Rabi Yitzchak Luria
5 de
Av |17/07/2018
(Tradução
de Tati Franz)
Nascido em: Jerusalém, Israel, 1534
Falecido em: Safed, Israel, 1572
Respeitosamente conhecido como Ari HaKadosh, o Santo Ari. O nome Ari é um acrônimo de Eloki Rabbi
Yitzchak. Há quem diga que significa Leão, pois ele foi o leão da sua geração.
“Nosso Mestre disse que onde termina a
filosofia, começa a Kabbalah. E onde terminam os ensinamentos cabalísticos do
Ramak, começam os ensinamentos do Ari”, escreveu o Rabi Chaim em nome do seu
professor, o Gaon de Vilna.
O Ari perdeu o pai (Shlomo) ainda muito jovem
e sua mãe se viu forçada a ir morar com a família no Egito, onde seu tio, Rabi
Moshe Francis, que era muito rico, os ajudou e cuidou de todas as suas
necessidades, como um pai verdadeiramente atencioso. O Ari casou com uma prima,
filha desse mesmo tio.
Estudou na Yeshivá
do Rabi David ibn Zimra (o Radbaz),
um grande e notável erudito, de quem mais de três mil responsas haláchicas
foram publicadas. Seu Rabi foi o Rabi Betzalel Ashkenazi, autor do famoso Shita Mekubetzet. O Ari passava boa
parte do seu tempo recluso em uma pequena casa ao lado do Rio Nilo, onde
estudava ininterruptamente. Ali, Eliyahu
Ha Navi aparecia e lhe ensinava Segredos
de Torá, conhecidos como Sod ou Kabbalah.
As fontes da Chochmá (Sabedoria)
estavam abertas para ele. Além disso, enquanto dormia, sua alma elevava-se às Esferas
Superiores até alcançar a Metivta
d’rekiya, a Academia Celestial. Lá, o Anjo que guarda a entrada lhe
perguntava com quem desejava estudar. Às vezes, ele escolhia a Yeshivá dos Tzadikim mencionados no Zohar,
o tanaíta Rabi Shimon Bar Yochai, Rabi Yeiva Saba ou Rabi Hamnuna Saba, que
explicavam-lhe as diversas passagens do Zohar
que ele havia estudado naquele dia, mas que não haviam sido totalmente
compreendidas. Outras vezes, ele preferia visitar a Yeshivá de Betzalel ben Uri ben Chur, construtor do Mishkan, ou Aharon HaKohen, com quem aprendia todos os segredos aludidos na
estrutura do Mishkan e do Avodah, o serviço divino.
Em diferentes ocasiões, ele escolhia estudar
com os Profetas, com quem refletia acerca dos segredos ocultos nas suas
profecias. O Ari precisava apenas dizer a palavra e o Anjo o levaria ao
professor de sua escolha. Com isso, o Ari pôde receber o que está além da
compreensão e entendimento humanos.
Foi Eliyahu
Ha Navi que lhe disse para ir à cidade de Safed, no norte de Israel, onde
encontraria o Rabi Chaim Vital, a
quem deveria revelar os ensinamentos secretos, que seriam conhecidos como
Kabbalah Luriânica. E, assim, em 1570, com apenas 36 anos, dois anos e meio
antes da sua morte, o Ari estabeleceu-se em Safed, conhecida como o centro da
Kabbalah daquela época. Lá vivia o grande cabalista Rabi Moshe Cordovero, o Ramak
(autor do Pardes Rimonim e Or Yakar, obras cabalísticas sobre o Zohar).
Embora o Ramak
tenha falecido com 48 anos, e apenas meio ano depois da chegada do Ari à cidade
de Safed, referia-se a ele como Moreinu,
nosso mestre. Com o tempo, o sistema de estudos cabalísticos desenvolvido pelo
Ari foi aceito dentre aqueles que estudam os seus segredos ocultos, substituindo
os sistemas antigos.
Ainda que fosse muito jovem (apenas 36 anos), o Ari estava uma “cabeça e um ombro” acima de todos os outros, mesmo daqueles muito mais velhos que ele. Sua santidade e profundo conhecimento tanto do nigleh (Torá revelada) quanto de nistar (Torá oculta) era evidente a todos. Não havia qualquer área da Torá que lhe escapasse. Mesmo os grandes vinham beber de suas águas, implorando-o para serem admitidos no seu círculo de alunos.
