terça-feira, 26 de julho de 2022

Shamati (26)

 

 26. O futuro de uma pessoa depende e está atado à gratidão pelo passado

(Ouvi em Tav-Shin-Gimel, 1942-1943)

 

 Está escrito: “Das alturas, o Eterno se apercebe dos humildes” (Salmos 138:6), de modo que apenas os humildes podem ver a exaltação. As letras de Yakar (precioso) são as letras de Yakir (saberá). Isso significa que um indivíduo conhece a exaltação de algo na medida em que aquilo é precioso para ele. O indivíduo se impressiona de acordo com a importância da coisa. A impressão o leva a uma sensação no coração e a alegria nasce nele nessa medida, de acordo com o grau de reconhecimento sobre a importância.

 

Portanto, se o indivíduo conhece a sua humildade, se sabe que não é mais privilegiado que seus contemporaneous, ou seja, ele vê que há muitas pessoas no mundo às quais não lhes foi dada a força para fazer o trabalho sagrado mesmo da maneira mais simples, mesmo sem a intenção e em Lo Lishmá (não em Seu nome), mesmo em Lo Lishmá de Lo Lishmá, e mesmo em preparação para a preparação da vestimenta da Kedushá (santidade), enquanto a ele lhe foi transmitido o desejo e o pensamento para, ao menos ocasionalmente, fazer o trabalho sagrado, mesmo da maneira mais simples possível, se ele é capaz de apreciar a importância disso, de acordo com a importância que o indivíduo atribui ao trabalho sagrado, nessa medida ele deve louvar e agradecer por isso.

 

É assim porque é verdade que não conseguimos apreciar a importância de sermos capazes de, às vezes, observar as Mitzvot (mandamentos) do Criador, mesmo sem nenhuma intenção. Nesse estado, o indivíduo vem a sentir a euforia e a alegria no coração.

 

O louvor e a gratidão do indivíduo expandem os seus sentimentos, e ele se torna eufórico por cada ponto no trabalho sagrado, ele sabe a Quem ele serve, e portanto se eleva ainda mais. Esse é o significado do que está escrito: “Eu agradeço pela graça que Você fez comigo”, ou seja, pelo passado. E assim o indivíduo pode dizer, e diz, de forma confiante: “E pela graça que Você está destinado a fazer comigo.”

 

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Shamati (25)

  

25. As coisas que vêm do coração

 

(Ouvi em 5 de Av, Tav-Shin-Dalet, 25 de julho de 1944, durante uma refeição comemorativa pela conclusão do Zohar)

        

 

Em relação às coisas que vêm do coração, entre no coração. Assim, por que vemos que um indivíduo ainda cai desse nível, mesmo se as coisas já entraram no coração?

 

Quando o indivíduo ouve as palavras da Torá de seu professor, ele imediatamente concorda com o professor e decide observar as palavras com coração e alma. Mas, depois, quando sai para o mundo, ele vê, cobiça e é infectado pela multidão de desejos que vagam pelo mundo. Então, ele e sua mente, seu coração e sua vontade são anulados diante da maioria.

 

Enquanto o indivíduo não tem o poder de sentenciar o mundo para o lado do mérito, o mundo o subjuga, ele se mistura com os desejos da multidão e é levado como uma ovelha para o abate. Ele não tem escolha. É compelido a pensar, querer, desejar e a exigir tudo o que a maioria demanda. Então, ele escolhe seus pensamentos estrangeiros e suas luxúrias e desejos repugnantes, os quais são estranhos à Torá. Nesse estado, ele não tem força para subjugar a maioria.

 

Ao invés disso, há então apenas um conselho: Apegar-se ao seu professor e aos livros. Isso é chamado “Da boca dos livros e da boca dos autores”. Apenas ao se apegar a eles o indivíduo pode mudar a sua mente - e isso será para melhor. No entanto, argumentos espertos não vão ajudá-lo a mudar a sua mente, mas apenas o remédio da Dvekut (adesão), pois essa é uma cura maravilhosa, já que a Dvekut o reforma.

