terça-feira, 22 de setembro de 2020

Três conceitos essenciais da Kabbalah (10h)

 

Malchut, ao expulsar toda a Luz em TA, decide recebê-la com a ajuda de uma “tela”. A Luz Direta chega até ela e a pressiona, desejando entrar. Malchut recusa-se a receber a Luz, lembrando-se da vergonha ardente que sentiu quando a Luz a preenchia. A recusa em receber a Luz implica em refleti-la com a ajuda da tela. Essa Luz é chamada de "Ohr Hozer" (Luz Refletida). A própria reflexão é chamada de "Haka'a" (um impacto) da Luz sobre a tela.

 

A reflexão do prazer (Luz) ocorre no interior do homem com a ajuda da intenção de receber esse prazer apenas pelo Criador. Ele calcula o quanto pode receber para agradar ao Criador. Ele veste, por assim dizer, o prazer que deseja receber na intenção de doar ao Criador, isto é, receber, sentir prazer pelo Criador.

 

A ação de vestir a Luz Direta na Luz Refletida permite à Malchut, após o TA, expandir e receber uma porção da Luz. Isso significa que, nesse ponto, ela torna-se semelhante ao Criador ao unificar-se com Ele. O Propósito da Criação é preencher por completo Malchut com a Luz do Criador. Dessa forma, toda recepção da Luz será equivalente à doação e será a plena unificação de toda a criação com o Criador.

 

Ao direcionar o prazer que recebe à essa intenção (a Luz Refletida), Malchut anuncia que deseja sentir esse prazer apenas porque, ao fazê-lo, leva contentamento ao Criador. Nesse caso, a recepção é igual à doação, uma vez que o significado dessa ação é determinado pela intenção do Kli e não pela direção mecânica da ação, para dentro ou para fora. O prazer sentido nesse caso será duplo: o de receber a Luz e o de doá-la ao Criador.

 

Rabi Ashlag ilustra essa situação maravilhosamente com o exemplo da relação entre um convidado e seu anfitrião: ao receber prazer do anfitrião, o convidado modifica-o e o transforma em doação. Ele visita o anfitrião, que sabe exatamente o que ele mais gosta. O convidado senta-se na frente do anfitrião e este dispõe para ele todos os seus pratos preferidos na quantidade exata do seu apetite.

 

Se o convidado não tivesse visto o doador, o anfitrião, teria se lançado sobre todas as iguarias sem qualquer constrangimento e sem deixar sobrar nada, já que essas iguarias são exatamente o que ele deseja. Entretanto, o anfitrião, sentado em sua frente, o constrange, e assim o convidado recusa-se a comer. O anfitrião insiste explicando o quanto Ele deseja agradar o convidado, dar-lhe satisfação.

 

Por fim, ao tentar incentivar o convidado a comer, o anfitrião diz que a recusa do convidado Lhe causa sofrimento. Somente percebendo que ao degustar da refeição ele dará prazer ao anfitrião, tornando-se então um doador ao invés de um receptor, ou seja, tornando-se igual ao anfitrião em suas intenções e propriedades, por fim ele aceita comer.

 

Se ocorrer a situação em que o anfitrião deseja satisfazer o convidado dispondo diversas iguarias à sua frente e o convidado, em troca, come-as com a intenção de dar prazer ao anfitrião, assim satisfazendo-se, essa condição é chamada de interação por impacto (Zivug de Haka'a). Entretanto, isso só pode ocorrer depois de o convidado ter rejeitado por completo o prazer.

 

O convidado só aceita a refeição quando tem certeza de que ele agrada o anfitrião ao recebê-la, como se fizesse um favor a ele. Ele recebe apenas na medida da sua capacidade de não pensar no seu próprio prazer, mas sim no prazer do anfitrião, em outras palavras, do Criador.

 

Assim, por que precisamos de todos os prazeres do nosso mundo se eles têm origem no sofrimento? Assim que um desejo é satisfeito, o prazer é "extinguido" e desaparece.

 

O prazer só é sentido quando há um ardente "desejo de receber" esse prazer. Através da correção dos nossos desejos, acrescentando a eles a intenção "pelo prazer do Criador", podemos desfrutar infinitamente, sem sentir "fome" antes de receber prazer. Podemos receber um enorme prazer ao levar contentamento ao Criador através do constante aumento, em nós mesmos, da sensação da Sua Grandeza.

 

Uma vez que o Criador é eterno e infinito, nós, ao sentirmos Sua Grandeza, criamos em nós mesmos o Kli eterno e infinito - a fome por Ele. Assim, podemos sentir prazer eterna e infinitamente. No Mundo Espiritual, qualquer recepção de prazer gera um desejo ainda maior de "receber" esse prazer, e isso continua eternamente.

 

A satisfação torna-se equivalente à doação: o homem doa, vê o quanto o Criador sente prazer, e adquire um desejo ainda maior de "doar". Entretanto, o prazer em doar deve também ser altruísta, isto é, com o propósito de doar e não com o propósito de receber prazer por isso. Do contrário, será uma doação para auto-satisfação, assim como quando doamos enquanto buscamos nossos próprios objetivos.

