quinta-feira, 30 de abril de 2020

Hitbonenut (1)




1


Introdução



O Rabi de Berditchev viu um homem que caminhava

 com pressa pela rua, sem olhar para a direta ou para a esquerda.

“Por que tens tanta pressa?”,  perguntou.   

“Vou atrás do meu sustento”, replicou o homem.

“E como sabes que o teu sustento corre na tua frente, de tal modo

 que tens que correr atrás dele? Talvez ele esteja atrás de ti

 e tudo o que precisas fazer é parar de correr…”.







Crise de Percepção



Fritjof Capra, em seu livro “O ponto de mutação”, afirma: “Nossa sociedade se encontra numa crise sem precedentes: podemos ler sobre as suas diversas manifestações todos os dias nos jornais, mas ela é, esencialmente, uma crise de percepção. Estamos tratando de aplicar conceitos de uma visão antiquada (mecanicista) a uma realidade que já não pode ser entendida nesses termos.”[1]



No começo, meditar pode ser uma tarefa árdua. O fato de se permanecer imóvel, com os olhos fechados durante um certo tempo, pode ser difícil. Manter a concentração prolongada requer um grande esforço. Os conflitos psicológicos não resolvidos tendem a emergir assim que a atenção se volta para dentro. Excitação e emoção se alternam com uma tranquilidade profunda. Nossos níveis de percepção estão insensibilizados e deformados e escapam do nosso autocontrole. É por ese motivo que o treinamento da mente e o intento de exercer um controle mais efetivo sobre nosso próprio autocontrole é uma tarefa tão complexa, mas vale a pena todo ese esforço.





Meditação e liberdade



O ego é uma série de pensamentos que definem o nosso Universo. É como uma casa construída de pensamentos. Através das suas janelas, podemos ver o Universo. Nessa casa, estamos seguros, mas, porque temos medo de sair dela, transforma-se numa prisão. O medo é a perda de identidade. Quando abandonamos os nossos pensamentos, temos a sensação de que estamos morrendo. No entanto, somos infinitamente mais que isso. Nosso ego, ao invés de ser uma prisão, pode ser uma base de lançamento para a libertação. Nesse sentido, a meditação é um êxtase, é um sair de si mesmo, e é um íntase, um sair para dentro de si mesmo.



A maioria das pessoas não podem escapar dessa visão encaixotada do ego, pois se identificam completamente com seus pensamentos. São incapazes de separar a percepção pura dos pensamentos que são seus objetos. A meditação liberta a percepção. O caminho da libertação passa pelo desapego dos velhos hábitos do ego. Ou seja, é preciso fluir para além dos limites do ego, até fundir-se com o Universo.





Meditar, para quê?



A meditação favorece o bem-estar psicológico e a sensibilidade perceptiva. Reduz a ansiedade, produz um incremento da autoconfiança e da autoestima, facilita a autorrealização e a lucidez, diminui o stress, os medos, as fobias e, também, os hábitos negativos e os vícios. Paralelamente, o meditador mais avançado identifica-se cada vez mais com o calmo observador ou testemunha de suas próprias experiências do que com as experiências em si. Também aumenta a sua compreensão intelectual e a sua criatividade. A meditação tem efeitos metabólicos significativos. Por outro lado, modifica os níveis hormonais e favorece a circulação sanguínea. No que diz respeito ao cérebro, experimentos científicos demonstraram ritmos cerebrais mais lentos e melhor sincronizados, com predomínio de ondas alfa (8-13 ciclos por segundo). Nos praticantes mais avançados as ondas podem chegar a theta (4-7 ciclos por segundo). Os meditadores demonstram um aumento das habilidades localizadas no hemisfério direito e também uma maior flexibilidade na translação de um lado para o outro do cerebro.



A meditação propicia um maior interesse pelas vivências mais subjetivas e uma abertura maior para experiências que estão fora da normalidade. Quem medita parece menos suscetível a perturbações psicológicas graves e se mostra mais aberto ao reconhecimento das suas próprias características pessoais desfavoráveis. Por isso, a meditação é terapêutica. Toda e qualquer mudança pessoal começa pelo reconhecimento dos próprios defeitos.





