sexta-feira, 31 de julho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (88)



46. Tenha em mente que, embora as Sefirot sejam divinas… (correspondentes ao Criador e em um estado de semelhança com Ele. Mas elas já estão dentro de nós? Acredite, já estão. E se temos o menor desejo que seja, a menor aspiração pelo Criador, então já alcançamos uma semelhança microscópica com Ele)
... não há distinção entre a primeira Sefirá de Keter do Mundo de AK e a última Sefirá de Malchut do Mundo de Assiyá… Não há diferença na estrutura da Criação. Ela está presente tanto no Mundo do Infinito como no nosso mundo. Somos feitos dos mesmos componentes, das mesmas Dez Sefirot. A questão é em relação a masach, tela. Como a ausência da tela pode comprimir as Dez Sefirot em um ponto enquanto que sua presença desenvolve as Sefirot até se tornarem um enorme vaso infinito? Todas as 613 partes do nosso corpo espiritual estão comprimidas no ponto dentro de nós.

Os físicos afirmam que o Universo todo se desenvolveu a partir de um micro ponto que consistia de uma substância infinitamente comprimida. De repente, houve uma explosão, e então o Universo foi criado. Algum dia, discutiremos esse ato de concepção e nascimento do Universo. De fato, a transição do Mundo Espiritual para o mundo material ocorreu exatamente dessa maneira.

O ponto, que surgiu do Espiritual e tornou-se, de algum modo, semelhante à essência da matéria, ainda possui as mesmas propriedades. Ele apenas mudou de forma, tornou-se material, mas ainda assim reteve a semelhança absoluta. Nosso Universo, o Planeta Terra, o sistema solar, e nós mesmos, somos todos criados em completa correspondência aos Mundos de Assiyá, Yetzirá, Beriá, etc. Todos os Mundos são paralelos uns aos outros, mas cada um dos Mundos Superiores é feito de uma substância cada vez mais espiritual.

Tenha em mente que, embora as Sefirot sejam divinas, e não exista distinção entre a primeira Sefirá de Keter do Mundo mais elevado de AK e a última Sefirá de Malchut do Mundo de Assiyá, ainda há uma grande diferença em relação aos receptores (ainda que a Sefirá mais alta do Mundo de AK e a Sefirá mais baixa do Mundo de Assiyá sejam as mesmas. Então, qual é a diferença?). As Sefirot são compostas de Luzes e Vasos. E a Luz nas Sefirot é absolutamente divina (emanada pelo Criador, a porção do Criador dentro do Kli). Mas os vasos, chamados  KaHaBTuM, de cada um dos Mundos Inferiores de Beriá, Yetzirá e Assiyá não são divinos. Eles são apenas revestimentos que ocultam a Luz do Infinito dentro de si e fracionam uma determinada quantidade de Luz aos receptores, de forma que cada um receba de acordo com o seu nível de pureza.

Aqui, Baal HaSulam quer dizer que o Universo é organizado da seguinte maneira: Primeiro, o Mundo do Infinito, então o Mundo de AK (Adam Kadmon), que é Keter (no que diz respeito aos outros), e todas as suas partes. Ele consiste de cinco Partzufim chamados NaRaNHaY (Nefesh, Ruach, Neshamá, Chayá e Yechidá), que emanam a Luz. Então, segue-se Atzilut, Beriá, Yetzirá, Assiyá e o nosso mundo como último nível do Mundo de Assiyá.

Todos esses mundos consistem de partes semelhantes, e não há diferença entre eles. A única distinção é o material a partir do qual são criados.

Baal HaSulam diz que os Mundos de Beriá, Yetzirá, e Assiyá, constituem três grandes filtros que enfraquecem a Luz que chega para nós dos Mundos de AK e Atzilut.

O Mundo de Atzilut é Chochmá, onde toda a Luz do Infinito espera pela nossa recepção posterior. Beriá é Biná. O Mundo de Beriá localizado embaixo nos ajuda a manter os Kelim de Ashpa'a (desejos de doação) abaixo da Parsá, e a nos corrigir com a ajuda deles. Beriá é Biná, propriedade de doação. Biná encontra-se propositadamente isolada do Mundo de Atzilut para nos ajudar. O Mundo de Yetzirá é um enfraquecimento da propriedade de doação, e o Mundo de Assiyá é recepção. Somos uma parte do Mundo de Assiyá.

A diferença entre esses elementos do Universo deriva do fato de que as Sefirot são dividas em Kli e Luz. A Luz da Sefirá é divina, enquanto que os vasos de cada um dos Mundos de Beriá, Yetzirá, Assiyá não são divinos. Por quê? Os Kelim dos Mundos de ABYA não são divinos porque eles estão abaixo da Parsá. Eles consistem dos Kelim que foram quebrados e corrompidos. Agora, eles precisam ser corrigidos e elevados ao Mundo de Atzilut.

Ainda que a Luz seja única, nomeamos as Luzes dentro das Sefirot de NaRaNHaY, pois a Luz se distingue conforme os atributos dos vasos. Malchut, que é a cobertura mais grossa, oculta toda a Luz do Mundo do Infinito. A Luz transferida aos receptores é apenas uma pequena porção que se refere à purificação do Nível Mineral do corpo do homem. Ela é chamada de Nefesh.

Se imaginamos uma pessoa neste mundo e no Mundo de Assiyá, acima dele, significa que a única Luz que a atingirá através do Mundo de Assiyá será a de Nefesh.

O vaso de Tifferet (Kli do Mundo de Yetzirá) é mais refinado que o de Malchut, e a Luz que ele transfere do Mundo do Infinito corresponde à purificação do Nível Vegetal do corpo humano, pois lá a Luz é mais poderosa que a de Nefesh. Ela se chama Ruach.

Recebe-se a Luz de Nefesh no Mundo de Assiyá, e ela corrige o nível mineral. Aqueles que se encontram no Mundo de Yetzirá recebem de Assiyá a Luz de Ruach, que corrige o nível vegetal do desejo.

O vaso de Biná é ainda mais refinado que o de Tiferet, e o Mundo ao qual ele corresponde é chamado de Beriá. Aqueles que estão no Mundo de Beriá recebem a Luz de Neshamá, que purifica o nível animal do corpo do homem, e é chamada a Luz. O vaso de Chochmá é o mais refinado de todos (do Mundo de Atzilut). Ele transfere a Luz de Chaiá, que purifica o nível humano do homem e cuja ação é ilimitada.