 

A Cabalá ensina ao homem como receber prazer da Luz com a intenção pelo Criador. Se o homem puder restringir todos os prazeres deste mundo, ele será capaz de sentir, instantaneamente, o Mundo Espiritual. Então, o homem cai sob a influência das forças espiritualmente impuras. Pouco a pouco, elas lhe proporcionam um egoísmo espiritual adicional. Então o homem constrói uma nova tela sobre esse egoísmo com a ajuda das forças puras e, assim, pode receber uma nova porção de Luz, que corresponde à medida do egoísmo corrigido por ele. Dessa forma, o homem sempre tem o livre arbítrio.

 

 

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Três conceitos essenciais na Kabbalah (10g)

 

Chamamos de "Humano" o estado espiritual em que a pessoa já atravessou a barreira (Machsom) que separa esse mundo do mundo espiritual, o Mundo de Assiyá, ou seja, aquele que já adquiriu o Kli espiritual chamado "alma".

 

A experiência acumulada pela alma em cada uma de suas encarnações neste mundo permanece com ela e passa de geração em geração, mudando apenas de corpo psicológico, da mesma forma como trocamos de roupa. Todo o sofrimento corporal físico também é registrado na alma e, em um dado momento, ele traz ao homem o desejo de alcançar a espiritualidade.

 

A Torá diz que os corações daqueles que governam o mundo estão nas mãos do Criador. Isso se refere a todos os políticos, chefes de estado, ditadores - todos aqueles de quem a humanidade depende. Todos eles são nada mais que marionetes nas mãos do Criador, através das quais Ele controla tudo.

 

Existe apenas uma única lei no reino espiritual: a lei da equivalência de forma das propriedades espirituais. Se as propriedades de duas pessoas são iguais, semelhantes, então elas estão próximas espiritualmente. Se as pessoas divergem em seus pensamentos e pontos de vista, elas sentem-se separadas e distantes umas das outras, mesmo que estejam fisicamente próximas.

 

A proximidade espiritual, ou sua distância, depende da semelhança nas propriedades dos objetos. Se os objetos coincidem totalmente em suas propriedades, desejos, eles fundem-se. Se dois desejos são contrários um ao outro, é dito que estão distantes um do outro. Quanto mais semelhantes forem esses dois desejos, mais próximos eles estão do Mundo Espiritual.

 

Se apenas um dos diversos desejos dos objetos coincide, esses dois objetos interagem apenas em um ponto. Se não existe nem mesmo um único desejo em nós que seja semelhante aos desejos do Criador, significa que estamos absolutamente distantes Dele e não temos meios com os quais senti-Lo. Se surgir em mim ao menos um desejo que seja semelhante ao Criador, então, nesse desejo serei capaz de senti-Lo.

 

A tarefa do ser humano é tornar, pouco a pouco, todos os seus desejos semelhantes aos do Criador. Então o homem se tornará um único objeto Espiritual com Ele, sem haver distinção entre eles. O homem alcançará tudo o que o Criador possui: eternidade, onisciência e perfeição. Esse é o maior objetivo da correção dos desejos naturais do homem.

 

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Três conceitos essenciais da Kabbalah (10f)

 

O Mundo de Atzilut é absolutamente espiritual, pois nele o Kli não é sentido: ele se encontra totalmente suprimido pela Luz, formando um todo único com ela. Considera-se que as almas dos outros seres criados, a dos animais, por exemplo, que descem de cima pelo Mundo de Atzilut, também estão unificadas com o Criador. Entretanto, em nosso mundo, os seres criados não possuem qualquer Luz, e estão infinitamente distantes do Criador.

 

Os Mundos são níveis de aproximação do Criador durante a ascensão do homem, e a medida de distanciamento Dele durante a descida das almas. Não vem ao caso sobre quais tipos de almas estamos falando. Ainda que toda a natureza seja uma coisa só, alguns tipos de seres criados, que se diferenciam pelo grau do seu livre arbítrio, podem ser identificados como mais ou menos livres na escolha do Objetivo.

 

De todos os seres criados, apenas o homem possui o verdadeiro livre arbítrio, e o restante da natureza ascende ou descende com ele, pois tudo em nosso Universo está relacionado ao homem. É impossível falar sobre um número determinado de almas que passam por esse caminho, pois é difícil ter uma quantidade estimada.

 

Faíscas de outras almas mais fortes e mais elevadas podem surgir em cada um de nós. Elas começam a se manifestar em nós e a nos impulsionar. Na verdade, a alma não é algo pré-determinado e permanente, algo que acompanha nosso corpo psicológico durante toda a sua vida biológica. Por exemplo, em seu livro Shaar Ha Gilgulim, o Ari descreve os tipos de almas e em que sequência elas enraízam-se nele.

