O fato é que há a relação inversa entre as Luzes e os vasos. Primeiro, surgem os maiores vasos e eles começam a crescer no Partzuf, de Keter para Chochmá e assim por diante até Malchut.
Dessa forma, nomeamos os vasos de acordo com a ordem
do seu crescimento: Keter, Chochmá, Biná, Tiferet e Malchut (KaHaB-TuM), de
cima para baixo. As Luzes penetram o Partzuf em uma ordem inversa, começando
pelas mais baixas: primeiro Nefesh (seu lugar é no interior de Malchut), depois
Ruach (a Luz de Zeir Anpin), e assim por diante até Yechidá.
Assim, nomeamos as Luzes na seguinte ordem: Nefesh,
Ruach, Neshamá, Chayá e Yechidá (NaRaNHaY), de baixo para cima, conforme a
ordem da sua entrada no Partzuf. Quando o Partzuf possui apenas um vaso (que
pode ser apenas o de Keter), a primeira Luz a entrar não é Yechidá, que deveria
estar no seu interior, mas Nefesh, a Luz mais baixa.
Quando dois vasos superiores surgem no Partzuf, Keter
e Chochmá, então a Luz de Ruach também entra neles. A Luz de Nefesh deixa o
vaso de Keter e desce ao vaso de Chochmá, enquanto que a Luz de Ruach ocupa o
vaso de Keter. Quando o terceiro vaso surge no Partzuf, a Luz de Nefesh deixa o
vaso de Chochmá e desce ao vaso de Biná, enquanto que a Luz de Ruach desce ao
vaso de Chochmá e a Luz de Neshamá, por sua vez, entra no vaso de Keter.
Quando o quarto vaso, Tiferet, surge no Partzuf, a Luz
de Chayá entra nele, a Luz de Nefesh deixa o vaso de Biná e desce ao vaso de Tiferet.
Enquanto que a Luz de Ruach desce ao vaso de Biná, a Luz de Neshamá penetra o
vaso de Chochmá e a Luz de Chayá entra no vaso de Keter.
Quando o quinto vaso, Malchut, surge no Partzuf, a Luz
de Yechidá entra nele. Agora, todas as Luzes estão nos seus lugares, uma vez que
a Luz de Nefesh deixa o vaso de Tiferet e desce ao vaso de Malchut. E enquanto
a Luz de Ruach desce ao vaso de Tiferet, a Luz de Neshamá entra no vaso de
Biná, a Luz de Chayá entra no vaso de Chochmá e a Luz de Yechidá entra no vaso
de Keter.
Quando o Partzuf,
consistindo das cinco partes do "desejo de receber" (os Kelim de
Keter, Chochmá, Biná, Tiferet e Malchut),
estiver preenchido de Luz, Nefesh estará em Malchut, Ruach em Tiferet, Neshamá
em Biná, Chayá em Chochmá e Yechidá em Keter. É assim que um Partzuf completo
se apresenta.
No entanto, a Formação, isto é, a correção dos Kelim,
a aquisição da tela, ocorre do desejo menos egoísta (Keter) até o mais
egoísta (Malchut), de baixo para cima. O preenchimento dos Kelim
pelas Luzes começa pela Luz mais fraca (Nefesh) e vai até o prazer mais
intenso (Yechidá).
Gradualmente, todas as Luzes passam, primeiro, por
Keter, uma depois da outra. O preenchimento do Partzuf sempre ocorre na
seguinte ordem: Keter - Chochmá - Biná - Tiferet - Malchut. E as Luzes
entram na seguinte ordem: Nefesh - Ruach - Neshamá - Chayá - Yechidá. A
regra diz: o Kli começa a crescer partindo da Sefirá mais
elevada, enquanto que as Luzes entram pela mais baixa. É como dois cilindros
encaixando-se um no outro.
Conforme a ordem com que entram no Partzuf, de Nefesh
a Yechidá, abrevia-se as Luzes como NaRaNHaY, da menor à maior,
enquanto que abrevia-se os Kelim de acordo com sua ordem descendente: KaHaB-TuM.
Podemos observar que o mesmo ocorre em nossa vida: se
desejarmos resistir a algum prazer enquanto estivermos, de alguma forma,
conectados a ele, sempre começaremos pelo prazer menor e, pouco a pouco,
passaremos para prazeres maiores e mais intensos, até termos certeza de que
somos capazes de receber até os prazeres maiores sem benefício próprio.