Acusações contra a meditação



Circula a acusação de que a meditação é o resultado de uma sintomatología narcisista. Outros afirmam que é uma atitude escapista ou egocêntrica, e que, o indivíduo, ao ir para dentro de si mesmo, simplesmente ignora os problemas reais do mundo “real”, problemas que estão “aí fora”. No entanto, é completamente o oposto disso. A meditação, longe de ser uma retirada narcisista ou um isolamento interno, é simplemente “a continuação natural do processo evolutivo”, quando uma nova interiorização nos leva ainda mais longe, em direção a uma maior amplitude de horizontes.



Maior evolução significa maior profundidade e maior autonomia relativa. Também implica maior interiorização e menor narcisismo. Quanto mais interiorizada é uma pessoa, se torna menos egocêntrica. Toda interiorização reverte numa maior percepção da realidade em sua totalidade.





Em que consiste a meditação?



Basicamente, existem duas categorías de meditação: uma é a da concentração (transe) e a outra é a da visão interior (intuição).



Na meditação de concentração colocamos o acento no  adestramento da mente, enfocando-a fixamente num objeto determinado. Pode ser um mantra, uma respiração, a chama de uma vela e etc.



A concentração é a unificaçao da mente, a unidirecionalidade do pensamento.



A corrente do pensamento é normalmente errática e dispersiva. O objetivo da concentração é enfocar o fluir dos pensamentos, fixando a mente num único objeto, no tema da meditação.


Finalmente penetramos o objeto e somos totalmente absorvidos por ele.



No começo, a unidirecionalidade é ocasional e esporádica. A mente oscila entre o objeto da meditação e os pensamentos, sentimentos e sensações que a distraem.



A meditação de concentração requer previamente uma purificação psicológica, a qual significa a poda de pensamentos que distraem nossa concentração. A pureza é a base psicológica da concentração.



A segunda categoria de meditação, a de visão interior, trabalha melhor com a vivência do presente. Não intenta apartar a mente do transcurso da experiência para enfocá-la sobre um só objeto e criar estados diferentes, senão que cultiva a atenção e a percepção do fluir que momento a momento vai configurando nossa vida.



A essência da atenção, segundo o monge budista Nyanaponika Thera, é “a percepção clara e exclusiva do que realmente acontece conozco e com o que acontece dentro de nós mesmos nos momentos sucessivos da percepção”.[2]







A iluminação



Quando se medita pode ocorrer a visão de uma luz brilhante, arrebatamento, paz, tranquilidade, devoção, vigor, felicidade, agudeza perceptiva, rápida e clara, lucidez, atenção intensa, equanimidade, apego a esses fenômenos e etc.



Esses acontecimentos detalhados aqui são marcos ao longo do  caminho e não do destino final, o que não significa que devamos ignorá-los e que não devamos nos deter neles. A meditação como caminho na busca da iluminação pessoal transcende todas as categorias de emoções e sensações.



A partir daqui torna-se difícil explicar racionalmente as experiências místicas, sem confundi-las ou diminui-las, apenas podemos descrevê-las beirando o poético e o intuitivo. Por fim, o caminho de comprensão da meditação é a própria experiência sensível.



Existem muitas técnicas de meditação. Cada pessoa deve encontrar aquela em que se sente mais confortável. Algumas são mais complexas que outras. Também existem aquelas que não levam a resultado algum. O importante é começar pelo básico, aprender a relaxar, a colocar-se em posturas corretas, aprender a concentrar-se, a respirar adequadamente, a purificar-se de pensamentos e emoções negativas, a desenvolver a capacidade de atenção e de auto-observação, e a não claudicar nessa grande empresa interior.



O objetivo prático da meditação é parar de pensar e abandonar a dispersão. Isso é assim porque o pensamento requer sempre a polaridade, enquanto que a meditação, em seu sentido correto, é a superação da polaridade e da dispersão. A superação se dá através da trascendência e da unificação.



A intuição é uma forma de percepção pura, sem dispersão e que conduz a um absoluto (Dvekut, Ruach Hakodesh, Samádhi, Nirvana  etc.). A mente se alimenta da dispersão, da fragmentação e da separação. Isso é a consequência de estarmos imersos num mundo de tempo e de espaço, mas não devemos esquecer a dimensão do sagrado, que é a Unidade.





