13. Entretanto, ainda precisamos compreender
que se o desejo de receber (isto
é, o egoísmo, o desejo de receber para si mesmo) é tão ruim e destrutivo, como ele pode ter sido planejado e ter sua
raiz no Pensamento da Criação, no Infinito e na Perfeição do Criador Ele Mesmo,
cuja plenitude é indescritível?
Isto é, como pode haver uma raiz no Criador para tudo o que acontece
dentro e fora de nós e que seja a origem da imperfeição na qual estamos?
A questão é que, assim que o Pensamento da
Criação surgiu, tudo já havia, ao mesmo tempo, terminado. Isso ocorre porque,
diferente de nós, o Kli não precisa de ações. Todas as almas e seus estados
futuros emergiram prontamente na sua total e mais completa perfeição (no seu estado mais alto, final e supremo). Elas surgiram exatamente da maneira como o
Criador as concebeu. Apenas no Fim da Correção as almas alcançarão esse estado
elevado (da perspectiva do Criador, isso já existe. Ele já está unificado
conosco nesse estado final e perfeito). Quando
nosso desejo de receber estiver completamente corrigido e tornar-se “pura”
doação (com a intenção para o Criador),
ele (o desejo de receber) atingirá a
completa equivalência de forma com o Criador.
Em relação ao Criador, nós existimos nesse estado final desde o
momento da nossa concepção. Ele nos enxerga nesse estado perfeito e nos atrai a
partir dele. Se consideramos isso, compreenderemos melhor Sua atitude em
relação à Criação, em relação a nós. E também saberemos como devemos atraí-Lo.
Podemos comparar a atitude do Criador conosco com a atitude de uma mãe
em relação ao seu filho: embora ela saiba que seu filho possa passar por várias
mudanças de estado, seu amor por ele é absoluto. Por outro lado, a criança está
fadada a experimentar as “mazelas do desenvolvimento” e, por fim, alcançar a
completa equivalência de forma e correção.
Por que a Criação passa por todas essas transformações em relação ao
Criador?
Porque o passado, o presente e o futuro são uma coisa só na Infinitude
do Criador.
O tempo não existe em relação ao Criador, pois não há diferença entre
uma ação e sua consequência. Isso tudo forma um único conjunto.
O mesmo princípio se aplica às pessoas. Ao penetrar os Mundos
Superiores, o pensamento humano torna-se uma ação e o tempo se contrai até a
não existência. Conforme o homem avança pelos níveis espirituais, o tempo
começa a desaparecer. No campo das sensações, onde o homem se assemelha ao
Criador, ele existe para além do tempo.
Ao tornar suas qualidades semelhantes às do Criador, o homem passa a
sentir que seus desejos, suas ações e seu estado final são a mesma coisa. Não
existe uma cadeia de causa e consequência. Ela só existe onde algo precisa ser
corrigido. Quando já não há mais o que corrigir, ela deixa de existir, o tempo
pára e tudo congela em um estado de perfeição.
Dessa forma, não havia nenhum desejo de
receber corrompido (em
relação ao Criador), separado da Sua
Infinitude, ou vice-versa: a equivalência de forma que está destinada a existir
no Fim da Correção surgiu imediatamente na Sua Eternidade (junto com o
Pensamento da Criação).
A isso que nossos sábios se referiam quando
diziam que “mesmo antes do mundo ter sido criado (a palavra hebraica “Olam”, mundo, vem da
palavra “Ha'alama”, ocultação. Essa palavra refere-se à descida do nível da
Infinita Perfeição a este mundo), Ele e o
Seu Nome (o Criador, Sua Luz e todas as criaturas) já existiam no 'estado de perfeita unidade', pois nas almas não há
separação do desejo de receber, pelo contrário, estão unidas com o Criador em
seus atributos (eram totalmente idênticos). Esse estado é descrito pelas palavras: “Ele e Seu Nome são Um”.
“Ele” refere-se ao Criador e “Seu Nome” significa o vaso (Kli), as
criaturas que foram criadas em seu estado final, perfeito e eterno.
Quando falamos de imperfeições, forças impuras, sofrimento e dos
diversos estados pelos quais passamos desde o Pensamento da Criação até o seu
final (do primeiro estado ao segundo e, depois, ao terceiro), devemos ter em
mente que a transição do primeiro estado ao terceiro existe apenas para nós.
Para o Criador, eles todos se fundem em um só. Na medida da nossa correção, a
parte corrigida também se funde a esse estado perfeito e infinito.
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