segunda-feira, 30 de abril de 2018

Hamashbir (3)


O Messias Egípcio



Nas paredes do Templo de Luxor, no Egito, existem hieróglifos feitos na pedra há 3.500 anos que contam uma conhecida história que circula no Ocidente.



Nessa história, Toth anuncia à Isis-Meri que ela dará a Luz à Horus. Depois desse anúncio, Nef, o espírito santo, engravida a virgem Isis-Meri. Depois do nascimento desse messias, aparecem 3 reis do Oriente que trazem-lhe presentes de adoração.



A história de Hórus é cheia de detalhes, inscritos na pedra:



1.    Hórus tinha um inimigo, Set, o deus da escuridão, o deus da noite;

2.    Hórus nasceu no dia 25 de dezembro;

3.    Três reis acompanharam uma estrela, que lhes indicou o local do nascimento;

4.    Os três reis fizeram oferendas de perfumes ao messias;

5.    Aos 12 anos, o “menino nascido da virgem Isis-Meri” revelou-se um prodígio, quando foi apresentado no Templo;

6.    Aos 30 anos, o messias foi batizado por Anup, numa espécie de mikvê, e assim começou o ministério de Hórus;

7.    Na sua curta carreira de pregador, teve 12 discípulos, com os quais perambulou de vilarejo em vilarejo. Nessas andanças pelo Egito antigo, Hórus operou milagres, tais como curar doentes, andar sobre as águas e etc;

8.    Hórus ficou conhecido por alcunhas interessantes: A Verdade; A Luz; O Filho Ungido de Deus; O Bom Pastor; O Cordeiro de Deus e etc;

9.    Depois de ter sido traído por um discípulo chamado Tífon, Hórus foi crucificado, ficou enterrado por três dias e ressuscitou.



Esse é o mito-fonte, e que gerou centenas (talvez milhares) de outros mitos messiânicos.



Num próximo texto, apresentarei alguns desses outros messias, em outras culturas. E, no final, elaborarei o significado dos tantos detalhes desse mito. Toda história, toda lenda, todo mito, toda narrativa mitológica esconde nas profundezas das malhas de seu texto conhecimento científico codificado, e preservado assim da sanha dos destruidores.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Shofar (4)



Aos meus alunos e alunas de Kabbalah, e a todos os seres humanos de boa vontade,



1.    Quando eu dizia em sala de aula, há vários anos, e escrevia isso em meus e-mails coletivos, que Donald Trump seria presidente dos EUA muitos imaginavam que eu tinha enlouquecido;


2.    Quando eu dizia que ele, Trump, é a reencarnação do Rei Ciro, que ajudou os judeus a reconstruírem o Sagrado Templo (o Segundo), eu parecia ter enlouquecido;


3.    Quando eu dizia que nessa nova encarnação Donald Trump ajudaria a construir o III Templo eu parecia ter enlouquecido de vez;


4.    Quando eu convoquei o meu grupo Kadosh, para fazermos 40 dias de jejuns e exercícios cabalísticos para que a paz viesse sobre as duas Coréias, a do Norte e a do Sul, eu parecia estar delirando;


5.    Quando eu dizia em sala de aula, e também nas reuniões semanais do Grupo Kadosh, em Porto Alegre, que o ano de 5778 (ou 2018, no calendário gregoriano) seria conhecido como o “ano do início da paz mundial”, eu parecia estar sonhando...


6.    Pois hoje eu convoco o Grupo Kadosh de Porto Alegre, de Santo Antônio da Patrulha, de Florianópolis, de Foz do Iguaçu, de São Paulo, de Belém do Pará, e também a todos os cabalistas ao redor do mundo, para fazermos um grande jejum, com exercícios cabalísticos, com o Yichud para a "descida do Mashiach", no trigésimo terceiro dia de Lag Baomer (a Contagem do Omer), que cairá na quinta-feira, dia 03 de maio, para que israelenses e palestinos sigam o exemplo das Coréias e encontrem a Paz; para que os EUA, a Rússia, a Síria, o Irã encontrem a paz; para que a paz desça sobre todos os quadrantes da Terra; para que o lobo possa pastar com o cordeiro, e para que a Glória do Eterno se manifeste com toda a Sua Graça (Hanna), com toda a Sua grandeza (Keter), com toda a Sua harmonia (Tiferet) e com todo o Seu Esplendor (Hod) no meio dessa humanidade, que já acumulou sofrimento suficiente para a Gmar Tikun.


7.    Adoshem Ylachem Lashem.  

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Ohr Pshat (1)


Arvut



Um estudante de Kabbalah precisa entender, minimamente, o que significa possuir um nível falante de alma, também chamado alma-Adam ou alma-Sheva...