 

A alma não é indivisível. Ela funde-se e separa-se continuamente, cria novas partes de acordo com as exigências da correção da Alma Comum. Mesmo durante a vida do homem, algumas das partes da alma enraízam-se nele ou partem dele, as almas "confluem" constantemente umas nas outras.

 

O Mundo de Beriá corresponde à fase Beit-Biná, o "desejo de doar", de agradar. O Kli do Mundo de Beriá é chamado de "Neshamá": pela primeira vez, ele possui o seu próprio desejo, que é o "desejo de doar". Com isso, ele é muito "claro" e não egoísta em seus desejos, e é considerado absolutamente espiritual.

 

O Mundo de Yetzirá corresponde à fase Guímel-Tiferet, ou ZA, na qual emergem tanto o "desejo de doar" (cerca de 90%) quanto o "desejo de receber" (cerca de 10%). Existe um pouco da Luz de Chochmá sobre o fundo luminoso da Ohr Chassadim. Nessa fase, o Kli passa do estado de Neshamá para o estado de Ruach. Ainda que, em certa medida, os desejos do Kli já sejam egoístas, o "desejo de doar" prevalece mesmo assim. Portanto, o Kli do Mundo de Yetzirá ainda é praticamente espiritual.

 

A fase completamente egoísta, Malchut, que é a quarta fase, governa o Mundo de Assiyá. Ali, o "desejo de receber" é o próprio Guf (corpo), que está totalmente afastado do Criador. A Luz que preenche o Kli no Mundo de Assiyá é chamada de "Nefesh". Esse nome sugere que o Kli e a Luz são ambos espiritualmente estáticos, como a natureza inanimada do nosso Mundo. O Kli torna-se cada vez mais grosseiro à medida que desce através dos níveis dos Mundos e afasta-se da Luz, até esvaziar-se por completo, isto é, até não sentir mais a Luz. Portanto, ele se torna totalmente independente da Luz e do Criador nos seus pensamentos e ações.

 

Entretanto, se o próprio Kli preferir o caminho do desenvolvimento espiritual ao dos "pequenos" prazeres egoístas, pouco a pouco ele será capaz de ascender através dos níveis dos Mundos de Assiyá, Yetzirá, Beriá, Atzilut e Adam Kadmon e chegar ao Mundo do Infinito, ou seja, fundir-se infinitamente no Criador, tornar-se equivalente a Ele.

 

Cada pessoa possui o assim chamado "ponto negro" no coração, um embrião do estado espiritual futuro. Em pessoas diferentes, esse ponto encontra-se em níveis diferentes de preparação para a percepção espiritual. Existem pessoas que são totalmente incapazes de compreender quaisquer noções espirituais, elas não se interessam por isso. Entretanto, há outras que despertam subitamente e ficam intrigadas com o fato de que, de repente, passaram a se interessar por esses assuntos "abstratos".

 

Da mesma forma que os outros animais, o homem vive sob a influência dos seus pais, do seu ambiente e de traços de caráter. Por não ter livre arbítrio, ele apenas processa a informação disponível de acordo com fatores externos e internos, e então, realiza as ações que lhe parecem mais adequadas.

 

Mesmo assim, tudo muda quando o Criador começa a despertar o homem. A pessoa desperta devido à influência de uma pequena porção de Luz que o Criador lhe envia previamente. Ao receber essa porção, o seu ponto interior começa a exigir um preenchimento extra, obrigando-a a buscar a Luz. Assim, ela começa a buscá-la em diversas atividades, ideias, filosofias, doutrinas, grupos de estudo, até chegar na Cabalá. Cada alma na Terra deve fazer o mesmo percurso.

 

Até que o seu ponto negro atinja, com o auxílio da tela, o tamanho de um pequeno Partzuf, considera-se que o homem não tenha uma alma ou Kli e, naturalmente, nenhuma Luz em si mesmo. A presença de um Partzuf espiritual, mesmo o menor deles, que tenha as Luzes de Nefesh, Ruach, Neshamá, Chayá e Yechidá (NaRaNHaY), indica o nascimento do homem e sua evolução do estado animal (que, a propósito, costumamos chamar de humano).

 

 

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Três conceitos essenciais da Kabbalah (10e)

 

Já estudamos as quatro fases da formação do Kli (0 - Shoresh ou Keter, 1 - Chochmá, 2 - Biná e 3 - Tiferet). Por que são quatro fases e não cinco? Isso ocorre porque a quinta fase corresponde ao próprio Kli, e não a uma fase da sua formação. Depois de Malchut, não há mais outras fases, pois o Kli já está completamente criado, gerado, formado no seu desejo egoísta de receber prazer na Luz de Chochmá. O Kli  é independente não apenas no seu desejo, mas também na implementação do seu desejo de agir.

 

Entretanto, se a Luz (prazer) preenche o Kli, ela lhe impõe a forma com que ele deve agir, pois ela o suprime ao preenchê-lo de prazer. Por isso que o Kli só é verdadeiramente livre na sua intenção quando não estiver preenchido pela Luz. Mesmo assim, isso ainda não é o suficiente: a Luz não deve ser sentida nem à distância, isto é, o Criador deve ocultar-se totalmente do Kli, Malchut. Somente assim, Malchut pode ser independente, livre nas suas decisões e ações.