Benefícios fisiológicos da meditação



Os efeitos gerais da meditação são, no plano físico, reforço do sistema imunológico, harmonização e sincronização das funções orgánicas, homeostase corpo-mente, sedação neurológica, estabilização da tensão arterial, incremento da vitalidade, da agilidade, da flexibilidade, aperfeiçoamento da postura corporal, estabilização dos batimentos cardíacos, melhora do sono, maior longevidade, melhor peristaltismo intestinal e, por consequência, diminuição de constipação.



A meditação também produz mudanças nos padrões das ondas mentais, chegando-se a ritmos alfa. Produz dimimuição do índice metabólico, dimunuição do consumo de oxigênio em cerca de vinte por cento e liberação de dióxido de carbono. Produz, também, mudanças no ritmo cardíaco em até trinta por cento.



A meditação produz um estado de relaxamento profundo, que diminui a ansiedade e as perturbações emocionais. Diminui a pressão sanguínea e elimina problemas de insônia.





Espectro das ondas cerebrais



Onda
Frequência
Características
Beta
13 a 28
Mente funcionando ativamente com os 5 sentidos (tensão)
Alfa
8 a 13
Sensação de relaxamento, bem-estar e paz interior
Theta
4 a 7
Estados de ânimo criativos e resolução de problemas (sono)
Delta
2 a 4
Sono profundo





Contam-se às centenas os estudos realizados em inúmeras universidades ao redor do mundo sobre os efeitos fisiológicos, psicológicos e sociológicos da meditação. E todos esses estudos mostram resultados positivos. Esses efeitos produzem uma menor necessidade de atenção médica ambulatória, uma maior longevidade, uma menor incidência de doenças em geral, além de melhorias em doenças cardivasculares, redução de quedas físicas e grande redução de gastos em saúde pública.





Benefícios emocionais e mentais



No plano emocional, a meditação produz equilibrio e serenidade, bom humor, coragem, tolerancia e paz interior, autoconfiança, satisfação, paciencia, simplicidade e estabilidade.



No plano mental, a meditação aumenta a capacidade de atenção e concentração, a memória, a comunicação e a inteligência.





Benefícios no comportamento social



A meditação aumenta a autoestima, melhora o rendimento laboral, diminui os conflitos no trabalho, melhora as relações familiares e diminui os índices de acidentes em geral.



A consciência transcendental é o nível fundamental da existência, é um campo de criatividade infinito, é o campo unificado de todas as leis da natureza. Ao melhorarmos o nível básico da existencia, melhoramos todos os aspectos da vida.





Benefícios espirituais



No plano espiritual, a meditação incrementa a consciência de unidade, aumenta a ação compassiva, a intuição, o poder de resolução e realização, aumenta os limites pessoais e amplia a libertade interior.



[1] O ponto de mutação. Fritjof Capra, Cultrix: São Paulo, 1986. .

[2] Nyanatiloka, Mahathera (Antom Gueth, 1878 - 1957), El Camino de la Atención: El Corazón de la Meditacion budista”.


quarta-feira, 29 de abril de 2020

Sion Az Yael (7)




Benefícios emocionais e mentais



No plano emocional, a meditação produz equilibrio e serenidade, bom humor, coragem, tolerancia e paz interior, autoconfiança, satisfação, paciencia, simplicidade e estabilidade.



No plano mental, a meditação aumenta a capacidade de atenção e concentração, a memória, a comunicação e a inteligência.





Benefícios no comportamento social



A meditação aumenta a autoestima, melhora o rendimento laboral, diminui os conflitos no trabalho, melhora as relações familiares e diminui os índices de acidentes em geral.



A consciência transcendental é o nível fundamental da existência, é um campo de criatividade infinito, é o campo unificado de todas as leis da natureza. Ao melhorarmos o nível básico da existência, melhoramos todos os aspectos da vida.





Benefícios espirituais



No plano espiritual, a meditação incrementa a consciência de unidade, aumenta a ação compassiva, a intuição, o poder de resolução e realização, aumenta os limites pessoais e amplia a libertade interior.

terça-feira, 28 de abril de 2020

Sion Az Yael (6)



Benefícios fisiológicos da meditação





Os efeitos gerais da meditação são, no plano físico, reforço do sistema imunológico, harmonização e sincronização das funções orgánicas, homeostase corpo-mente, sedação neurológica, estabilização da tensão arterial, incremento da vitalidade, da agilidade, da flexibilidade, aperfeiçoamento da postura corporal, estabilização dos batimentos cardíacos, melhora do sono, maior longevidade, melhor peristaltismo intestinal e, por consequência, diminuição de constipação.