Quando dizemos que um novo Kli surgiu, isso
significa que há uma tela para o prazer correspondente, a força de resistência
a esse prazer, a intenção de receber pelo Criador. Como consequência, o Partzuf
é preenchido pela Luz equivalente à força contrária.
A tela surge como resultado de estudos concentrados e
trabalho em um grupo, com a intenção adequada. Quando um cabalista adquire a
tela para o menor desejo, ele trabalha apenas com ela. O restante dos desejos
são simplesmente postos de lado e restringidos. Devido aos seus esforços, a
tela intensifica-se, isto é, surge uma força adicional de resistência a desejos
maiores, e ele passa a trabalhar com dois desejos e a receber duas Luzes.
Isso continua até que exista uma tela para todos os
cinco desejos, quando então as Luzes podem ser recebidas pelo Criador. Cada vez
que a pessoa é capaz de trabalhar com novos desejos, os anteriores aproximam-se
mais da perfeição, pois, junto com a Luz que havia neles, penetra-os uma Luz
ainda mais poderosa, trazendo consigo um prazer maior.
Quando uma pessoa estuda, de forma constante, em um
grupo, com pessoas de mentalidade semelhante, ouve as explicações do Professor
e, depois, é capaz de concentrar-se nos mesmos assuntos espirituais enquanto
experimentar os diversos estados e circunstâncias do nosso mundo, então, na
próxima vez que ela for estudar, sentirá mais que antes. Ela receberá uma Luz
mais elevada, pois agora trabalha com Kelim mais puros e não pensa em
prazeres animais. Isso é o que significa a relação inversa entre as Orot e
os Kelim (as Luzes e os Vasos).
A terra de Israel difere de todos os outros lugares
pelo seu grande nível de egoísmo. É o local mais difícil para o trabalho
espiritual. Entretanto, ao mesmo tempo, é único e o mais favorável. Essa região
tem um potencial espiritual especial. Baal HaSulam escreveu que Jerusalém é o
local da destruição do Templo. Ali, encontra-se a força mais potente, mas
também as forças impuras mais poderosas, as Klipot.
O Kli de Keter, Aviut de Shoresh,
foi criado para os prazeres maiores ou menores? Foi criado para os maiores, Ohr
Yechidá, a última a penetrar Keter, quando então a Masach é
forte o suficiente para opor-se ao desejo mais intenso de Malchut. Em
outras palavras, ao trabalhar com os desejos mais baixos criando neles a
intenção de receber prazer pelo Criador, o cabalista recebe o prazer mais
intenso, a Ohr Yechidá, que entra no Kli mais puro, Keter.
Se, ao preencher esses desejos mais rudimentares, a
pessoa for capaz de pensar no Criador e no Propósito da Criação, então,
enquanto estiver estudando e aprendendo os textos cabalísticos, e orando, ela
certamente estabelecerá um melhor contato com o Criador.
Existem cinco desejos de receber prazer no Kli.
Seu "tamanho" ou "volume" depende apenas da tela. O nível
de desejo ao qual a pessoa é capaz de resistir determina a Luz que entrará no Kli,
isto é, o nível do Kli. Primeiro, a pessoa trabalha com o Kli de Aviut
Shoresh e, gradualmente, cria a tela para o Aviut Aleph. Quando este
processo terminar, ela será capaz de receber a mesma tela para o Aviut Aleph
e trabalhar com ele. Depois, pouco a pouco, ela cria a tela para o Aviut
Beit, Guímel e Dalet. O Kli com o Aviut Shoresh
inicial deve possuir os rudimentos da tela para todos os cinco Behinot a
fim de construir uma tela para todos esses tipos de Aviut.
O Kli se constrói gradualmente, do desejo mais
ínfimo até o maior. Isso ocorre com o propósito de evitar a recepção egoísta de
prazer. Os desejos são medidos conforme a intensidade com que se sente o
prazer. É assim que a humanidade passa dos pequenos desejos aos maiores.
Ao começar a trabalhar com o desejo menor (Keter),
o homem transforma-o em um desejo altruísta com o auxílio da tela. Então, ele
recebe a Luz de Nefesh sentindo um grande prazer, pois o Criador está
parcialmente revelado nela, ou seja, o Kli assemelha-se ao Criador na
mesma medida da sua correção.