A alma falante, ou humana, quarto nível cabalístico, é capaz de dar o “salto do Leão”, é capaz de sentir, em si mesma, a dor do outro. Somente o nível de alma falante é capaz de doação. Qualquer outra doação é treinamento no nível pshat, sem nenhuma conseqüência espiritual.



A alma falante é capaz de sair da casamata do seu próprio ego e é capaz de aceitar “corrigir o outro dentro de si mesma”, sem salvaguardas, sem prerrogativas, sem pré-condições.



Kabbalah não é uma ciência teórica, é uma práxis. Mas não é uma prática inconseqüente, ilusória. Tratamos de “ajudar o próximo”, aquela pessoa com quem compartilhamos o pão e o vinho, aquela pessoa que se senta ao nosso lado e que não sabe que tem direito a todos “os tesouros do Rei”.


Arvut, garantia mútua, é a palavra-chave nos grupos de Kabbalah, e será a palavra-chave num mundo futuro, num mundo corrigido, num mundo em que todos pensarão na satisfação, segurança e plenitude de todos, independentemente de etnia, nível social, cultura, religião e outros truísmos que nos afastam uns dos outros.



Sob a semelhança de forma somos todos Um (Echad).


Segredos do Gan Naul (4)


Treze sinais do despertar da Nefesh
1
Dores e mal-estar físicos, especialmente nos quadris, nos ombros e nas costas, durante e depois dos exercícios. É o resultado de intensas mudanças que estão sendo operadas em teu interior.
2
Sentimento de profunda tristeza. Estás liberando teu passado, desta e de vidas anteriores. Isso é semelhante a mudar de uma casa em que se viveu por muitos anos. Por maior que seja o desejo de mudar para a casa nova, sente-se a tristeza de deixar para trás velhas lembranças, energias e experiências vividas na casa antiga.

3
Chorar sem nenhum motivo. É bom e saudável deixar que corram as lágrimas. Isso ajuda a liberar antigas energias coletadas no Mitzarim.

4
Mudanças repentinas de trabalho ou de profissão. Este é um sinal muito freqüente. Ao mudares, as coisas ao teu redor mudam também. Não te preocupes em procurar um novo emprego ou a profissão mais adequada nesse momento. Estás no meio de uma grande transição e é possível que faças várias mudanças de trabalho antes de te estabeleceres num que se ajuste ao teu novo ser.

5
Afastar-se das antigas relações familiares e de amizades. Estás conectado a tua família biológica e aos amigos pelo velho guilgul. Quando sais do ciclo das reencarnações, os laços antigos se rompem. Inicialmente, te parecerá que estás te separando da própria família, mas depois de algum tempo essas ligações se restabelecerão, se assim for necessário para tua evolução espiritual. No entanto, essas novas relações estarão baseadas na tua nova condição.

6
Grande mudança nos padrões de teus sonhos. É provável que te despertes em muitas noites entre a meia noite e às três horas da manhã. Há muito trabalho sendo feito no teu interior e com freqüência serás acordado para “tomares um ar”. Não te angusties. Se não conseguires voltar a dormir, faz alguns exercícios cabalísticos, ouve música cabalística, lê algum livro de kabbalah, ao invés de te quedares insone, te remexendo na cama.

7
Nessa fase, são freqüentes os sonhos relacionados com guerras e batalhas, perseguições terríveis, correrias em cidades desconhecidas, estreitas e apertadas, sujas e misteriosas. Literalmente, estás começando a te libertar das klipot de reencarnações passadas. Familiares e amigos mortos costumam aparecer nesses sonhos, dando-nos explicações e indicando caminhos.

8
Desorientação física. Às vezes, te sentirás desenraizado, como se estivesses com os pés acima do chão. Ou como se estivesses caminhando entre dois mundos. Ou como se a alma se separasse o corpo. Sentirás uma forte sensação de dualidade, de separação ou fragmentação interior. Quando a alma sai de seu estado mineral para um estado superior, o corpo não quer acompanhá-la e fica para trás. Nessa hora, é recomendável passar mais tempo em contato com a natureza, para reorganizar a nova energia no teu interior.

9
Grande incremento do diálogo interior ou autoconversação. Com freqüência, vais te encontrar falando sozinho, em voz alta. Está se dando um novo nível de comunicação dentro do teu ser, estás começando a perceber a “ponta do iceberg”. Essas conversações internas aumentarão e serão mais fluidas, mais coerentes e mais intuitivas. Fica tranqüilo, não estás ficando louco.

