sábado, 31 de março de 2018

Mocha de Ilaah (2)



Por que o Shabat é Sagrado?


Porque no Shabat o Muito-Secreto, o Oculto-dos-Ocultos, a Raiz-

Negativa-Eternamente-Existente, o Ayin-Inatingível e

Transcendente derrama o Orvalho Sagrado (Shefa) sobre a

Cabeça do Pequena Face (Yud-Hey-Vav-Hey), também chamado

de Zeir Ampin, que, por sua vez, faz cair esse Orvalho sobre o

Campo das Macieiras (a Divina Presença, Shechina).


Quem cumpre Shabat é abençoado com o que o Criador quer doar

às Suas criaturas neste mundo.

 

sexta-feira, 30 de março de 2018

Kisse Shel Eliahu (2)


O que é um cabalista?

(Michael Laitman)
O cabalista é um pesquisador que estuda sua própria natureza, utilizando um método preciso, comprovado e que resistiu à prova do tempo. O cabalista estuda a essência de sua existência, utilizando ferramentas simples que todos podem empregar: sentimentos, intelecto e coração. Um cabalista é uma pessoa comum como outra qualquer. Não precisa ter nenhuma habilidade, talento ou ocupação especial. Não precisa ser um sábio ou ter a expressão facial de um santo. Em algum momento de sua vida, tomou a decisão de procurar um caminho que lhe oferecesse respostas confiáveis às perguntas que o perturbavam. Mediante um método preciso de estudo, pode adquirir um sentido adicional, um sexto sentido, o sentido espiritual. Com a ajuda deste sentido, o cabalista percebe as esferas espirituais tão claramente como nós percebemos nossa realidade aqui e agora; ele recebe conhecimento a respeito das esferas espirituais, dos Mundos Superiores e da manifestação das forças superiores. Estes mundos denominam-se superiores por que se encontram além e acima do nosso.

O cabalista eleva-se do seu nível espiritual atual para o nível espiritual seguinte, ou Mundo Superior. Este movimento o leva de um Mundo Superior ao seguinte. Ele percebe as raízes a partir das quais se desenvolveu tudo o que existe aqui, tudo o que preenche o nosso mundo, incluindo nós mesmos.

O cabalista encontra-se ao mesmo tempo em nosso mundo e nos Mundos Superiores.

Essa qualidade é comum a todos os cabalistas.

O cabalista recebe a informação real que nos circunda e percebe esta realidade. Por isso pode estudá-la, familiarizar-se com ela e transmiti-la. Propõe-nos um método novo para conhecer a fonte de nossas vidas e conduzir-nos à espiritualidade. Oferece-nos esse conhecimento em livros escritos em uma linguagem especial. Lidos de forma especial, esses livros converter-se-ão em naves que nos permitirão descobrir também a verdade por nossos próprios meios. Nos livros que escreveram, os cabalistas transmitem técnicas baseadas em experiências pessoais. A partir de sua vastíssima perspectiva, encontraram a maneira de ajudar aqueles que viriam depois e para ajudá-los a subir a mesma Escada que eles.

Esse método denomina-se Sabedoria da Kabbalah.

quinta-feira, 29 de março de 2018

Glossário de Termos Cabalísticos (2)


Birur and Tikkun ( בירור ותיקון )

Seleção e correção. Seleção é a separação das 32 faíscas de malchuyot
que foram desperdiçadas (psolet). 288 faíscas permanecem dentro do Sistema de Santidade, que são corrigidas pela Luz do Partzuf Aba. Nesse nível, o Partzuf  não pode existir sem Malchut. Assim, graças à tela (masach) do Partzuf de Ima as propriedades de Binah (Ima) e Malchut podem ser misturadas. Isso é chamado de correção do julgamento através da misericórdia. Como resultado desse processo, 32 novas faíscas de malchuyot de Binah são acrescentadas às 288 faíscas puras, o que eleva o número dessas Luzes a 320. A seleção de propriedades adequadas “com o fim de levar contentamento ao Criador” somente é possível se a Luz de Aba estiver disponível. Sem isso, essas propriedades não brilham em Behina Dalet e ficam separadas de todas as outras propriedades das behinot. Com a Luz de Aba à disposição, as correções são levadas à efeito pela Luz de Ima.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Contos de Chanun Katan (2)





"Hoje”, disse Chanun Katan, “quando me dirigia para cá, dei vinte dinheiros ao mendigo bêbado da esquina".

"E isso é uma tzedacá?", perguntou André, que havia sido um general cartaginês, mas não sabia.

"Sim", respondeu o Maguid.

"Mas, como?", indignou-se o ex-militar. "Então é caridade e justiça dar a um bêbado a chance de beber mais cachaça?"

O mestre de Sabedoria Oculta, que tinha particular predileção por aquele estudante que transbordava guevurá, retrucou:

"Tu podes, meu caro, ter prazer no teu uísque-doze-anos, mas o outro, que foi feito à Imagem e Semelhança do Criador, não pode?"

André não sabia, mas o mendigo bêbado tinha sido, alguns milênios antes, o rei persa que permitiu a reconstrução do Segundo Templo.

terça-feira, 27 de março de 2018

Nevuah (1)


No senso comum, a Nevuah (profecia) e o Navi (profeta) são vistos como excentricidade antiga, doença mental, manipulação, ou, se o julgador tem algum respeito pelo que não sabe, como uma espécie de “loucura divina”, que aproximaria o profeta do poeta, dado que ambos parecem trabalhar sob a pressão da inspiração. Algo se “apossa” de alguém, que sai a dizer coisas exóticas numa linguagem cifrada, nebulosa e, no mais das vezes, absolutamente vaga. Para mim, e para muitos, a linguagem de programação de computadores é cifrada e nebulosa, vaga e incompreensível. Hermenêutica e exegese dependem, sempre, de conhecimento preciso da linguagem utilizada.


Inspiração, em latim, significa um “vento que sopra por dentro”. Se o poeta “sente” o Ruach (espírito) por dentro, o profeta o sente por fora. Inspiração poética não pode ser ensinada; inspiração profética não só foi ensinada pelos antigos mekubalim, como voltará a ser ensinada na Era de Mashiach.