A Ohr Nefesh é o prazer de estar unido com o
Criador na menor parte, a quinta, na qual a pessoa é capaz de sentir a
eternidade, a sabedoria, o conhecimento absoluto, o maravilhoso prazer e a
perfeição. Tal estado do Kli significa transcender as barreiras do nosso
mundo, da nossa natureza. Até então, o Kli é incapaz de ver além deste
estado. Ainda assim, na medida em que vai se desenvolvendo, ele passa a sentir
cada vez mais estados perfeitos, recebendo prazeres cada vez maiores.
O recebimento da Ohr Nefesh pelo homem
significa que ele recebeu todas as cinco partes desta Luz: Nefesh de Nefesh,
Ruach de Nefesh, Neshamá de Nefesh, Chayá de Nefesh e Yechidá
de Nefesh. Qualquer Kli, qualquer recebimento, também contém cinco
partes, assim como recebemos informações nesse mundo, através dos nossos cinco
sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. Todas essas cinco Luzes devem
manifestar-se no Kli de Keter, no qual a Luz de Nefesh
entra em primeiro lugar. O mesmo ocorre com as outras Luzes.
Todo o aparato externo religioso apenas alude a ações
espirituais. Os grandes cabalistas de cada geração introduziram certas regras à
vida das massas religiosas a fim de as vincular à Torá e, com isso, educá-las.
Por exemplo: temos a tradição de vestir dois mantos, que simbolizam os dois
tipos de "Levushim" (vestimentas) que vestem a alma no Mundo
de Atzilut. Todos esses rituais religiosos têm um significado
cabalístico.
A principal Lei Espiritual é a equivalência dos
atributos do homem, seus desejos, com os do Criador. A Luz do Criador é
homogênea por natureza. Um determinado Kli, a depender dos seus
parâmetros internos, distingue, na Luz homogênea, diversos "sabores",
isto é, diferentes tipos de prazer: a Ohr Yashar, a Ohr Hozer, a Ohr
Elion, a Ohr Pnimi, a Ohr Makif etc. Todas elas são a mesma Luz, tudo depende
de como o Kli a percebe. Antes de entrar no Kli, a Luz é chamada
de Luz Superior Simples (Ohr Elion Mufshat), já que nela não se podem
distinguir diferentes propriedades.
É como no exemplo de Baal HaSulam a respeito do Maná
Celestial, que não tem gosto, mas que, mesmo assim, cada um sente o gosto que
corresponde a suas propriedades. Quando a Luz Superior Simples brilha na cabeça
do Partzuf ela é chamada de "Ohr Yashar" (Luz Direta).
A Luz refletida pela tela (Ohr Hozer) envolve a Ohr Yashar e
quando ambas entram no Kli, essa Luz recebe outro nome: Ohr Pnimi
(Luz Interna), ou Ta'amim (sabores).
Uma vez que o Partzuf recebe apenas uma certa
porção da Luz que vem a ele, o restante da Luz fica fora do Kli. Essa
parcela de Luz é chamada de "Ohr Makif" (Luz Circundante). O Partzuf
irá recebê-la gradualmente, em pequenas porções. O estado em que toda a Luz
Circundante poderá entrar no Partzuf é chamado de Gmar Tikun
(Correção Final).
A Luz que sai do Kli é chamada de "Nekudot"
(pontos), pois Malchut é chamada de ponto, um ponto negro, devido a suas
propriedades egoístas, incapazes de receber a Luz depois do TA. Depois
de preencher o Partzuf com a Luz Interna, a Luz Circundante pressiona a
tela do Tabur para que o Kli possa receber a Luz que ficou de
fora. Entretanto, o Partzuf não tem a Masach adequada para esta
Luz. Dessa forma, se ele a receber (sendo que ainda lhe falta a intenção pelo
Criador), tal recepção será egoísta.
Uma vez que a restrição
de receber a Luz é uma consequência do desejo egoísta de Malchut (o
ponto negro), a Luz que deixa Malchut é chamada de "Nekudot".
Quando a Luz Interna deixa o Partzuf, e brilha sobre ele de longe, ela
provoca uma sensação especial, uma impressão dentro do Kli chamada
lembranças (Reshimot). Essas lembranças constituem a informação vital
sem a qual o Partzuf não sabe para onde seguir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário