O processo de preencher Malchut
de Luz é qualitativo e quantitativo. É exatamente este processo que iremos
estudar. Ele consiste do fato de que cada partícula de Malchut que desceu até o nosso mundo deve corrigir-se através da
unificação com o Criador. E cada uma dessas partículas está dentro do homem, no
seu verdadeiro "self".
A parte de Malchut que
ainda não recebe a Luz, mas já passou por uma análise preliminar, em que calcula
quanta Luz pode receber pelo Criador, é chamada de "Rosh" (cabeça). A quantidade de Luz que Malchut puder receber será equivalente à quantidade de prazer que
ela poderá doar ao Criador. Malchut
tem total livre arbítrio, ela pode tanto escolher não receber nada como também
receber tanto quanto desejar. Ela controla o seu egoísmo e escolhe exatamente
esse estado para assemelhar-se ao Criador. Ela trabalha com o seu egoísmo, isto
é, ela não apenas escolhe não receber para si mesma, mas decide receber pelo
Criador.
Malchut precisa sentir prazer, pois este
é o desejo do Criador, entretanto, a intenção deve ser altruísta. Por isso, ela
é incapaz de receber toda a Luz vinda do Criador para o Seu prazer. Nisso surge
uma contradição entre a intenção e o próprio prazer: se Malchut não sente prazer, o Criador também não sente. Todo o Seu
prazer consiste em dar prazer a Malchut.
A Luz que penetra o Toch
de Malchut é chamada de "Ohr Pnimi" (Luz Interna). O local
onde a tela é instalada chama-se "Peh"
(boca). A tela, em Hebraico, chama-se "Masach".
A fronteira em que o Kli para de
receber a Luz é chamada de "Tabur"
(cintura). A linha que representa o fim do Kli
é chamada de "Sium"
(finalização) ou "Etzbaot Reglin"
(dedos dos pés).
A porção de Luz que Malchut
não pode receber, devido a uma tela fraca, permanece fora dela e é chamada de
"Ohr Makif" (Luz
Circundante). A Luz que Malchut
recebe dentro de si mesma deve corresponder à sua intenção em recebê-la pelo
Criador. Essa intenção, como se sabe, é chamada de "Luz Refletida".
Portanto, a Luz da cabeça penetra o corpo e mistura-se com a Luz Refletida.
O Toch, preenchido de
Luz, é totalmente semelhante ao Criador, e encontra-se em um estado de
constante troca de prazer com Ele. O Criador emana prazer, que é sentido pelas
almas de acordo com a medida da sua "fome", o desejo de receber esse
prazer. A questão aqui é desejar sentir o Criador e receber prazer Dele. É isso
o que a Cabalá nos ensina.
A pessoa é capaz de sentir o Criador apenas na medida da
semelhança de suas propriedades com Ele. O sentido que percebe, que sente o
Criador, é chamado de "Masach"
(tela). A entrada para o Mundo Espiritual começa com uma pequena tela que surge
no homem quando ele começa a sentir o mundo externo e compreender que este é o
Criador.
Assim, ao estudar Cabalá, o homem aumenta a magnitude da sua tela
e passa a sentir o Criador cada vez mais. A tela é a força de resistir ao
próprio egoísmo, além de ser também a medida da sua semelhança de forma com o
Criador. Ela permite que o homem harmonize a sua intenção de acordo com a
intenção do Criador. Na mesma medida em que os desejos do homem sejam
semelhantes aos do Criador, ele começa a sentir o Criador.
Nada existe no Universo exceto o desejo de "doar" do
Criador e o desejo de "receber" inicial da Criação. Cada processo
subsequente é a correção desse desejo de "receber" com a ajuda do
desejo de "doar". Ainda assim, como o homem poderia modificar algo
criado pelo Criador (o desejo de "receber"), se ele é a sua própria
natureza?
A resposta é que isso ocorre com o auxílio da intenção de
"receber com o propósito de doar". A Criação torna-se equivalente ao
Criador em suas propriedades, em seu nível espiritual. Todo ser criado deve
alcançar esse estado, seja durante uma única vida ou em várias. Esse processo
ocorre por muitas gerações. Nós somos a consequência, o produto, das gerações
anteriores, nossas almas estiveram aqui mais de uma vez, e continuam descendo.
