quinta-feira, 29 de julho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (62)


Mito: Kabbalah é magia

 

É um erro comum se pensar que a Kabbalah se relacione com previsão de futuro, revelações do passado e estudo do presente. A definição de Kabbalah, como estabelecido no capítulo 2 é a “Revelação do Criador à Sua criatura neste mundo” e agora mesmo, não depois da morte. Talvez algumas pessoas tenham imaginado esse paralelismo por conta da percepção de aspectos secretos em torno dessa Sabedoria.

 

De qualquer modo, a Kabbalah não tem nenhuma conexão com magia, e de fato proíbe a adivinhação da fortuna ou qualquer intento de averiguar o destino do corpo físico. O corpo é temporal, desdenhável, e, portanto, insignificante. Não merece mais atenção além da questão de como ele deve servir à alma.

 

domingo, 25 de julho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (61)

 

Mito: Deves ter 40 anos de idade, ser homem e estar casado

 

É verdade que, no passado, a pessoa devia ter ao menos 40 anos de idade, ser homem e estar casado para estudar Kabbalah, mas isso foi num passado distante. O Ari, o rabino Isaac Lúria, abriu o estudo dessa ciência para todas as pessoas já no século XVI.

 

Como explicaremos com maior profundidade no próximo capítulo, o Ari determinou que a partir da sua geração a Kabbalah seria permitida a todos: homens, mulheres e crianças. Tudo o que se necessita é um desejo e uma paixão pela espiritualidade e uma busca do significado da vida. Estes são, hoje em dia, os únicos requisitos para o estudo da Kabbalah. Apesar de o Ari ter instruído a seu leal estudante, Chaim Vital, a manter em segredo o seu conhecimento, também se referiu àquela geração como a última, o que significa a última geração da corrupção e a primeira geração do período de correção.

 

Kab-trívia: Uma famosa história sobre os estudantes do Ari demonstra o quão maduros estavam os tempos ao juízo desse mestre. Certo dia, ele disse aos seus alunos: “Se todos nós formos a Jerusalém (eles viviam no norte, em Safed), conseguiremos terminar as nossas correções e alcançaremos o grau mais alto. Apenas precisamos fazer isto juntos. Apesar do pedido do mestre, a maioria dos alunos não conseguiu ir com ele: um tinha um filho doente, outro não conseguiu autorização da esposa para viajar, e outro não tinha energia necessária para uma caminhada tão longa. Eles permaneceram em Safed e a Gmar Tikun (correção final) se afastou de todos nós. No entanto, o Ari acreditava que era possível alcançar a correção.  

 

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (60)

  

Mito: A Kabbalah é uma religião

 

Esta é uma confusão muito comum e que vale a pena esclarecer desde o princípio. A Sabedoria da Kabbalah não se relaciona com nenhuma religião ou crença. Não tem nada a ver com meditações, profecias, questões religiosas e inclusive o estado mental de um indivíduo. No entanto, as religiões são combinações de rituais desenhados pelos seres humanos para apoiá-los em suas existências terrenas. Embora as religiões como o judaísmo e o cristianismo tenham conceitos similares do Mundo Superior (o céu, a vida depois da morte e etc), grande parte das religiões ensina como devem existir os seres humanos no mundo temporal. A Kabbalah é considerada mais uma ciência do que uma religião. Como tal, ela estuda e proporciona uma maneira de se compreender o núcleo essencial da humanidade, do Mundo Superior, do Universo inteiro e do Criador. O resultado desse estudo é o descobrimento de que a humanidade deseja ser semelhante ao Criador. A Sabedoria da Kabbalah é a ciência do sistema da criação e de seu manejo.

 

A Kabbalah ensina como qualquer pessoa pode aceder à revelação do sistema da criação. Toda alma, toda pessoa, deve, em última instância, lograr uma sensação completa da criação inteira e não somente da pequena parte que percebe em seus cinco sentidos. A Kabbalah não trata tanto de se adorar uma deidade ou de se aderir a um sistema de crenças, como tendem a ser as religiões. Pelo contrário, trata de avançar à união com o restante da criação em seu sentido mais pleno.