Na kabbalah, a Nevuah é um recebimento, um grau, ou um dos 125 degraus da Sulam (Escada).


No Segundo Livro de Samuel, capítulo 12, conta-se a história do profeta Natan e do Rei David.


Diante de Natan, o profeta, o Rei David confessa o seu erro, reconhece as iniquidades cometidas. Fosse um ditador, o Rei teria mandado decapitar o místico que tinha ousado afrontá-lo. Mas o que fez David? Teshuvá, arrependimento. E com isso recebeu o direito de gerar, no seu futuro genético, o Mashiach, a força de pressão e transformação que levará o mundo inteiro a honrar e sacrificar ao Deus único, criador dos Céus e da Terra, e de tudo que neles há, no Monte Sião, onde se elevará o III Templo e onde, enfim, a Shechiná (a Presença Divina) poderá habitar no Kadosh de Kadoshim, iniciando um período de paz, alegria e abundância para toda a humanidade.


Tecnicamente, a Nevuah é o degrau que alcança o mekubal (aquele que é recebido) que recebe os Mochim no Rosh de seu Partzuf de Nukva, o Partzuf de Keter. E mais não posso avançar.


E como o assunto aqui é o dom profético, cito o Rabbi Yonasan Eibshetz (1690-1764), que em seu livro Ya´arot Dvash escreveu algo muito importante sobre o nosso tempo, esse tempo das “dores de parto” de Mashiach:


“Num determinado momento, chegará a hora em que o Mashiach já deveria ter chegado, mas a Redenção ainda não. E o Mashiach se perguntará como poderia ser que o tempo para a Redenção já houvesse chegado e ele ainda estivesse passando por sofrimentos, sem poder atuar? A resposta que ele irá receber é que ele deve esperar por nove meses a fim de aguardar a queda da Pérsia na mão de Edom (o Ocidente cristão) e a redenção final virá”.


Uma grande guerra entre o Irã e o Ocidente está a caminho, mas ela pode ser evitada se as nações envolvidas atuarem como o Rei David, com humilde e arrependimento diante de Elohim Tzebaiot.  

domingo, 25 de março de 2018

Emanações de Chochmá (2)

“Encontro-me comprometido e obrigado, tanto hoje como sempre, de ser como um boi de carga e como um burro de carga, durante todo o dia e toda a noite”.



*

“Ninguém é escolhido para a Sua obra a menos que seu coração esteja totalmente com o Criador, para realizar o Trabalho do Fardo devotadamente, durante todo o dia e toda a noite, sempre, sem parar, só para levar um pouco de contentamento ao seu Criador”.



*

“Não sinto nenhuma compaixão ou preocupação com os indolentes”.



*

“Saiba que prolongar o tempo da correção diminui o valor da correção, e qualquer coisa espiritual melhora e ascende quanto menos tempo leva”.



*

“Quem foi recompensado com um profundo conhecimento de Torá é muito teimoso”.



*

“Quando o doador vê que o receptor não é grato, a doação futura diminui”.



*

“Tudo o que você achar que é capaz de fazer com a sua força, faça”.



*

“Todo aquele que é orgulhoso, é irritado. E todo aquele que se irrita, é como se estivesse adorando ídolos. E sua alma o abandona”.


*

“Embora eu nem deseje e nem tenha permissão de estudar por você, é permitido e é uma grande mitzva deleitar e perfumar os amados que você encontra no campo que o Senhor abençoou”.

(Excertos de cartas em Frutos de um sábio, de Baal Ha Sulam)

sábado, 24 de março de 2018

Segredos do Gan Naul (2)


Segredos do Gan Naul (2)



Todas as coisas, no inteiro Universo, e no universo das coisas, dos entes e dos seres, têm quatro níveis, a saber: o nível Pshat, o Remmez, o Dresh e o Sod. Em outras palavras, os níveis literal, alegórico, hermenêutico e secreto.



Não é um segredo que eu tenho extraordinário orgulho dos membros do Grupo Kadosh, que fundei em setembro de 2011, porque eles compreendem esses quatro níveis. Todos eles são conscientes de que é necessário conhecer (e receber) primeiro o Sod, para cumprir depois o Pshat, porque uma Mitzva cumprida mecanicamente é uma desonra para o ser humano, que tem Livre Arbítrio. Elohim não nos criou para sermos robôs, mas para alcançarmos a Sua Imagem e Semelhança, Tzelem e Partzuf, através da lenta construção de nosso próprio Naranchay.



Sim, tenho muito orgulho de meus companheiros e companheiras de Chabrut, que compreendem, e atuam, na internalidade de nosso grupo, sob as regras de Arvut, a garantia mútua. Entre nós, algumas desculpas não são possíveis, como “não tenho dinheiro”, “não tenho condições”. Sim, mas nós aceitamos a desculpa das desculpas, a desculpa que recebemos como determinação de Livre Arbítrio: Não tenho vontade, não quero.



Quando alguém, em nosso Grupo Kadosh, alega que não tem vontade, nós outros murmuramos, internamente, Gam Zu Lê Tovah. E o deixamos em paz. Nenhum ser humano deve ser compelido a fazer o que não tem vontade, seja contribuir para a compra do pão e do vinho, seja lavar os copinhos, acender as velas, tocar e cantar nas bandas, rodopiar no moinho...



O Grupo Kadosh tem origem noutro grupo, semelhante ao nosso, e que nos antecedeu em quase quatro mil de anos, o Grupo Yashar El, de Avraham Avinu, Abraão, na antiga Mesopotâmia...



Abraão não era judeu, cristão ou muçulmano, era humano, quando as religiões oficiais e organizadas sequer existiam. Aprendeu Kabbalah na antiga Escola de Shem, cujas origens remontam à Hevel, Abel, aquele filho do primeiro cabalista.