O próprio Ari nunca escreveu nenhum de seus
ensinamentos cabalísticos. Os únicos escritos seus que temos são uns poucos piyutim e alguns belos zemirot, tais como Azameir Bishvachin, Asader
Lis’udata e Bnei Heichala, músicas
que são cantadas no Shabat. Quase tudo o que sabemos hoje foi registrado pelo
seu estimado aluno, Rabi Chaim Vital.
E é preciso ter em mente que tudo isso foi feito no curto espaço de tempo de
dezoito meses, pois o Ari faleceu com apenas 38 anos de idade.
Ele ensinou os segredos do Zohar de cabeça, sem qualquer texto na
sua frente. E também ensinou yichudim
e kavanot especiais a seus alunos.
Entretanto, não transmitiu todo o seu conhecimento diretamente a eles. Antes
disso, ensinava apenas as notas introdutórias. Só Chaim Vital recebia as
explicações completas das palavras do mestre, para o benefício dos outros.
Seus alunos imploravam para que escrevesse
seus ensinamentos, a fim de que pudessem estudá-los mais detidamente, e para
que as futuras gerações também pudessem se beneficiar de sua sabedoria, mas o
Ari sentia que seria melhor que o Rabi Chaim registrasse seus ensinamentos à
medida que as palavras fluíam da sua boca. Chaim Vital foi seu fiel escriba e o
único em quem o Ari confiava para esta difícil tarefa, e apostava na sua
compreensão apurada, pois sabia que Chaim Vital era quem melhor absorveria e
transmitiria o que desejava dizer.
Rabi Chaim Vital escreveu sobre o mestre: “O Ari transbordava Torá. Ele era totalmente proficiente no Tanach, na Mishná, no Talmud, em Pilpul, Midrash, Agadá, Ma’aseh Bereshit e Ma’aseh Merkavá. Era proficiente na linguagem das árvores, dos pássaros e na fala dos Anjos. Ele conseguia ler os rostos das pessoas à maneira descrita no Zohar (2:74b). Ele podia saber tudo o que qualquer pessoa tivesse feito, e também o que faria no futuro. Ele conseguia ler o pensamento das pessoas, frequentemente antes mesmo do pensamento ter entrado na mente delas. Ele sabia dos eventos futuros, estava à par de tudo o que acontecia aqui na Terra, e o que havia sido decretado nos Céus. Ele conhecia os mistérios do Guilgul (reencarnação), quem já havia encarnado antes e quem estava aqui pela primeira vez. Ele conseguia olhar para a pessoa e lhe dizer de que maneira ela estava conectada a Adam Kadmon, o Homem Primordial, e de que forma se relacionava com ele. Era capaz de ler coisas espantosas (sobre as pessoas) na luz de uma vela ou na chama de uma fogueira. Com seus olhos, ele observava e conseguia ver as almas dos Justos, tanto daqueles que haviam falecido há pouco quanto tempo quanto os que haviam vivido em tempos muito antigos. Com estes, ele estudava os verdadeiros mistérios. Pelo cheiro de uma pessoa, ele podia saber tudo o que ela tinha feito, uma habilidade que o Zohar atribui à Yenika (criança) Celestial (Zohar 3:188a). Era como se todos esses mistérios estivessem no seu íntimo, esperando para serem ativados sempre que ele desejasse. Ele não precisava fazer mitboded (isolar-se) para encontrá-los. Tudo isso nós vimos com os nossos próprios olhos. Não foram coisas de que ouvimos falar. Eram coisas maravilhosas que não se viam mais no mundo desde a época do Rabi Shimon bar Yochai. Nada disso foi recebido por ele através de magia, os ceus proíbam, mas vieram a ele automaticamente, como resultado da sua santidade e ascetismo, após muitos anos de estudo em textos cabalísticos tanto antigos quanto mais recentes. Com isso, ele aumentou sua misericórdia, ascetismo, pureza e santidade até alcançar um nível em que Eliyahu Ha Navi (o profeta Elias) se lhe revelava constantemente, falando-lhe de “boca a boca” e ensinando-lhe esses mistérios.
6 comentários:
Que brilhe sobre nós a faísca deste Teu Servo. Gratidão, Maguid.
Continuemos caminhando. Nós não temos tempo à perder...Gratidão!
Corrigindo...
Altíssimo, que brilhe sobre nós a faisca deste Teu Servo Sagrado.
Gratidão, Maguid.
Gratidão Maguid!
É um privilégio poder ler textos como esse, gratidão, maguid.
Agradeço teus ensinamentos. São de muita valia para mim.
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