Elas acumulam a experiência do sofrimento e a prontidão em aproximar-se mais do
espiritual.
A natureza do homem é a de ser preguiçoso, e esse é um sentimento
muito positivo. Se o homem não o tivesse, ele se perderia em toda sorte de
buscas, sem priorizar nada. O homem não deve temer a preguiça, pois ela nos
protege de atividades desnecessárias.
As ações do Criador tornam-se aparentes
nas primeiras duas fases:
A fase Zero, chamada de "Raiz", é a
Luz que emana do Criador.
A Primeira fase, chamada de "Chochmá", é o "desejo de
receber" a Luz, o vaso (Kli),
criado pela própria Luz de forma que ele possa receber o prazer contido nela.
Além disso, até o fim de toda a criação, tudo ocorre apenas como a reação do Kli à Luz contida dentro de si mesmo.
Tudo ocorre devido à interconexão entre esses dois componentes: a Luz e o Vaso,
o "desejo de doar" prazer e o "desejo de receber" esse
prazer.
A Segunda fase, chamada de "Biná", é a primeira reação do Kli à Luz que o preenche. O Kli toma emprestada a propriedade de
"doação" da Luz e deseja igualar-se a ela. Por isso, ele expulsa a Luz.
A Terceira fase, chamada de "Tiferet", ou "Zeir Anpin", é a primeira ação
realizada pelo Kli. Ele compreende
que o Criador deseja que ele receba e desfrute da Luz. Portanto, ele passa a
receber uma pequena parcela dessa Luz. Esse "desejo de receber" é a
Terceira fase.
A Quarta fase é chamada de "Malchut". Na Terceira fase,
desenvolve-se o "desejo do Kli
de receber" toda a Luz de Chochmá que
emana do Criador, esse desejo é então chamado de "Malchut".
Essa quarta fase é o desejo completo, a única Criação. Podemos ver
que a Criação possui apenas um desejo: receber e desfrutar a Luz de Chochmá. Inicialmente, a única
possibilidade de doação é não receber nada para si mesmo, apenas pelo Criador.
Entretanto, para tornar-se um doador é necessário sentir o Criador
e receber apenas com o propósito de doar prazer a Ele. Vocês tornam-se
parceiros: ele doa a você e você doa a Ele. Vocês tornam-se iguais nas suas
propriedades e anseios, você sofre se Ele não recebe prazer, mas Ele também
sofre se você não desfruta do que Ele lhe preparou. Ele e você tornam-se uma
unidade.
A quarta fase, Malchut,
é então subdividida em cinco partes. Isso ocorre por ela não poder corrigir
todo o seu egoísmo de uma só vez, isto é, ela é incapaz de receber toda a Luz
que lhe é destinada apenas com o propósito de agradar o Criador. O "desejo
de receber" para o benefício dos outros não é natural, portanto, a criação
deve "acostumar-se" gradativamente a esse desejo.
Malchut deseja ser semelhante às fases
precedentes. Portanto, ela mesma se divide em cinco partes:
a.
A parte da Raiz de Malchut é semelhante à fase raiz da Luz Direta;
b.
A primeira parte de Malchut é semelhante à primeira fase da Luz Direta;
c.
A segunda parte de Malchut é semelhante à segunda fase da Luz Direta;
d.
A terceira parte de Malchut é semelhante à terceira fase da Luz Direta;
e. A quarta parte de Malchut é a própria Malchut,
que não é semelhante a nenhuma das propriedades anteriores e, portanto, é
absolutamente egoísta.
Essas
fases são respectivamente chamadas de:
1. Mineral
2. Vegetal
3. Animal
4. Humano
5.
Espiritual
As almas são criadas a partir última parte de Malchut. O resto do Universo, dos Mundos e tudo o que os preenche e
habita, é criado a partir das partes precedentes de Malchut. A diferença entre os níveis da Criação está no grau de
intensidade do desejo de receber prazer: do menor desejo da natureza mineral ao
maior desejo do homem até o desejo mais elevado das almas.
Através das reencarnações, o homem sente todo o tipo de desejos.