Se Caim matou Abel chegou a hora da ressurreição do “sacrifício aprazível” aos narizes do Altíssimo. E foi por isso que fundei o Grupo Kadosh. A rigor, não somos um grupo, mas uma idéia, e uma ética: Ama ao teu próximo como a ti mesmo e não faças aos outros aquilo que não queres que os outros te façam.  

   

Hillulot (2)


Chaim Vital


Cabalista e o discípulo mais próximo do grande cabalista do século XVI, o Ari - Rabi Yitzchak Luria.


30 de Nissan | 15/04/2018



Chaim Vital foi o discípulo mais próximo do grande cabalista do século XVI, o Ari, Isaac Lúria.



Chaim Vital aprendeu o niglê, os aspectos revelados da Torá, sob a orientação do tzadic Moshe Alshich, que também o ordenou (semicha) rabino.



Os ensinamentos do Ari eram orais, e ele mesmo escrevia muito pouco. Seu fiel discípulo, Chaim Vital, registrou os ensinamentos do seu mestre em vários livros que chegaram até nós, geralmente conhecidos pelo nome Kitvei HaAri. Juntamente com o Zohar, esses livros são considerados como a maior fonte dos estudos cabalísticos.





Chaim Vital estudou com o Ari por um período de menos de dois anos (ambos tinham 30 anos), até que o Ari deixou este mundo. Ainda assim, o conhecimento transmitido a Chaim Vital é profundo e abrangente.



O Ari revelou que a alma de Chaim Vital era muito elevada, da mesma raiz da alma do Rabi Akiva e do Rei Chizkiyahu, e que tanto seu pai (Rabi Yosef Vital) como seu filho (Rabi Shmuel Vital) eram faíscas da alma do grande tanaíta Meir Baal HaNess, o “Mestre dos Milagres”. Seu filho, Rabi Shmuel Vital, foi quem deu os toques finais nos Oito Portões do Kitvei HaAri e os publicou. Como Chaim Vital não queria publicar alguns outros manuscritos (principalmente o Etz Chaim), foi enterrado com os originais.



Anos depois, Rabi Avraham Azulai e Rabi Yaakov Tzemach trabalharam com os Yichudim (meditações cabalísticas específicas) e as She'alot Chalom (meditações em sonhos) até receberem, eles mesmos, permissão do próprio Rabi Chaim Vital, em sonho, para desenterrarem de seu túmulo aqueles escritos adicionais para publicação.



Chaim Vital sobre o Ari:



"O Ari transbordava Torá. Ele era profundamente versado em Tanach, Mishná, Talmud, Pilpul, Midrash, Agadá, Ma'aseh Bereshit e Ma'aseh Merkavá. Ele era versado na linguagem dos ramos, na linguagem dos pássaros e na fala dos anjos. Ele conseguia ler as faces das pessoas da maneira descrita no Zohar (2:74b). Ele sabia tudo o que qualquer pessoa havia feito e podia ver o que fariam no futuro.  Ele conseguia ler os pensamentos das pessoas muito antes de terem sequer entrado na cabeça delas. Ele conhecia eventos futuros, sabia tudo o que estava acontecendo aqui na terra e sabia tudo que era decretado nos Céus. Ele conhecia os mistérios do Gilgul (Reencarnação), quem já havia nascido outras vezes e quem estava aqui pela primeira vez. Ele conseguia olhar para alguém e dizer-lhe de que forma ela estava conectada ao Homem Celestial (Adam Kadmon), e de que forma ela se relacionava com Adão. Ele podia ler coisas maravilhosas (sobre as pessoas) na chama de uma vela ou nas labaredas de uma fogueira. Com seus olhos, ele observava e era capaz de ver as almas dos justos, tanto dos que haviam morrido recentemente, como aqueles que tinham vivido em épocas antigas. Com isso, ele estudava os mistérios verdadeiros. Pelo perfume da alma de uma pessoa era capaz de saber tudo o que ela havia feito, uma habilidade que o Zohar atribui à Yenuka Sagrada, Criança Sagrada (3:188a). Era como se todos esses mistérios estivessem no seu interior, esperando para serem ativados assim que desejasse. Ele não precisava estar em mitboded (isolamento) para procurá-los. Tudo isso nós vimos com nossos próprios olhos, não são coisas que ouvimos de terceiros. Eram coisas maravilhosas que não haviam mais sido vistas na terra desde os tempos do Rabi Shimon bar Yochai. Nada disso foi alcançado por mágica, os céus o proíbam. Há uma forte proibição contra essas práticas. Ao invés disso, elas vinham automaticamente, como resultado da sua santidade e ascetismo, após muitos anos de estudo dos textos cabalísticos antigos e recentes. Ele então aumentou a sua compaixão, o seu ascetismo, a sua pureza e a sua santidade até alcançar o nível em que Eliyahu HaNavi (Elias, o Profeta) constantemente se revelava a ele, falando-lhe "boca a boca", ensinando-lhe todos esses mistérios".



Rabi Chaim Vital escreveu o Sha'arei Kedushá (Portais da Santidade) como um guia para atingir o Ruach HaKodesh (Inspiração Divina) e Nevuah (profecia). O texto ensina (no seu quarto capítulo), inclusive, como utilizar os 72 Nomes Sagrados. Ainda assim, a maior parte do livro é dedicada às preparações para essas ações sagradas. A porção do Leão (Ari) deste material é o Mussar (Ética), ensinando-nos como corrigir e elevar nossas midot (qualidades). São esses ensinamentos que fizeram do Sha'arei Kedushá um clássico no mundo das Yeshivot. O quarto capítulo do Sha'arei Kedushá e de outros textos cabalísticos atribuídos ao Rabi Chaim Vital foram publicados sob o título de Ketuvim Chadashim L'Rabbi Chaim Vital (em hebraico), e Otzrot Chaim.




quinta-feira, 22 de março de 2018

Mekubalim (1)


Percepção além dos 5 sentidos

(Gil Shir)

(Tradução de Heloiza Averbuck)



É um fato muito conhecido que percebemos o mundo usando nossos cinco sentidos. Dessa forma, somos como uma caixa preta que só percebe as coisas que entram de fora. Essa caixa é afetada ou pressionada por forças externas e depois reage a essas influências. Tudo o que entra nesse sistema autônomo (que somos nós) através dos cinco sentidos continua a ser gravado, processado e analisado por um sistema complicado que chamamos de cérebro. A imagem resultante desse processo constitui toda a realidade que percebemos.