 

Apenas enquanto o indivíduo está dentro da Kedushá (Santidade) ele pode argumentar consigo mesmo e se entregar a polêmicas inteligentes, de modo que a mente necessite que ele ande sempre no caminho do Criador. Porém, o indivíduo deve saber e gravar na sua mente que, mesmo quando ele é sábio e está certo de que já pode usar sua inteligência para derrotar a Sitra Achra (outro lado), tudo isso é inútil e que essa não é uma arma capaz de vencer a guerra contra a inclinação ao mal, pois todos esses conceitos não passam de uma consequência alcançada após a já mencionada Dvekut.

 

Em outras palavras, todos os conceitos sobre os quais ele constrói sua obra, dizendo que o indivíduo deve sempre seguir no caminho do Criador, são fundados na Dvekut com o professor. Portanto, se ele perde essa fundação, todos os conceitos se tornam impotentes, pois eles já não têm a fundação.

 

Dessa forma, o indivíduo não deve confiar na própria mente, mas deve aderir mais uma vez aos livros e aos autores, pois apenas isso pode ajudá-lo, e não o conhecimento ou o intelecto, visto que não há vitalidade neles.

 

 

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Poço de Miriam (2)

 

Um cabalista do século XIII foi abordado por um de seus alunos, que desejava aprender a Arte de Hitbodedut (meditação cabalística).

 

“Tu estás num estado de perfeito equilíbrio?”, perguntou o mestre.

 

“Acho que sim”, disse o aluno, que havia orado com fervor e que observava uma conduta impecável.

 

“Quando alguém te insulta, te sentes ferido? E quando recebes elogios, teu coração se expande e se enche de prazer?”.

 

O aspirante a cabalista pensou por um momento e respondeu docilmente:

 

“Sim, acho que me sinto ferido quando alguém me insulta e orgulhoso quando me elogiam”.

 

“Bem”, disse o mestre, “então, precisas praticar o desapego da dor e do prazer ainda por mais alguns anos. Depois, volta aqui e te ensinarei a meditar”.

 

 

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Poço de Miriam (1)

 


Isaac Lúria, o Leão de Safed, ensinou Kabbalah a Chaim Vital durante um ano e dez meses e dessas aulas resultaram todo o sistema luriânico, que estudamos ainda hoje ao redor do mundo, nos mais diferentes grupos.

 

No entanto, no começo, Chaim Vital não entendia nada do que o Ari falava.

 

Um dia, o Ari levou Chaim de barco até o meio do Lago Kineret, conhecido como Mar da Galiléia, e deu ao aluno uma caneca de água do Poço de Miriam. Depois que bebeu, a mente de Chaim se abriu e ele pode receber a Chochmá e a Torá de seu mestre.

 

Espero que meus alunos e alunas do Grupo “Poço de Miriam” possam beber também dessas águas sagradas e compreender tudo o que ensino em aula.  


terça-feira, 12 de julho de 2022

Shamati (24)

 

24. Ele os salva das mãos dos malévolos

(Ouvi em 5 de Av, Tav-Shin-Dalet, 25 de julho de 1944, na conclusão do Zohar)

 

Está escrito: “Vós que amais ao Eterno, repudiai o mal; Ele preserva as almas de Seus fiéis e os salva das mãos dos malévolos” (Salmos 97:10). Ele pergunta: “Qual é a conexão entre ‘odiar o mal’ e ‘Ele os salva das mãos dos malévolos’?”

 

Para entender isso, devemos primeiro trazer as palavras dos nossos sábios: “O mundo foi criado ou para a completa justiça ou para o completo mal.” Ele pergunta: “Vale a pena criar um mundo para o completo mal, mas não vale a pena criá-lo para a justiça incompleta?”

 

Ele responde que a partir da perspectiva do Criador não há nada no mundo que tenha dois significados. Isso só ocorre na perspectiva dos receptores, de acordo com as suas sensações. Isso significa que os receptores ou sentem um gosto bom ou sentem um gosto terrivelmente amargo no mundo, já que cada uma de suas ações é calculada previamente, pois não há ato feito sem propósito. Os indivíduos ou querem melhorar o seu presente estado ou querem prejudicar alguém. Mas coisas sem propósito não são dignas de um operador com propósito.