 

Uma das diferenças-chave entre Kabbalah e religião é que o cabalista assume uma perspectiva ativa e um indivíduo religioso assume uma perspectiva passiva. Noutras palavras, uma pessoa religiosa reza para pedir benefícios ao Criador. Por exemplo, se ela estiver doente, rezará para que o Criador lhe garanta saúde. Um cabalista, por outro lado, reza ao Criador para pedir correção e, na maioria dos casos, ignora por completo a sua saúde pessoal. Esta pessoa diz ao Criador: “Transforma-me”, em lugar de “Muda o teu jeito de me tratar”.

 

No caminho: Uma pessoa religiosa crê que uma força superior que a governa determina todas as leis que o indivíduo deve cumprir. A Kabbalah é diferente porque agrega a oportunidade de se sentir o Criador de modo direto. É indiferente se alguém respeita determinadas leis religiosas, porque a nossa única preocupação é o nosso contato interno com o Criador.

 

Outra confusão é que a Kabbalah seria um “assunto judaico”. Na verdade, as raízes da Kabbalah não se encontram no judaísmo, mas se estendem aos dias da Babilônia, antes do nascimento do judaísmo. A Kabbalah começou ao redor de 5000 anos atrás, na Mesopotâmia (que agora é o Iraque), na cidade da Babilônia. O judaísmo tal como nós o conhecemos começou depois da destruição do II Templo, há aproximadamente 2000 anos. Os cabalistas sustentam que Moisés recebeu as 613 leis da Kabbalah, um conjunto de ações espirituais que se realizam de modo interno. Quando essas 613 ações são realizadas, alcança-se a união plena com o Criador, que já descrevemos.

 

O judaísmo, por outro lado, é uma coleção de normas que ditam como devemos nos conduzir neste mundo temporal e físico. A Kabbalah ensina algo muito diferente do que tradicionalmente nos exigem saber neste mundo, de que maneira devemos prover o nosso sustento, de como devemos nos comportar, de como devemos nos vestir. Como dissemos antes, a Kabbalah se relaciona com o Mundo Superior. Este mundo e nossos corpos físicos servem somente como degraus para que nos acerquemos do Mundo Superior. Assim, vemos que a Kabbalah na realidade não é judaísmo e nem sequer compartilha dos mesmos temas.

 

De fato, a Kabbalah pode ser vista como oposta às práticas religiosas. Esta Sabedoria te dirige de maneira natural à reflexão e à transformação interna, que te afastam da realização de rituais e de seguir qualquer mandamento religioso. 


Esta é a razão pela qual as religiões tendem a se opor à Kabbalah.

 

domingo, 18 de julho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (59)

 

5

 

Desfazer os mitos

 

Neste capítulo

 

*A Kabbalah não é uma religião *A Kabbalah não está restringida a uns poucos indivíduos * A Kabbalah não é magia *A Kabbalah não é um culto *A Kabbalah não é um assunto da Nova Era

 

Existem muitos mitos e crenças, alguns bastante antigos, a respeito da Kabbalah. Agora que você compreendeu melhor o que é esta Sabedoria, o que é que ela proporciona e como ela funciona, vamos examinar algumas das confusões mais comuns. Este capítulo esclarece a noção que as pessoas tem da Kabbalah ao examinar algumas ideias incorretas a seu respeito e ao mostrar o que a Kabbalah não é.

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (58)

 

O mínimo que necessitas saber

 

·       A história da humanidade representa um sempre crescente desejo de mais;

·       O fato de conheceres os teus atributos negativos, o mal, com o tempo te leva a conhecer o Criador;

·       O desejo de mais coisas mundanas pode te levar a um vazio maior, o qual te leva a um desejo por espiritualidade;

·       A incapacidade de alcançar uma satisfação completa através dos desejos mundanos abre o desejo de espiritualidade, o “ponto no coração” dos cabalistas;

·       A intenção é a força que impulsiona o resultado das ações, a vontade atrás do ato.

domingo, 11 de julho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (57)

 

Muda tua intenção, não teu ato

 

Desde o princípio, a intenção do Criador foi preencher o desejo. Não obstante, isso somente ocorre quando tua intenção se assemelha ao atributo do Criador de doar através do teu livre arbítrio. Isso se adquire quando transformas a tua vontade por prazer próprio pela vontade de comprazer o Criador. E Ele se compraz quando adquires as Suas qualidades. 

