não se encontra escravizada a serviço de outra. E essa liberdade há de ter nos afetado de tal forma que tenhamos alguma percepção do serviço do Criador; e disse que não devemos pensar que isso não nos afeta e que não se manifeste nenhuma mudança nesta servidão da liberdade.



Isto seria impossível, já que o Criador não atua em vão. Pelo contrário, tudo o que Ele faz nos afeta, seja para o bem, ou para o mal. Isto significa que cada ato que Ele realiza se estende até nós como uma força adicional, seja positiva ou negativa; ou seja, Luz ou escuridão. A partir desta ação também podemos chegar a ascender, já que nem sempre há permissão e força na espiritualidade, e sempre devemos continuar sob essa força.



Assim, não se pode dizer que a liberdade que se tenha alcançado não induz nenhuma mudança. Ainda assim, se não sentimos nenhuma mudança para o bem, então devemos entender que esta é uma mudança para o mal, ainda que não a sintamos.



E explicou depois da saída do dia festivo, logo depois da Havdalá (final da benção do feriado). É parecido com uma refeição de Shabat ou dia festivo, onde os prazeres corporais suscitam prazeres espirituais de acordo com a relação entre raiz e ramo. Vem a ser uma espécie de mundo por vir. E, certamente, provar do mundo por vir requer que se levem a cabo grandes preparações durante os seis dias de ação. Na mesma medida em que tenha se preparado, será a sensação despertada em si.



Mas sem a preparação adequada para atrair o sabor espiritual do Shabat, ocorre o contrário: a pessoa piora devido aos prazeres corporais. Isto se deve a que depois das refeições corporais, somente lhe dá sono e nada mais, já que logo depois de comer vem o sono. Deste modo, o fato de comer terá o feito cair mais baixo.



Mas chegar a espiritualidade através de prazeres corporais requer grandes esforços, já que esta foi a vontade do Rei. Estão em oposição, pois a espiritualidade está localizada sob a linha do desejo de outorgar e a corporalidade sob o desejo de receber; e porque esta foi a vontade do Rei, a espiritualidade é atraída até prazeres corporais, localizados sob as mitzvot (preceitos), e que vêm a ser os prazeres do Shabat e de um dia festivo.



Também devemos ver que junto com essa liberdade que nos tenha sido outorgada, necessitamos grande preparação e intenção para extrair a liberdade espiritual, chamada “a libertação das mãos do Anjo da Morte”. Então seremos recompensados com “a Terra inteira está repleta de Sua glória”, chamada Mochin de Avi. Isto quer dizer que não veremos tempo nem lugar algum onde não se encontre implícito o Criador, e não poderemos dizer que Ele não pode vestir-se em tal tempo ou lugar, pois a Terra inteira estará repleta de Sua glória.



Mas antes disto existe uma diferença “entre a Luz e a escuridão e entre Israel e as Nações”: no lugar da Luz o Criador está presente; e não ocorre o mesmo no lugar de escuridão.



Ademais, existe um lugar destinado para a Luz Divina de Israel. Não há, em contrapartida, nas nações do mundo: o Criador não se veste dentro delas. “E entre o sétimo dia e os seis dias de ação”. Ainda assim, quando recebemos Mochin de Avi, somos recompensados com o nível de “A Terra inteira está repleta de Sua glória”. Neste momento não existe diferença entre os tempos, e Sua Luz está presente em todos os lugares e em todos os tempos.



E este é o significado de Pessach (páscoa), quando Israel obteve a liberdade, ou seja, os Mochin de Avi, considerados “A Terra inteira está repleta de Sua glória”. Naturalmente, não há lugar para a inclinação ao mal, já que não está distanciada, através de suas ações, do trabalho de Deus. Ao contrário, vemos como conduziu o homem até o Seu trabalho, ainda que tenha sido somente de acordo com um despertar desde Cima.



Por isso disseram que a Santa Divindade disse: “Tenho visto a imagem de uma gota de uma rosa vermelha”. Quer dizer que viu que havia um lugar que ainda precisava ser corrigido, pois Ele não podia iluminar este lugar. Por essa razão necessitavam contar as sete semanas da conta de Omer: para corrigir estes lugares, para que possamos chegar a ver que “a Terra está repleta de Sua glória”.



É como o exemplo de um rei que tem uma torre cheia de luxos e demais coisas prazerosas, mas que não tem visitas, e, portanto, decide criar as pessoas para que elas possam ir e receber a Sua abundância.



Mas nós não estamos vendo a torre cheia com coisas prazerosas. Pelo contrário, vemos que o mundo inteiro está cheio de sofrimento. Em realidade temos “vinho real em abundância”, mas a justificativa que damos é que, desde o ponto de vista de Malchut, não há necessidade alguma para esse vinho. Aqui os inumeráveis prazeres são comparados com o vinho.



Em troca, a carência existe somente em relação aos Kelim (vasos), pois não temos as vasilhas adequadas para receber esta abundância, já que é especificamente dentro dos Kelim de outorga que podemos recebê-la.



O grau de grandeza dessa abundância é proporcional ao valor de grandeza dos Kelim. Portanto, todas as mudanças ocorrem somente nos Kelim, não nas Luzes. Isto é o que indica o texto: “Kelim diferentes entre si – e vinho real em abundância”, tal como estava contemplado no Pensamento da Criação para fazer o bem às Suas criaturas de acordo com a Sua capacidade. 


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