quarta-feira, 30 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (53)


Um pequeno ponto negro

 

A Kabbalah se refere ao ponto no coração como um “ponto negro”. O ponto no coração, o desejo pela Luz, desperta dentro dos desejos egoístas que o indivíduo não pode satisfazer. Confrontada com a incapacidade de satisfazer o desejo pelo Criador através de meios mundanos, a pessoa chega ao final da evolução da vontade de receber. A pessoa pode se sentir deprimida pela ausência de satisfação, pela incapacidade de satisfazer esse desejo.

 

Ao sentir o ponto no coração, o indivíduo é atraído para a Luz. Quando isso acontece, normalmente a pessoa sente escuridão em seu interior. Isso não se deve ao fato de que a pessoa possa ter piorado. Pelo contrário, deve-se ao fato dela ter se tornado mais correta. Por isso, ela atrai mais Luz e essa nova Luz brilha em lugares novos na alma. Mas, considerando que esses lugares ainda não foram corrigidos, com frequência irradiam um sentimento “escuro”. Quando essa escuridão aparece, é um claro sinal que fizeste progresso e é certo que a próxima coisa a aparecer será a Luz.


terça-feira, 29 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (52)

 

O ponto no coração

 

Quando o último grau de evolução do desejo humano, o desejo por espiritualidade, aparece, chama-se um ponto no coração. Quando os desejos por prazeres mundanos (alimento, sexo, família, riqueza, poder e conhecimento) estão satisfeitos, o ponto no coração começa a se desenvolver. É um desejo por algo superior.

 

O ponto em nosso coração é como uma gota de desejo, um anseio supremo pelo Criador. O ponto é sentido como uma Luz. É a sensação da Fonte. A partir desse ponto, começa a evolução espiritual de uma pessoa.


segunda-feira, 28 de junho de 2021

Contos de Chanun Katan (9)

A primeira visita

 

Deus chamou a Alma Primordial e apresentou-lhe um vídeo.

 

Na Terra, macacos brigavam numa savana.

 

(Quinhentos mil anos depois, uma cena semelhante apareceria num filme magnífico, chamado “2001: Uma Odisseia no Espaço”, dirigido por Stanley Kubrick, baseado no romance de mesmo nome, escrito por Arthur C. Clarke).

 

O macaco mais forte, com uma clava na mão, espancava outro macaco até espalhar fragmentos de seu crâneo pela ravina, sob o olhar assustado de uma fêmea cheirosa.

 

“Eu”, disse o Altíssimo, “gostaria de passar as férias de verão na Guarda do Embaú, em Santa Catarina, onde pretendo plantar alguns pés de erva para a alegria dos bichos-grilhos com piolhos no cabelo e tatuagens horríveis pelo corpo que venderão incenso e quinquilharias por lá, mas, se a violência correr solta entre os macacos, eles não conseguirão evoluir. Como sabes, Eu não gosto de violência e de sangue derramado”.

 

“Hineni”, exclamou a Alma Primordial, pronta para o sacrifício.

 

“É trabalho pesado, Adam Kadmon, ensinar àqueles ignorantes o amor ao macaco-próximo”, suspirou o Altíssimo.

 

“Deixa comigo”, disse a Alma Primordial, sempre pronta a atender aos apelos do Altíssimo, e se fragmentou em seiscentos mil pedaços.

 

A primeira centelha a cair na Terra despertou o Ruivo Adão que, no meio da noite, saiu da caverna, olhou para o céu coalhado de estrelas na Mesopotâmia, e se questionou:

 

“Por que acordei com o coração acelerado? Quem sou eu? O que estou fazendo aqui? Qual o propósito da minha vida?”