10
Sentimentos de grande solidão, inclusive quando acompanhado por outras pessoas. Podes sentir um grande impulso de fugir de multidões, de ambientes barulhentos, de locais que gostavas de freqüentar, como bares, festas, locais de consumo. Estás começando a trilhar o Caminho. A razão desses sentimentos de solidão é o abandono dos guias anteriores, as klipot. Estiveram contigo em inúmeras reencarnações e agora chegou o momento delas se romperem, para revelares dentro de ti as forças da kedushá. O vazio interior será preenchido, a partir de agora, pela Ohr Pnimi, Luz Interna.

11
Perda de entusiasmo. Podes sentir-te totalmente desapaixonado, com escasso ou nenhum desejo de ser alguma coisa. Não te angustia, nem te deprime, isso faz parte do processo. Aproveita esse tempo para o não-fazer. Não lutes contigo mesmo. Isso é parecido com ligar um computador. Tu precisas “apagar” por um momento, zerar tudo, para que o novo sistema seja instalado dentro de ti. O Ibur, a gestação de tua alma, precisa desse vazio. Esse período de incubação ou de gestação levará de 7, 9 ou 12 meses, a depender de reencarnações anteriores, e da participação em grupo fechado, onde se adquire Ohr Makif, que é a energia necessária para o desenvolvimento cabalístico.

12
Aparecimento de um profundo desejo de “voltar para casa”. Talvez esse seja o mais difícil e desafiante de todos os sinais ou condições. Podes sentir um estranho desejo de abandonar até o próprio planeta. Não te preocupa que este não é um sentimento suicida, pois não se baseia na cólera, na frustração ou na depressão. Não dá excessiva importância a isso, nem faz um drama. Há uma silenciosa parte de ti dentro de ti que quer “voltar para casa”, que quer tornar a fundir-se com o Criador, como no princípio, antes do Pensamento da Criação. A causa principal desse sentimento de retorno é simples: cumpriste o teu guilgul, já não precisarás rodar mais na roda gigante das reencarnações, já cumpriste o teu contrato (brit), já estás pronto para começar uma nova vida, embora ainda estejas “vestido” pela carne humana. Durante esse processo de transição, terás súbitas reminiscências de como “era estar do outro lado” (Reshimot). Nesses momentos, poderás ser invadido por correntes absurdas de energia e emoção, verdadeiras epifanias poderão acontecer dentro de ti. Períodos de euforia e depressão se alternarão. Fica tranqüilo, não desenvolveste transtorno bipolar de humor. É apenas o jogo, dentro de ti, da Coluna da Esquerda e da Coluna da Direita. Através da dialética das duas colunas, serás “empurrado” lentamente pela Coluna do Meio, que é o Caminho de Ascensão dos Tzadikim. 

13
Estás preparado, agora, para alistar-te em outra jornada, uma jornada de serviços aqui na Terra, estás preparado para aceitar as correções que se farão dentro de ti. Sim, certamente poderias “voltar para casa” agora mesmo, mas chegaste até aqui e depois de tantas reencarnações seria uma lástima partires antes de terminar o Trabalho. Além disso, Hashem necessita de ti para ajudares aos demais a fazerem também a transição da Nefesh mineral para a Nefesh espiritual, e depois para Ruach, Neshamá, Chayá e Yechidá, através dos 125 degraus da Sulam. Os outros, teus amigos, conhecidos, parentes, vão necessitar de guias humanos, exatamente como tu, que já fizeste a transição entre o nível mineral e os níveis animal, humano e espiritual. O caminho que começas a percorrer nesse momento te capacitará, mais adiante, a te converteres também num(a) maguid. Por mais estranho e obscuro que tudo isso possa te parecer agora, receberás as provas de que não estás sozinho e de que jamais te sentirás sozinho ou abandonado outra vez.

terça-feira, 24 de abril de 2018

Shamati (4)




Qual a razão para o peso que a pessoa sente quando se anula perante o Criador durante o trabalho?

Ouvi em 12 de Shevat, 6 de fevereiro de 1944

(Tradução de Clarissa Porto Alegre Schmidt)



Devemos saber a razão do peso que se sente quando se deseja trabalhar para anular o “eu” perante o Criador, e a não preocupar-se com interesse próprio. Chega-se a um estado em que é como se o mundo inteiro houvesse parado, e estivéssemos sozinhos; aparentemente fora deste mundo, deixando de lado a família e amigos, com o propósito de anular-se perante o Criador.



Há uma razão muito simples para isto, e ela se chama “falta de fé”. Isto significa que não enxergamos frente ao quê estamos nos anulando; ou seja, não sentimos a existência do Criador. Isto provoca peso.