Por que sua ação é ilimitada? A razão é que toda Luz que o Criador transfere através do Kli de Keter está aqui. O Kli de Keter é AK, ao passo que Yechidá já é completamente semelhante ao Criador. Então, vem o Olam Ein Sof, o Mundo do Infinito, onde o homem alcança a Luz conjunta chamada Torá, NaRaNHaY. Nesse caso, ele se torna semelhante ao Criador não em ações, mas nos seus pensamentos. Definimos Keter como “as ações do Criador em relação à Criação”. “O Pensamento do Criador em relação à Criação” que precede a ação, está acima de Keter.


quinta-feira, 30 de julho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (87)



45. A Luz de Nefesh acima mencionada é chamada de Luz do Nível Mineral do Mundo de Assiyá. De forma correspondente, ela visa purificar o nível mineral do desejo de receber do corpo do homem (que é a nossa condição atual). Ela brilha no Mundo Espiritual assim como a categoria mineral do mundo corpóreo, cujas partículas não se movem de forma independente…

Objetos inanimados do nosso mundo não se movimentam de forma independente. Eles não têm o desejo de se mover ou de mudar. Seu único desejo é permanecer constantemente no mesmo estado e é para isso que seus esforços são direcionados. Por exemplo, a estrutura de um cristal é voltada unicamente a preservar seu estado particular. Obviamente, se condições externas excedem as forças internas de preservação das propriedades do material, então elas destruirão este material, suas conexões internas.

Portanto, há um movimento geral que rodeia igualmente todos os detalhes, semelhante ao movimento do planeta Terra, e tudo o mais que existe em uma galáxia, no universo, no nosso mundo. E o mesmo ocorre com a Luz do Partzuf de Nefesh do Mundo de Assiyá. Ainda que existam 613 órgãos nele, 613 formas de receber a abundância (eles já se encontram em nós, mas de forma ainda não desenvolvida, existindo apenas em potencial), essas mudanças não são aparentes, são apenas uma luz geral cuja ação rodeia a todos de forma igualitária, sem distinção de detalhes (desejos individuais).

A Luz desenvolve os desejos em uma ou outra direção, como um embrião que se forma dentro do ventre da mãe. Partes diferentes do corpo do embrião começam a se desenvolver em períodos distintos, a cabeça, depois os braços, de repente o tronco, as pernas, e assim por diante. Há um período específico para o desenvolvimento de cada órgão ou parte do corpo. Entretanto, no nível mais baixo de Nefesh de Nefesh, há apenas o desenvolvimento geral, sem qualquer manifestação de estágios particulares.


quarta-feira, 29 de julho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (86)



44. Antes dos “treze anos de idade” (um nível relativo no desenvolvimento do homem) não existe qualquer percepção do ponto no seu coração. Entretanto, depois dos “treze anos”, quando ele começa a aprofundar-se na Cabalá, mesmo sem a intenção pelo Criador (isto é, sem qualquer amor ou temor, como deve ocorrer a alguém que serve ao Rei), mesmo que não seja Em Seu Nome, o ponto no seu coração começa a crescer e a revelar sua ação.

O homem que começa a sentir um desejo pelo Mundo Espiritual é considerado adulto. A partir disso, bem ou mal, ele começa a desenvolver o ponto no seu coração, pois esse desejo prevalece sobre os outros. Ele experimenta de todas as formas até encontrar um grupo, um livro e um professor. O ponto no coração o leva ao local, à fonte que pode satisfazê-lo. Nós acreditamos que isso ocorre por acaso, mas não é.

Contudo, o homem deve checar constantemente a fonte da qual ele recebe. Eu aconselho a todos vocês, sentados na frente do monitor, não confiem em mim, provem por si mesmos onde vocês estão. Talvez vocês encontrem uma companhia melhor, um professor mais sábio que lhes dará uma influência mais poderosa e os conduzirá ao Propósito da Criação. Essa é a nossa tarefa principal. O restante é uma ferramenta para atingir o objetivo.

Você não deve ter nenhuma outra imagem diante dos seus olhos exceto a do Criador. Você deve dizer a si mesmo: “Para alcançá-Lo, estou pronto para ouvir um homem sábio, ler alguns livros, estar na companhia de algumas pessoas, fazer um sacrifício, etc. O Criador deve estar constantemente à minha frente, somente Ele deve determinar o que eu faço”.

Esse é o desenvolvimento correto do ponto no coração. Mesmo se meu desejo pelo Criador for egoísta, eu ainda aspiro por Ele e nada mais. De forma alguma devo juntar-me a alguém para me sentir mais seguro e confortável.

Certa vez, perguntei ao meu professor: “Como posso ter certeza de que estou no lugar certo? Tenho apenas uma vida, então quero fazer tudo o que tiver que fazer por mim mesmo”. A sua resposta foi bem simples: “Continue procurando. Esse é o seu livre arbítrio”.

O livre arbítrio está em uma busca constante pelo grupo correto. Somente depois de ter experimentado tudo, você pode começar a trabalhar no seu desenvolvimento. Você é obrigado a fazê-lo porque seu futuro depende do seu ambiente, dos seus livros e professores. Não confie em nada, você deve checar tudo, pois é somente dessa forma que você pode crescer. A menos que você se esforce dentro do grupo, a menos que você tente deixá-lo mais forte, você não será capaz de crescer.

A realização do meu livre arbítrio consiste em exercer influência no professor, nos livros, no grupo e, consequentemente, na Luz Circundante, para que ela me desenvolva. Se o homem relaxa e deseja abrigar-se nas asas de alguma pessoa sábia, algum Rabi, ela se confina ao nível mineral e pára de crescer. Tente evitar esses desejos, embora o nosso corpo o queira muito. Devemos nos forçar a nos livrar deles a cada segundo e realizar o nosso livre arbítrio. Dessa forma, apenas encurtaremos o período da nossa correção, pois todos os níveis são pré-determinados. Não alcançaremos o nível seguinte até que tenhamos corrigido o nível atual.

Mesmo que o homem estude Cabalá sem qualquer intenção pelo Criador, o ponto no seu coração começa a se desenvolver.

Isso é o que sentimos parcialmente, e esperamos que ele continue a se desenvolver. As ações realizadas até aqui pelo cabalista iniciante não exigem intenções. O homem sempre age conforme determinada intenção - a intenção egoísta para si mesmo. Entretanto, no que diz respeito ao espiritual, essas ações são consideradas sem intenção. Podemos influenciar algo no Mundo Espiritual apenas de acordo com nossa intenção altruísta. Portanto, no início do nosso desenvolvimento, mesmo uma intenção egoísta é boa o suficiente. É importante ter um enorme desejo de conquistar o Mundo Espiritual e o Criador, mesmo que este desejo seja egoísta.

Na página 70 do seu livro “Pri Hacham”, Baal HaSulam diz em uma das cartas que: “Essa sensação deve ser semelhante a de um homem inundado de paixão pela sua amada. Ele não consegue ver nem ouvir qualquer coisa, essa paixão preenche todo o seu mundo, ele… perde a cabeça”. Em hebraico, isso se chama  “metoraf” (loucura). Não há qualquer outro prazer que possa preencher esse Kli vazio.