A meditação também produz mudanças nos padrões das ondas mentais, chegando-se a ritmos alfa. Produz dimimuição do índice metabólico, dimunuição do consumo de oxigênio em cerca de vinte por cento e liberação de dióxido de carbono. Produz, também, mudanças no ritmo cardíaco em até trinta por cento.



A meditação produz um estado de relaxamento profundo, que diminui a ansiedade e as perturbações emocionais. Diminui a pressão sanguínea e elimina problemas de insônia.





Espectro das ondas cerebrais



Onda
Frequência
Características
Beta
13 a 28
Mente funcionando ativamente com os 5 sentidos (tensão)
Alfa
8 a 13
Sensação de relaxamento, bem-estar e paz interior
Theta
4 a 7
Estados de ânimo criativos e resolução de problemas (sono)
Delta
2 a 4
Sono profundo





Contam-se às centenas os estudos realizados em inúmeras universidades ao redor do mundo sobre os efeitos fisiológicos, psicológicos e sociológicos da meditação. E todos esses estudos mostram resultados positivos. Esses efeitos produzem uma menor necessidade de atenção médica ambulatória, uma maior longevidade, uma menor incidência de doenças em geral, além de melhorias em doenças cardivasculares, redução de quedas físicas e grande redução de gastos em saúde pública.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Introdução ao Livbro do Zohar (39)




39. Isso não deve ser difícil de entender, pois todas as letras de HaVaYaH e a ponta da letra "Yud" são os cinco Kelim que sempre são chamados de "Letras" e que se referem às cinco Sefirot KaHaBTuM. A ponta da letra "Yud" e a letra "Yud" do Nome de HaVaYaH insinuam a presença dos Kelim em Keter e Chochmá.



O fato é que, quando se diz que "imagens" e "propriedades" representam os Kelim que surgem do Mundo de Beriá para baixo, a questão se refere unicamente às três Sefirot de Biná, Tiferet e Malchut, mas não à Keter e Chochmá, do ponto de vista da essência das Sefirot.



Entretanto, é preciso saber que as Sefirot estão incluídas umas nas outras. Há Dez Sefirot KaHaBTuM em Keter, Chochmá, Biná, Tiferet, e Malchut, da qual os Kelim se originam.



A partir disso, é preciso compreender que a ponta da letra "Yud", que se refere aos Kelim de Keter, aponta para Biná e TuM incluídos em Keter. A letra "Hey" do nome HaVaYaH, que representa o Kli de Chochmá, aponta para Biná e TuM incluídos em Chochmá. Assim, tanto Keter como Chochmá, presentes inclusive em Biná e ZON, não possuem Kelim, enquanto que Biná e TUM, presentes em Keter e Chochmá, possuem Kelim.



Sob essa perspectiva, Adam realmente consiste de cinco partes. Isso ocorre porque Biná e TuM realizam um ato de doação em cada uma das cinco Sefirot, o qual está oculto no nome "Merkavá de Adam". De acordo com isso:



Adam no nível de Keter é chamado de "Adam Kadmon",



Adam no nível de Chochmá é chamado de "Adam de Atzilut";



Adam no nível de Biná é chamado de "Adam de Beriá",



Adam no nível de Tiferet é chamado de "Adam de Yetzirá",



Adam no nível de Malchut é chamado de "Adam de Assiyá".


domingo, 26 de abril de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (38)




38. Depois da interação com as propriedades restritivas de Malchut, as imagens e as formas descem para as Almas de Beriá (Biná) para baixo. Isso não ocorre no seu lugar, apenas onde os receptores estão.



É dito que "Ele deu uma forma à estrutura Adam Elion, e desceu e 'vestiu-Se' nessa forma de homem". Assim, a forma do homem consiste de 613 Kelim, que resultam dos Kelim de uma Alma. Já que uma Alma possui 613 Kelim espirituais chamados 248 órgãos e 365 tendões, ela é subdivida em cinco partes de acordo com as 4 letras de HaVaYaH:



A ponta da letra 'Yud', sua Cabeça, é Keter;

De Peh a Chazeh é Chochmá;

Do Chazeh ao Tabur é Biná;

Do Tabur ao Sium Raglin existem duas Sefirot: Tiferet e Malchut.