 

Quase seis mil anos depois, quando os macacos já estavam mais amestrados e tinham trocado a clava por tanques, mísseis, e aviões de guerra, o Altíssimo visitou pela primeira vez o Gan Eden, e pela primeira vez sentiu o cheiro adocicado que baforavam os emaciados membros da tribo Canabis.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (51)

 

O ápice de dar é receber

 

Mas se o Criador fez o mundo com o fim de brindar Sua abundância aos seres criados, então o que há de mau em querer receber tudo para “si mesmo”? Por que receber para si mesmo é percebido como o mal ou como egoísmo? Por que foi necessário criar um mundo tão imperfeito e uma criação tão corrupta que devessem ser corrigidos?

 

Os cabalistas tem buscado as respostas a estas perguntas ao longo dos séculos. Eles explicam que o Criador recebe prazer outorgando prazer às pessoas. Se essas pessoas se deleitam com o fato de que ao receberem esse prazer estão dando ao Criador a possibilidade de outorgar esse deleite, assim, tanto o Criador como as pessoas coincidem nas qualidades e nos desejos. Todos estão contentes com o processo de dar. O Criador dá o prazer, enquanto as pessoas criam as condições para recebê-lo. Todo mundo pensa no outro, não em si mesmo, e todo o mundo recebe prazer de igual maneira. Essa é uma situação de benefício mútuo.

 

Contudo, dado que nós, seres humanos, somos egoístas, somos, em nosso estado inicial, incapazes de pensar nos demais, pensamos somente em nós mesmos. Nós, seres humanos, somente somos capazes de dar em situações nas quais detectamos um benefício pessoal, maior que aquele que oferecemos. Nesse sentido, o ser humano encontra-se a grande distância do Criador, e, por isso, não o percebe.

 

Podemos comparar isso com um comerciante em sua loja: o vendedor sorri a todos os seus clientes e procura fazer com que se sintam bem enquanto estão na loja. Tanto os clientes quanto o vendedor sabem que a meta deste na realidade é fazê-los sentirem-se bem para motivá-los a gastar o seu dinheiro. Logo, somente porque o vendedor é agradável não necessariamente pensamos que se trate de uma pessoa de bom coração, mas sim, podemos pensar que o vendedor é um profissional.

 

Noutras palavras, o “preço” que o vendedor “paga” pelo teu dinheiro é um sorriso e um comportamento amável. Não obstante, isto é uma oferta egoísta. Sem a perspectiva de ganhar dinheiro, o vendedor não seria sorridente porque não teria esse incentivo. Esse é o nosso comportamento natural e é por esta razão que os cabalistas dizem que todos nós somos, em princípio, egoístas.

 

A meta de um indivíduo é transcender esse egoísmo e avançar para o Criador emulando as Suas qualidades de doação. Somente então uma pessoa poderá receber prazer tanto de atos altruístas como de atos egoístas a serviço de si mesmo. (Mas não te esqueças que, dado que não estamos separados, mas que somos parte do mundo, o altruísmo é a forma de cuidar do todo que nos inclui. As ações em benefício próprio que não levam isso em consideração retornam contra nós próprios). Se um indivíduo aprende a desfrutar do ato de dar porque isto o faz mais semelhante ao Criador, então esse indivíduo terá alcançado um estado conhecido na Kabbalah como “dar com o fim de dar”. A gratificação da pessoa vem somente de ter a capacidade de fazer algo para o Criador.

 

O desejo por esse nível espiritual está presente em todas as pessoas, embora, na maioria, de modo inconsciente. Quando aparece pela primeira vez, os cabalistas dizem que se sente como que um ponto no coração, o centro de todos os desejos. O que esse ponto significa é algo que devemos descobrir por nós mesmos.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (50)

 

Sinto-me bem. Ou não?

 

A Kabbalah explica que a vida se baseia num único desejo: sentir-se bem, sem importar se tal sensação provem de obter um emprego melhor, um carro novo, um casamento ou filhos exitosos. Detrás de todos esses desejos encontra-se a busca de satisfação. E tudo o que queres é conseguir essa sensação de prazer.

