quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (96)

 

 

60. Baal HaSulam nos diz que durante a sua longa história, o Livro do Zohar foi atribuído a muitos cabalistas diferentes. Mas somente aquele que penetra nos significados ocultos desse livro, e compreende de quão alto nível espiritual ele vem (de Arich Anpin do Mundo de Atzilut, isto é, ele alcança o Mundo do Infinito), pode também perceber que ele não poderia ter sido escrito por ninguém mais que o próprio Rabi Shimon Bar-Yochai.

 

Sabemos que os cabalistas dividem a história nos seguintes períodos:

 

1) O homem se desenvolve como um animal, então a alma desce até ele (no ano 0, de acordo com o calendário judaico, isto é, 5780 anos atrás);

 

2) Depois, se inicia o desenvolvimento do ponto no seu coração (alma).

 

O ponto espiritual desceu ao coração do homem 5780 anos atrás e o ativou pela primeira vez. A manifestação seguinte do desejo espiritual ocorreu em Abrahão, cerca de 1974 a.C. O ponto no coração continuou o seu desenvolvimento paralelamente ao egoísmo, cujo crescimento levou à destruição do Templo.

 

Tanto o Primeiro Templo quanto o Segundo foram destruídos, isto é, todos os níveis espirituais caíram em relação ao ponto no coração. O Livro do Zohar foi escrito depois da destruição do Segundo Templo. Seu autor, o Rabi Shimon, viveu antes e depois da destruição do Templo, mas o livro não poderia ter sido escrito antes desse evento, pois não havia a necessidade de uma fonte espiritual tão grande para elevar as pessoas do nível de uma tela completamente quebrada.

 

Rabi Shimon foi um dos discípulos do famoso sábio Rabi Akiva, que nos deixou toda a herança espiritual hoje existente. A história desse homem é incrível. Ele não era judeu, nem crente, até a idade de 40 anos. Então ele começou a estudar Cabalá e, depois, tornou-se um grande estudioso e professor. Sua vida foi cheia de reviravoltas inesperadas, mas, por fim, ele alcançou o nível espiritual mais alto que era possível.

 

É desnecessário dizer que, sendo professor do Rabi Shimon, ele estava em um nível muito superior ao dele. Um dos alunos do Rabi Akiva escreveu o Talmud Babilônico, e outro, o Livro do Zohar. Em outras palavras: Rabi Akiva era a personificação de um vasto conhecimento sobre o universo que preenchia muitos Livros Sagrados.

 

Entretanto, o Rabi Akiva não poderia escrever uma obra como o Livro do Zohar já que, antes da destruição do Templo, uma sabedoria tão profunda e elevada não era necessária. Não havia o que corrigir. Quando o Templo deixou de existir, seu último aluno, Rabi Shimon, escreveu o Livro do Zohar. Naturalmente, o Livro não poderia ter sido escrito por nenhum outro homem nascido após a destruição do Templo.

 

Isso ocorreu por volta do século II d.C. e, depois disso, não existiram mais cabalistas como esses. Somente no século XVI a alma extraordinária do Ari desceu ao nosso mundo e elevou a Cabalá a um outro nível. No século XX, surgiu a alma de Baal HaSulam.

 

Eis o que esse grande cabalista escreve:

 

Desde o primeiro dia em que eu mereci a Luz do Criador e vi o que estava escrito no Livro do Zohar, não sinto qualquer necessidade de buscar evidências sobre a sua autoria. Isso se deve ao simples fato de que o conteúdo do livro aumentou, no meu coração, a proeminência do Rabi Shimon a alturas inalcançáveis, acima de todos os outros cabalistas.

 

Entretanto, se eu descobrisse que o autor do livro é outra pessoa, digamos, Rabi Moisés de Leon, a grandeza desse cabalista, para mim, aumentaria mais que todos os outros, inclusive do Rabi Shimon.

 

Honestamente, de acordo com a profundidade da sabedoria desse Livro, se eu tivesse descoberto que seu autor fosse um dos 48 profetas (cabalistas que receberam um alto nível espiritual chamado Profecia), meu coração certamente aceitaria melhor essa ideia do que o fato de Rabi Shimon ter escrito esse Livro (pois o Rabi Shimon era apenas um Tanaíta, isto é, um cabalista que viveu depois da destruição do Templo). Se tivesse descoberto que Moisés havia recebido esse Livro do Criador Ele Mesmo, no Monte Sinai, eu dormiria tranquilo. Eis a enorme grandeza desse Livro.