Não obstante, quando começamos a sentir a existência do Criador, a alma imediatamente deseja anular-se e conectar-se com a raiz, para integrar-se como “uma vela no interior de uma tocha”, sem nenhum discernimento mental ou racional. Mas isto ocorre de forma natural, do mesmo modo que uma vela se anula diante de uma tocha.



Deste modo, conclui-se que a essência do trabalho consiste somente em alcançar a sensação da existência do Criador; ou seja, sentir a existência do Criador e que “toda a Terra está repleta de Sua Glória”. Este será todo o trabalho; em que todo o vigor e esforço empenhados sejam somente com o objetivo de alcançar aquilo, e com nenhuma outra finalidade.



Não devemos nos confundir pensando que teremos que obter algo. Pelo contrário, só existe uma coisa que é necessária: a fé no Criador. Não se deve pensar em mais nada, o que quer dizer que a única recompensa que se espera pelo trabalho é a fé no Criador.



É necessário que saibamos que não existe diferença entre a pequena ou a grande luminosidade que podemos alcançar. Isso se deve a que não ocorrem transformações na Luz. Pelo contrário, todas as transformações ocorrem nos Kelim (vasos) que recebem esta abundância, como está escrito em “Eu, o Senhor, não mudo”. Portanto, se conseguirmos aumentar os próprios vasos, na mesma medida aumentará a nossa luminosidade.



Ainda assim a questão é: Como é que se aumentam os vasos? A resposta é: Na medida em que se louve e se agradeça ao Criador por nos ter trazido para mais perto de Si Mesmo, onde será possível perceber e pensar na importância de ter sido recompensado com certa conexão com Ele.



A luminosidade que cresce dentro de nós será proporcional ao grau de importância com que nos imaginamos. Devemos saber que jamais chegaremos a conhecer a verdadeira medida da importância da conexão entre o homem e o Criador, porque não é possível calcular o seu verdadeiro valor.  Por outro lado, quanto mais a apreciamos, nesta mesma medida captaremos seu valor e sua importância. Há uma força nisto, através da qual se pode conseguir que essa luminosidade permaneça de maneira permanente.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Emanações de Chochmá (4)


Três diferentes formas de Kabbalah



1.    Kabbalah teórica, que na sua forma atual é baseada fundamentalmente no Zohar. Esta trata principalmente da dinâmica do domínio espiritual, especialmente o Mundo das Sefirot, almas e anjos. Este ramo da kabbalah alcançou seu zênite nos escritos da Escola de Safed, no século XVI. Inclui-se nessa categoria a grande maioria dos textos cabalísticos atualmente publicados.



2.    Kabbalah meditativa, que trata do uso de nomes divinos, permutações de letras e métodos similares para alcançar os estados superiores de consciência. Muitos de seus principais textos nunca foram publicados e permanecem espalhados nas grandes bibliotecas européias e em museus, e em mãos de cabalistas. Alguns de seus métodos experimentaram um breve renascimento em meados de 1700 com o surgimento do movimento chassídico, mas meio século depois eles já haviam sido esquecidos em grande parte. Desde 1995, com a abertura da kabbalah a toda a humanidade, a kabbalah meditativa está retornando com muita força.



3.    Kabbalah teúrgica está intimamente relacionada com a meditativa. Ela consiste em diversos sinais, encantamentos e nomes divinos através dos quais podemos influenciar os eventos naturais. Muitas de suas técnicas são intimamente parecidas com os métodos meditativos e seu êxito dependerá da habilidade do Iniciado de induzir estados mentais onde os poderes telecinéticos e espirituais podem ser efetivamente canalizados. Assim como a segunda categoria, seus mais importantes textos nunca foram publicados. O Livro de Raziel é um exemplo.

domingo, 22 de abril de 2018

Shofar (3)


Shofar (3)



Estou em Belém do Pará desde sexta-feira. Aqui estive há muitos anos, como professor de literatura para dar um curso de Escrita Criativa. Agora, aqui estou como professor de Kabbalah, para ensinar aos alunos e alunas do Grupo Kadosh-Pará, e para participar do IV Congresso Brasileiro de Kabbalah, organizado pelo meu amigo, rabino e cabalista, Joseph Saltoun.



O Grupo Kadosh-Belém já tem um ano de existência, e é conduzido pela Danieli Pimentel e pelo Guilherme Santos, professores-doutores de Literatura e de Comunicação Social. Hoje, são 13. Dentro de alguns anos, serão centenas. E milhares. E milhares de milhares. O Dilúvio já começou.

sábado, 21 de abril de 2018

Contos de Chanun Katan (4)



O sempre-menino

Havia um menino que continuou menino por toda a vida

Em qualquer situação social, o sempre-menino dava um jeito de ser do contra. Quanto mais agressiva e estúpida fosse a tese, mais ele a abraçava. Não porque acreditasse nela, mas porque, com ela, agredia aos outros, mesmo àqueles que lhe estendiam a mão.