 

Quando o Kli puder realizar seus desejos de forma independente, quando ele estiver livre da influência da Luz e do prazer, a Luz não será capaz de impor ao Kli suas condições. Esse estado é chamado de "Nosso mundo", ou, "Este mundo". Esse estado pode ser alcançado se a Luz for removida não apenas da parte interna do Kli, mas também ao distanciar-se progressivamente da parte externa do Kli. Em nosso mundo, o homem não sente o Criador nem internamente e nem externamente, isto é, ele não acredita na Sua existência.

 

A expulsão da Luz do interior do Kli é chamada de restrição do desejo de receber prazer, ou simplesmente de restrição, Tzimtzum Aleph. Alcança-se o afastamento da Luz da parte externa do Kli com a ajuda de um sistema de telas que se densificam, chamadas Olamot, Mundos. Existem apenas cinco dessas telas, ou seja, há cinco Mundos. Cada um desses Mundos consiste de cinco partes chamadas "Partzufim" (plural de Partzuf). Cada Partzuf possui cinco partes chamadas "Sefirot" (plural de Sefirá). Como resultado, Malchut está tão distante da Luz que ela não a sente de forma alguma. Esse é o homem em nosso mundo.

 

Na Cabalá, estudamos as propriedades dos Mundos, Partzufim e Sefirot, isto é, as propriedades das telas que ocultam o Mundo Espiritual de nós, o Criador. O objetivo desse estudo é saber que propriedades o homem deve adquirir para neutralizar as ações ocultadoras desses mundos, Partzufim e Sefirot, além de elevar-se ao nível deste ou daquele degrau espiritual de determinada Sefirá, Partzuf ou Mundo.

 

Ao adquirir as propriedades de um determinado Partzuf, em um determinado Mundo, o homem neutraliza imediatamente a ação ocultadora desse nível e o recebe. Nesse momento, apenas os níveis mais altos ocultam dele o Criador, a Luz. Aos poucos, ele deve receber todas as propriedades de todos os níveis, começando pelo mais baixo, que está logo acima do nosso mundo, até o mais elevado, a correção final.

 

Agora, vamos voltar à Malchut, a quinta fase do desenvolvimento do Kli. No momento em que Malchut sente que recebe enquanto o Criador doa, ela vê o contraste do seu estado em relação ao estado do Criador como tão desprezível que decide parar de receber prazer. Uma vez que não há coerção no Mundo Espiritual, e o prazer não pode ser sentido se não há o desejo por ele, a Luz desaparece, deixa de ser sentida pelo Kli.

 

Malchut realiza o Tzimtzum Aleph (TA). Nas fases precedentes, o Kli não sentia que era receptor. É apenas na quinta fase, quando o Kli decide receber de forma independente, que ele sente a sua oposição ao Criador. Somente Malchut pode realizar o TA, pois para fazer o Tzimtzum, a pessoa deve primeiro sentir a sua completa oposição ao Criador.

 

Outro nome para Malchut é "alma", mas o nome "alma" pode referir-se tanto ao Kli quanto à Luz dentro dele. Quando estiver lendo um texto, a pessoa deve sempre prestar atenção se ele aborda a Criação ou o que a preenche. No primeiro caso, a alma seria uma parte da própria Criação, um desejo. No segundo, seria uma parte do Criador, a Luz.

 

Quando uma alma descende ao Mundo de Atzilut proveniente do Mundo do Infinito, ela se torna a alma da fase Aleph, mas não a alma verdadeira. A distinção entre ela e o Criador ainda não foi sentida. Ela é como um bebê no útero da mãe: Incapaz de ser independente, embora já exista. Ela ainda está na fase intermediária.

 

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Três conceitos essenciais da Kabbalah (10d)


O processo de preencher Malchut de Luz é qualitativo e quantitativo. É exatamente este processo que iremos estudar. Ele consiste do fato de que cada partícula de Malchut que desceu até o nosso mundo deve corrigir-se através da unificação com o Criador. E cada uma dessas partículas está dentro do homem, no seu verdadeiro "self".

 

A parte de Malchut que ainda não recebe a Luz, mas já passou por uma análise preliminar, em que calcula quanta Luz pode receber pelo Criador, é chamada de "Rosh" (cabeça). A quantidade de Luz que Malchut puder receber será equivalente à quantidade de prazer que ela poderá doar ao Criador. Malchut tem total livre arbítrio, ela pode tanto escolher não receber nada como também receber tanto quanto desejar. Ela controla o seu egoísmo e escolhe exatamente esse estado para assemelhar-se ao Criador. Ela trabalha com o seu egoísmo, isto é, ela não apenas escolhe não receber para si mesma, mas decide receber pelo Criador.