A IMAGEM INTERNA DO NOSSO MUNDO



Então, o que realmente percebemos são nossas reações às influências externas. É o culminar de nossos sentidos  processando todas as informações externas, que vêm até nós através de nossa percepção. Toda a coleção de nossas sensações nos dá uma imagem interna chamada Nosso Mundo. Assim, mesmo que o mundo pareça estar fora de nós, é, na verdade,  uma imagem totalmente subjetiva e interna. Usando apenas nossos cinco sentidos, somos incapazes de comparar a realidade objetiva existente fora de nós com a realidade subjetiva existente dentro de nós.



Seria possível contornarmos as limitações de nossa percepção?



Os cientistas inventaram uma ampla gama de instrumentos para expandir o alcance de nossas sensações, incluindo microscópios e telescópios.



No entanto, nenhuma dessas ferramentas é capaz de nos fornecer um sentido verdadeiramente novo. Não importa o quanto ampliem a gama de nossos cinco sentidos, ainda assim permanecemos presos no quadro de nossas sensações habituais.



Coletivamente, nós todos compartilhamos sensações comuns que nos permitem comunicarmos entre nós, trocarmos sinais e impressões, e entendermos uns aos outros.



Todos os nossos sentidos, que são órgãos de recebimento de informações, são criados para receber, gravar, processar e avaliar as informações recebidas exclusivamente de acordo com o  seu benefício para nós mesmos.



EXPANDINDO NOSSA PERCEPÇÃO



Mas, pode haver algo mais fora de nós, algo que não sentimos ou não identificamos?



A Kabbalah, a  sabedoria da expansão da percepção humana, revela que, de fato, existe um mundo adicional inteiro fora de nós, cuja existência sequer suspeitamos. Nossos cinco sentidos simplesmente não o captam, e, portanto, não o percebemos.



A palavra Kabbalah significa recebimento, recepção, do hebraico Le Kibel, receber. É um método que nos permite desenvolver um sentido adicional para recebermos informações sobre o que existe no universo externo. Ao dominar esse método, o cabalista começa a sentir o mundo circundante de uma maneira completamente diferente.





PERCEBENDO O MUNDO ESPIRITUAL



Cabalistas são pessoas comuns, como você e eu. A única diferença é que eles desenvolveram um novo sentido que lhes dá a capacidade de ter um domínio adicional da realidade, o mundo espiritual. O método de fazer isso é antigo e científico, com seus próprios sistemas matemáticos, metodológicos e psicológicos. Investigam a mecânica do mundo interior do homem e demonstram como é possível ultrapassar as suas sensações internas para atingir os valores externos, mesmo antes de começarem a afetar seus cinco sentidos.



OBTENDO O MUNDO ESPIRITUAL - PERFEIÇÃO TOTAL E ETERNIDADE

 

Equipada com o método cabalístico, uma pessoa que vive em nosso mundo, em um corpo físico, pode perceber além das limitações do corpo. Ela é capaz de sentir o mundo fora de seu corpo físico revelando leis universais da natureza.



Alcançando o mundo espiritual através do desenvolvimento de um orgão sensorial adicional, também é capaz de ver a origem e as consequências de todas as ciências em nosso mundo. A pessoa se transforma em um pesquisador que é capaz de traçar a linha entre o que já foi revelado e o que é inacessível até então à pesquisa científica. Ela pode ver onde o mundo externo começa.



Tudo isso é possível saindo das limitações de nosso mundo através do desenvolvimento de um novo sentido.*



O propósito dessa nova percepção não é apenas científico, mas também bastante pessoal. O objetivo final do sistema energético espiritual, que nós descobrimos ao desenvolver o novo sentido, é que o homem seja capaz de receber o máximo de prazer, seja capaz de alcançar a perfeição total e a existência eterna.



*Esse novo sentido, chamado também e inadequadamente, de sexto sentido, é a Masach, “tela”, instrumento que os cabalistas recebem e com o qual são capazes de receber, e compreender, no próprio corpo, tudo aquilo que está além da realidade, e que os próprios cabalistas chamam de Mundos Superiores. (Nota de Charles Kiefer).


quarta-feira, 21 de março de 2018

Tefilot (2)


Invocação do Pomar



Eu atravesso esse Pomar lembrando que tudo o que eu possa aprender, e tudo que possa surgir diante dos meus olhos, terá o propósito exclusivo de curar o mundo e de trazer Unidade a esta dimensão, no plano da consciência humana. Esse Pomar é o ponto de transição entre o transcendente e o imanente – o abstrato e o concreto.

Minha história pessoal pode adaptar-se e absorver essa Floresta lentamente e como lhe aprouver.

Minha individualidade permanecerá intacta, enquanto eu experimentar a miríade de formas e conceitos no interior do Bosque.

Beber do Rio de Deleites da Casa do Criador, que é minha própria raiz dentro do Infinito, é um Caminho de Emanações que eu posso segura e respeitosamente atravessar.

O Mundo de Malchut é o ponto de aterramento, onde estou centrado, e para onde eu retornarei depois de contemplar as árvores, as nascentes, as fragrâncias e as multifacetadas pedras preciosas dos Palácios de Hashem.

Malchut é o ponto de conexão e de retorno à minha realidade pessoal e concreta e ao meu próprio ponto de vista, que é a minha estabilidade ideal.

terça-feira, 20 de março de 2018

Shamati (2)


2. A Shechinah no Exílio
Escutei em 1942

O Zohar Sagrado diz: "Ele é Shochen (Morador) e Ela é Shechinah (Divindade)". Assim devemos interpretar essas palavras: É sabido que não há transformação alguma relativamente à Luz Superior (ela não muda). Assim está escrito: "Eu, o Senhor, não mudo". Todos os nomes e denominações dizem respeito somente aos Kelim (vasos), que consistem no desejo de receber incluído em Malchut, a raiz da Criação. Desde lá, ele desce até nosso mundo, até as criaturas.