A Torá descreve o Partzuf Adam, que representa os 248 mandamentos positivos correspondentes aos 248 órgãos, e os 365 mandamentos negativos que correspondem aos 365 tendões. Ele tem cinco partes, os cinco livros da Torá. A isso chamamos de 'a imagem de Adam Elion', que representa aquele Adam, do Mundo de Beriá (Biná), onde os Kelim começam e continuam nos lugares onde as Almas estão. Isso se chama 'Adam Elion', pois existem três propriedades adâmicas nas Sefirot:



Adam de Beriá

Adam de Yetzirá

Adam de Assiyá



Contudo, Keter e Chochmá não possuem nenhuma imagem que possa ser relacionada a qualquer letra pontuada ou às quatro letras de HaVaYaH. Já que a questão se refere ao Mundo de Beriá, confirma-se: "Adam Elion".



Sempre tenha em mente que o Zohar diz que não há imagens no lugar das Sefirot de Biná e Malchut, somente no lugar do receptor. Já que todas essas Sefirot dão aos Kelim vestimentas para que as Almas recebam o Criador com a ajuda da Luz que desce a eles dentro de certos limites, de acordo com seus 613 órgãos, também chamamos os doadores de "Adam". Entretanto, lá, eles são da cor branca.


sexta-feira, 24 de abril de 2020

Cartas de Baal Ha Sulam (1)





Na Carta 8, do livro Sage´s Fruit, Jerusalém, 1922, Baal Ha Sulam escreve:



“É permitido e é uma grande mitzva deleitar e perfumar aqueles amados que você encontra no campo (de trabalho), aos quais o Criador abençoou. Nosso único propósito na vida é levantar a Divindade do pó.”

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Baal Ha Sulam (5)




Hora de agir



Por um longo tempo, minha consciência me sobrecarregou com uma demanda de sair e criar uma composição fundamental a respeito da essência do judaísmo, da religião, e a respeito do conhecimento da sabedoria autêntica da Cabalá, e espalhá-la pela nação, para que as pessoas pudessem conhecer e entender adequadamente essas exaltadas questões em seus verdadeiros significados.



Antigamente, em Israel, antes do desenvolvimento da indústria de impressão, não havia livros falaciosos entre nós ligados à essência do judaísmo, já que havia poucos escritores entre nós que poderiam sustentar as suas palavras, pela simples razão, que na maioria dos casos, uma pessoa não confiável não tem reputação.



Portanto, se, por acaso, alguém se atrevesse a escrever tal composição, não valeria a pena para qualquer escriba copiá-la, pois não seria pago por seu trabalho, o qual, geralmente, era uma soma considerável. Assim, tal composição estaria condenada a não circular desde o início.



Naqueles dias, pessoas bem-informadas também não tinham interesse em escrever tais livros, já que o público em geral não precisava daquele conhecimento. Muito pelo contrário, elas tinham interesse em ocultar o assunto em câmaras secretas porque “É a glória de Deus ocultar algo”. Recebemos a ordem de ocultar a essência da Torá e o trabalho daqueles que não precisavam dessa revelação, ou porque eram indignos dela, e também para não degradar e exibir a essência da Torá em janelas de lojas para os olhos cobiçosos da ostentação, porque assim a glória de Deus nos exige.



Mas desde que a impressão de livros se tornou popular e que os escritores não necessitaram mais de escribas, o preço dos livros foi reduzido. Isto pavimentou o caminho para escritores não confiáveis publicarem quaisquer livros que desejassem, por dinheiro ou por glória. Contudo, eles não levaram suas próprias atitudes em consideração e não examinaram as consequências de seu trabalho.