Sem agredir aos outros, não seria, ele próprio, agredido. E sem ser agredido, não conseguia reproduzir, dentro de si mesmo, a ética do pai, que só lhe dava atenção quando cometia um erro.


sexta-feira, 20 de abril de 2018

Sefer Ha Zohar (4)


7



Depois de o ponto e a câmara serem unificados como Um, Bereshit (que é Arik Anpin) inclui um elevado começo para a Luz de Chochmá. Mais tarde, a aparência da câmara mudou e foi chamada de Casa (hebraico: beit) e o ponto primordial foi chamado de Cabeça (hebraico: rosh). Eles foram incluídos um no outro por meio do Segredo do Começo, pois a combinação das palavras beit e rosh forma o termo Bereshit. Isso era assim enquanto beit e rosh eram Um, enquanto não havia maneira de habitar na Casa; enquanto Chochmá não estava vestida de Chassadim, o que revela as quatro cores da casa. Mas ele foi concebido para o propósito de habitação e, uma vez que foi habitado, chamou-se pelo nome Elokim, oculto e selado.





8



A luminescência permaneceu selada e escondida até que os filhos fossem capazes de procriar e a casa permanecesse expandida para conter o que foi estabelecido por meio da Semente Sagrada. Enquanto não concebesse, a expansão da Casa para torná-la habitável não ocorria, nem era chamada ainda pelo nome Elokim. Ao invés disso, ambos ainda faziam parte do Bereshit (“No princípio”). Portanto, tudo é considerado como se estivesse incluído em Arik Anpin; ou seja, o Começo. Depois de se tornar conhecido pelo nome Elokim, deu à luz as gerações que vieram da semente germinada no seu interior. Ele pergunta, O que é esta semente, e responde: São as letras entalhadas, as quais são o Segredo da Torá, referindo-se a Zeir Anpin, que emana daquele ponto e que é Arik Anpin. 





9



O ponto primordial, que é Arik Anpin, gerou dentro da câmara (que é Israel-Saba e Tevuná), o segredo das três vogais: Cholam, Shuruk e Chirik. Então elas são combinadas em um segredo, a Voz que emerge da união das três vogais. Quando a Voz se fez presente, sua parte feminina veio junto. Ela incluiu todas as letras, como está escrito: “os céus” (Bereshit 1:1); ou seja, a voz e seu Princípio Feminino. Essa voz, que é o segredo dos céus, é o último nome de Eheyeh, que é a luminosidade que contém, desse modo, todas as letras e cores.


quinta-feira, 19 de abril de 2018

Yichudim (1)


Yichud para Mikvê

O Mikvê, o banho ritual, é citado três vezes na Torah. Em Gênesis 1:10; Êxodo 7: 10 e em Levítico 11:36. O profeta Jeremias chama-se Deus de Mikvê três vezes, em Jeremias 14:8; 17:13 e 50:7.


Conforme Isaac Lúria, de Sagrada Memória, o Mikvê deve ser executado como um exercício cabalístico, da seguinte forma:

Ao entrar no Mikvê, medita-se no Nome KNA קנא (seu número é 151 e é o Nome Ehyeh expandido com letras Hey, da seguinte maneira):

ALP HH YOD HH (Aleph Lamed Pê Hey Hey Yud Vav Dalet Hey Hey)

Seu valor numérico é 151, o mesmo que o valor numérico de Mikvê. É importante saber que o Mikvê físico é, de fato, o Nome KNA, durante a seqüência de descenso espiritual.


É preciso submergir e enquanto se está sob a água é preciso meditar no nome KNA.


Em seguida, submerge-se outra vez e medita-se no Nome AGLA (Aleph Gimel Lamed Aleph). Este é o Nome relacionado com as Forças, que emana das letras iniciais da frase da Amidah: “Tu És forte para o mundo, Senhor” (Atah Gibor Le Olam Adonai).


Depois, submerge-se e medita-se em ALD (que é o décimo triplete do 72. O Nome pode ser lido como Eled, que significa “Darei a Luz”, indicando que se nasce de novo quando se emerge do Mikvê.


Na quarta submersão, meditar nos dois Nomes ALD e Ehyeh, entrelaçados da seguinte maneira:


ALP A HEY L YOD D HH (Aleph Lamed Pê Aleph Hey Hey Lamed Yud Vav Dalet Dalet Hey Hey)


Medita-se, agora, na intenção da oração. Imagina-se a si mesmo dentro do Nome e, conforme se é Elevado, se é atendido.