É exatamente este estado ao qual precisamos chegar em relação ao Criador. Apenas Ele pode preencher meus vasos, e eu não desejo nada mais. Esse é o nível final deste mundo, depois do qual passamos para o Mundo Espiritual.

O homem purifica e corrige o nível mineral do seu desejo egoísta…

Isso é o que fazemos hoje. Não sabemos nada neste nível. Não conseguimos ver a diferença entre os elementos. Eles são imóveis. Como resultado, passamos por todas as 613 partes do ponto no coração. Na verdade, ele consiste de 620 partes, mas concordamos que existem 613 partes em cada órgão Espiritual, Casca e Partzuf, tanto na estrutura geral de Adam como em cada uma das suas partes individuais. Não importa sobre o que falamos, se são os cinco estágios, as 10 Sefirot ou as 613 partes. Não pode haver nem mais nem menos do que isso.

Na medida em que o homem aspira ao Criador, ele purifica a parte mineral do desejo de receber. Ele constrói os 613 órgãos do ponto no coração, que são o nível mineral da alma pura. Quando todas as 613 ações, chamadas Mandamentos, estão completas, ele cria os 613 órgãos (as partes corrigidas) do ponto no coração, que é a parte mineral da alma corporal.

Imaginemos um grande coração egoísta com um pequeno ponto, que consiste de 613 desejos. Devo desenvolvê-los ao máximo e então direcioná-los ao Criador. Eu não conheço e nem compreendo qualquer um desses 613 desejos do coração. Eu não sinto diferença entre eles, pois esses desejos são do nível mineral. Entretanto, isso não é importante. Como um corpo mineral, eu automaticamente aspiro ao Criador com a minha vontade.

Duzentos e quarenta e oito órgãos espirituais são construídos através do cumprimento de 248 ações de “faça” (preceitos que você deve cumprir), e seus 365 órgãos espirituais são construídos através do cumprimento de 365 preceitos de “não faça”, até que eles se tornem um Partzuf completo de Nefesh pura.

O que isso significa? Eu tenho um Partzuf que consiste de duas partes, 248 e 365, e que, ao todo, somam 613.

As duzentas e quarenta e oito ações, das 613 que realizo com meus desejos, são aquelas com cujo auxílio eu posso agir. Basicamente, essas são minhas ações no grupo, com todas as pessoas, amigos e família, os desejos através dos quais eu posso me expressar e me realizar.

Entretanto, existem ações nas quais eu não posso me realizar. Eu não faço ideia de como trabalhar com elas corretamente. Estes não são desejos simples como os de matar ou de roubar, mas são todos os meus desejos que, sob nenhum aspecto, eu consigo conectar com o espiritual.

Esse é um processo natural. Não devemos pensar: “Agora, eu desejo alguma coisa, então como devo lidar com esse desejo, satisfazê-lo ou refreá-lo?” Quando eu aspiro ao Criador no nível do meu ponto no coração, eu ainda não tenho as definições interiores e não consigo fazer essa análise interna, pois isso não é necessário neste momento. Consequentemente, meu nível é definido como mineral. Ainda não recebi Luz de Cima o suficiente para quebrar meu ponto em 613 pequenas partes onde eu sei quais propriedades cada uma delas representa, e que elas estão conectadas ao Criador. Eu ainda não sou capaz de fazer isso. Entretanto, quando o fizer… “meu nível de Nefesh eleva-se e veste Malchut do Mundo Espiritual de Assyiá”.

Abaixo desse nível dos Mundos Espirituais, dentro do meu coração (o coração são todos os nossos desejos, e você não deve, sob hipótese alguma, imaginar um coração biológico) emerge o Partzuf (meu desejo pelo Criador como algo distinto das aspirações deste mundo). Se eu aspiro ao Criador, eu me elevo para o nível de Malchut do Mundo de Assiyá no primeiro nível mineral.

Todos os mundos formam uma linha descendente (“Kav”). “Kav” é a linha da Luz que descende do Mundo do Infinito até este mundo. Quando o meu Partzuf está completo, ele se eleva e se “veste” de Cima até Malchut do Mundo de Assiyá, na Luz que lá se encontra.

Em outras palavras, minha alma “vestiu-se” nessa linha na qual os Anjos, as Vestimentas, e os Palácios a revestem. Eles são acrescentados, pois existem os desejos auxiliares que realizei a fim de ascender a este nível particular.

Todas as partes espirituais dos níveis mineral, vegetal e animal do mundo, que correspondem à Sefirá de Malchut de Assiyá, servem e auxiliam a alma do homem que se elevou até lá. Na medida em que a Nefesh (a alma, o primeiro nível) os utiliza, eles tornam-se o alimento espiritual para ela…

Todos esses Palácios, Vestimentas e Anjos são os nossos desejos, exceto pela aspiração pelo Criador. Eles são desejos do nosso mundo que fortalecem meu desejo pelo Criador. Mesmo obstáculos, como um chefe carrasco ou problemas com os filhos, tudo o que está ao meu redor nesse mundo são influências positivas e negativas que aspiram junto comigo e “vestem” minha alma em Malchut do Mundo de Assiyá.

Isso significa que se eu realizo uma ação espiritual e há pessoas que me ajudaram a fazê-la, então, quando ascendo a determinado nível espiritual, todos aqueles que me ajudaram, “vestem-se” em mim nas suas propriedades internas e recebem Luz. Essa recepção é ainda inconsciente porque elas ainda não prepararam seu Kli espiritual interior. Entretanto, elas participam do processo. Isso é o que torna tão importante a conexão entre as pessoas do mundo. Através de ajuda mútua, comunicação e troca, nosso mundo agora se torna uma pequena comunidade. O mundo, da forma como existe em relação ao homem que se eleva, eleva-se junto com ele e penetra as Vestimentas de Malchut do Mundo de Assyiá e, depois, ainda regiões espirituais mais altas.

Na medida em que a Nefesh os utiliza (os desejos auxiliares: os Palácios, as Vestimentas e os Anjos), eles lhe dão força para crescer e multiplicar-se até que possa expandir a Sefirá de Malchut de Assyiá para brilhar no corpo humano. Essa Luz completa auxilia o homem a adicionar ainda mais trabalho em Cabalá e receber os Níveis Superiores restantes.

Simultaneamente ao nascimento do corpo do homem, um ponto da Luz de Nefesh também nasce e veste-se nele, o mesmo ocorre aqui, quando o Partzuf de “Nefesh Pura” nasce. Um ponto de um Nível Superior nasce com ele, ou seja, o último degrau da Luz de Ruach de Assiyá, e preenche as partes internas do Partzuf de Nefesh.

