terça-feira, 13 de março de 2018

Hillulot das Faíscas Sagradas


Rabi Yitzchak Luria


5 de Av |17/07/2018

(Tradução de Tati Franz)



Nascido em: Jerusalém, Israel, 1534

Falecido em: Safed, Israel, 1572



Respeitosamente conhecido como Ari HaKadosh, o Santo Ari. O nome Ari é um acrônimo de Eloki Rabbi Yitzchak. Há quem diga que significa Leão, pois ele foi o leão da sua geração.



“Nosso Mestre disse que onde termina a filosofia, começa a Kabbalah. E onde terminam os ensinamentos cabalísticos do Ramak, começam os ensinamentos do Ari”, escreveu o Rabi Chaim em nome do seu professor, o Gaon de Vilna.


O Ari perdeu o pai (Shlomo) ainda muito jovem e sua mãe se viu forçada a ir morar com a família no Egito, onde seu tio, Rabi Moshe Francis, que era muito rico, os ajudou e cuidou de todas as suas necessidades, como um pai verdadeiramente atencioso. O Ari casou com uma prima, filha desse mesmo tio.


Estudou na Yeshivá do Rabi David ibn Zimra (o Radbaz), um grande e notável erudito, de quem mais de três mil responsas haláchicas foram publicadas. Seu Rabi foi o Rabi Betzalel Ashkenazi, autor do famoso Shita Mekubetzet. O Ari passava boa parte do seu tempo recluso em uma pequena casa ao lado do Rio Nilo, onde estudava ininterruptamente. Ali, Eliyahu Ha Navi aparecia e lhe ensinava Segredos de Torá, conhecidos como Sod ou Kabbalah.



As fontes da Chochmá (Sabedoria) estavam abertas para ele. Além disso, enquanto dormia, sua alma elevava-se às Esferas Superiores até alcançar a Metivta d’rekiya, a Academia Celestial. Lá, o Anjo que guarda a entrada lhe perguntava com quem desejava estudar. Às vezes, ele escolhia a Yeshivá dos Tzadikim mencionados no Zohar, o tanaíta Rabi Shimon Bar Yochai, Rabi Yeiva Saba ou Rabi Hamnuna Saba, que explicavam-lhe as diversas passagens do Zohar que ele havia estudado naquele dia, mas que não haviam sido totalmente compreendidas. Outras vezes, ele preferia visitar a Yeshivá de Betzalel ben Uri ben Chur, construtor do Mishkan, ou Aharon HaKohen, com quem aprendia todos os segredos aludidos na estrutura do Mishkan e do Avodah, o serviço divino.
        

Em diferentes ocasiões, ele escolhia estudar com os Profetas, com quem refletia acerca dos segredos ocultos nas suas profecias. O Ari precisava apenas dizer a palavra e o Anjo o levaria ao professor de sua escolha. Com isso, o Ari pôde receber o que está além da compreensão e entendimento humanos.



Foi Eliyahu Ha Navi que lhe disse para ir à cidade de Safed, no norte de Israel, onde encontraria o Rabi Chaim Vital, a quem deveria revelar os ensinamentos secretos, que seriam conhecidos como Kabbalah Luriânica. E, assim, em 1570, com apenas 36 anos, dois anos e meio antes da sua morte, o Ari estabeleceu-se em Safed, conhecida como o centro da Kabbalah daquela época. Lá vivia o grande cabalista Rabi Moshe Cordovero, o Ramak (autor do Pardes Rimonim e Or Yakar, obras cabalísticas sobre o Zohar).



Embora o Ramak tenha falecido com 48 anos, e apenas meio ano depois da chegada do Ari à cidade de Safed, referia-se a ele como Moreinu, nosso mestre. Com o tempo, o sistema de estudos cabalísticos desenvolvido pelo Ari foi aceito dentre aqueles que estudam os seus segredos ocultos, substituindo os sistemas antigos.

Ainda que fosse muito jovem (apenas 36 anos), o Ari estava uma “cabeça e um ombro” acima de todos os outros, mesmo daqueles muito mais velhos que ele. Sua santidade e profundo conhecimento tanto do nigleh (Torá revelada) quanto de nistar (Torá oculta) era evidente a todos. Não havia qualquer área da Torá que lhe escapasse. Mesmo os grandes vinham beber de suas águas, implorando-o para serem admitidos no seu círculo de alunos.