 

Quando adquires essa intenção, o desejo de desfrutar se torna equivalente ao desejo do Criador de doar. Te aproximas da perfeição através do uso correto de teu único atributo: a recepção do prazer. Esta é uma mudança de intenção, uma mudança na orientação das tuas ações e não nas tuas ações mesmas. A mudança na intenção de nosso desejo compreende três fases:

 

1.    Evitar o uso do desejo em sua forma original;

2.    Isolar de teu desejo de desfrutar somente aqueles desejos valiosos, em quantidade e qualidade, para usá-los com o fim de comprazer o Criador;

3.    Relacionar-te e descobrir o Criador no nível espiritual. Isso só é possível através do isolamento do desejo e corrigindo a tua intenção que não esteja focada Nele.

 

Em poucas palavras, a Kabbalah te pede que mudes as tuas atitudes normais acerca da percepção. Te pede que vejas,  através da matéria, as forças que estão por trás dela.

 

No campo da espiritualidade, precisas renunciar a ver a imagem da realidade com a qual nasceste. E em troca disso, poderás conhecer as forças que pintam essa imagem. Podes conhecer o artista. Assim, vais adquirir a capacidade de te conectares com as forças que criam essa imagem, e, em última instância, vais governá-las. Começarás a compreender como a realidade está feita.

 

No caminho: A realidade é como um bordado. Quando olhas a superfície, vês uma imagem coerente. No entanto, ao observar a imagem por trás, com todos os seus aspectos que conformam o quadro, encontrarás uma desordem de nós e fios e não conseguirás distinguir onde começam e onde terminam, e a que parte da imagem pertencem. A Kabbalah te ajuda a compreender os fios atrás do pano e te ensina a te converter no bordador mesmo, de modo a que possas construir uma imagem ao teu gosto.  

 

Isto se refere à sociedade como um todo e também aos indivíduos. Como sociedade, ao menos no mundo ocidental ou desenvolvido, já completamos os níveis de 1 ao 4 e agora estamos embarcando no quinto, o nível espiritual. Este é um tempo no qual as pessoas vão querer saber porque estão vivas. No entanto, antes de explorarmos a evolução da Kabbalah até a nossa época, será útil compreender alguns dos mitos e confusões que se criaram em torno dessa Sabedoria ao longo dos séculos.

 

terça-feira, 6 de julho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (56)

 

O propulsor secreto da vida

 

A intenção é a força propulsora da vida. Todos os pensamentos são gerados pelos desejos, mas são dirigidos pelas intenções. A intenção pode ser “para mim” ou “para o Criador”. O desejo encontra a intenção “para mim” se não sente o Criador, e a intenção “para o Criador” se O sente. As boas intenções são aquelas que tendem a ser como o Criador, e as más são dirigidas a desfrutar-se sem que o Criador importe.

 

Por um lado, é possível sentir o Criador somente depois de teres te equipado com uma intenção para o Criador, mas, por outro lado, somente podes lograr essa dita intenção através da revelação do Criador, através da sensação da Luz. O milagre de se chegar a essa intenção para com o Criador esconde-se dentro dessa contradição. Noutras palavras, se não fôssemos egoístas, não teríamos a capacidade de experimentar a futilidade do egoísmo. Contudo, quando compreendemos de verdade que o egoísmo não pode produzir felicidade, nesse ponto a Luz do Criador se revela e nossas vidas tomam uma nova direção.

 

O desejo espiritual é o deleite com a Luz, com o Criador. Se esse desejo é egocêntrico em sua intenção, é considerado impuro e é conhecido como “casca” (Klipá). Em troca, se está orientado para o Criador, é considerado puro e é conhecido como “santidade”.

 

Definição: A palavra santo deriva de e significa “estar completo”. Relaciona-se também com a palavra saúde, a qual, pelo seu derivado, significa “um estado de ser completo”. Ser santo significa ser consciente do todo, ter um sentido correto do que és, de quem é o Criador, e de se trabalhar para o bem-estar do todo. É curioso que, em hebraico, a palavra santo é kadosh, que na realidade significa “separado”. Não obstante, não há contradição aqui porque kadosh na realidade se refere a uma separação do egoísmo e uma dedicação (unificação) ao Criador.

 

Portanto, a princípio, mediante a influência do estudo e do trabalho apropriados, se desenvolve um desejo por desfrutar a espiritualidade em si mesma. A pessoa começa a desejar o Mundo Superior, o Criador, mais que ao mundo cotidiano. Inclusive quando os desejos forem mundanos serão espirituais, porque o principal propósito dos desejos, a intenção, é deleitar-se no Criador.  