 

Portanto, aqueles que aceitam os modos de conduta do Criador no mundo o determinam como bom ou mal dependendo de como se sentem: ou bem ou mal. Por isso, “Vós que amais ao Eterno”, os que entendem que o propósito da criação é fazer o bem às Suas criaturas, para que venham a sentir isso, eles entendem que o bem é recebido precisamente através da Dvekut (adesão) e da aproximação com o Criador.

 

Assim, se eles sentem qualquer distância do Criador, chamam isso de “mal”. Nesse estado, o indivíduo se considera mau, pois, na verdade, não existe um estado intermediário. Em outras palavras, ou o indivíduo sente a existência do Criador e a Sua orientação, ou ele imagina que “a Terra é entregue às mãos dos ímpios”.

 

Já que o indivíduo sente sobre si mesmo que é um homem da verdade, ou seja, que não pode enganar a si mesmo e dizer que sente quando não sente, por isso, ele imediatamente começa a chorar ao Criador para que tenha misericórdia dele e remova a autoridade da Sitra Achra (outro lado) e de todos os pensamentos invasivos sobre ele. E porque ele está chorando honestamente, o Criador ouve sua oração. (Talvez seja esse o significado de “O Eterno está sempre próximo dos que O invocam com sinceridade”). Nesse momento “Ele os salva das mãos dos malévolos.”

 

Enquanto o indivíduo não sentir o seu verdadeiro self, ou seja, a medida do seu próprio mal em um nível suficiente para acordá-lo a fazê-lo chorar ao Criador devido à aflição que sente por reconhecer o mal, ele permanece indigno de redenção, pois ainda não revelou o Kli (vaso) para ouvir a oração, chamado de “Do fundo do coração”. Isso ocorre porque o indivíduo ainda pensa que há algum bem nele, então ele não desce até o fundo do coração. No fundo do coração, ele acha que ainda tem algum bem e não percebe com que Amor e Temor se relaciona com a Torá e as Mitzvot (mandamentos). É por isso que ele não enxerga a verdade.

 

terça-feira, 5 de julho de 2022

Shamati (23)

  

23. Vós que amais ao Eterno, repudiai o mal

(Ouvi em 17 de Sivan, Tav-Reish-Tzadi-Aleph, 2 de junho de 1931)

 

No versículo “Vós que amais ao Eterno, repudiai o mal; Ele preserva as almas de Seus fiéis e os salva das mãos dos malévolos” (Salmos 97:10), ele interpreta que amar o Criador e desejar a recompensa da Dvekut (adesão) não é o suficiente. O indivíduo também precisa odiar o mal.

 

O ódio é expressado pelo ódio ao mal, chamado de “desejo de receber”. O indivíduo vê que não há como se livrar dele e, ao mesmo tempo, não quer aceitar a situação. Ele sente as perdas que o mal lhe causa e também enxerga a verdade -  que a pessoa não pode anular o mal por si mesma, pois ele é uma força natural oriunda do Criador, e que Ele imprimiu o desejo de receber no homem.

 

Nesse estado, o versículo afirma que o que pode ser feito é odiar o mal. E dessa maneira o Criador o protegerá desse mal, como está escrito: “Ele preserva as almas de Seus fiéis.” O que significa preservar? “E os salva das mãos dos malévolos. Nesse estado, porque existe algum contato com o Criador, por menor que seja, a pessoa já é considerada bem sucedida.

 

Na verdade, a questão do mal permanece e serve como Achoraim (de costas) para o Partzuf. Mas isso ocorre apenas por meio da correção do indivíduo: ao odiar sinceramente o mal, ele é corrigido em forma de Achoraim. Se o indivíduo quer obter Dvekut (adesão) com o Criador, então o ódio vem porque há uma conduta entre amigos: se duas pessoas percebem que cada uma delas odeia o que o seu amigo odeia, e ama o que e quem o seu amigo ama, elas entram em um vínculo perpétuo, como uma estaca que nunca cairá.

 

Portanto, já que o Criador ama doar, os inferiores também devem se adaptar para desejar apenas doar. O Criador também odeia ser um receptor, pois Ele é completamente inteiro e não precisa de nada. Assim, o homem também deve odiar a questão da recepção para si mesmo. Do que foi dito acima, conclui-se que o indivíduo deve odiar amargamente o desejo de receber. E por meio desse ódio, o indivíduo o corrige e se rende sob a Kedusha (santidade).

 

Shamati (127)

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