Depois da formação do Partzuf AB, ocorre o impacto entre a Ohr Makif e a Ohr Pnimi sobre a Masach de Guf de AB (de Aviut Guímel). Esse impacto contribui para a perda do último Behina da Reshimo de Masach. A Masach eleva-se ao Peh de Rosh e, ali, realiza um Zivug de Haka'a apenas no Aviut de Behina Beit. Esse Zivug forma as 10 Sefirot do nível de Biná, isto é, o Partzuf SAG do Mundo de Adam Kadmon, que não possui nem os Kelim de ZA e Malchut, nem as Luzes de Yechidá e Chayá.
Quando o Partzuf SAG expande-se no interior do Rosh e do Guf,
resulta em um Bitush Ohr Makif na sua Masach de Guf e na perda do último Behina
de Aviut da Masach, então ocorre o Behina Beit. A Masach de Reshimot de Aviut
de Behina Aleph e superiores eleva-se a Peh de Rosh e realiza um Zivug em
Behina Aleph, o que forma as 10 Sefirot do nível de Tiferet (ou ZA). Os Kelim
Biná, ZA e Malchut, e as Luzes de Yechidá, Chayá e Neshamá não se encontram
neste Partzuf.
O Behina Dalet em SAG possui
desejos? Ou eles são restringidos juntamente com os desejos de Behina Guímel? Existe algum desejo em Behina Dalet de AB ou eles também são restringidos?
Todos possuem esses desejos. Nos referimos apenas ao "desejo
de receber", sem o qual não há criação. Entretanto, havia o risco de que
as almas pudessem "roubar", receber em benefício próprio, então a
correção ocorre, tornando-as incapazes de ver qualquer coisa.
Agora, examinemos o que se diz: "Toda terra será preenchida
com Sua Glória", isto é, todos devemos sentir a Sua existência. Então por
que não podemos de fato senti-la? Isso é assim porque "Toda terra será
preenchida com Sua Glória" trata-se do ponto de vista do Criador, mas a
fim de impedir que a criação receba em benefício próprio, ocorre a Restrição.
Sem divisar o prazer, o homem não busca a espiritualidade.
A introdução ao "Estudo das Dez Sefirot" diz que se o
sistema de recompensa e castigo estivesse revelado, assim que a pessoa comesse
algo proibido ela se engasgaria com a comida. Quem ousaria, então, comer o que
fosse proibido? Ou, o contrário: Se o homem sentisse um enorme prazer quando
vestisse o Tzitzit (um manto ritual
de orações), ele nunca o tiraria. Portanto, se sentíssemos o prazer espiritual,
nós imediatamente o desejaríamos em nosso benefício.
Existe apenas uma lei inerente ao egoísmo: "Trabalhar menos e
receber mais", ele não conhece nada mais. Assim, o que a pessoa pode fazer
se não consegue nem ver e nem receber nada? O Criador nos diz: "Eu dou
tudo livremente e vocês devem doar livremente". Devemos alcançar o nível
em que consigamos doar sem esperar nenhuma recompensa. Por isso, houve o Tikun (correção), não podemos ver e nem
"roubar". Está escrito na Gemará
(Tratado de "Sanhedrin"): "Adam
HaRishon foi um ladrão" (ele roubou do Criador).
No princípio, era o domínio do Criador, isto é, tudo o que Adam HaRishon fazia tinha o propósito da
doação, nada era em seu benefício. Entretanto, ao ver a imensa Luz, ele não foi
capaz de recebê-la com a intenção de doar, e a tomou para si. Isso é o que
significa "que ele toma a Luz do domínio do Criador para si mesmo";
como consequência, ele é chamado de "um ladrão".
Para garantir que isso nunca mais aconteça, estebeleceu-se a
correção das almas, por isso que elas não conseguem ver nada. O homem não
deveria pedir recebimentos e alturas espirituais, mas Kelim para conseguir ver.
Para nomear um Partzuf,
não é preciso dizer em qual Behina
ocorreu um Zivug, basta dar o seu
valor numérico, a Gemátria, a fim de
se saber como ele é qualitativamente. Yud-Hey-Vav-Hey
é a base de qualquer Kli. Malchut do Mundo do Infinito e todo o
Universo consiste dessa mesma e única estrutura. A quantidade de matéria dessa
estrutura, isto é, a utilização de um desejo com a intenção correta equivale à
Luz recebida pelo Partzuf. O valor
numérico denota a quantidade e a qualidade dessa Luz.
O Partzuf Galgalta
corresponde à toda Malchut do Mundo
do Infinito e possui a maior tela no Universo. Se ele recebesse o máximo da sua
capacidade em prol do Criador, como poderia haver espaço para outro Partzuf? O que AB pode acrescentar àquilo que Galgalta
ainda não recebeu?
Ocorre que AB também
corresponde à Malchut do Mundo do
Infinito, e ela pode receber a Luz que Galgalta
não pôde. A tela do Partzuf seguinte
é mais fraca: ela interage com uma Luz de qualidade diferente, muito menos
poderosa que a de Galgalta e, como
consequência, AB pode receber uma
porção adicional de Luz.
Cada Partzuf subsequente
recebe a Luz de uma qualidade mais baixa. Cada novo Partzuf é um estado absolutamente novo. AB atrai os seus desejos do Sof
de Galgalta, isto é, trabalha com
desejos que o Partzuf predecessor não
era capaz de trabalhar. Galgalta quis
receber a Ohr Yechidá, enquanto que AB, apenas a Ohr Chayá.