Todos esses discernimentos, começando com Malchut, que é a raiz da criação dos mundos, até as criaturas, é denominado Shechinah. O Tikkun (correção) geral ocorrerá quando a Luz Superior brilhar nelas, nas criaturas, em plenitude e perfeição.


A Luz que brilha nos vasos se chama Shochen, e os vasos geralmente são chamados Shechinah. Em outras palavras, a Luz reside dentro da Shechinah. Isto quer dizer que a Luz é chamada Shochen, porque está dentro dos vasos; ou seja, que a totalidade (ou o conjunto) dos Kelim se chama Shechinah.


O tempo que precede o brilho da Luz nos Kelim em absoluta plenitude se chama "Tempo de Correções". Isto significa que realizamos correções para que a Luz possa brilhar plenamente dentro dos vasos. Antes disto, esse estado é chamado "Divindade no Exílio".



Isso significa que ainda não há perfeição nos Mundos Superiores. Abaixo, nesse mundo, deve existir um estado através do qual a Luz Superior se encontra dentro do desejo de receber. Este Tikkun é considerado “receber com o fim de doar”. Entretanto, o desejo de receber é preenchido de discernimentos desprezíveis e inúteis, que não honram aos Céus. Isto significa que o lugar em que o coração deveria ser um Tabernáculo para a Luz de Deus, se converte em um espaço de desperdícios e de sujeira. Em outras palavras, a vilania toma conta de todo o coração.

Isto se chama "Divindade no pó". Significa que ela é rebaixada ao nível do chão, e que todos desprezam tudo o que é relativo à Santidade, e que não existe nenhum desejo de retirá-la do pó. Ao invés disso, eles escolhem coisas desprezíveis, e isto gera tristeza à Shechina, porque a pessoa não constrói um lugar no coração que possa ser convertido em um Tabernáculo para a Luz Divina. (Tradução de Clarissa Porto Alegre Schmidt).
 

segunda-feira, 19 de março de 2018

Hamashbir (1)


E se judeus, cristãos e muçulmanos...



E se, ao invés de incitarmos a desavença entre judeus, cristãos e muçulmanos, fizéssemos como o Rabino Guershon, da Sibra, Sinagoga de Porto Alegre, e ajudássemos a promover o diálogo interreligioso?



Sabem judeus, cristãos e muçulmanos que um grupo de tribos judaicas (que vivia em Yathrib, local próximo de Meca) convidou o profeta Maomé para atuar como mediador em uma disputa judaica? E que Maomé aceitou?



Sabem judeus, cristão e muçulmanos o que revelou Maomé na Surata 29?



“Não disputeis com os Adeptos do Livro, senão da melhor forma, exceto com os iníquos dentre eles. Dizei-lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim como no que vos foi revelado antes: Nosso Deus e o vosso são Um e a ele nos submetemos”.



Maomé, nessa Surata, está se referindo aos judeus como “Adeptos do Livro” por causa da Matan Torah, e está pregando o mesmo que Moisés, ou seja, a Unicidade absoluta de Deus, e está se submetendo ao Altíssimo, como o fizeram os israelitas ao pé do Monte Sinai, quando disseram em uníssono: “Faremos, e ouviremos”.



Sabem judeus, cristãos e muçulmanos que Allah é um dos Nomes do Criador revelado por Adam Ha Rishon naquilo que talvez seja o primeiro livro de Kabbalah da história, o Sefer Ha Shmot, o Livro dos Nomes?



Sabem judeus, cristãos e muçulmanos que Abraão, o pai das três grandes religiões monoteístas do mundo, criou um grupo de Kabbalah ao qual chamou de Yashar El, que significa “Direto a Deus”? Sabem que esse grupo de 40 mil alunos transformou-se no que hoje chamamos de judaísmo, cristianismo e islamismo?



E se realmente nos uníssemos, com “toda a nossa força, com todo o nosso coração e com toda a nossa alma”, para transformar em realidade tangível o que profetizou Isaías, no livro que leva o seu nome, capítulo 11, versículo 9, quando diz: “Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da minha santidade porque a Terra se encherá do conhecimento de Deus como as águas cobrem o mar”?



E se cumpríssemos, judeus, cristãos e muçulmanos, o mandamento de Abraão de amar ao próximo como a si mesmo e de não fazer ao outro o que não queremos que nos façam?  

domingo, 18 de março de 2018

Karati (1)


Joseph Saltoun e Árvore da Vida 


Shamati significa “Eu ouvi”.



Rabash, filho de Baal Ha Sulam, “ouviu” inúmeras aulas de Kabbalah proferidas por seu pai, o maior cabalista do século XX.



Aqui, neste blog, vou postar as traduções dessas aulas que estamos fazendo, Clarissa Porto Alegre Schmidt e eu. A primeira já está postada em Shamati (1).



Karati significa “Eu li”.



Quando eu nasci, um anjo esplêndido me disse: “Vai, Charles, ser um homem-biblioteca”. E desde então procuro cumprir esse mandato. O que mais faço na vida é ler, e faço isso desde criança. Minhas leituras no campo da literatura e da teoria literária transformaram-se em mais de 40 livros, que estão publicados por aí, em várias editoras brasileiras, e também em editoras de Portugal, França e Israel.



Nos últimos 7 anos, minhas leituras concentraram-se na Chochmá Nistará, a Sabedoria Secreta, nome que lhe davam os antigos, e que nós chamamos, hoje, de Kabbalah.



Aqui, em Karati, vou escrever sobre os cabalistas e os livros que escreveram. E para inaugurar essa sessão, escolhi Joseph Saltoun, e seu primeiro livro publicado, Árvore da vida – A arte de viver segundo a cabala. São Paulo: Instituto Meron, 2016.



Saltoun vive em Vancouver com a esposa e as filhas, mas ensina em Israel, França, Inglaterra, Estados Unidos, no próprio Canadá e no Brasil.