 

Já que mereci criar um comentário adequado a todos que tenham o desejo de compreender o que está escrito no próprio Livro, acredito ter cumprido tudo de forma a não precisar realizar um trabalho e pesquisa desse tipo (em relação à autoria do Livro do Zohar). Isso porque, como qualquer um que compreende o Livro do Zohar, não me satisfaz a ideia de que o autor do Livro do Zohar seja alguém menos santo que o Rabi Shimon (ou seja, nascido depois do Rabi Shimon, pois a santidade diminui com o tempo).

 

61. A essa altura, devemos perguntar por que o Zohar não foi revelado às gerações anteriores, cujo mérito, sem dúvida, era maior que o das posteriores, e que eram mais merecedoras de estudar esse livro.

 

Já que, como vimos, o Livro do Zohar foi entregue para corrigir o nosso egoísmo, surge a pergunta: Por que as gerações anteriores não podiam recebê-lo? Se o Criador nos criou tão opostos a Ele, por que Ele não poderia nos dar uma instrução para corrigirmos esse estado?

 

Por que temos que sofrer milhares de anos para descobrir, depois, que existe a possibilidade de fazer essa correção? Por que há bebês e adultos inocentes que vivem com tanto sofrimento? Por que há tanta angústia no mundo? Isso se refere à mesma questão: Por que só agora o Livro do Zohar foi revelado a nós?

 

Por isso, eu gostaria de repetir:

 

Por que o Zohar não foi revelado às gerações antigas (que viveram antes da destruição do Templo)?

 

Talvez o livro os teria encorajado a disseminar a sabedoria da Cabalá por todo o mundo, e a humanidade poderia ter evitado um período de sofrimento tão longo. Não sabemos por quanto tempo as pessoas estão destinadas a sofrer antes de aceitarem esse método de correção, que as elevará ao nível da Perfeição e Eternidade.

 

O mérito delas era indubitavelmente maior que o das gerações posteriores, e também eram mais dignas de estudar esse Livro.

 

Por um lado, o egoísmo dessas gerações era menor e, por outro, elas tinham enormes fontes internas não suprimidas pelo egoísmo, portanto, sem dúvida elas poderiam estudar esse livro de forma muito mais efetiva. Elas estavam muito mais próximas desse material do que nós estamos, em meio a todos os nossos problemas mercadológicos, tecnologia moderna, propagandas soporíferas etc.

 

Podemos também perguntar por que o comentário ao Livro do Zohar não foi revelado juntamente com o livro do Ari, ou para os cabalistas antigos.

 

Por que existe um prelúdio tão longo estendendo-se junto ao eixo temporal - a Torá, o Ari (século XVI) e Baal HaSulam (século XX) - antes que, em nossa época, começássemos a descobrir o Livro do Zohar?

 

A resposta é que, durante os seis mil anos de sua evolução, o mundo deve passar por um período completo de correção.

 

Não levamos em consideração o mundo que existia antes de um novo Ponto Espiritual (de Biná) aparecer no coração do homem (Malchut). Até que não exista mais qualquer interação entre o coração e o ponto existente nele, nada do que ocorre importa realmente, pois tudo isso constitui apenas o desenvolvimento do corpo, da existência animal.

 

Durante os seis mil anos de sua existência, o mundo é como um Partzuf (uma entidade espiritual), dividido em três partes: Rosh, Toch e Sof, ou ChaBaD (Chochmá, Biná e Da'at), ChaGaT (Chessed, Guevurá e Tiferet) e NHY (Netzach, Hod e Yesod). Ou ainda, como disseram nossos sábios: “Os primeiros dois mil anos são chamados de Tohu (literalmente, “sem forma”); o segundo período de dois mil anos é chamado de Torá, e o último período de dois mil anos é chamado de “Os dias de Mashiach” (Messias).