Assim que ascendemos a este Mundo, ao invés dele, o que permanece? A próxima etapa forma o que chamamos de Partzuf “nu” - o próximo ponto no coração. Ele mudou e se dividiu em 613 partes. Esse segundo ponto no coração não é de Aviut Shoresh (0). A fim de ascender e vestir-se em Malchut, ele precisa ter Aviut Aleph (1). Isso ocorre porque, na medida em que os Partzufim emergem, um sempre nasce dentro do outro e, depois de completar seu próprio desenvolvimento, impulsiona o próximo depois dele, semelhante à construção de uma grinalda.

Portanto, assim que o Partzuf Nefesh completa sua ascensão e veste-se em Malchut do Mundo de Assiyá, nesse mesmo instante o ponto do Partzuf seguinte surge e começa a impulsionar todo esse processo. Assim como os vagões de um trem movem-se um atrás do outro, o ponto do Partzuf seguinte impulsiona-os ao Nível do Infinito. Esse é um movimento ascendente, pois o homem deve alcançar o Mundo do Infinito enquanto ainda vive neste mundo - no seu corpo, com seu coração e com o ponto dentro dele.

Aqui, eu gostaria de terminar essa lição e novamente lembrá-lo que devemos nos unir. Isso poupará muito tempo e esforço no nosso avanço. Nenhum de nós será capaz de obter individualmente o que podemos obter coletivamente. O crescimento do nosso grupo em 10% encurta nosso caminho em muitos meses. À medida que crescemos adequadamente, e os membros do grupo aprendem a compreender uns aos outros, mesmo pessoas muito diferentes terão muito o que falar. Saberemos como avançar juntos ao Criador.

No processo de leitura do Livro do Zohar, a pessoa adquire a percepção do Mundo Superior. De qualquer forma, ler este livro cria os pré-requisitos interiores, os Kelim, através dos quais começamos a sentir o que não conseguíamos sentir antes, algo que parecia não existir em nós, mas que agora se torna real. Aquilo que não conseguíamos perceber com nossos sentidos, de repente, entra no nosso campo de sensibilidade, e o mundo começa a se abrir, mostrando-se pouco a pouco, como uma fotografia analógica, até que penetramos na totalidade desse mundo comum. O Livro do Zohar faz isso conosco. O “Introdução ao Livro do Zohar” nos ajuda a compreender por quais estágios devemos passar.

A concepção de um Partzuf ocorre de tal modo que existe um Partzuf superior, metade do qual está acima da Parsá (o assim chamado GE), e a outra metade (AHP) está abaixo da Parsá. Nós, as almas partidas, os Kelim partidos (Kelim Shevurim) estamos abaixo da Parsá. Podemos elevar todos os AHP. Para onde? Para mim. O seu Partzuf Superior sou eu. Eleve todos os seus desejos comigo e, através de mim, chegue até GE. Você pode ver claramente quão importante é para nós unirmo-nos e agarrarmos o AHP cujo GE está acima da Parsá, acima da Maschom.

Esse mundo abaixo é onde estamos e onde o AHP do Partzuf inferior existe junto com vocês, e de certa forma eu o represento para vocês. Juntos, podemos nos conectar ao GE, à parte superior, e assim sermos capazes de ascender.

Quanto mais nos unirmos para incluir esses desejos ao AHP, quanto mais eu lhe sinto, para que os seus desejos elevem-se através de mim até o Criador, mais seremos capazes de agir. Esse é o sentido de unificarmos todos os grupos do mundo. Devemos criar um grande desejo cumulativo equivalente ao que chamamos de MAN, um pedido ao Partzuf Superior, que não pode recusá-lo.

Com isso, vemos que não há razão por que nos conectarmos com pessoas cujo GE não está no Mundo Superior; assim, vemos o quanto todos precisamos participar no mesmo processo de unir todos os nossos desejos em um, e único, desejo pelo Criador.

Já dissemos que o homem passa por um determinado período do seu desenvolvimento chamado de “13 anos”. Este é um período em que a aspiração pelo Criador ainda não despertou nele. Então, segue-se o período de desenvolvimento espiritual consciente, quando uma pessoa começa a sentir um ponto no coração; portanto, nosso estado é chamado de “13 anos” ou “chegando à fase adulta”.

Por que 13 anos? Enquanto estudamos os Partzufim do Mundo de Atzilut, descobrimos que existem 13 correções da barba (Yud Gimel Tikunei Dikna”) dos Partzufim Superiores. Há um Partzuf Superior chamado Arich Anpin (AA), de cuja Cabeça a Luz desce ao longo do Cabelo e da Barba. Por que “ao longo da barba?” Porque no que se refere a AA, a barba constitui o Partzuf externo. AA está em GAR, uma Luz muito poderosa. A Luz desce ao longo do seu Partzuf externo e, então, é enfraquecida para que os que estão abaixo possam aceitá-la e utilizá-la corretamente para o seu crescimento, sem causar dano a si mesmos.

Tal Partzuf, chamado Se'arot, é uma parte de AA. Recebemos a Luz Superior através dele, ao que ele se transforma em nós, e nos ajuda a crescer. Portanto, os primeiros 13 anos do nosso desenvolvimento, os primeiros 13 passos Espirituais são considerados anos de desenvolvimento inconsciente, assim como ocorre às crianças. Então, amadurecemos e começamos a crescer conscientemente. A Luz que recebemos é Ohr Nefesh do Mundo de Assiyá. Sobre isso que Baal HaSulam escreve no tópico 45.


terça-feira, 28 de julho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (85)



43. Quando o homem nasce, ele imediatamente recebe uma “alma santa”, a Nefesh…

Ah! Se ele pudesse tê-la… mas ele não a tem. Sendo assim, o que de fato temos quando começamos a desejar o Criador?

Entretanto, ela não é de fato uma alma, mas o que vem depois dela, ou seja, sua última categoria, chamada de “ponto” devido à sua pequenez. Esse ponto é inserido no coração do homem, no seu desejo de receber, que se encontra essencialmente no seu coração.

O coração significa todo o nosso egoísmo. Há um ponto no coração - o lado oposto da alma, seu início, sua raiz. É uma pequena parte destinada a tornar-se alma, e terá que superar a inversão a fim de se tornar um verdadeiro ponto da alma.

O sentimos como oposto ao nosso egoísmo. Mesmo se desejo o espiritual, meu desejo é totalmente egoísta. Meu ponto é chamado “um ponto no coração” porque ele está no meio dos meus desejos egoístas, e é o centro do meu coração. Por exemplo, depois de ter satisfeito todos os desejos egoístas deste mundo, agora eu quero abocanhar os prazeres espirituais (não consigo pensar em uma palavra melhor).

Lembre-se desta regra, pois tudo o que você encontra na realidade em geral, você encontrará também em cada um dos Mundos, mesmo na menor das suas partículas.