Somos amigos. E mais que isso, somos “irmãos de alma”. Aos que conhecem os “Mistérios das Neshamot” isso é suficiente. Os velhos cabalistas preconizavam: “Revela um terço; e esconde dois terços”.



No futuro, Saltou receberá a alcunha de Yad Ha Shem. Em geral, os cabalistas são conhecidos por acrônimos, e alguns por sintagmas respeitosos, como no caso de Isaac Lúria que é conhecido como Ari HaKadosh, o Sagrado Ari. Yad Ha Shem significa “A mão do Nome”.



O primeiro livro publicado por Joseph Saltoun, Árvore da Vida, não foi pensado como opus. É uma coletânea de palestras que realizou ao longo de trinta anos de atividade de ensino. Nesse sentido, é extraordinário, pois é o resultado decantado de inúmeras páginas e diligências espirituais.



Seu livro compõem-se de 5 partes: Introdução, Ciência e cabala, A última geração, A vida na Árvore da Vida e Meditações.



Em Ciência e cabala, Saltoun explica porque a kabbalah (prefiro a transliteração inglesa) é definida como Sabedoria da Verdade ou Chochmá HaEmet, como a preferia chamar nosso mestre de sagrada memória, o Ari.



Em Consciência e imortalidade, o autor trata da entrada da consciência (que veio do futuro) em Adam Ha Rishon (o primeiro cabalista) no corpo físico (que veio do passado) há quase seis mil anos.



Em Gênesis o autor vai explicar porque seres espirituais (ou como eu afirmo em aula, Seres de Ohr com aleph transformados em Seres de Ohr com ayn) entraram em corpos físicos.



Em Ciência e cabala, Saltoun demonstra porque não há contradição entre o que dizem, na atualidade, os cientistas, e o que disseram os cabalistas há milhares de anos antes do aparecimento das metodologias científicas (aliás, em outra sessão pretendo elaborar em profundidade essa questão e demonstrar que se existe alguma contradição entre ciência e kabbalah, ela está no positivismo pseudo-científico e na mentalidade tacanha de alguns cientistas, e não nos dois objetos).



Para não cansar meus leitores e leitoras com essa resenha, vou citar apenas os conteúdos das outras partes do livro, esperando que todos conheçam a obra diretamente.



Em A última geração o autor trata do Conhecimento Cósmico, explica o que significa A última geração, A escravidão no Egito, Compaixão e Julgamento, A morte e a imortalidade, Os anjos caídos, O poder do Nome e o Poder dos Salmos.



Em A vida na Árvore da vida elabora sobre As fases da vida, o Tetragrama, Ambição e Prosperidade, o Corpo Humano e o Maguen David, O compartilhar, o Tikun, A cortina, Resistência (o processo de revelar a Luz), Luz Circundante e Luz Interna, Os Santos, A Energia do Sol e o Livre Arbítrio.



A última parte, Meditações, é composta de alguns exercícios cabalísticos.



Recomendo a todos a leitura, a releitura e a decaleitura dessa obra. Como sabem os cabalistas, os Kelim (Vasos de Recepção) se expandem lentamente, e assim que vão sendo expandidos maiores níveis de profundidade e de complexidade vão surgindo nos Mochim.



Ler livros de Kabbalah ajuda a expandir os Kelim.

sábado, 17 de março de 2018

Mocha de Ilaah (1)


O Acusador

(Charles Kiefer)

É preciso compreender que existem dois aspectos importantes na vivência cabalística, o Sistema da Tuma´a e o Sistema da Tahara ou a Árvore do  Conhecimento do Bem e do Mal e a Árvore da Vida. O primeiro é o Reino das Klipot e o segundo o Reino da Kedushá.

Assim que acontece o Tzimtzum Aleph, quando recebemos a masach e se inicia o Ibur, e o conseqüente desenvolvimento da Nefesh, o Sistema da Tuma´a nos envia um Acusador.

É como se o Sistema dissesse:

“Então queres te tornar cabalista? Vamos ver se resistes...”

Esse Acusador tem a função de testar a sinceridade e a profundidade da kavanah do Iniciado.

O Reino da Tuma´a sempre escolhe alguém próximo, familiar, cônjuge, amigo, colega, porque é mais difícil suportar uma injustiça quando ela nos chega pelas mãos de alguém que amamos do que quando é recebida de um desconhecido qualquer.

Ao cedermos às provocações e reagirmos, defendendo-nos, alimentamos as klipot; se resistimos ao impulso de reagir, e se murmuramos Modeh Ani em nossos corações, alimentamos o Sistema da Kedushá.

É importante, também, compreender que sempre que falhamos, afastando-nos da Kedushá, produzimos nas outras pessoas, especialmente nos que não praticam a Kabbalah, a RM, a Revelação do Mal. Não para eles, evidentemente, mas para nós mesmos. Como eles vivem no Sistema da Tuma´a, como estão em nível mineral de alma, cabalisticamente, eles não percebem as potências negativas e positivas de que o Universo é composto. Sempre que nossos Acusadores entram em ação, sabemos exatamente onde está a raiz do nosso mal. Nunca, em nenhum momento, podemos esquecer que o mal é o desejo de receber em benefício próprio. E o bem o desejo de doar em benefício do Criador. Enquanto o mal, em nós, e somente em nossos Kelim, não for corrigido pela Luz que Reforma, a Luz Circundante, a Ohr Makif, continuaremos a ser atacados, implacavelmente. Pequenos erros cotidianos que cometemos, um copo que não lavamos ou uma toalha que deixamos atirada depois do banho, transformam-se, nas duríssimas palavras do Acusador, em provas cabais de que a “Kabbalah não funciona”, de que somos “hipócritas”, de que nossas tentativas de purificação são ridículas e ineficientes. As forças da Sitra Achra farão de tudo para nos ver no chão, no pó, fora do Jardim. É que o “outro lado” jamais terá acesso aos sabores inigualáveis do Pardes. Resta-lhe a alegria de nos ver no exílio também.