Aquele que possui mesmo um desejo inconsciente de aproximar-se do Criador também
possui todos os outros desejos mais grosseiros. Então, a questão torna-se: Em
qual proporção esses desejos se manifestam nele e quais desejos ele deveria
escolher para realizar suas ações?
Com o auxílio do grupo e do Rabi (Professor), a pessoa é capaz de
substituir todos os seus desejos pelo único desejo de receber o Criador.
Enquanto estiver avançando em direção ao Objetivo, todos os seus outros desejos
crescem e interferem no seu avanço. Então surgem diversos tipo de desejos, que
incluem: sexo, dinheiro, poder, fama, conhecimento e os diversos ídolos do
mundo material.
O homem recebe, de Cima, todos os tipos de tentações: Ele é
seduzido pela possibilidade de enriquecer, ser promovido a um posto mais alto
etc. Isso ocorre de forma que o homem possa conhecer a si mesmo e perceber seus
anseios e fraquezas, sua insignificância em resistir a prazeres tentadores.
Tudo isso ocorre apenas para que ele possa aprender o que é esse desejo de
receber prazer que o Criador formatou nele.
A Cabalá é uma ciência do autoconhecimento, da revelação do
Criador em si mesmo. O homem percebe o que é mais importante para si. O que ele
faz no seu tempo livre é relevante, sobre o quê ele pensa no resto do tempo. Um
cabalista deve trabalhar. O tempo livre pode ser utilizado da maneira correta
apenas se ele for planejado de antemão. Se você pensa sobre a questão "Pelo
quê estou vivendo?" durante o seu tempo livre, então, ela lhe permitirá
pensar corretamente o resto do tempo.
Para avançar espiritualmente, a pessoa deve ter um objetivo a
corrigir, isto é, é necessário que ela possua o "desejo de receber",
egoísmo. Apenas isso, o "desejo de receber", corrigido pela intenção
de receber pelo prazer do Criador, torna-se o vaso no qual a Luz preparada pelo
Criador entra. Ocorre que, quanto mais egoísta for o homem, melhor. Pois o
egoísmo do homem cresce constantemente enquanto ele se aproxima do Criador. É
preciso transformar o homem em um grande egoísta. Dessa forma, ele pode sentir
que algo nele necessita de correção.
O egoísmo faz com que o homem perceba negativamente a manifestação
positiva do Criador. Apesar disso, essa mesma sensação negativa do Criador nos
leva a Ele. Durante a ascensão espiritual, ao nos aproximarmos do Criador,
todas as emoções negativas transformam-se em positivas. O "self"
interior do homem é o Criador. Nos sentimos separados Dele apenas porque o
nosso egoísmo ainda não está corrigido.
Toda a criação consiste de cinco Behinot: Keter, Chochmá,
Biná, Tiferet (ou Zeir Anpin) e Malchut, e que correspondem às 10 Sefirot. Por que são 10? Acontece que Tiferet consiste de seis Sefirot: Chessed, Guevurá, Tiferet, Netzach, Hod, Yesod. É importante
destacar que o nome "Tiferet"
sigfinica tanto um dos 5 Behinot
quanto uma das suas Sefirot internas.
Essa Sefirá interna, uma
das seis, determina o caráter do Tiferet geral.
Entretanto, é mais comum utilizar o nome de Zeir
Anpin (ZA) ao invés de Tiferet. Esse nome (o Tetragrammaton) é
mais aceito, principalmente na escola do Ari. Essas 10 Sefirot incluem o Universo inteiro.
Esses cinco Behinot: Keter,
Chochmá, Biná, ZA e Malchut, também são os cinco Mundos que igualmente
podem ser chamados pelo nome do Criador (Yud-Hey-Vav-Hey).
Esse nome é normalmente pronunciado como HaVaYaH. Ele tem uma multiplicidade
infinita de significados, pois determina a estrutura, a base, para todos os
nomes de todas as criações:
Sefirá
|
Mundo
|
Letra
|
Keter
Chochmá
Biná
ZA
Malchut
|
Adam Kadmon Atzilut
Beriá
Yetzirá
Assiyá
|
O ponto da Letra Yud (Kutzo shel Yud)
Yud
Hey
Vav
Hey
|
Nosso mundo é uma parte do Mundo
de Assiyá. Ainda que o nosso mundo
esteja formalmente abaixo do nível espiritual mais baixo de Assiyá, uma vez que não há lugar no
Reino Espiritual para uma propriedade tão egoísta quanto a que governa o nosso
mundo, ele é considerado o nível final do Mundo de Assiyá.