As mesmas leis que governam o Universo influenciam até a mais microscópica partícula dele. A frase em Hebraico “Prat u Klal Shavim” (o comum e o particular são iguais) explica bem a ideia. Isso ocorre porque não existe nada, nem o menor detalhe, que não consista de cinco estágios da Luz Direta. Tudo o que se encontra nesses cinco estágios propaga-se através dos mundos apenas do nosso primeiro estado ao terceiro. Na verdade, nada mais foi criado além desses estágios da Luz Direta. Cada mínimo detalhe os contém. Portanto, “Prat u Klal Shavim” é a regra geral do Universo, até para a sua menor partícula.

A menor das almas e a soma de todas elas são iguais. Não há nada no Espiritual que seja maior ou menor que qualquer outra coisa. Da mesma forma, se uma alma estiver contra todas as outras 599.999 almas, essa uma será igual a todas as outras. Essa é a propriedade maravilhosa do Mundo Espiritual.

Assim como existem cinco mundos na realidade, que são as Cinco Sefirot de Keter, Hochmá, Biná, Tiferet e Malchut, então também há Cinco Sefirot de Keter, Hochmá, Biná, Tiferet e Malchut em cada um dos Mundos, e mais Cinco Sefirot na menor partícula daquele Mundo.

Tudo é dividido em cinco partes.

Já dissemos que este mundo é dividido nos níveis mineral, vegetal, animal e humano. Eles correspondem às quatro Sefirot de Hochmá, Biná, Tiferet e Malchut, ou, na ordem inversa: Malchut, Tiferet, Biná e Hochmá.

De fato, mesmo na menor partícula de cada espécie do nível mineral, vegetal, animal e humano existem quatro categorias internas: mineral, vegetal, animal e humana. As mesmas existem em uma única espécie, isto é, em uma pessoa, em todos nós.

Agora, vamos entender o que é o homem. Por que precisaríamos pensar sobre qualquer outra coisa? Somos a parte mais ativa do Universo, aquela destinada a elevar tudo ao Criador. Se nós (as almas) nos unificamos com o Criador, então os Palácios, as Vestimentas e os Anjos também se unificarão com Ele, junto conosco (isto é, o Universo inteiro ascenderá ao nível do Criador). Só depende do nosso desejo e do nosso trabalho. Portanto, estudamos o nível “humano”, e a forma com que o homem ascende ao Criador.

Assim, mesmo em uma única pessoa também existem quatro níveis (mineral, vegetal, animal e humano), que são as quatro partes do desejo de receber.

Ao todo, há quatro tipos de desejos, e os chamamos de Aviut zero, um, dois, três e quatro. Todos esses níveis egoístas de um desejo, mineral, vegetal, animal e humano, existem no nosso mundo e são caracterizados pela ideia geral do coração do homem.

O nível mineral é representado pelos desejos corporais de comida, sexo, família e abrigo. O nível vegetal é o desejo por riqueza. O nível animal é o desejo por honra e fama. O nível humano é o desejo por conhecimento. Acima disso, existe apenas o desejo espiritual.

O mesmo existe dentro de nós. Mesmo no nível da estrutura biológica ou físico-química do corpo, há vários minerais, componentes não orgânicos (o nível mineral). Depois, vem as unhas e os cabelos (nível vegetal). O próximo nível é a nossa carne (o nível animal) e, por fim, nossa psicologia interior (nível humano). Ainda assim, todas essas partes pertencem ao nível animal. Acima delas também existe a Natureza Divina que se chama “ponto no coração”. Ao invés de almejar este mundo com sua comida, sexo, família, a busca por riqueza, fama ou até conhecimento, o homem passa a interessar-se por algo maior, que ele nem sabe o que é.

Esse ponto deixa-o inquieto.


segunda-feira, 27 de julho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (84)



42. Com isso, explicamos os Cinco Mundos que contém toda a Realidade Espiritual que se estende do Infinito até este mundo. Na verdade, eles contém um ao outro, e em cada um dos Mundos há cinco Mundos, as Cinco Sefirot - Keter, Hochmá, Biná, Tiferet e Malchut - nas quais Cinco Luzes - NaRaNHaY - estão vestidas, e que correspondem aos Cinco Mundos.

Além das Cinco Sefirot, em cada Mundo existem as quatro categorias Espirituais (Mineral, Vegetal, Animal e Falante) nas quais as almas dos homens são chamadas Falantes daquele Mundo, o nível Animal refere-se aos Anjos daquele Mundo, o Vegetal é chamado de Vestimenta, e o Mineral de Palácios.

Todos eles estão vestidos uns nos outros - o nível Falante, que consiste das almas das pessoas, está vestido nas Cinco Sefirot: Keter, Hochmá, Biná, Tiferet e Malchut daquele ponto. O nível Animal são os Anjos vestidos nas almas; o Vegetal são as vestimentas que vestem os anjos; e o Mineral, os palácios, que englobam todos eles.

O Mundo de Assyiá inclui o nosso Mundo. A ponta inicial do Yud encontra-se no Mundo de AK e no Mundo do Infinito. Esse ponto é o início de toda a Criação, e a pequena cauda abaixo dele aponta ao que emerge e se espalha a partir deste ponto. Isso corresponde ao Shoresh.

Por que essas quatro letras são utilizadas? Porque o ponto é uma fonte da Luz. Se a fonte da Luz move-se para a direita, significa a Luz de Hassadim. Se ela move-se para a esquerda, significa falta de Hassadim. Se esse ponto vai para baixo, significa que está difundindo a Luz de Hochmá, se ele vai para cima, a Luz de Hochmá desaparece.

Toda variedade de combinações ocorre dentro da construção do Kli: Keter, Hochmá, Biná, ZA e Malchut. Cada um desses cinco desejos têm suas próprias qualidades que se inter-relacionam uns com os outros. Além disso, agimos com a tela e compreendemos como podemos nos satisfazer, então ocorre que nunca há uma “recepção pura”, ou “doação pura”.

“Recepções puras” e “doações puras” apenas existem no Mundo de AK. É a partir desse Mundo que a Luz se espalha do Mundo do Infinito até o nosso Mundo. A Luz, que descende do Mundo do Infinito ao Mundo de AK, divide-se em Nefesh, Ruach, Neshamá, Chayá e Yechidá, e chegam à nós na sua forma pura.

Galgalta é a Luz de Yechidá, AB é a Luz de Chayá, e SAG é a Luz de Neshamá. Quando as duas Luzes AB-SAG chegam à nós, elas nos corrigem e nos purificam com todo o seu poder.