 

Malchut precisa sentir prazer, pois este é o desejo do Criador, entretanto, a intenção deve ser altruísta. Por isso, ela é incapaz de receber toda a Luz vinda do Criador para o Seu prazer. Nisso surge uma contradição entre a intenção e o próprio prazer: se Malchut não sente prazer, o Criador também não sente. Todo o Seu prazer consiste em dar prazer a Malchut.

 

A Luz que penetra o Toch de Malchut é chamada de "Ohr Pnimi" (Luz Interna). O local onde a tela é instalada chama-se "Peh" (boca). A tela, em Hebraico, chama-se "Masach". A fronteira em que o Kli para de receber a Luz é chamada de "Tabur" (cintura). A linha que representa o fim do Kli é chamada de "Sium" (finalização) ou "Etzbaot Reglin" (dedos dos pés).

 

A porção de Luz que Malchut não pode receber, devido a uma tela fraca, permanece fora dela e é chamada de "Ohr Makif" (Luz Circundante). A Luz que Malchut recebe dentro de si mesma deve corresponder à sua intenção em recebê-la pelo Criador. Essa intenção, como se sabe, é chamada de "Luz Refletida". Portanto, a Luz da cabeça penetra o corpo e mistura-se com a Luz Refletida.

 

O Toch, preenchido de Luz, é totalmente semelhante ao Criador, e encontra-se em um estado de constante troca de prazer com Ele. O Criador emana prazer, que é sentido pelas almas de acordo com a medida da sua "fome", o desejo de receber esse prazer. A questão aqui é desejar sentir o Criador e receber prazer Dele. É isso o que a Cabalá nos ensina.

 

A pessoa é capaz de sentir o Criador apenas na medida da semelhança de suas propriedades com Ele. O sentido que percebe, que sente o Criador, é chamado de "Masach" (tela). A entrada para o Mundo Espiritual começa com uma pequena tela que surge no homem quando ele começa a sentir o mundo externo e compreender que este é o Criador.

 

Assim, ao estudar Cabalá, o homem aumenta a magnitude da sua tela e passa a sentir o Criador cada vez mais. A tela é a força de resistir ao próprio egoísmo, além de ser também a medida da sua semelhança de forma com o Criador. Ela permite que o homem harmonize a sua intenção de acordo com a intenção do Criador. Na mesma medida em que os desejos do homem sejam semelhantes aos do Criador, ele começa a sentir o Criador.

 

Nada existe no Universo exceto o desejo de "doar" do Criador e o desejo de "receber" inicial da Criação. Cada processo subsequente é a correção desse desejo de "receber" com a ajuda do desejo de "doar". Ainda assim, como o homem poderia modificar algo criado pelo Criador (o desejo de "receber"), se ele é a sua própria natureza?

 

A resposta é que isso ocorre com o auxílio da intenção de "receber com o propósito de doar". A Criação torna-se equivalente ao Criador em suas propriedades, em seu nível espiritual. Todo ser criado deve alcançar esse estado, seja durante uma única vida ou em várias. Esse processo ocorre por muitas gerações. Nós somos a consequência, o produto, das gerações anteriores, nossas almas estiveram aqui mais de uma vez, e continuam descendo. Elas acumulam a experiência do sofrimento e a prontidão em aproximar-se mais do espiritual.

 

A natureza do homem é a de ser preguiçoso, e esse é um sentimento muito positivo. Se o homem não o tivesse, ele se perderia em toda sorte de buscas, sem priorizar nada. O homem não deve temer a preguiça, pois ela nos protege de atividades desnecessárias.

 

As ações do Criador tornam-se aparentes nas primeiras duas fases:

 

A fase Zero, chamada de "Raiz", é a Luz que emana do Criador.

 

A Primeira fase, chamada de "Chochmá", é o "desejo de receber" a Luz, o vaso (Kli), criado pela própria Luz de forma que ele possa receber o prazer contido nela. Além disso, até o fim de toda a criação, tudo ocorre apenas como a reação do Kli à Luz contida dentro de si mesmo. Tudo ocorre devido à interconexão entre esses dois componentes: a Luz e o Vaso, o "desejo de doar" prazer e o "desejo de receber" esse prazer.

 

A Segunda fase, chamada de "Biná", é a primeira reação do Kli à Luz que o preenche. O Kli toma emprestada a propriedade de "doação" da Luz e deseja igualar-se a ela.  Por isso, ele expulsa a Luz.

 

A Terceira fase, chamada de "Tiferet", ou "Zeir Anpin", é a primeira ação realizada pelo Kli. Ele compreende que o Criador deseja que ele receba e desfrute da Luz. Portanto, ele passa a receber uma pequena parcela dessa Luz. Esse "desejo de receber" é a Terceira fase.

 

A Quarta fase é chamada de "Malchut". Na Terceira fase, desenvolve-se o "desejo do Kli de receber" toda a Luz de Chochmá que emana do Criador, esse desejo é então chamado de "Malchut".