Quando Malchut do Mundo
do Infinito expulsa toda a Luz, ela é chamada de Dalet de Aviut e Dalet de
Hitlabshut. E mostra que contém as Reshimot
de todo o Mundo do Infinito. Galgalta
passa a trabalhar com essas Reshimot,
realiza um Zivug de Haka’a em Dalet/Dalet e recebe a Luz
correspondente. Quando ocorre o Bitush
Pnim u Makif, permanecem o Dalet de
Histlabshut e Guímel de Aviut. O Dalet de
Aviut desaparece, pois o Partzuf decide não trabalhar mais com
ele, então o anula.
Existe uma relação inversa entre o Kli e a Luz. Quanto menor o Kli,
mais próximo ele está da Luz em suas propriedades. Digamos que eu tenha cinco
desejos egoístas, do mais puro ao mais grosseiro. O meu desejo mais puro é o
mais próximo do Criador, enquanto que o mais grosseiro é o mais distante. Malchut tem cinco desejos: Shoresh, Aleph, Beit, Guímel e Dalet. Colocando de forma mais precisa:
essas são as cinco fases do desenvolvimento do mesmo "desejo de
receber". Shoresh é o desejo
mais puro e mais elevado, portanto, é o que está mais próximo do Criador.
Quando Malchut instala a
tela sobre o seu desejo egoísta, a lei que afirma que o desejo mais puro está
mais próximo do Criador permanece inalterada. Além disso, a intenção em
benefício do Criador é instilada nele, e é exatamente essa intenção que o
permite receber mais Luz do que um desejo tão pequeno receberia. Malchut com Masach "atrai" a Luz, mas esta é recebida por Keter (a parte mais pura e elevada do Kli), e não por Malchut.
Os elementos principais do Universo são:
-
A Luz que emana diretamente do Criador;
-
O prazer do "desejo de receber"
egoísta criador por Ele;
-
A tela que emerge como reação à Luz recebida
A Cabalá estuda esses elementos nos seus diversos estados. A
correspondência harmoniosa entre a tela, a Luz e o desejo constitui a alma, que
dita suas leis aos anjos, aos Levushim
e aos objetos materiais.
Cada Partzuf preenche Malchut do Mundo do Infinito. Assim, os Partzufim ocultam da Luz o seu ponto
mais interno. Nós somos o ponto central. Portanto, no que nos diz respeito,
todos os Mundos, todos os Partzufim,
são as telas restritoras. Por outro lado, dizemos que todos os Mundos foram
criados em uma ordem descendente, isto é, antes da existência do homem.
Os mundos são as medidas de ocultação do Criador. Galgalta oculta 20% do Criador para o Partzuf abaixo dele, então, AB vê apenas 80% do Criador. Mesmo
assim, esses 80% são o Criador para ele, portanto, eles são, na verdade, 100%
para AB. Isso segue assim até que os cinco Mundos, que consistem de cinco Partzufim, sendo que cada Partzuf consiste de cinco Sefirot, ocultem plenamente de nós a Luz
do Criador por trás de 125 telas. A Luz não alcança de forma alguma o nosso
mundo. Estamos atrás da tela e não conseguimos ver nem sentir o Criador.
Por outro lado, à medida que o homem ascende e atinge o nível de
algum Partzuf, ele constrói uma tela
equivalente a esse Partzuf e, ao
fazê-lo, elimina a ocultação do Criador naquele nível. Ao elevar-se ao nível
seguinte, o homem neutraliza sua ocultação com a ajuda da sua tela, recebendo o
Criador naquele nível, e assim por diante. No instante em que anula todos os
filtros, ele alcança todos os níveis que o separam do Criador. Os Mundos foram
criados para nos ensinar como agir em cada situação. Portanto, a ocultação do
Criador é descendente, enquanto que a revelação ocorre na direção oposta. Os
degraus, pelos quais a alma sobe, por assim dizer, desaparecem depois disso.
O Partzuf mais baixo
conhece o anterior e compreende que é incapaz de receber tanta Luz quanto
aquele. Entretanto, a fim de prover de Luz o Partzuf mais baixo, cada Partzuf
mais alto deve enviar seu pedido por Luz (chamado MAN) para o Partzuf acima
de si. Uma vez que cada novo Partzuf
é um desejo absolutamente novo que, depois do TA, nunca foi preenchido de Luz, cada novo Partzuf leva a um novo recebimento, superando o Partzuf anterior tanto em qualidade
quanto em quantidade.
A Luz recebida por cada Partzuf
subsequente vem a ele através do Partzuf
anterior. Todos os Partzufim pelos
quais ela passa recebem sua parcela de Luz, e essa porção é imensuravelmente
maior que a quantidade de Luz que será recebida pelo último desta cadeia.
Apenas Galgalta recebe a Luz
diretamente do Mundo do Infinito.
Todas as nossas ações são baseadas nos nossos desejos. A mente
desempenha apenas um papel auxiliar nisso. A mente percebe, de forma
consciente, apenas o que penetra os sentidos, ela calcula e os analisa. Quanto
mais amplas e profundas forem as sensações, mais a mente é necessária para o
seu processamento.
Se pensarmos em uma pessoa que
estuda Cabalá e se entrega a algum tipo de trabalho interior, então, quanto
mais sutil for o trabalho, mais flexível e precisa a sua mente deve ser a fim
de diferenciar e analisar suas sensações para chegar a conclusões adequadas.
Entretanto, a mente sempre permanece como uma ferramenta auxiliar do desejo. A
mente é necessária apenas para a obtenção do objeto desejado. Todos nós
desejamos o prazer, e a mente nos auxilia na conquista desse prazer. Se o homem
deseja fazer uma pesquisa científica, sua mente o ajuda a chegar lá. O homem
acredita que vive apenas pela sua mente, portanto, ele está acima de todas as
demais criaturas.
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