Elas influenciam a Reshimo, e a Reshimo (a depender de sua estrutura) decide o quanto é afetada pela Luz de Hochmá e Hassadim. Portanto, a Reshimo (sua estrutura interna) determina a que tipo de influência ela será exposta. Talvez, a influência da Luz sobre a Reshimo seja na forma da Letra “Vav” - um pouco da Luz de Hassadim e muito da Luz de Hochmá, de cima para baixo. Ou, por outro lado, talvez seja na forma da Letra “Hey”, em que, no interior do “Reish” (difusão massiva de Hassadim sobre a Luz de Hochmá), há um pequeno “vav”. Discutiremos a estrutura das letras mais adiante. Elas constituem a propagação máxima da Luz em todas as suas variações; dessa forma, o Nome HaVaYaH sugere uma influência de Cima.

Os níveis mineral, vegetal, animal e humano são divididos em Heichalot (Baal HaSulam chama-os de Palácios e, às vezes, os chamamos de Casas), Levushim (Vestimentas), Malachim (Anjos) e, por fim, Almas (Homem).

Como você pode ver, não existe nada que se refira a Keter, pois se trata do Criador. Se começarmos a analisar o quanto esses Níveis Espirituais estão inter-relacionados, descobriremos que a Alma está no centro, os Anjos vestem-se nas Almas, os Levushim vestem-se nos Anjos, e os Palácios vestem-se nos Levushim. No interior da Alma, uma parte descende de Keter. Ela consiste de Dez Sefirot da Luz Direta, as Dez Sefirot chamadas Kav (“Linha”).

Já que as almas “vestem-se” no Criador, por sua vez elas estão cercadas de Anjos, de Vestimentas e dos assim chamados Palácios. É preferível que se utilize os nomes hebraicos, já que, em hebraico, sua estrutura e inscrição incluem diversos elementos. Essas palavras são muito significativas e detém muitos níveis de informação.

Já que as Almas “vestem-se” no Criador, e os Anjos, as Vestimentas e os Palácios vestem-se nas almas, fica claro que os Anjos, as Vestimentas e os Palácios, isto é, o Universo exterior à alma, é necessário apenas para a unificação da Alma com o Criador, que está dentro dela.

Nesse ponto começamos a lidar com nós mesmos, e Baal HaSulam fala sobre o nosso caminho a partir do nível mais baixo. Você não encontrará em nenhum outro lugar tudo isso que ele explicou de forma tão clara e concisa nessa Introdução. Ele escreve abertamente sobre as coisas que normalmente são ignoradas. O quanto disso podemos absorver?

Enquanto lemos estas linhas, por favor, pensemos uns nos outros, no quanto podemos nos ajudar ao simplesmente unirmos nossos desejos. Vamos assumir que existem 1000 homens e mulheres no mundo que, ao mesmo tempo, me ouvem falar sobre a Revelação do Criador ao homem. Vamos, juntos, desejar que essa Revelação ocorra para nós. Isso é o que chamamos de elevar uma oração, um desejo, que será respondido com a Luz Circundante. Ela certamente gerará essa ação em nós.


domingo, 26 de julho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (83)



41. Entretanto, ainda resta esclarecer por que o homem precisa de todos os Mundos Superiores que o Criador construiu para ele. Qual a utilidade desses mundos para o homem?

Tenha em mente que a realidade é geralmente dividida em cinco mundos, que são Adam Kadmon, Atzilut, Beriá, Yetzirá e Assiyá. De fato, em cada um deles há uma quantidade infinita de detalhes, que são as Cinco Sefirot…

Cada mundo consiste de cinco partes chamadas Sefirot. Eu as chamaria de Cinco Partzufim: Galgalta, AB, SAG, MA e BON. Ou também de: Atik, AA, AVI e ZON. Não é tão importante como os chamamos. Baal HaSulam chama-os de Sefirot ao invés de Partzufim: Keter, Hochmá, Biná, Tiferet e Malchut. Ele não deseja dividir os Mundos em Partzufim: cinco Mundos com cinco Partzufim, e cinco Sefirot em cada Partzuf somam 125 níveis. Ele tem como objetivo explicar que:

O Mundo de Adam Kadmon é Keter, o de Atzilut é Hochmá, o de Beriá é Biná, o de Yetzirá é Tiferet e o Mundo de Assiyá é Malchut. E as Luzes que se vestem nesses Cinco Mundos são chamadas de YHNRN, já que a Luz de Yechidá brilha em Adam Kadmon (a Luz mais poderosa e constante da Torá, que brilha no Mundo do Infinito), a Luz de Chayá brilha em Atzilut, a Luz de Neshamá brilha em Beriá, a Luz de Ruach brilha em Yetzirá, e a Luz de Nefesh brilha em Assiyá.

Todos esses Mundos e tudo o que há neles estão incluídos no Nome Yud Hey Vav Hey, e na ponta do Yud. Não temos a percepção do primeiro Mundo, o de Adam Kadmon, portanto, ele é indicado pela ponta do Yud do Nome. Não falamos sobre ele e sempre mencionamos apenas os quatro Mundos de ABYA. O Yud é o Mundo de Atzilut, o Hey é o Mundo de Beriá, o Vav é o Mundo de Yetzirá, e o Hey final é o Mundo de Assiyá.



sexta-feira, 24 de julho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (82)



40. Eu sei que isso é totalmente inaceitável aos olhos de certos filósofos. Eles não conseguem concordar que o homem, a quem pensam ser baixo e sem valor, seja o centro da magnificente criação.

Em outras palavras, o homem não deve evoluir e absorver toda a Criação. Todos, exceto os cabalistas, pensam dessa forma. Os cabalistas, entretanto, estão convencidos de que apenas com a ajuda do seu egoísmo, e não através da sua anulação, o homem deve assimilar todo esse mundo e tornar-se semelhante ao Criador em sua atitude em relação ao Universo.

Baal HaSulam diz: Eu sei que isso é totalmente inaceitável aos olhos de certos filósofos… Ele fala sobre os “sabichões” entre nós, que não desejam compreender o Universo e elevar-se acima dele. Eles são como o verme que nasce dentro de um rabanete, que pensa que o Mundo do Criador é tão amargo e escuro quanto o rabanete onde nasceu. Contudo, assim que a casca do rabanete quebra e se solta, ele se pergunta e diz: “Eu pensava que o mundo inteiro fosse do tamanho do meu rabanete...” Isso é o que dizemos para nós mesmos hoje. Cada um de nós se sente dessa forma antes de cruzar a Machsom. “Eu pensava que o mundo inteiro fosse do tamanho do meu rabanete, e agora eu vejo diante de mim um mundo vasto, belo e maravilhoso!”

O mesmo ocorre àqueles mergulhados na casca do desejo de receber; eles nasceram com isso (o que os impede de sentir algo além de si mesmos), e não provaram as novas ferramentas, as novas sensações, nem as propriedades divinas (que os capacitaria a transcender as barreiras do seu egoísmo e sentir o mundo além de si mesmos) que podem quebrar essa casca dura e transformá-la no desejo de levar contentamento ao Criador (isto é, tornar-se semelhante a Ele). É certo que eles precisam constatar sua inutilidade e vazio, já que é realmente isso que eles são, e que não conseguem compreender que essa maravilhosa realidade foi criada para ninguém que não eles mesmos.