 

Essa quarta fase é o desejo completo, a única Criação. Podemos ver que a Criação possui apenas um desejo: receber e desfrutar a Luz de Chochmá. Inicialmente, a única possibilidade de doação é não receber nada para si mesmo, apenas pelo Criador.

 

Entretanto, para tornar-se um doador é necessário sentir o Criador e receber apenas com o propósito de doar prazer a Ele. Vocês tornam-se parceiros: ele doa a você e você doa a Ele. Vocês tornam-se iguais nas suas propriedades e anseios, você sofre se Ele não recebe prazer, mas Ele também sofre se você não desfruta do que Ele lhe preparou. Ele e você tornam-se uma unidade.

 

A quarta fase, Malchut, é então subdividida em cinco partes. Isso ocorre por ela não poder corrigir todo o seu egoísmo de uma só vez, isto é, ela é incapaz de receber toda a Luz que lhe é destinada apenas com o propósito de agradar o Criador. O "desejo de receber" para o benefício dos outros não é natural, portanto, a criação deve "acostumar-se" gradativamente a esse desejo.

 

Malchut deseja ser semelhante às fases precedentes. Portanto, ela mesma se divide em cinco partes:

 

a.    A parte da Raiz de Malchut é semelhante à fase raiz da Luz Direta;

 

b.    A primeira parte de Malchut é semelhante à primeira fase da Luz Direta;

 

c.     A segunda parte de Malchut é semelhante à segunda fase da Luz Direta;

 

d.    A terceira parte de Malchut é semelhante à terceira fase da Luz Direta;

 

e.    A quarta parte de Malchut é a própria Malchut, que não é semelhante a nenhuma das propriedades anteriores e, portanto, é absolutamente egoísta.

 

         Essas fases são respectivamente chamadas de:

 

1.    Mineral

2.    Vegetal

3.    Animal

4.    Humano

5.    Espiritual

 

As almas são criadas a partir última parte de Malchut. O resto do Universo, dos Mundos e tudo o que os preenche e habita, é criado a partir das partes precedentes de Malchut. A diferença entre os níveis da Criação está no grau de intensidade do desejo de receber prazer: do menor desejo da natureza mineral ao maior desejo do homem até o desejo mais elevado das almas.

 

Através das reencarnações, o homem sente todo o tipo de desejos. Aquele que possui mesmo um desejo inconsciente de aproximar-se do Criador também possui todos os outros desejos mais grosseiros. Então, a questão torna-se: Em qual proporção esses desejos se manifestam nele e quais desejos ele deveria escolher para realizar suas ações?

 

Com o auxílio do grupo e do Rabi (Professor), a pessoa é capaz de substituir todos os seus desejos pelo único desejo de receber o Criador. Enquanto estiver avançando em direção ao Objetivo, todos os seus outros desejos crescem e interferem no seu avanço. Então surgem diversos tipo de desejos, que incluem: sexo, dinheiro, poder, fama, conhecimento e os diversos ídolos do mundo material.

 

O homem recebe, de Cima, todos os tipos de tentações: Ele é seduzido pela possibilidade de enriquecer, ser promovido a um posto mais alto etc. Isso ocorre de forma que o homem possa conhecer a si mesmo e perceber seus anseios e fraquezas, sua insignificância em resistir a prazeres tentadores. Tudo isso ocorre apenas para que ele possa aprender o que é esse desejo de receber prazer que o Criador formatou nele.

 

A Cabalá é uma ciência do autoconhecimento, da revelação do Criador em si mesmo. O homem percebe o que é mais importante para si. O que ele faz no seu tempo livre é relevante, sobre o quê ele pensa no resto do tempo. Um cabalista deve trabalhar. O tempo livre pode ser utilizado da maneira correta apenas se ele for planejado de antemão. Se você pensa sobre a questão "Pelo quê estou vivendo?" durante o seu tempo livre, então, ela lhe permitirá pensar corretamente o resto do tempo.

 

Para avançar espiritualmente, a pessoa deve ter um objetivo a corrigir, isto é, é necessário que ela possua o "desejo de receber", egoísmo. Apenas isso, o "desejo de receber", corrigido pela intenção de receber pelo prazer do Criador, torna-se o vaso no qual a Luz preparada pelo Criador entra. Ocorre que, quanto mais egoísta for o homem, melhor. Pois o egoísmo do homem cresce constantemente enquanto ele se aproxima do Criador. É preciso transformar o homem em um grande egoísta. Dessa forma, ele pode sentir que algo nele necessita de correção.

 

O egoísmo faz com que o homem perceba negativamente a manifestação positiva do Criador. Apesar disso, essa mesma sensação negativa do Criador nos leva a Ele. Durante a ascensão espiritual, ao nos aproximarmos do Criador, todas as emoções negativas transformam-se em positivas. O "self" interior do homem é o Criador. Nos sentimos separados Dele apenas porque o nosso egoísmo ainda não está corrigido.