Daquela época em diante, publicações do tipo antes mencionado aumentaram significativamente, sem nenhum aprendizado ou recepção boca-a-boca de um rav [professor/grande homem/sábio] qualificado, ou mesmo através do conhecimento de livros antigos que lidavam com esse tópico. Tais escritores fabricam teorias a partir de suas próprias conchas vazias, e relacionam suas palavras aos assuntos mais exaltados, para dessa forma retratar a essência da nação e seu tesouro fabuloso. Como bobos, eles não sabem ser escrupulosos, ou ter uma forma através da qual aprendê-lo. Eles instilam visões deturpadas em gerações, e como prêmio por seus desejos mesquinhos, eles pecam e fazem as nações pecarem por gerações vindouras.



Recentemente, o seu fedor subiu ainda mais alto porque eles enfiaram as unhas na sabedoria da Cabalá, sem se importarem com o fato de que essa sabedoria esteve fechada e trancada atrás de mil portas até hoje, ao ponto de que nenhuma pessoa possa entender o verdadeiro significado sequer de uma palavra dela, muito menos a conexão entre uma palavra e a outra.



Isto ocorre porque em todos os livros genuínos que foram escritos até o dia de hoje, não há senão pistas que mal bastam para um discípulo bem orientado entender o significado delas da boca de um sábio cabalista qualificado e prudente. E lá, também, “o porco-espinho faz seu ninho e põe seus ovos, e incuba, e choca na sua sombra”. Nesses dias, tais conspiradores se multiplicam e produzem tais deleites que enojam aqueles que os vêem. Alguns deles vão tão longe a ponto de assumir os postos de líderes da geração, fingindo saber como escolher entre os livros dos primeiros [sábios] e dizer qual deles é digno de ser estudado e qual não é, já que eles estão cheios de falácias, e por isso despertam desprezo e ira. Até hoje, o trabalho de tal escrutínio tem sido limitado a um de cada dez líderes de uma geração; e agora o ignorante abusa disso.



Por isso, a percepção do público sobre essas questões tem sido imensamente corrompida. Além disso, há uma atmosfera de frivolidade, e as pessoas pensam que uma olhada ao seu bel prazer é suficiente para o estudo de tais assuntos exaltados. Eles roçam o oceano de sabedoria e a essência do judaísmo em uma única olhada como aquele anjo, e tiram conclusões baseados em seus próprios estados mentais.



Essas são as razões que me levaram a sair de meu caminho e decidir que chegou a hora de “fazer pelo Criador” e salvar o que ainda pode ser salvo. Assim, eu tomei sobre mim o encargo de revelar um certa porção da verdadeira essência, que está relacionada ao assunto citado acima, e espalhá-la na nação.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Sion Az Yael (5)




A iluminação



Ao se meditar, pode ocorrer a visão de uma luz brilhante, pode surgir a sensação de arrebatamento, de paz, de tranquilidade, de devoção, de vigor, de felicidade, de rapidez e clareza perceptiva, de lucidez, de atenção intensa, de equanimidade e de apego a todos esses fenómenos. E etc.



Tudo isso são marcos ao longo do  caminho e não o seu destino final, o que não significa que devamos ignorá-los ou que não devamos nos deter neles. A meditação como busca pela iluminação pessoal transcende todas as categorias das emoções e sensações.



A partir daqui torna-se difícil explicar racionalmente as experiências místicas, sem confundi-las ou diminui-las. O que podemos fazer é descrevê-las, poética e intuitivamente. Enfim, o caminho de comprensão da meditação é a própria experiência sensível.



Existem muitas técnicas de meditação. Cada pessoa deve encontrar aquela em que se sente mais confortável. Algumas são mais complexas que as outras. Também existem aquelas que não levam a resultado algum. O importante é começar pelo básico, aprender a relaxar, a colocar-se em posturas corretas, aprender a concentrar-se, a respirar adequadamente, a purificar-se de pensamentos e emoções negativas, a desenvolver a capacidade de atenção e de auto-observação, e a não claudicar nessa grande empresa interior.



O objetivo prático da meditação é parar de pensar e abandonar a dispersão. Isso é assim porque o pensamento requer sempre a polaridade, enquanto que a meditação, em seu sentido correto, é a superação da polaridade e da dispersão. A superação se dá através da trascendência e da unificação.