O próprio Ari nunca escreveu nenhum de seus ensinamentos cabalísticos. Os únicos escritos seus que temos são uns poucos piyutim e alguns belos zemirot, tais como Azameir Bishvachin, Asader Lis’udata e Bnei Heichala, músicas que são cantadas no Shabat. Quase tudo o que sabemos hoje foi registrado pelo seu estimado aluno, Rabi Chaim Vital. E é preciso ter em mente que tudo isso foi feito no curto espaço de tempo de dezoito meses, pois o Ari faleceu com apenas 38 anos de idade.



Ele ensinou os segredos do Zohar de cabeça, sem qualquer texto na sua frente. E também ensinou yichudim e kavanot especiais a seus alunos. Entretanto, não transmitiu todo o seu conhecimento diretamente a eles. Antes disso, ensinava apenas as notas introdutórias. Só Chaim Vital recebia as explicações completas das palavras do mestre, para o benefício dos outros.



Seus alunos imploravam para que escrevesse seus ensinamentos, a fim de que pudessem estudá-los mais detidamente, e para que as futuras gerações também pudessem se beneficiar de sua sabedoria, mas o Ari sentia que seria melhor que o Rabi Chaim registrasse seus ensinamentos à medida que as palavras fluíam da sua boca. Chaim Vital foi seu fiel escriba e o único em quem o Ari confiava para esta difícil tarefa, e apostava na sua compreensão apurada, pois sabia que Chaim Vital era quem melhor absorveria e transmitiria o que desejava dizer.


Rabi Chaim Vital escreveu sobre o mestre: “O Ari transbordava Torá. Ele era totalmente proficiente no Tanach, na Mishná, no Talmud, em Pilpul, Midrash, Agadá, Ma’aseh Bereshit e Ma’aseh Merkavá. Era proficiente na linguagem das árvores, dos pássaros e na fala dos Anjos. Ele conseguia ler os rostos das pessoas à maneira descrita no Zohar (2:74b). Ele podia saber tudo o que qualquer pessoa tivesse feito, e também o que faria no futuro. Ele conseguia ler o pensamento das pessoas, frequentemente antes mesmo do pensamento ter entrado na mente delas. Ele sabia dos eventos futuros, estava à par de tudo o que acontecia aqui na Terra, e o que havia sido decretado nos Céus. Ele conhecia os mistérios do Guilgul (reencarnação), quem já havia encarnado antes e quem estava aqui pela primeira vez. Ele conseguia olhar para a pessoa e lhe dizer de que maneira ela estava conectada a Adam Kadmon, o Homem Primordial, e de que forma se relacionava com ele. Era capaz de ler coisas espantosas (sobre as pessoas) na luz de uma vela ou na chama de uma fogueira. Com seus olhos, ele observava e conseguia ver as almas dos Justos, tanto daqueles que haviam falecido há pouco quanto tempo quanto os que haviam vivido em tempos muito antigos. Com estes, ele estudava os verdadeiros mistérios. Pelo cheiro de uma pessoa, ele podia saber tudo o que ela tinha feito, uma habilidade que o Zohar atribui à Yenika (criança) Celestial (Zohar 3:188a). Era como se todos esses mistérios estivessem no seu íntimo, esperando para serem ativados sempre que ele desejasse. Ele não precisava fazer mitboded (isolar-se) para encontrá-los. Tudo isso nós vimos com os nossos próprios olhos. Não foram coisas de que ouvimos falar. Eram coisas maravilhosas que não se viam mais no mundo desde a época do Rabi Shimon bar Yochai. Nada disso foi recebido por ele através de magia, os ceus proíbam, mas vieram a ele automaticamente, como resultado da sua santidade e ascetismo, após muitos anos de estudo em textos cabalísticos tanto antigos quanto mais recentes. Com isso, ele aumentou sua misericórdia, ascetismo, pureza e santidade até alcançar um nível em que Eliyahu Ha Navi (o profeta Elias) se lhe revelava constantemente, falando-lhe de “boca a boca” e ensinando-lhe esses mistérios.


6 comentários:

Sandra Berto disse...

Que brilhe sobre nós a faísca deste Teu Servo. Gratidão, Maguid.

Margarete Conter disse...

Continuemos caminhando. Nós não temos tempo à perder...Gratidão!

Sandra Berto disse...

Corrigindo...
Altíssimo, que brilhe sobre nós a faisca deste Teu Servo Sagrado.
Gratidão, Maguid.

Unknown disse...

Gratidão Maguid!

Sônia Scheuerlein Haim disse...

É um privilégio poder ler textos como esse, gratidão, maguid.

renata lehmann disse...

Agradeço teus ensinamentos. São de muita valia para mim.

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