O motivo para a criação dos Mundos
consiste no fato de que, a fim de doar prazer à criação, o Criador precisou
criar, nela, várias condições:
-
A Criação deve desejar receber prazer;
-
Esse desejo deve vir da própria Criação;
-
Ela deve ser independente, o que não ocorre na
condição anterior;
-
A Criação deve ser capaz de governar o seu
desejo, de forma que esse desejo não tenha poder sobre ela e nem controlar o
seu comportamento;
-
A Criação deve ser independente para escolher
se deseja receber prazer sendo Criação ou sendo semelhante ao Criador.
A Criação precisa poder agir livremente entre essas duas forças
opostas: o seu próprio egoísmo e o Criador. Ela deve escolher o seu caminho
livremente e o percorrer.
De forma a estabelecer a Criação
(o homem) sob essas condições, o Criador precisou:
-
Distanciar a Criação da Luz;
-
Criar a condição para o livre arbítrio;
-
Criar a oportunidade de ela receber o Universo
e evoluir;
-
Criar a oportunidade (existe diferença entre
uma condição e uma oportunidade?) para a liberdade de ação.
Pouco a pouco, o Criador gera tais condições para a Criação. Por
"Criação", nos referimos ao homem do nosso mundo, no estado em que
ele já começa a perceber a si mesmo em relação ao Universo, ou ainda, em que
ele começa a galgar os níveis espirituais. Tal estado é desejável para o início
do trabalho espiritual e é chamado de "Esse mundo".
Por que o Criador, que está no nível espiritual mais alto,
precisou formar a Criação a partir de uma propriedade egoísta que é contrária a
Si Mesmo? Por que Ele primeiramente supriu por completo a Criação com Luz e, ao
fazê-lo, rebaixou-a para o estado "Deste mundo" (Olam Hazeh)?
A questão é que a Criação não é independente, ainda que esteja
preenchida pela Luz, pois acaba sendo completamente suprimida por ela. A Luz
impõe suas condições sobre a Criação e, por sua vez, o desejo de receber prazer
(Kli) lhe transfere suas
propriedades.
Para a criação de um Kli
independente, absolutamente livre do subsídio da Luz, esta deve afastar-se por
completo. Existe uma regra simples: A expansão da Luz no interior do Kli, e sua subsequente expulsão tornam o
Kli adequado para a sua função de
perceber e escolher de forma independente o modo com o qual será preenchido.
Esse Kli, autêntico e independente,
pode surgir apenas em nosso mundo.
A descida da Luz de Cima por todos os Mundos até o homem neste
mundo apresenta a fase preparatória de formação do Kli verdadeiro. Em cada fase, apenas a Luz determina todas as
formas, estágios e características do Kli.
Assim que o Kli expulsa completamente
a Luz, ele se torna de fato independente e é capaz de tomar decisões diferentes.
Toda alma (outro nome para o Kli)
que descende de certo nível espiritual é considerada como parte do Criador e é
preenchida com Sua Luz até que ela se vista no corpo-desejo de um homem e até
que ele comece a trabalhar com ela.
Só depois que a alma desce ao nosso mundo e aprende Cabalá ela
compreende o seu verdadeiro estado. Então, o homem, em quem surgiu um desejo
pelo avanço espiritual, deve pedir ao Criador que o preencha com a Luz
Espiritual, que o elevará. Entretanto, o homem não se eleva espiritualmente ao
nível do qual sua alma descende, mas sim, 620 vezes mais alto.
De que forma o homem avança? Se lhe foi dado, de Cima, um
incentivo para o recebimento espiritual, ele não deve perdê-lo. O homem pode
ser empurrado de Cima muitas vezes ao lhe ser concedido o interesse pela
espiritualidade. Entretanto, se ele não utilizar esse desejo da forma correta,
então, ele será deixado em paz até a sua próxima encarnação.
