sexta-feira, 12 de junho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (56)




13. Entretanto, ainda precisamos compreender que se o desejo de receber (isto é, o egoísmo, o desejo de receber para si mesmo) é tão ruim e destrutivo, como ele pode ter sido planejado e ter sua raiz no Pensamento da Criação, no Infinito e na Perfeição do Criador Ele Mesmo, cuja plenitude é indescritível?



Isto é, como pode haver uma raiz no Criador para tudo o que acontece dentro e fora de nós e que seja a origem da imperfeição na qual estamos?



A questão é que, assim que o Pensamento da Criação surgiu, tudo já havia, ao mesmo tempo, terminado. Isso ocorre porque, diferente de nós, o Kli não precisa de ações. Todas as almas e seus estados futuros emergiram prontamente na sua total e mais completa perfeição (no seu estado mais alto, final e supremo). Elas surgiram exatamente da maneira como o Criador as concebeu. Apenas no Fim da Correção as almas alcançarão esse estado elevado (da perspectiva do Criador, isso já existe. Ele já está unificado conosco nesse estado final e perfeito). Quando nosso desejo de receber estiver completamente corrigido e tornar-se “pura” doação (com a intenção para o Criador), ele (o desejo de receber) atingirá a completa equivalência de forma com o Criador.



Em relação ao Criador, nós existimos nesse estado final desde o momento da nossa concepção. Ele nos enxerga nesse estado perfeito e nos atrai a partir dele. Se consideramos isso, compreenderemos melhor Sua atitude em relação à Criação, em relação a nós. E também saberemos como devemos atraí-Lo.



Podemos comparar a atitude do Criador conosco com a atitude de uma mãe em relação ao seu filho: embora ela saiba que seu filho possa passar por várias mudanças de estado, seu amor por ele é absoluto. Por outro lado, a criança está fadada a experimentar as “mazelas do desenvolvimento” e, por fim, alcançar a completa equivalência de forma e correção.



Por que a Criação passa por todas essas transformações em relação ao Criador?



Porque o passado, o presente e o futuro são uma coisa só na Infinitude do Criador.



O tempo não existe em relação ao Criador, pois não há diferença entre uma ação e sua consequência. Isso tudo forma um único conjunto.



O mesmo princípio se aplica às pessoas. Ao penetrar os Mundos Superiores, o pensamento humano torna-se uma ação e o tempo se contrai até a não existência. Conforme o homem avança pelos níveis espirituais, o tempo começa a desaparecer. No campo das sensações, onde o homem se assemelha ao Criador, ele existe para além do tempo.



Ao tornar suas qualidades semelhantes às do Criador, o homem passa a sentir que seus desejos, suas ações e seu estado final são a mesma coisa. Não existe uma cadeia de causa e consequência. Ela só existe onde algo precisa ser corrigido. Quando já não há mais o que corrigir, ela deixa de existir, o tempo pára e tudo congela em um estado de perfeição.



Dessa forma, não havia nenhum desejo de receber corrompido (em relação ao Criador), separado da Sua Infinitude, ou vice-versa: a equivalência de forma que está destinada a existir no Fim da Correção surgiu imediatamente na Sua Eternidade (junto com o Pensamento da Criação).



A isso que nossos sábios se referiam quando diziam que “mesmo antes do mundo ter sido criado (a palavra hebraica “Olam”, mundo, vem da palavra “Ha'alama”, ocultação. Essa palavra refere-se à descida do nível da Infinita Perfeição a este mundo), Ele e o Seu Nome (o Criador, Sua Luz e todas as criaturas) já existiam no 'estado de perfeita unidade', pois nas almas não há separação do desejo de receber, pelo contrário, estão unidas com o Criador em seus atributos (eram totalmente idênticos). Esse estado é descrito pelas palavras: “Ele e Seu Nome são Um”.



“Ele” refere-se ao Criador e “Seu Nome” significa o vaso (Kli), as criaturas que foram criadas em seu estado final, perfeito e eterno.



Quando falamos de imperfeições, forças impuras, sofrimento e dos diversos estados pelos quais passamos desde o Pensamento da Criação até o seu final (do primeiro estado ao segundo e, depois, ao terceiro), devemos ter em mente que a transição do primeiro estado ao terceiro existe apenas para nós. Para o Criador, eles todos se fundem em um só. Na medida da nossa correção, a parte corrigida também se funde a esse estado perfeito e infinito.


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