 

O Criador fez o ser humano com um desejo de receber prazer e nada mais. No entanto, somente podemos experimentar um prazer real e duradouro no único estado prazeroso que existe: o estado do Criador, que significa unidade e benevolência. Desfrutar a vida com plenitude significa aprender a desfrutar o fato de ser como o Criador.

 

Em resumo, para melhorar o mundo fazem falta bons pensamentos, e ter bons pensamentos significa ter boas intenções.

 

Kab-trívia: Muita gente acredita que um pensamento nocivo pode matar. A ciência também descobriu que se uma pessoa com más intenções se aproxima de uma planta, inclusive se somente a rega, a planta reage a essa energia negativa. A ciência agora reconhece que os pensamentos de uma pessoa, não as suas ações, têm a influência mais poderosa do mundo.

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (55)

 

Além dos pensamentos: intenções

 

Sem dúvida, uma vez que se sentiu o ponto no coração e ele se abriu, começa o verdadeiro trabalho. Na Kabbalah, o princípio ativo da mudança é a intenção. As intenções criam os nossos pensamentos, os quais, por conseguinte, dão origem às nossas ações e, em última instância, a toda a nossa realidade. Com o estudo da Kabbalah podes te concentrar em desenvolver intenções que afetem  a realidade de uma maneira que te elevará para experimentares o Mundo Superior, o Criador.

 

Na ciência da Kabbalah, o pensamento é a intenção, porque é o seu progenitor. Numa vida regular, o pensamento são as considerações feitas pelo desejo de receber. O desejo de receber, em si mesmo, não é mau. Assim nós fomos criados. Quando o usamos de forma correta, é benéfico para nós e para o Criador. É na intenção com a qual usamos nosso desejo onde devemos focar a nossa atenção. Em palavras simples, devemos nos fazer conscientes de por que fazemos o que fazemos, o que desejamos obter com isso e a quem queremos comprazer ao experimentar o prazer: a nós mesmos ou ao Criador. Então, essa intenção criará um plano de trabalho, um pensamento, e os pensamentos determinarão toda a nossa realidade. A rigor, a única coisa que precisa de correção é a nossa intenção. Essa é a razão pela qual os cabalistas dizem que não importa o que fazes, mas somente o que pretendes conseguir com isso.

 

A parte mais difícil de trabalhar para desenvolver tua essência espiritual é manter a intenção focada no Criador. Com frequência, a intenção está oculta e não é sentida. Ela não se expressa  de maneira nenhuma, exceto no resultado de teus pensamentos e ações.

 

Tens que despertar consciência de intenção com frequência sobre todas as demais atividades e processos internos. Estar num caminho espiritual significa identificar e conectar-te com a intenção e não somente com a ação. O reconhecimento do mal se relaciona com focar tua intenção, o que é expresso nos Salmos como “Afasta-te do mal e faz o bem” (Salmos 34:15). Tudo está relacionado com a intenção. 


sexta-feira, 2 de julho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (54)

 

Uma luz no final do túnel

 

Um indivíduo cujo ponto no coração tenha despertado se sente na escuridão, parado sobre um abismo, sem um futuro, passado ou presente. Todos os desejos egoístas da pessoa estão representados pelo túnel escuro porque os desejos mundanos já não o satisfazem mais.

 

Mas pode aparecer, como tal, uma luz no final do túnel, um ponto que desperta e que empurra o indivíduo para a frente, como se se tratasse de um destino importante ainda desconhecido. O indivíduo sente que existe uma solução em alguma direção. A sensação de uma solução proporciona um aspecto significativo, algo a desejar, uma busca pela qual viver. O Criador apareceu dentro desses desejos escuros e egoístas da pessoa.

 

Uma forma de se descrever isso é como uma profunda revelação que experimentamos subitamente. É um profundo “aha!” no qual reconhecemos que a verdadeira felicidade mora em nosso ser espiritual.

 

Na “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”, Baal HaSulam escreve que é como se o Criador aparecesse para uma pessoa através das rachaduras de um muro e oferecesse esperança de uma paz futura. Na Kabbalah, isso é conhecido como “colocar a mão na boa fortuna”.

 

Palavras do coração: “Pois o homem busca na aparência externa, mas o Senhor busca no coração” (Samuel 1: 16-7).

Shamati (127)

    127. A diferença entre o núcleo central, a essência e a abundância agregada ( Su cot Inter 4, Tav - Shin - Guimel , 30 de setembro d...