Enfim, submerge-se pela quinta vez e medita-se nos Nomes ALD e Ehyeh, entrelaçando-se as Letras da seguinte forma:


AAHLYDH (Aleph Aleph Hey Lamed Yud Dalet Hey)


Medita-se que se está Elevando a intenção da oração até o nível superior de Binah. Então, tudo se transforma em puro amor e misericórdia.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Hamashbir (2)


Mashiach (1)



Para os judeus, Mashiach ainda não veio;



Para os cristãos, Mashiach (Messias) já veio e vai retornar, numa segunda vinda;



Para os muçulmanos, Mashiach virá na figura do Mahdi, em árabe, “O Guiado”;



Você imagina que Mashiach é um conceito, uma idéia, o mito do Salvador e Redentor somente das três religiões monoteístas?


Mashiach é um mito universal.



Mito não significa mentira, ilusão ou falta de espírito científico. Mito é uma verdade profunda, vestida de alegorias e símbolos. Mito é a boa organização das partes de uma narrativa. Mito é uma narrativa coerente, necessária e verossímil.



O Mito permite que a gente levante de manhã e acredite que vai ser um “bom dia”. Sem essa perspectiva mitológica os nossos dias seriam verdadeiros infernos. Inferno que, aliás, também é um mito. A loucura é a falta de organização do mito. Sem mitologias não há sanidade. Os cientistas e os ateus acreditam na estrutura, autoritária e explicativa, de seus próprios mitos. No Deus em que tu não acreditas, eu também não acredito. A história da ciência é uma cadeia infindável de fé em mitologias. Sou do tempo em que ovo fazia mal para a saúde. No entanto, mesmo naquela época, eu comia ovo à vontade, porque acreditava nos profetas e nos cabalistas, que sempre afirmaram que “o problema não é o que entra na boca, mas o que sai da boca...”.



Mashiach tem 4 níveis: Pshat, Remmez, Dresh e Sod.



Começarei pelo Pshat, nível literal e histórico, e apresentarei aqui o Mito do Mashiach na cultura egípcia. Aguardem o próximo post nessa categoria de Hamashbir.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Acherim Omerim (1)


Orientações para aprender Kabbalah

(Ione Slazay)



Vejamos, pois, alguns pontos que é preciso levar em conta para acercar-se da Kabbalah:



1.    Humildade



A virtude mais elevada do místico é a modéstia. A respeito disso se diz que “o saber que não é expresso com humildade deixa de ser aproveitável”.[1]


Deus proporciona o primeiro exemplo de modéstia: a Sua grandeza é ter descendido até o homem.


O orgulho é somente uma máscara dos próprios defeitos e a soberba é ignorância.[2]


A virtude da humildade na Árvore da Vida (Sefirot) se encontra em seu princípio, na esfera de Malchut, pois sem humildade é impossível entrar no Reino de Deus.





2.    Transparência


A kabbalah não é uma aprendizagem convencional. Para aprendê-la, é preciso despertar o desejo infinito de receber a Iluminação para compartilhá-la, isto é, ser um canal transparente. Os cabalistas que estudaram o Sefer Yetzirá, o Livro da Formação, advertiram-nos de que somente aquele que tivesse alcançado o grau de transparência poderia entrar no mistério de todas as coisas.



3.    Equilíbrio social e sentido de comunidade




Para estudar kabbalah é necessário um equilíbrio na vida social do aluno, tendo este já passado por certas aprendizagens de maturação e responsabilidade. Vínculos estáveis permitem dedicar-se aos estudos sem cair em confusões. Uma sexualidade regular e um trabalho digno também são muito importantes para não utilizar a kabbalah com finalidades não transcendentais.


Se o aprendiz busca encontrar-se a si mesmo, tudo deve desenrolar-se num marco de harmonia e sentido de comunidade.





4.    Aprender com um mestre




A tradição oral é passada de boca a ouvido, isto é, de coração a coração. Esta é justamente a magia da transmissão do intransmissível. Somente o conhecimento dado com amor e com humildade constrói e edifica a Sabedoria sobre cimento sólido, mas cada um deve conectar-se com seus mestres adequados ao seu próprio processo interior de aprendizagem. É fundamental aprender com um guia, que, embora não se interporá entre nós e nosso destino, servirá de orientação, pela sua própria experiência, facilitando nosso próprio encontro.





5.    Chabrut (Companheiros místicos)



Não somente é necessário aprender com um mestre, senão que também são importantes os companheiros de grupo, que de seus próprios níveis de aprendizagem servem-nos de espelho e eco.