A intuição é uma forma de percepção pura, sem dispersão e que conduz a um absoluto (Dvekut, Ruach Hakodesh, Samádhi, Nirvana  etc.). A mente se alimenta da dispersão, da fragmentação e da separação. Isso é a consequência de estarmos imersos num mundo de tempo e de espaço, mas não devemos esquecer a dimensão do sagrado, que é a Unidade.




terça-feira, 21 de abril de 2020

Mekubalim (3)




Kaduri e os demônios 




Certa vez perguntaram ao Rav Kaduri, quando ele já contava com 105 anos de vida, se para fazer os seus amuletos cabalísticos ele invocava e forçava os demônios a fazerem o que ele queria.



Com um sorriso estampado no rosto, o Rav Kaduri respondeu: “Não, não. É que eu sou tão velho, mas tão velho, que os demônios olham para mim, sentem pena e resolvem fazer o que eu quero”.



(In: O Livro de Raziel. Raigordsky, Diego)


segunda-feira, 20 de abril de 2020

Mocha de Ilaah (10)






O sonho é o striptease da alma.



Se o sono é um-sessenta-avos da morte, o sonho é um-sessenta-avos da profecia. O sonho é uma carta fechada, mas, talvez, o remetente não queira que revelemos o conteúdo da missiva. No entanto, ela pertence ao destinatário e a ele pertence também o direito de tornar o conteúdo público.



Na noite de sexta para sábado, na passagem de 17 para 18 de abril, eu recebi uma carta. Oops! Eu tive um sonho. Bem que eu queria que fosse um I had a dream, como o de Martin Luther King Jr. Antes que as brigadas de sabichões corrijam o meu “erro”, confesso que troquei o have original por had, por razões óbvias.



Eu tive um sonho. E, nesse sonho, eu pedia à Marta, minha esposa, que me levasse ao hospital, porque eu estava com febre e com dificuldade de respirar.



Quando chegamos ao hospital, vi que centenas de pessoas se aglomeravam diante da porta de entrada, mais ou menos como as pessoas estão fazendo nas manifestações pelo fim da quarentena.



Atravessamos a multidão e entramos no prédio. Havia mortos empilhados nos corredores, misturados com vivos que tossiam muito. Pegamos uma ficha. Depois que olhei para o número do atendimento, eu disse à Marta: “Vamos embora. É melhor morrer em casa”.



Guardei a ficha plástica no bolso da camisa, pelo número que nela estava: 349.



Para quem não sabe, 349 é a gemátria hebraica para a palavra Mashiach, que em nosso idioma, e em nossa política, resultou em Messias.

domingo, 19 de abril de 2020

Sion Az Yael (4)




Em que consiste a meditação?



Basicamente, existem duas categorías de meditação: uma é a da concentração (transe) e a outra é a da visão interior (intuição).



Na meditação de concentração colocamos o acento no  adestramento da mente, enfocando-a fixamente num objeto determinado. Pode ser um mantra, uma respiração, a chama de uma vela e etc.



A concentração é a unificaçao da mente, a unidirecionalidade do pensamento.



A corrente do pensamento é normalmente errática e dispersiva. O objetivo da concentração é enfocar o fluir dos pensamentos, fixando a mente num único objeto, no tema da meditação.

Finalmente penetramos o objeto e somos totalmente absorvidos por ele.



No começo, a unidirecionalidade é ocasional e esporádica. A mente oscila entre o objeto da meditação e os pensamentos, sentimentos e sensações que a distraem.



A meditação de concentração requer previamente uma purificação psicológica, a qual significa a poda de pensamentos que distraem nossa concentração. A pureza é a base psicológica da concentração.



A segunda categoria de meditação, a de visão interior, trabalha melhor com a vivência do presente. Não intenta apartar a mente do transcurso da experiência para enfocá-la sobre um só objeto e criar estados diferentes, senão que cultiva a atenção e a percepção do fluir que momento a momento vai configurando nossa vida.



A essência da atenção, segundo o monge budista Nyanaponika Thera, é “a percepção clara e exclusiva do que realmente acontece conozco e com o que acontece dentro de nós mesmos nos momentos sucessivos da percepção”.[1]





[1] Nyanatiloka, Mahathera (Antom Gueth, 1878 - 1957), El Camino de la Atención: El Corazón de la Meditacion budista”.


Shamati (127)

    127. A diferença entre o núcleo central, a essência e a abundância agregada ( Su cot Inter 4, Tav - Shin - Guimel , 30 de setembro d...