De fato, se eles tivessem mergulhado na Cabalá a fim de levar contentamento ao seu Fazedor (se eles tivessem transformado seus desejos egoístas em doação para o Criador), se eles tentassem sair da casca onde nasceram para receber o desejo de doar, seus olhos imediatamente se abririam, e eles veriam e receberiam um prazer e doçura indescritíveis, graus de sabedoria, inteligência e clareza que foram preparados para eles nos Mundos Espirituais. Então, eles mesmos diriam como disseram nossos sábios: “O que diz um bom convidado? Tudo o que o anfitrião fez, ele fez apenas para mim”. Devemos receber esse nível e ver tudo aquilo que o Criador está fazendo para nós. “Tudo” implica o nível do Mundo do Infinito.

Aprendemos que o último nível de recebimento do homem se chama “Pensamento da Criação”. O primeiro nível, o segundo, o terceiro e, então, o último descendem dele, dos quatro estágios da Luz Direta. O nível mais alto consiste de duas partes. A parte inferior do nível dessa raiz, Behiná Shoresh, refere-se a nós. A Luz Superior descende dela e gera o Behiná Aleph, o primeiro estágio da Luz Direta, mas essa é parte inferior do nível da raiz. A parte superior do nível da raiz é o Pensamento do Criador, onde tudo o que foi criado está dentro Dele, no Seu nível. Devemos alcançar este nível.

Ainda que nasçamos na parte mais baixa (estágio zero), devemos alcançar o Criador através dos nossos próprios esforços.

Behiná Shoresh consiste de duas partes. O primeiro estágio (o desejo de receber) nasce da parte inferior. Então, surge o segundo estágio (o desejo de doar). Aqui, a atitude do Criador em relação a nós se manifesta. Seu Pensamento está na parte superior (o estágio zero).

Nascemos no terceiro estágio, e então se segue o quarto estágio. Malchut se transforma, realiza o Tzimtzum Aleph, adquire uma tela, e então ascende 125 níveis através de uma série de ações corretivas. Ainda que ela surja pela atitude do Criador, ao emular Suas ações, ela ascende, alcança o Seu Pensamento, e funde-se com Ele, uma vez que “semelhança” no Mundo Espiritual implica igualdade com as ações do Criador - o desejo de doar. Nosso desejo de receber para doar é equivalente à doação do Criador.

É dito que: “Pelas Tuas Ações, Te conhecerei” (isto é, alcançamos o nível do Criador. “Te conhecerei” significa que eu ascenderei ao nível dos Seus Pensamentos). Eis o que a semelhança de forma nos proporciona. Só depois de alcançar o nível dos Pensamentos do Criador, podemos realmente dizer: “Tudo o que o anfitrião fez, ele fez apenas para mim”.



Introdução ao Livro do Zohar (81)



39. Já demonstramos que o propósito do Criador é dar prazer às suas Criaturas, para que elas conheçam Sua autenticidade e grandeza, e recebam todos os prazeres e bondade que Ele preparou para elas. Nós ainda não compreendemos Seu objetivo, mas gradualmente ele irá transparecer. Isso fica mais claro para os cabalistas, em nome de quem Baal HaSulam fala. Eles recebem o objetivo, o significado e o resultado final de toda a Criação.

Depois disso, nós (isto é, os cabalistas) claramente descobrimos que o objetivo não se aplica ao mineral e aos grandes planetas, tais como a Terra, a Lua ou o Sol, independente de quão luminosos eles sejam.

As intenções do Criador também não se referem aos níveis vegetal ou animal da natureza (embora eles tenham certo tipo de vida biológica), pois neles falta a sensação dos outros (eles não podem desenvolver isso nem no seu próprio nível, muito menos no superior).

A eles falta a sensação dos outros, de ciúme, de inveja, de prazeres verdadeiros, mesmo do tipo mineral. Os animais não sentem prazer. Tudo o que eles fazem é ordenado pelos seus instintos interiores. Por serem incapazes de absorver o desejo dos outros, eles naturalmente também não conseguem desfrutar os prazeres dos outros. Um animal pode estar com ou sem fome, mas ele não consegue ter fome ao ver outro animal com fome.

Mesmo em um nível animal primitivo, os desejos não são transferíveis, quanto mais o desejo de receber um nível espiritual maior, que não existe em nós inicialmente. Suponha que eu não faça ideia do que significa ser um cientista, um professor ou um ator. Entretanto, eu os vejo e percebo como eles gostam do que fazem, então eu desejo ser como eles. Com a ajuda da “Kinah, Ta'avah ve Kavod” (inveja, anseio por prazeres e o desejo por honra e fama), eu adquiro dos outros os gostos que são totalmente desconhecidos para mim. Dessa forma, meu Kli, meu desejo, pode crescer constantemente, e eu posso desenvolvê-lo no nosso mundo ao absorver todos os desejos existentes no Universo e também no nível espiritual. É como uma situação hipotética em que, a partir de certas ações, uma planta pudesse tornar-se um animal ou um animal em um homem. Entretanto, apenas os homens podem ascender ao nível Divino. Isso é possível, pois a raiz dessa propriedade está presente em nós - a sensação de outro ser humano - e está ausente nos corpos minerais, vegetais e animais.

Nascemos apenas com nossos desejos animais, instintos puramente animais que existiam nos povos primitivos. Estes são nossos desejos corporais por prazeres naturais tais como comida, sexo, casa e família. Além disso, como resultado da inveja, o homem desenvolve o desejo de receber algo que outra pessoa tem, mesmo que ele não precise daquilo de fato. Mesmo que eu tenha tudo aquilo que meu coração deseja, mas há alguém que sinta prazer com outra coisa, então eu desejo receber este prazer também.

Por fim, os desejos por prazer e honra me dão prazer porque sinto a submissão e o respeito das pessoas. Estas são as aspirações máximas do homem neste mundo. Não importa que eu não tenha isso à minha disposição, me agrada a forma como as pessoas me tratam. Isso me deixa maior, mais significante.

A inveja, o anseio por prazeres e o desejo de fama e reconhecimento desenvolvem o homem de tal forma que lhe possibilita anexar o egoísmo adicional dos outros ao seu próprio e começar a avançar espiritualmente.

O homem não recebe seus desejos apenas no nível deste mundo. Ele tem um “Ponto no coração”, o desejo espiritual egoísta. Em hebraico, ele é chamado de “Achoraim de Nefesh de Kedushá”. Este é o desejo egoísta no nível superior. Eu passo a desejar controlar esse nível Superior, o Criador. Eu desejo que Ele faça o que eu quero. O recebimento não é limitado pelos desejos deste mundo, o processo continua nos Mundos Superiores. Sempre meu nível Superior inicia com o meu desejo de escravizar o Criador.