6.    Disciplina e amor


Embora o trabalho do cabalista seja integrar os pólos opostos e complementares, sua formação deverá ser de amor e de disciplina. Sem esses dois pratos, a balança não se equilibra.



7.    Aprovação Divina




Por último, o requisito fundamental é que o aprendiz conte com a aprovação divina. “Quem bebe das águas da Kabbalah nunca deixará de bebê-las”, pois antes também já bebeu. Diz-se que os Iniciados têm um sinal na testa, na aura do seu terceiro olho (Shlishi Ayn). Este sinal, entre outros, é o que o mestre lê para aceitar discípulos.








As três condições para ser cabalista



O mestre Abraão Abuláfia, no século XIII, explicava que para se ser cabalista é necessário cumprir três condições:



1.    A primeira é aprender com alguém iluminado por Deus.


2.    A segunda condição é a pessoa receber, ela mesma, e de forma direta, a Iluminação.


3.    E a última condição é o sinal divino.





[1] Safran, Alexandre. La Cábala. Barcelona: Martinez Roca, 1976.
[2] Ditado do Talmud.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Kisse Shel Eliahu (3)


Torah Shebe´al Pê



Durante 40 gerações a Torah Oral foi transmitida de mestre para aluno:



Moisés recebeu no Sinai e transmitiu para Josué;

Josué para Pinchás;

Pichas para Eli;

Eli para Samuel;

Samuel para David;

David para Ahia;

Ahia para Elias;

Elias para Eliseu;

Eliseu para Jeoiada;

Jeoiada para Zacarias;

Zacarias para Oséias;

Oséias para Amós;

Amós para Isaías;

Isaías para Miquéias;

Miquéias para Joel;

Joel para Naum;

Naum para Habacuque;

Habacuque para Zefanias;

Zefanias para Jeremias;

Jeremias para Baruch;

Baruch para Esdras;

Esdras para Shimon, o Justo;

Simon, o Justo, para Antígonas;

Antígonas para Yosse Ben Yo´ezer e Yosef ben Yochanan;

Yosse Ben Yo´ezer e Yosef ben Yochanan para Yeoshua ben Perachiach e Nittai de Arbel;

Yeoshua ben Perachiach e Nittai de Arbel para Yehudah e Shimon bem Shatach;

Yehudah e Shimon ben Shatach para Shemayah e Avtalion;

Shemayah e Avtalion para Hillel e Shammai;

Hillel e Shammai para Raban Shimon, filho de Hillel;

Raban Shimon, filho de Hillel, para Raban Gamaliel, o Ancião;

Raban Gamaliel, o Ancião, para Raban Shimon, filho de Gamaliel;

Raban Shimon, filho de Gamaliel, para Raban Gamaliel II;

Raban Gamaliel II para Rabi Shimon ben Gamaliel;

Rabi Shimon ben Gamaliel para Rabennu Hakadosh;

Rabennu Hakadosh para Rabi Yochanan, Rav e Schmuel;

Rabi Yochanan, Rav e Schmuel para Rav Huna;

Rav Huna para Rabá;

Rabá para Rava;

Rava para Rav Aschi, que foi o compilador do Talmude Babilônico.






domingo, 15 de abril de 2018

Glossário de Termos Cabalísticos (3)


Chazeh (חזה): peito – o fim do Tzimtzum Bet. Consequentemente, existem os Kelim de Panim, o Galgalta Eynaim, que constituem a face acima do Chazeh. O Tzimtzum Bet não tem poder sobre os Kelim de Panim.

sábado, 14 de abril de 2018

Otiot (2)


O significado da Letra Aleph



O alef, a primeira letra do alfabeto hebraico, é formado por dois yuds (a décima letra) — um no alto, à direita, e outro embaixo, à esquerda — unidos por um vav (a sexta letra) em diagonal. Ele representa as águas superiores e inferiores e o firmamento entre elas, conforme ensinado pelo Arizal (Rabi Itschac Luria, que recebeu e revelou novas percepções dentro da milenar sabedoria da Kablalah).



A água é mencionada pela primeira vez na Torá no relato sobre o primeiro dia da Criação: “E o espírito de D’us pairou sobre a superfície das águas”. Naquele momento as águas superiores e inferiores eram indistinguíveis. Seu estado é referido como “água dentro de água”. No segundo dia da Criação, D’us separou as duas águas “estendendo” o firmamento entre elas.



No serviço da alma, a água superior é a água do júbilo, da experiência de estar próximo a D’us, enquanto a água inferior é a água da amargura, da experiência de estar distante de D’us.