 

Toda a criação consiste de cinco Behinot: Keter, Chochmá, Biná, Tiferet (ou Zeir Anpin) e Malchut, e que correspondem às 10 Sefirot. Por que são 10? Acontece que Tiferet consiste de seis Sefirot: Chessed, Guevurá, Tiferet, Netzach, Hod, Yesod. É importante destacar que o nome "Tiferet" sigfinica tanto um dos 5 Behinot quanto uma das suas Sefirot internas.

 

Essa Sefirá interna, uma das seis, determina o caráter do Tiferet geral. Entretanto, é mais comum utilizar o nome de Zeir Anpin (ZA) ao invés de Tiferet. Esse nome (o Tetragrammaton) é mais aceito, principalmente na escola do Ari. Essas 10 Sefirot incluem o Universo inteiro.

 

Esses cinco Behinot: Keter, Chochmá, Biná, ZA e Malchut, também são os cinco Mundos que igualmente podem ser chamados pelo nome do Criador (Yud-Hey-Vav-Hey). Esse nome é normalmente pronunciado como HaVaYaH. Ele tem uma multiplicidade infinita de significados, pois determina a estrutura, a base, para todos os nomes de todas as criações:

 

                           

Sefirá

Mundo

Letra

Keter

Chochmá

Biná

ZA

Malchut

Adam Kadmon Atzilut

Beriá

Yetzirá

Assiyá

O ponto da Letra Yud (Kutzo shel Yud)

Yud

Hey

Vav

Hey

 

Nosso mundo é uma parte do Mundo de Assiyá. Ainda que o nosso mundo esteja formalmente abaixo do nível espiritual mais baixo de Assiyá, uma vez que não há lugar no Reino Espiritual para uma propriedade tão egoísta quanto a que governa o nosso mundo, ele é considerado o nível final do Mundo de Assiyá. 

 

O motivo para a criação dos Mundos consiste no fato de que, a fim de doar prazer à criação, o Criador precisou criar, nela, várias condições:

 

-         A Criação deve desejar receber prazer;

-         Esse desejo deve vir da própria Criação;

-         Ela deve ser independente, o que não ocorre na condição anterior;

-         A Criação deve ser capaz de governar o seu desejo, de forma que esse desejo não tenha poder sobre ela e nem controlar o seu comportamento;

-         A Criação deve ser independente para escolher se deseja receber prazer sendo Criação ou sendo semelhante ao Criador.

 

A Criação precisa poder agir livremente entre essas duas forças opostas: o seu próprio egoísmo e o Criador. Ela deve escolher o seu caminho livremente e o percorrer.

 

De forma a estabelecer a Criação (o homem) sob essas condições, o Criador precisou:

 

-         Distanciar a Criação da Luz;

-         Criar a condição para o livre arbítrio;

-         Criar a oportunidade de ela receber o Universo e evoluir;

-         Criar a oportunidade (existe diferença entre uma condição e uma oportunidade?) para a liberdade de ação.

 

Pouco a pouco, o Criador gera tais condições para a Criação. Por "Criação", nos referimos ao homem do nosso mundo, no estado em que ele já começa a perceber a si mesmo em relação ao Universo, ou ainda, em que ele começa a galgar os níveis espirituais. Tal estado é desejável para o início do trabalho espiritual e é chamado de "Esse mundo".

 

Por que o Criador, que está no nível espiritual mais alto, precisou formar a Criação a partir de uma propriedade egoísta que é contrária a Si Mesmo? Por que Ele primeiramente supriu por completo a Criação com Luz e, ao fazê-lo, rebaixou-a para o estado "Deste mundo" (Olam Hazeh)?

 

A questão é que a Criação não é independente, ainda que esteja preenchida pela Luz, pois acaba sendo completamente suprimida por ela. A Luz impõe suas condições sobre a Criação e, por sua vez, o desejo de receber prazer (Kli) lhe transfere suas propriedades.

 

Para a criação de um Kli independente, absolutamente livre do subsídio da Luz, esta deve afastar-se por completo. Existe uma regra simples: A expansão da Luz no interior do Kli, e sua subsequente expulsão tornam o Kli adequado para a sua função de perceber e escolher de forma independente o modo com o qual será preenchido. Esse Kli, autêntico e independente, pode surgir apenas em nosso mundo.

 

A descida da Luz de Cima por todos os Mundos até o homem neste mundo apresenta a fase preparatória de formação do Kli verdadeiro. Em cada fase, apenas a Luz determina todas as formas, estágios e características do Kli. Assim que o Kli expulsa completamente a Luz, ele se torna de fato independente e é capaz de tomar decisões diferentes.

 

Toda alma (outro nome para o Kli) que descende de certo nível espiritual é considerada como parte do Criador e é preenchida com Sua Luz até que ela se vista no corpo-desejo de um homem e até que ele comece a trabalhar com ela.

 

Só depois que a alma desce ao nosso mundo e aprende Cabalá ela compreende o seu verdadeiro estado. Então, o homem, em quem surgiu um desejo pelo avanço espiritual, deve pedir ao Criador que o preencha com a Luz Espiritual, que o elevará. Entretanto, o homem não se eleva espiritualmente ao nível do qual sua alma descende, mas sim, 620 vezes mais alto.