Na Antiguidade, essa guerra diária e constante entre as forças da Tuma´a e da Tahara levou os cabalistas ao deserto, à solidão e ao isolamento humano. Assim nasceram os anacoretas. Enormes quantidades de energia psíquica são desperdiçadas nesses enfrentamentos a que nos submete o Acusador. Contudo, esse dispêndio psíquico, através de um simples Modeh Ani, converte-se em energia espiritual. Sentir mágoa, sentir rancor, sentir-se injustiçado diante do Acusador é ação de um ego ainda não corrigido. Devemos, sempre, agradecer pela oportunidade de auto-correção que Boreh nos envia através do Acusador.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Otiot (1)




Os significados das Letras Hebraicas





1. Conceito
O princípio conceitual subjacente associado com a letra.



2. Significado
O significado literal do nome da letra.



3. Formato
A associação visual primária relacionada ao formato das letras.



4. Número
O valor numérico da letra segundo calculado pela Guemátria. Correspondências básicas nas três dimensões de espaço, tempo e alma.



5. Espaço
Os elementos físicos, os corpos celestiais e os signos do zodíaco.



6. Tempo
As estações, os dias da semana e os meses do ano.



7. Alma
Os membros e órgãos do corpo humano, responsáveis por mediar experiências relacionadas com o "eu".



Significados associados:



8. Qualidade, dom ou sentido
Expressões inatas ou adquiridas de experiência vivida, controlada pelos membros e órgãos da alma.



9. Arquétipo
Figuras arquetípicas da história espiritual.



10. Canal
Os canais horizontais, verticais e diagonais conectando as Dez Sefirot.


quarta-feira, 14 de março de 2018

Sefer Ha Zohar (1)


 Beresheet A


1.    Fazendo um entalhe sobre a Luz Primordial



(O Zohar discute a fase primordial que ativou o processo de Criação. Essa fase produziu um espaço vazio, um vácuo, dentro do qual o nosso Universo físico, eventualmente, nasceria. Assim como a semente contém todos os estágios que produzirão uma árvore desenvolvida, incluindo a fruta final, a semente de nosso Universo contém todas as almas da humanidade, incluindo nossa completa e final realização. Compreender isso motiva-nos a completar nosso próprio trabalho espiritual. Isso acelera nossa transformação espiritual pela revelação de nossas conexões com a semente, que é a causa das causas.)





1


 No começo da manifestação do desejo do Criador de criar, isto é, quando o Rei quis emanar e criar o mundo, uma forte faísca fez um entalhe sobre a Luz Celestial. Essa forte faísca (que emanou da mais oculta das coisas ocultas, do Segredo de Ein Sof) assumiu uma forma sem forma. A faísca foi então inserida no centro de um círculo, que não era nem branco, nem preto, nem vermelho, nem verde, nem de nenhuma outra cor. Quando as medições começaram, a faísca criou cores que brilharam dentro do espaço vazio e dentro do entalhe. De dentro da faísca, dessa forte faísca, uma fonte brotou, da qual as matizes aqui embaixo receberam suas cores.



2


Da mais oculta das coisas ocultas, do segredo da Luz Sem Fim, duas Faces emanaram: uma se dividiu e a outra não se dividiu. A atmosfera da Luz Sem Fim era desconhecida até que sopros vigorosos formaram Atik (Keter), e um ponto celestial escondido brilhou. Além desse ponto, nada é cognoscível e, por causa disso, ele é chamado pelo nome Bereshit, que significa o primeiro de todos os enunciados.



(ASHLAG, Yehuda. The Zohar. Los Angeles: The Kabbalah Centre International Inc. Vol. 1, p. 152-3).


terça-feira, 13 de março de 2018

Hillulot das Faíscas Sagradas


Rabi Yitzchak Luria


5 de Av |17/07/2018

(Tradução de Tati Franz)



Nascido em: Jerusalém, Israel, 1534

Falecido em: Safed, Israel, 1572



Respeitosamente conhecido como Ari HaKadosh, o Santo Ari. O nome Ari é um acrônimo de Eloki Rabbi Yitzchak. Há quem diga que significa Leão, pois ele foi o leão da sua geração.



“Nosso Mestre disse que onde termina a filosofia, começa a Kabbalah. E onde terminam os ensinamentos cabalísticos do Ramak, começam os ensinamentos do Ari”, escreveu o Rabi Chaim em nome do seu professor, o Gaon de Vilna.


O Ari perdeu o pai (Shlomo) ainda muito jovem e sua mãe se viu forçada a ir morar com a família no Egito, onde seu tio, Rabi Moshe Francis, que era muito rico, os ajudou e cuidou de todas as suas necessidades, como um pai verdadeiramente atencioso. O Ari casou com uma prima, filha desse mesmo tio.


Estudou na Yeshivá do Rabi David ibn Zimra (o Radbaz), um grande e notável erudito, de quem mais de três mil responsas haláchicas foram publicadas. Seu Rabi foi o Rabi Betzalel Ashkenazi, autor do famoso Shita Mekubetzet. O Ari passava boa parte do seu tempo recluso em uma pequena casa ao lado do Rio Nilo, onde estudava ininterruptamente. Ali, Eliyahu Ha Navi aparecia e lhe ensinava Segredos de Torá, conhecidos como Sod ou Kabbalah.



As fontes da Chochmá (Sabedoria) estavam abertas para ele. Além disso, enquanto dormia, sua alma elevava-se às Esferas Superiores até alcançar a Metivta d’rekiya, a Academia Celestial. Lá, o Anjo que guarda a entrada lhe perguntava com quem desejava estudar. Às vezes, ele escolhia a Yeshivá dos Tzadikim mencionados no Zohar, o tanaíta Rabi Shimon Bar Yochai, Rabi Yeiva Saba ou Rabi Hamnuna Saba, que explicavam-lhe as diversas passagens do Zohar que ele havia estudado naquele dia, mas que não haviam sido totalmente compreendidas. Outras vezes, ele preferia visitar a Yeshivá de Betzalel ben Uri ben Chur, construtor do Mishkan, ou Aharon HaKohen, com quem aprendia todos os segredos aludidos na estrutura do Mishkan e do Avodah, o serviço divino.
        