Na filosofia judaica, as duas propriedades intrínsecas da água são “molhada” e “fria”. A água superior é “molhada” com o sentimento de unidade com a “exaltação de D’us”, enquanto que a água inferior é “fria” com o sentimento de separação, de frustração por vivenciar a inerente “baixeza do homem”. O serviço Divino enfatiza que, realmente, a consciência primordial de ambas as águas é o senso do Divino – cada uma a partir de sua própria perspectiva: sob a perspectiva da água superior, quanto maior a “exaltação de D’us”, maior a união de todos em Seu Ser Absoluto. Já sob a perspectiva da água inferior, quanto maior a “exaltação de D’us”, maior o vácuo existencial entre a realidade de D’us e a do homem, e daí a inerente “baixeza do homem”.



O Talmud relata sobre quatro sábios que entraram no Pardês, o pomar místico de elevação espiritual que é alcançado somente por meio de intensa meditação e contemplações cabalísticas. O mais notável dos quatro, Rabi Akiva, disse aos outros antes de entrar: “Quando vocês chegarem ao local da rocha de puro mármore, não digam ‘água-água’, pois consta que ‘aquele que fala mentiras não ficará diante de Meus olhos’”. O Arizal explica que o lugar da “rocha de puro mármore” é onde a águas superiores e inferiores se unem. Aqui não se pode evocar “água-água” como que estabelecendo uma divisão entre a água superior e a inferior. “O local da rocha de puro mármore” é o local da verdade – o poder Divino de sustentar simultaneamente dois opostos. Nas palavras de Rabi Shalom ben Adret: “o paradoxo dos paradoxos”. Aqui a “exaltação de D’us” e Sua proximidade com o homem se unem com a “baixeza do homem” e sua “distância” de D’us.



A Torá começa com a letra beit (a segunda letra do alfabeto hebraico): “Bereishit (No início) D’us criou os céus e a terra”. Os Dez Mandamentos, a revelação Divina no Monte Sinai, começa com a letra alef: “Anochi [Eu] sou D’us, seu D’us, que tirou vocês da terra do Egito, da casa da escravidão”. O Midrash afirma que a “realidade superior” foi separada da “realidade inferior”, pois D’us decretou que a realidade superior não descende, nem tampouco a realidade inferior ascende. Na entrega da Torá, D’us anulou Seu decreto, sendo Ele Próprio o primeiro a descer, como está escrito: “E D’us desceu sobre o Monte Sinai”. A realidade inferior, por sua vez, ascendeu: “E Moshe se aproximou da nuvem…”. A união da “realidade superior”, o yud superior, com a “realidade inferior”, o yud inferior, através do vav conectivo da Torá, é o segredo fundamental da letra alef.



Forma



Um yud em cima e um yud embaixo com um vav separando-os e unindo-os simultaneamente. O segredo da imagem na qual o homem foi criado.



Mundos



A água superior e a água inferior com o firmamento entre elas.



No mundo:



1. A atmosfera superior, a atmosfera inferior, o oceano e o lençol de água.



2. Ondas de energia, a atmosfera, o ciclo hidrológico.



No corpo humano:



1. O sistema respiratório, o diafragma, o sistema digestivo.



2. O líquido da cabeça, a membrana, a umidade do cérebro.





Almas



Sentir-se próximo de D’us e distante d’Ele, com o comprometimento com Torá e Mitzvot equilibrando estas emoções.



“O choro está enraizado em um lado do meu coração, enquanto a alegria está enraizada no outro lado do meu coração”.



Divindade



Luz Transcendente e Luz Imanente, com a contração (tzimtzum) e a impressão (reshimo) entre elas.



O homem em perfeita união com a Vontade Infinita de D’us.



NOME



Bois, milhar, ensinamento, mestre.



Mundos



Bois – realidade física bruta, a alma animal inferior.



Milhar – multiplicidade na Criação, “as milhares de montanhas pastejadas pelo boi”.



O jugo do boi sendo aquiescido milhares de vezes e retornando à unificação.



Almas



“Eu ensinarei sabedoria a você” – a raiz da alma deriva da sabedoria de D’us.



Percepção direta da verdade Divina, ser nada.



Divindade



“Mestre do Universo”.



O “Um” Divino revelando-Se através da pluralidade da Criação.



NÚMERO



Um



Mundos



O primeiro dos números contáveis.



O começo do verdadeiro processo e a sequência dos eventos mundanos.

Conta-se “algo a partir de algo”.



Almas



“Uma nação na terra”.



A união orgânica de todas as almas.



Conta-se “algo a partir do nada”.



Divindade



“D’us é Um”: a unidade absoluta de D’us.



“Não há ninguém além d’Ele: Um, Único e Ímpar”.



Conta-se “nada a partir de algo”.


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