 

De que forma o homem avança? Se lhe foi dado, de Cima, um incentivo para o recebimento espiritual, ele não deve perdê-lo. O homem pode ser empurrado de Cima muitas vezes ao lhe ser concedido o interesse pela espiritualidade. Entretanto, se ele não utilizar esse desejo da forma correta, então, ele será deixado em paz até a sua próxima encarnação.

 

O Kli é forçado a elevar-se espiritualmente pela Luz Circundante (Ohr Makif). Ela brilha de fora, pois ainda não pode entrar em um Kli egoísta. Mas essa Luz afeta o desejo do homem por espiritualidade e faz com que ele cresça tão consideravelmente que tudo o que deseja é a ascensão espiritual. Então ele recebe ajuda de Cima. A fim de aumentar a influência da Luz Circundante e, assim, começar a ter sensações espirituais, ou seja, para adentrar no espaço espiritual, a pessoa só pode fazer o seguinte:

 

a) estar sob a orientação de um verdadeiro cabalista;

 

b) estudar livros autênticos;

 

c) interagir com os membros do seu grupo (estudos coletivos, trabalho, refeições).

 

O Olam Hazeh ("Esse mundo") é o estado em que o homem já sente que o Criador oculta-Se de si. Nesse momento, ainda não sentimos nada. Dizem que o Criador existe, ouvimos falar sobre Ele, mas, de qualquer modo, não podemos senti-Lo. Quando o homem passa a sentir que existe algo fora do seu mundo, algo que se oculta dele, isso é chamado de Dupla Ocultação do Criador.

 

O egoísmo é a propriedade do homem que, automaticamente, faz com que obtenha prazer em tudo o que faz. Só assim ele vê o propósito de suas ações. O altruísmo é uma propriedade que somos incapazes de compreender: É quando uma pessoa faz alguma coisa sem obter qualquer benefício para si mesma. A natureza nos dotou apenas com propriedades egoístas. O altruísmo está além dos limites da nossa compreensão.

 

Somente aquele que sente o Criador pode adquirir essa propriedade. Utilizando a linguagem da Cabalá, quando a Luz entra no Kli, ela lhe transfere suas propriedades altruístas. O homem não é capaz de corrigir-se sozinho, e não lhe é exigido isso. Sob a orientação do seu professor, durante as aulas do grupo, ele deve despertar esses desejos espirituais que fazem com que a Luz o penetre.

 

A fim de conseguir isso, a pessoa deve trabalhar muito em seus pensamentos e desejos para saber o que é de fato necessário, embora ela ainda não seja capaz de desejá-lo. Se o homem realiza uma ação em nosso mundo que por fora pareça altruísta, na verdade, isso significa que primeiro ele calculou a sua recompensa futura.

 

Qualquer movimento, até o menor deles, é realizado unicamente com base em um cálculo. Como resultado, parece ao homem que ele estaria numa situação melhor do que a que ele se encontra no momento. Se o homem não fizesse esses cálculos, ele não seria capaz de se movimentar, pois uma certa quantidade de energia é necessária para o movimento, mesmo no nível molecular da natureza, e essa energia é o nosso egoísmo, isto é, o desejo de receber prazer. Então, essa lei "veste-se" nas leis físico-químicas gerais. Em nosso mundo, o homem apenas dá ou recebe com o propósito de receber.

 

Vale perceber, aqui, que os desejos que proporcionam satisfação a toda humanidade também são egoístas, pois o homem, ao perceber-se como parte dessa humanidade, deseja satisfazer essa mesma parte de si…

 

A Cabalá viabiliza a descrição tanto das ações internas realizadas pelo homem quanto aquelas que o Criador realiza nele, ou seja, suas interações. A Cabalá é uma descrição físico-matemática dos objetos espirituais e suas ações, expressas em fórmulas, gráficos e tabelas. Tudo isso descreve as ações espirituais internas de um cabalista, e apenas aquele que é capaz de reproduzir essas ações em si mesmo e, assim, compreender o que significam essas fórmulas, pode saber o que existe por trás delas.

 

Um cabalista pode transmitir essa informação ao seu discípulo apenas quando este alcança, ao menos, o primeiro nível espiritual. Essa informação é passada de “boca a ouvido” (Mi Peh le Peh), pois a tela está no nível de “Peh” do Partzuf espiritual. Se um aluno ainda não adquiriu a tela, ele não é verdadeiramente capaz de compreender coisa alguma: ele ainda não é capaz de receber nada do seu professor.

 

Quando um cabalista lê um livro de Cabalá, ele deve sentir internamente cada palavra, cada letra, assim como os cegos sentem cada letra do alfabeto utilizando o sistema de Braile.

 

Shamati (127)

    127. A diferença entre o núcleo central, a essência e a abundância agregada ( Su cot Inter 4, Tav - Shin - Guimel , 30 de setembro d...