O Kli é forçado a elevar-se espiritualmente pela Luz Circundante (Ohr Makif). Ela brilha de fora, pois
ainda não pode entrar em um Kli
egoísta. Mas essa Luz afeta o desejo do homem por espiritualidade e faz com que
ele cresça tão consideravelmente que tudo o que deseja é a ascensão espiritual.
Então ele recebe ajuda de Cima. A fim de aumentar a influência da Luz
Circundante e, assim, começar a ter sensações espirituais, ou seja, para
adentrar no espaço espiritual, a pessoa só pode fazer o seguinte:
a) estar sob a orientação de um
verdadeiro cabalista;
b) estudar livros autênticos;
c) interagir com os membros do seu
grupo (estudos coletivos, trabalho, refeições).
O Olam Hazeh ("Esse mundo") é o estado em que o
homem já sente que o Criador oculta-Se de si. Nesse momento, ainda não sentimos
nada. Dizem que o Criador existe, ouvimos falar sobre Ele, mas, de qualquer
modo, não podemos senti-Lo. Quando o homem passa a sentir que existe algo fora
do seu mundo, algo que se oculta dele, isso é chamado de Dupla Ocultação do
Criador.
O egoísmo é a propriedade do homem que, automaticamente, faz com
que obtenha prazer em tudo o que faz. Só assim ele vê o propósito de suas
ações. O altruísmo é uma propriedade que somos incapazes de compreender: É
quando uma pessoa faz alguma coisa sem obter qualquer benefício para si mesma.
A natureza nos dotou apenas com propriedades egoístas. O altruísmo está além
dos limites da nossa compreensão.
Somente aquele que sente o Criador pode adquirir essa propriedade.
Utilizando a linguagem da Cabalá, quando a Luz entra no Kli, ela lhe transfere suas propriedades altruístas. O homem não é
capaz de corrigir-se sozinho, e não lhe é exigido isso. Sob a orientação do seu
professor, durante as aulas do grupo, ele deve despertar esses desejos
espirituais que fazem com que a Luz o penetre.
A fim de conseguir isso, a pessoa deve trabalhar muito em seus
pensamentos e desejos para saber o que é de fato necessário, embora ela ainda
não seja capaz de desejá-lo. Se o homem realiza uma ação em nosso mundo que por
fora pareça altruísta, na verdade, isso significa que primeiro ele calculou a
sua recompensa futura.
Qualquer movimento, até o menor deles, é realizado unicamente com
base em um cálculo. Como resultado, parece ao homem que ele estaria numa
situação melhor do que a que ele se encontra no momento. Se o homem não fizesse
esses cálculos, ele não seria capaz de se movimentar, pois uma certa quantidade
de energia é necessária para o movimento, mesmo no nível molecular da natureza,
e essa energia é o nosso egoísmo, isto é, o desejo de receber prazer. Então,
essa lei "veste-se" nas leis físico-químicas gerais. Em nosso mundo,
o homem apenas dá ou recebe com o propósito de receber.
Vale perceber, aqui, que os desejos que proporcionam satisfação a
toda humanidade também são egoístas, pois o homem, ao perceber-se como parte
dessa humanidade, deseja satisfazer essa mesma parte de si…
A Cabalá viabiliza a descrição tanto das ações internas realizadas
pelo homem quanto aquelas que o Criador realiza nele, ou seja, suas interações.
A Cabalá é uma descrição físico-matemática dos objetos espirituais e suas
ações, expressas em fórmulas, gráficos e tabelas. Tudo isso descreve as ações
espirituais internas de um cabalista, e apenas aquele que é capaz de reproduzir
essas ações em si mesmo e, assim, compreender o que significam essas fórmulas,
pode saber o que existe por trás delas.
Um cabalista pode transmitir essa informação ao seu discípulo
apenas quando este alcança, ao menos, o primeiro nível espiritual. Essa
informação é passada de “boca a ouvido” (Mi
Peh le Peh), pois a tela está no nível de “Peh” do Partzuf
espiritual. Se um aluno ainda não adquiriu a tela, ele não é verdadeiramente
capaz de compreender coisa alguma: ele ainda não é capaz de receber nada do seu
professor.
Quando um cabalista lê um livro de Cabalá, ele deve sentir
internamente cada palavra, cada letra, assim como os cegos sentem cada letra do
alfabeto utilizando o sistema de Braile.