Em diferentes ocasiões, ele escolhia estudar com os Profetas, com quem refletia acerca dos segredos ocultos nas suas profecias. O Ari precisava apenas dizer a palavra e o Anjo o levaria ao professor de sua escolha. Com isso, o Ari pôde receber o que está além da compreensão e entendimento humanos.



Foi Eliyahu Ha Navi que lhe disse para ir à cidade de Safed, no norte de Israel, onde encontraria o Rabi Chaim Vital, a quem deveria revelar os ensinamentos secretos, que seriam conhecidos como Kabbalah Luriânica. E, assim, em 1570, com apenas 36 anos, dois anos e meio antes da sua morte, o Ari estabeleceu-se em Safed, conhecida como o centro da Kabbalah daquela época. Lá vivia o grande cabalista Rabi Moshe Cordovero, o Ramak (autor do Pardes Rimonim e Or Yakar, obras cabalísticas sobre o Zohar).



Embora o Ramak tenha falecido com 48 anos, e apenas meio ano depois da chegada do Ari à cidade de Safed, referia-se a ele como Moreinu, nosso mestre. Com o tempo, o sistema de estudos cabalísticos desenvolvido pelo Ari foi aceito dentre aqueles que estudam os seus segredos ocultos, substituindo os sistemas antigos.

Ainda que fosse muito jovem (apenas 36 anos), o Ari estava uma “cabeça e um ombro” acima de todos os outros, mesmo daqueles muito mais velhos que ele. Sua santidade e profundo conhecimento tanto do nigleh (Torá revelada) quanto de nistar (Torá oculta) era evidente a todos. Não havia qualquer área da Torá que lhe escapasse. Mesmo os grandes vinham beber de suas águas, implorando-o para serem admitidos no seu círculo de alunos.



O próprio Ari nunca escreveu nenhum de seus ensinamentos cabalísticos. Os únicos escritos seus que temos são uns poucos piyutim e alguns belos zemirot, tais como Azameir Bishvachin, Asader Lis’udata e Bnei Heichala, músicas que são cantadas no Shabat. Quase tudo o que sabemos hoje foi registrado pelo seu estimado aluno, Rabi Chaim Vital. E é preciso ter em mente que tudo isso foi feito no curto espaço de tempo de dezoito meses, pois o Ari faleceu com apenas 38 anos de idade.



Ele ensinou os segredos do Zohar de cabeça, sem qualquer texto na sua frente. E também ensinou yichudim e kavanot especiais a seus alunos. Entretanto, não transmitiu todo o seu conhecimento diretamente a eles. Antes disso, ensinava apenas as notas introdutórias. Só Chaim Vital recebia as explicações completas das palavras do mestre, para o benefício dos outros.



Seus alunos imploravam para que escrevesse seus ensinamentos, a fim de que pudessem estudá-los mais detidamente, e para que as futuras gerações também pudessem se beneficiar de sua sabedoria, mas o Ari sentia que seria melhor que o Rabi Chaim registrasse seus ensinamentos à medida que as palavras fluíam da sua boca. Chaim Vital foi seu fiel escriba e o único em quem o Ari confiava para esta difícil tarefa, e apostava na sua compreensão apurada, pois sabia que Chaim Vital era quem melhor absorveria e transmitiria o que desejava dizer.


Rabi Chaim Vital escreveu sobre o mestre: “O Ari transbordava Torá. Ele era totalmente proficiente no Tanach, na Mishná, no Talmud, em Pilpul, Midrash, Agadá, Ma’aseh Bereshit e Ma’aseh Merkavá. Era proficiente na linguagem das árvores, dos pássaros e na fala dos Anjos. Ele conseguia ler os rostos das pessoas à maneira descrita no Zohar (2:74b). Ele podia saber tudo o que qualquer pessoa tivesse feito, e também o que faria no futuro. Ele conseguia ler o pensamento das pessoas, frequentemente antes mesmo do pensamento ter entrado na mente delas. Ele sabia dos eventos futuros, estava à par de tudo o que acontecia aqui na Terra, e o que havia sido decretado nos Céus. Ele conhecia os mistérios do Guilgul (reencarnação), quem já havia encarnado antes e quem estava aqui pela primeira vez. Ele conseguia olhar para a pessoa e lhe dizer de que maneira ela estava conectada a Adam Kadmon, o Homem Primordial, e de que forma se relacionava com ele. Era capaz de ler coisas espantosas (sobre as pessoas) na luz de uma vela ou na chama de uma fogueira. Com seus olhos, ele observava e conseguia ver as almas dos Justos, tanto daqueles que haviam falecido há pouco quanto tempo quanto os que haviam vivido em tempos muito antigos. Com estes, ele estudava os verdadeiros mistérios. Pelo cheiro de uma pessoa, ele podia saber tudo o que ela tinha feito, uma habilidade que o Zohar atribui à Yenika (criança) Celestial (Zohar 3:188a). Era como se todos esses mistérios estivessem no seu íntimo, esperando para serem ativados sempre que ele desejasse. Ele não precisava fazer mitboded (isolar-se) para encontrá-los. Tudo isso nós vimos com os nossos próprios olhos. Não foram coisas de que ouvimos falar. Eram coisas maravilhosas que não se viam mais no mundo desde a época do Rabi Shimon bar Yochai. Nada disso foi recebido por ele através de magia, os ceus proíbam, mas vieram a ele automaticamente, como resultado da sua santidade e ascetismo, após muitos anos de estudo em textos cabalísticos tanto antigos quanto mais recentes. Com isso, ele aumentou sua misericórdia, ascetismo, pureza e santidade até alcançar um nível em que Eliyahu Ha Navi (o profeta Elias) se lhe revelava constantemente, falando-lhe de “boca a boca” e ensinando-lhe esses mistérios.


Shamati (127)

    127. A diferença entre o núcleo central, a essência e a abundância agregada ( Su cot Inter 4, Tav - Shin - Guimel , 30 de setembro d...