Até que a formação de todos os cinco Kelim do Partzuf
esteja completa, suas cinco Luzes não estão em seus lugares devidos e, além
disso, estão agrupadas em uma ordem inversa. Na ausência do Kli de Malchut, a
Luz de Yechidá não está presente no Partzuf. Na ausência de dois vasos, Malchut
e Tiferet, as Luzes de Yechidá e Chayá não estão presentes. Por um lado, surgem
os vasos puros, de Keter a Malchut, e, por outro, as Luzes mais fracas
(começando por Nefesh) são as primeiras a entrar neles.
Uma vez que a recepção da Luz ocorre nos vasos mais
puros, cada nova Luz deve passar pelo Kli de Keter. À medida que a nova Luz
entra no Kli de Keter, a Luz que estava ali desce ao Kli de Chochmá. Quando há
uma tela para o Kli de Chochmá, a Ohr Ruach entra no Kli de Keter e a Ohr
Nefesh desce a Chochmá.
À medida que a tela aumenta em força, os seguintes
vasos são formados: Biná, Tiferet e Malchut, então as Luzes de Neshamá, Chayá e
Yechidá podem, uma por vez, passar por Keter e preencher os vasos. Todas as Luzes
ficam em seus devidos lugares: Nefesh em Malchut, Ruach em Tiferet, Neshamá em
Biná, Chayá em Chochmá e Yechidá em Keter.
Tenha em mente a regra
da relação inversa entre as Luzes e os Vasos e você sempre será capaz de
distinguir se são as Luzes ou os vasos que estão sendo referidos em determinado
contexto, sem confundir-se. Aprendemos sobre os cinco Behinot (níveis) da tela
e como os níveis do Kli emergem um sob o outro em correspondência a eles.
Cada nova Luz é bilhões de vezes mais intensa que a
anterior. Dessa forma, cada nível subsequente é percebido como um mundo
totalmente diferente. Em nosso mundo, onde não temos, de fato, nenhuma tela,
não somos capazes de ver a Luz que está diante de nós. A pessoa pode vê-la
apenas com a ajuda da Luz Refletida (Ohr Hozer) e apenas na medida em
que Malchut a reflete.
Entretanto, ao estudar Cabalá, estimulamos a Ohr
Makif até que ela crie em nós o Kli primário de Keter, no
qual imediatamente recebemos a Ohr Nefesh. Esse estado significa o nosso
nascimento espiritual, a travessia da barreira (Machsom) entre o nosso
mundo e o Espiritual. Isso quer dizer que estamos no nível mais baixo do Mundo
de Assiyá.
Ao prosseguir o trabalho de correção, adquirimos a
tela seguinte, de Aviut Aleph, e recebemos a Luz de Ruach. Depois,
adquirimos as telas para os Kelim Beit, Guímel e Dalet e,
correspondentemente, recebemos as Luzes de Neshamá, Chayá e Yechidá.
A esta altura, todas as Luzes estão nos seus lugares corretos.
De que forma construímos uma tela? Se eu pudesse saber
e sentir minhas propriedades egoístas hoje, eu fugiria das correções! Não há
nada que meu egoísmo odeie mais do que a tela. Mesmo assim, eu não posso
escapar do Espiritual porque ignoro meu próprio egoísmo ou não compreendo
minhas propriedades. Esse estado inicial "inconsciente" é criado
deliberadamente para que a pessoa não se ressinta com a Espiritualidade, mas
sim, que a aspire por curiosidade e desejo de melhorar seu futuro.
Portanto, o princípio consiste em cruzar a barreira
apesar da nossa própria natureza. Isso ocorre inconscientemente: o homem não
sabe para onde está indo e nem o que pode acontecer. Depois de cruzar a Maschom,
o homem começa a ver que, até aquele momento, esteve em um estado de sonho.
Dois processos precedem a travessia da Maschom.
O primeiro é a compreensão do próprio mal, em que o homem começa a compreender
o quanto o seu egoísmo é prejudicial para si mesmo. O segundo consiste na
percepção de que a Espiritualidade é muito atrativa e não há nada mais valioso,
grandioso ou eterno do que isso.
Esses dois pontos opostos (a compreensão do mal e a
atração do espiritual) aparecem juntos na pessoa comum a fim de criar um nível
zero. À medida que ela avança espiritualmente, eles começam a afastar-se um do
outro. Ao mesmo tempo em que a espiritualidade eleva-se aos olhos da pessoa, o
seu egoísmo é percebido como nocivo.
Essa diferença entre eles, a estima pelo Espiritual e
a crítica ao egoísmo feita pela própria pessoa, aumenta tão extraordinariamente
que desperta, nela, um grito interno, um pedido pela solução desse problema. Se
esse clamor alcança a intensidade necessária, a tela lhe é dada de cima.
O estudo do egoísmo, sua correção e seu uso apropriado
compõem toda jornada do homem, desde o estado inicial até o fim definitivo (a Gmar
Tikkun). Nos Mundos Espirituais, o homem continua a estudar o seu egoísmo a
cada nível. Quanto mais alto nos elevamos, mais egoísmo nos é dado, para que,
ao trabalhar com ele, sejamos capazes de transformá-lo em altruísmo.
Tudo o que dissemos é dito sob a perspectiva da criação.
Não podemos dizer nada sobre o Criador, já que não sabemos realmente quem Ele
é. Do ponto de vista pessoal, eu apenas sei como Ele é percebido nas minhas
sensações. Só os filósofos têm tempo de especular sobre algo que nunca poderá
ser alcançado. Por isso, essa ciência deturpou-se totalmente.
A Cabalá opera apenas com aquilo que os cabalistas
sentiram e precisamente atraíram para si mesmos e, então, relataram a nós em
uma linguagem cabalística específica. Cada um pode reproduzir este processo
internamente, como se realizasse uma experiência científica rigorosa. O
instrumento para essa experiência é a tela que o homem deve criar no ponto
central do seu próprio egoísmo. Esse "eu" desenvolve-se com a ajuda
do método chamado Cabalá.
Há dois tipos de tela. A primeira é posicionada à
frente do Kli, no Peh do Partzuf, isto é, em Malchut
de Rosh. Ela reflete toda a Luz, como se estivesse de guarda até a
implementação do TA. A segunda tela recebe a Luz e trabalha com o Aviut
posicionado em Malchut de Guf. Ela absorve todo o egoísmo que
puder ser transformado na recepção pelo Criador.
De um modo geral, a tela sempre está em Malchut,
o ponto mais baixo do Partzuf. A reflexão e a recepção são suas duas
ações. A primeira forma o Rosh enquanto que a segunda forma o Guf
do Partzuf. Para mais detalhes, veja a Parte 3 ("Histaklut
Pnimit"), capítulo 14, página 5 do "Estudo das Dez Sefirot"
(não existe tradução para o português, ainda).
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