 

Nos primeiros dois milênios (Rosh ou ChaBaD), as Luzes eram muito pequenas e, por isso, eram chamadas de “cabeça sem corpo”, possuindo apenas a Luz de Nefesh, pois há uma relação inversa entre as Luzes e os Vasos. A regra é que os Vasos Superiores se desenvolvem primeiro em cada Partzuf, enquanto que, para as Luzes, ocorre o oposto: as Luzes com um Aviut menor se vestem primeiro no Partzuf. Assim, enquanto houver apenas as partes superiores dos vasos, isto é, os vasos de ChaBaD, somente as Luzes de Nefesh podem se vestir no Partzuf, que são as Luzes menores.

 

Dessa forma, os primeiros dois mil anos são chamados de Tohu. Em outras palavras: Pode ainda não existir uma interação correta entre os Kelim (vasos) e as Orot (Luzes).

 

Durante o segundo período de dois mil anos (os Kelim de ChaGaT), a Luz de Ruach (Aviut Aleph) desce ao mundo. Ela também é chamada de Luz da Torá (Torá é algo que outorga vida, Ruach já constitui movimento). Portanto, o segundo período de dois mil anos se chama Torá.

 

O último período de dois mil anos são os Kelim de NHY (o período de correção, ou Mashiach, o ano 0, de acordo com o Calendário Gregoriano), portanto, nesse período, desce a Luz de Neshamá.

 

As Luzes que descem são, basicamente, Neshamá, Chayá e Yechidá dentro da Luz de Neshamá. Isso ocorre porque é impossível corrigir o terceiro e o quarto níveis de desejo antes da Gmar Tikkun.

 

Apenas os níveis zero, um e dois podem ser completamente corrigidos. Dessa forma, o nível de Neshamá é chamado de “os dias do Mashiach”.

 

Ou seja, esse nível já é uma força que leva os desejos egoístas à correção. O Mashiach é uma força de Biná, isto é, o segundo nível da tela, pois quando Malchut adquire as propriedades de Biná, ela transforma seus desejos e os torna semelhantes aos do Criador. Em outras palavras, ela provê à Malchut a tela necessária para a correção. A descida da Ohr Neshamá ao nosso mundo corrige Malchut. A luz de Neshamá é chamada, alternativamente, de “Mashiach” (da palavra Limshoch - puxar), significando a Luz que puxa o egoísmo até o nível do altruísmo.

 

Essa ordem se aplica a cada Partzuf em particular (cada alma) assim como a todo o Universo. Cada alma, sua ou minha, passa por todos os períodos de seu desenvolvimento. Há muito tempo atrás, estávamos naqueles períodos em que o nosso corpo estava se desenvolvendo e, então, surgiu o ponto no coração e ele gradualmente cresceu em todos nós.

 

Não importa em quais almas ou corpos isso tudo tenha ocorrido, pois tudo está misturado no nível da alma. A divisão em nações e sexos é puramente relativa. Todas as partes gradual e constantemente se mesclam, uma vez que, depois que a alma de Adão se quebrou, todas as almas foram misturadas. Portanto, independente de quais correções as diferentes almas fizeram, no fim das contas, elas se tornam completamente interconectadas.

 

As Luzes dos Kelim ChaBaD e ChaGaT do Chazeh do Partzuf são ocultadas para que a Luz de Chassadim brilhe livremente. Isso significa que a luminescência de Chochmá aparece do Chazeh para baixo, ou seja, nos Kelim de NHYM (Netzach, Hod, Yesod e Malchut). O motivo para isso reside no fato de que antes dos Kelim de NHYM começarem a se manifestar no Partzuf do mundo, isto é, no último período de dois mil anos, a sabedoria do Zohar, em geral, e da Cabalá, em particular, foi ocultada do mundo.

 

O que Baal HaSulam quer dizer? A questão é que a Luz de Chochmá não pode brilhar no Kli a menos que a Luz de Chassadim o tenha penetrado antes.

 

O vaso é criado na forma de um desejo de receber prazer. A menos que o vaso adquira uma tela, que complementa a Ohr Yashar com a Ohr Hozer, nenhuma Luz pode entrar no Kli. Podemos explicar isso de uma maneira diferente: até que o interior do vaso (egoísmo) esteja revestido com as intenções altruístas (de doação), a Luz de Chochmá não tem como penetrá-lo.

 

E como essas intenções altruístas podem se manifestar? Isso só pode acontecer no último período de dois mil anos, quando a Luz de Neshamá desce ao nosso mundo. Portanto, antes desse período (isto é, antes do Sof), antes do surgimento e desenvolvimento dos Kelim de NHY, a Cabalá não pode ser revelada em nosso mundo. Em outras palavras: a Luz da Sabedoria, o conhecimento sobre a estrutura do Universo, não pode ser revelado às almas. Elas ainda não são egoístas o suficiente para serem corrigidas pela Luz de Neshamá e receberem a quantidade mínima de Ohr Chochmá.

 

Hoje, estamos no ano de 2020, que corresponde ao ano 5780 do calendário judaico. Isso significa que restam 220 anos.

 

Baal HaSulam diz que “... antes dos Kelim de NHYM começarem a manifestar-se no Partzuf do mundo, o que significa o último período de dois mil anos, a sabedoria do Zohar, em geral, e da Cabalá, em particular, foi ocultada do mundo. Apenas na época do Ari, quando havia chegado o momento de completar os Kelim do Chazeh para baixo, isto é, em cada um dos três períodos ChaBaD, ChaGaT, e NHY, os Kelim se desenvolveram e foram corrigidos seguidos, posteriormente, pelas Orot (Luzes). Imagine que os Kelim de NHY estavam se desenvolvendo do início desse período até a época do Ari.

 

Graças à alma santa do Rabi Isaac Luria (ARI, como abreviação), a radiância da Sabedoria Suprema foi revelada. Os Kelim de NHY estavam suficientemente desenvolvidos nessa época e, por isso, essa alma extraordinária veio ao nosso mundo.

 

Cada descida das almas, inclusive a sua e a minha, é pré-determinada pelo desenvolvimento anterior, geral e individual, dos Kelim de NHY. Em nossa época, eles são chamados de NHY, no passado, eles eram chamados de ChaBaD e ChaGaT. Assim, na verdade, a história da humanidade é o desenvolvimento de um Partzuf de baixo para cima. Isso determina quais almas descem a este mundo e como elas se vestem nos corpos, em qual sociedade, estado ou ambiente elas estarão etc.

 

Mas já que a alma do Ari surgiu depois do desenvolvimento de todos os vasos de NHY, ele foi capaz de revelar a grandeza do Livro do Zohar e a Sabedoria da Cabalá e, ao fazê-lo, ofuscou todos os seus predecessores.

 

Isto é, a partir do momento em que surge o Livro do Zohar, nele se concentra todo conhecimento que havia sido recebido dos cabalistas que viveram antes da destruição do Templo. O Livro é considerado tão grandioso não pelos Kelim de NHY que estavam ainda se desenvolvendo, mas pela Sabedoria que foi recebida pelas almas muito elevadas que viveram naquela época.

 

Baal HaSulam diz que ele teria ficado satisfeito em saber que o Livro do Zohar havia sido escrito por um dos 48 profetas ou por Moisés, pois ele contém toda a sabedoria das gerações anteriores.

 

Apenas o Ari poderia ser o próximo dessa linhagem, somente ele poderia explicar e elevar a Kabbalah expondo tudo o que está acessível a nós hoje. Na prática, o Ari introduziu o método de correção do mundo. Desde o momento em que os Kelim de NHY completaram o seu desenvolvimento, sua alma poderia descer ao nosso mundo e nos fornecer tudo o que fosse necessário à correção das nossas almas (Kelim). Sua alma é uma imagem coletiva de todos os Kelim de ChaBaD, ChaGaT e NHY. Ele, da forma como era, completou o seu desenvolvimento. Depois dos Kelim terem se manifestado, mas antes das Luzes os penetrarem, o Ari surgiu imediatamente. Portanto, a coleção de suas obras (mais de 20 volumes) constitui um método completo de ascensão e correção espiritual.

 

Nenhum dos cabalistas anteriores ao Ari puderam compreender com exatidão como a correção espiritual ocorre. Ninguém era capaz de alcançar esse nível de recebimento, já que esses Kelim não estavam suficientemente desenvolvidos na criação.

 

Antes do Ari, a humanidade inteira estava na etapa de desenvolvimento dos Kelim de ChaBaD, ChaGaT e NHY de todas as Dez Sefirot. Dessa época em diante, começou o processo de obtenção de uma tela e a recepção da Luz nesses Kelim já desenvolvidos. O Universo inteiro estava incluído nesses ChaBaD, ChaGaT e NHY. Entretanto, Baal HaSulam continua:

 

Mas esses Kelim não estavam totalmente desenvolvidos, pois o Ari não teve tempo suficiente de completar todas as correções necessárias.

 

Mais adiante, discutiremos por que o Ari falhou. Naturalmente, isso só ocorreu porque existiam razões profundas e objetivas, e não porque ele simplesmente adoeceu e morreu. Ele adoeceu e morreu porque existiam determinadas condições para o desenvolvimento desses Kelim.

 

Mas esses Kelim não estavam plenamente desenvolvidos, pois o Ari, como sabemos, faleceu em 1572 (5332, conforme o calendário judaico). O mundo ainda não estava preparado para as revelações do Ari.

 

Ele não teve tempo suficiente de, na prática, transmitir para o mundo tudo o que ele havia escrito em seus livros.

 

Seu legado, proibido de ser revelado ao mundo, foi utilizado apenas por uns poucos escolhidos.

 

Em uma de suas cartas, Baal HaSulam conta a sua história. O Ari viveu apenas 36 anos, e não escreveu nenhum livro por si mesmo. Durante o último ano e meio de sua vida, ele teve um discípulo que se chamava Chaim Vital (Marhu). Chaim tinha 28 anos na época, enquanto o Ari tinha 36. Veja como esses dois homens eram jovens.

 

Durante o período em que passou ao lado do Ari, Chaim Vital aprendeu tudo o que, depois, lhe possibilitou escrever mais de 20 volumes de grande envergadura, o que pode nos parecer inacreditável. Quando lemos as obras do Ari escritas pelo Chaim Vital depois da morte do seu professor, é quase impossível imaginar como essa grande quantidade de informação pode ser ouvida em um período relativamente curto, e quanto mais ter sido colocada no papel.

 

Tudo o que Chaim Vital aprendeu do seu grande professor em apenas dezoito meses é descrito em uma série de cadernos, os quais foram enterrados junto com ele, depois da sua morte. No seu testamento, ele enfatizou que esses cadernos deveriam ser enterrados em seu túmulo em Safed (Tzfat, uma cidade ao norte da Galileia). O Ari e Chaim Vital viveram nessa antiga cidade ao norte da Galileia. Meus alunos e eu vamos com frequência a esse local e imergimos na mesma fonte onde o Ari costumava fazer suas abluções. O lugar onde ficava a casa do Ari, acima do antigo cemitério, existe ainda hoje.

 

Chaim Vital não queria publicar os seus escritos, pois acreditava que nem ele, nem a sua geração, estavam maduros o suficiente para esse conhecimento. Somente onze anos depois, o seu filho, neto e tataranetos começaram a publicar as obras do Ari. Pouco a pouco, durante trezentos anos, esses livros começaram a surgir e hoje eles nos são bem conhecidos, assim como a coletânea das obras do Ari.

 

Alguns deles foram revelados na época de Baal Shem Tov (Besht). Esse grande cabalista viveu na Ucrânia, no século XVII e, assim como o Ari, Baal Shem Tov nunca escreveu nada por si mesmo.

 

Uns poucos livros foram escritos por alguns dos seus alunos. Baal HaSulam escreveu O Estudo das Dez Sefirot e A Sulam como comentários aos livros do Ari e ao Livro do Zohar.

 

Com a ajuda desses dois livros, podemos completar nossa correção, pois no intervalo de tempo entre o Ari e Baal HaSulam, os Kelim de NHY completaram o seu desenvolvimento e foram preenchidos com todas a Luzes fundamentais. Como previu esse grande cabalista da nossa época, a partir do final do século passado, a subida espiritual em direção ao Fim da Correção começou. Com a ajuda desses livros, todas as gerações posteriores seguirão o nosso caminho.

 

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