Quando eu descubro Suas propriedades e gradualmente revelo Sua perfeição, isso me transforma de tal maneira que eu já desejo que Ele me escravize, que escravize o meu egoísmo. Eu desejo que Ele me transfira Suas propriedades para que eu as absorva e me torne semelhante a Ele.

Entretanto, tudo começa com grandes desejos egoístas. Assim, diz-se que: “Aquele que é maior que o outro tem desejos egoístas maiores”. Não precisamos ter medo disso.

Portanto, alguns meses antes da pessoa começar a estudar Cabalá, ela percebe que, de repente, seu egoísmo cresceu. Por exemplo, ela nunca antes havia sonhado com milhões de dólares e, de repente, ela percebe o que é a paixão pelo dinheiro. Ela nunca antes havia pensado em honra e reconhecimento, pois para que ela precisaria disso e de quem? De outras criaturas de duas pernas? Ainda assim, de repente, ela começa a desejar isso, ela deseja que as pessoas prestem atenção nela. Uma pessoa que sempre foi moderada em seus instintos animais (comida e sexo), de repente, perde a compostura. Isso se torna seu obstáculo interior, e que nunca antes havia sido um problema.

Tudo o que ocorre à pessoa no processo do seu crescimento espiritual é baseado no desenvolvimento do egoísmo. O Talmud Babilônico diz que, desde a destruição do Templo (quando caímos espiritualmente ao nível deste mundo), o verdadeiro gosto pelo sexo, assim como os desejos egoístas genuínos (“Sexo” sendo o centro dos nossos prazeres animais), apenas podem ser desfrutados por aqueles que aspiram o Mundo Superior. Devemos corrigir o egoísmo adicional para avançar espiritualmente.

Ao perceber que o desejo do Criador, o objetivo da criação, é doar prazer aos seres criados, vemos claramente que esse objetivo não se refere nem aos corpos minerais nem aos grandes planetas, já que eles não têm a sensação dos outros. E também não se refere às plantas ou aos animais do nosso mundo, pois a eles também falta essa sensação. Como eles poderiam sentir a bondade do Criador se eles não conseguem sentir nem a sua própria espécie?

Quando nos desenvolvemos e alcançamos o nível espiritual chamado “Homem”, isto é, quando o nosso egoísmo está tão desenvolvido que queremos muito mais que os outros, começamos a invejá-los e desejar o que quer que eles tenham, ainda que, inicialmente, não sentíssemos tais desejos. Invejamos seus prazeres, honra, fama, e desejamos conquistar o mundo inteiro. Isso se chama “O verdadeiro homem”. Ele ainda não está corrigido, mas já está pronto para isso, pois ele já tem o que corrigir.

Só o homem, depois de ter sido preparado com a sensação de outros que sejam como ele, depois de mergulhar na Torá e nos Mandamentos, seu desejo de receber (egoísta, o enorme desejo adquirido de fora) se transformará no desejo de doar, e chegará à Equivalência de Forma com o seu Fazedor. Então ele alcança os níveis que haviam sido preparados para ele nos Mundos Superiores. Esse é o caminho pelo qual ascendemos aos Mundos Superiores.

À medida que recebemos porções adicionais de egoísmo (da linha da esquerda), começamos a corrigi-lo com o auxílio da Luz Superior ao elevar um pedido (mandamento) e receber a Torá (a Luz da Correção) de Cima. A correção ocorre com a ajuda da linha da direita, a Luz descendente. Assim, criamos a linha do meio. Nosso egoísmo da linha da esquerda torna-se semelhante às propriedades do Criador da linha da direita.

Nos construímos no intervalo entre as duas linhas, enquanto recebemos o NaRaNHaY em todos os 120 níveis da nossa subida ao Mundo do Infinito. O NaRaNHaY do Mundo do Infinito é chamado de Luz da Torá, sendo que suas partes durante os estágios preliminares entre o nosso nível e o Mundo do Infinito são chamados de Nefesh, Ruach, Neshamá, Chayá e Yechidá. Enquanto subimos os cinco mundos, recebemos a Luz de Nefesh no Mundo de Assyiá, a Luz de Ruach no Mundo de Yetzirá, a Luz de Neshamá no Mundo de Beriá, a Luz de Chayá no Mundo de Atzilut e a Luz de Yechidá no Mundo de Adam Kadmon.

Conforme subimos do Mundo de AK ao Mundo do Infinito, somos simplesmente incluídos na Luz Comum já mencionada, não do NaRaNHaY, mas da Torá. Nela, não há distinções nem nuances, apenas a Luz Perfeita.

Assim, ao nos elevarmo do nosso mundo ao Mundo do Infinito, atravessamos os seguintes níveis: Primeiro, o “secreto”; depois, o “alegórico”; então o “índício”; e, por fim, o da “simplicidade”. Eles são chamados PaRDeS - Pshat, Remez, Dresh e Sod. O Pshat é a Luz mais Simples do Mundo do Infinito, o Dresh (a Luz dos Mundos de AK e Atzilut) está abaixo dele, então o Remez é como um indício no Mundo de Beriá e Yetzirá; e o Sod, no Mundo de Assiyá, e no nosso mundo, é o segredo, a Luz Oculta, que não sentimos nem compreendemos.

Portanto, o recebimento do PaRDeS ocorre em ordem reversa (de baixo para cima). Isto é o que o Gaon de Vilna diz no seu livro de orações: “O PaRDeS constitui-se de quatro níveis diferentes de recebimento. Primeiro, um conhecimento simples, depois um pouco mais profundo, então mais profundo ainda e, por fim, um conhecimento muito profundo”.

É assim que, aparentemente, recebemos o PaRDeS, mas na verdade só estudamos mecanicamente o que está escrito no livro, ficando dentro das fronteiras de um simples aprendizado do texto no nível do nosso mundo. Em verdade, o recebimento do PaRDeS, isto é, da Torá do Mundo do Infinito, é simples como a Luz que lá brilha, pois mesmo o NaRaNHaY torna-se uma Luz Simples naquele nível.

Aqui, Baal HaSulam diz que as pessoas comuns que estudam a Torá acham que tudo é estudado no nosso nível, e que conhecer as Leis do Universo não requer elevação espiritual. Ele chama essas pessoas de “filósofos” ou de “Baalei Battim” (donos da casa), ou, às vezes, de “falsos sábios”.


Shamati (127)

    127. A diferença entre o núcleo central, a essência e a abundância agregada ( Su cot Inter 4, Tav - Shin - Guimel , 30 de setembro d...