 

Quando começas a sentir a espiritualidade, tua escala de valores muda. Podes começar a ver que alguns dos teus desejos tornaram-se mais importantes, e outros menos. Começas a sopesar tua vida não somente de acordo com o que vês e conheces deste mundo, coisas que teu corpo físico sente agora mesmo, mas também consideras as tuas vidas passadas e as futuras. Começas a ver o que ajudará e o que não ajudará às gerações futuras. Como resultado, naturalmente modificas a avaliação de teu meio.

 

Quando começas a te dar conta de que és uma parte da alma única e de que toda a humanidade também forma parte dessa mesma alma, começas a pensar que ajudar à humanidade também serve aos teus interesses (mesmo que de maneira egoísta). Em resumo, a Kabbalah te leva a olhar para o quadro completo.  

 

É irônico, no entanto, que, quanto mais desejas a espiritualidade, mais desejas também os prazeres mundanos. Um cabalista não é uma pessoa sem desejos por alimento, sexo, dinheiro, poder e conhecimento. Ao contrário, é uma pessoa com desejos mundanos mais fortes que os experimentados pela maioria das pessoas, mas também o seu desejo por espiritualidade é maior que a soma de todos os seus desejos materiais. Noutras palavras, o fato de teres uma maior percepção da tua espiritualidade não te exime de continuares um ser humano e de tudo o que isso implica.

 

Este processo de intensificação está desenhado para fazer-te desenvolver um desejo tão forte por espiritualidade que estarás disposto a fazer qualquer coisa para satisfazê-lo, inclusive a renunciar a todos os desejos por qualquer coisa que não seja espiritualidade. E para renunciar a esses desejos deves experimentá-los. Esta é a razão pela qual os cabalistas explicam que quanto mais alto é o teu grau espiritual, maiores serão os teus desejos mundanos também. É assim que os cabalistas progridem: ao experimentar os maiores prazeres mundanos, e depois, ao receber a consciência de que há algo muito maior que todos os prazeres combinados.

 

Segundo a perspectiva da Kabbalah, tu mudas de acordo com teu ascenso ao mundo espiritual e começas a compreender um bem maior mais profundamente. É o mesmo que aconteceu em teu desenvolvimento neste mundo: quando eras criança, querias um carrinho de brinquedo. Quando cresceste, quiseste um carro de verdade.

 

Também na espiritualidade os teus desejos mudam conforme vais crescendo. Os primeiros objetos do teu desejo parecem joguinhos comparados com as coisas reais que agora começas a buscar. Ao final, essa busca te conduz ao bem absoluto, isto é, ao contato direto com o Criador, o que se consegue através da semelhança de forma com Ele, através de ser como Ele é.


terça-feira, 22 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (49)

 

O “bom” propósito do “mal”

 

Talvez não nos surpreenda que muitos desses níveis de desejo, apesar de não serem maus em sentido intrínseco, conduzem as pessoas a atos aos quais os cabalistas se referem como “egoísmo", através dos quais as pessoas trabalham para si mesmas em vez de trabalhar na tentativa de serem semelhantes ao Criador. Não há nada de mau nisso, em seu sentido lato. O Criador começou a criação. Para sermos mais exatos, Ele criou o desejo de receber prazer (criação) que nós transformamos em mal ou corrupção ao transformar a vontade de receber em egoísmo.

 

No capítulo anterior falamos sobre o reconhecimento do mal. Dissemos que se consideramos o nosso estado como completamente nocivo, e Seu estado como completamente desejável, cruzaremos a barreira e entraremos no mundo espiritual. A pergunta que permanece aberta é qual é a melhor maneira de reconhecer nossa maldade, fazendo-o de uma forma rápida e inócua. Aqui é que a Kabbalah entra em jogo. A vantagem da Kabbalah é que ela te ensina sobre a natureza humana sem a necessidade de experimentares o mal no nível físico. Esta é a razão pela qual os cabalistas dizem que não precisamos sofrer. Em seu lugar, podemos estudar.

 

Definição: Na Kabbalah, o correto se refere à correção. Ninguém te dirá se o que és ou o que fazes é correto ou incorreto, mas sim se satisfizeste o teu desejo de assemelhar-te ao Criador. Se o fizeste, então fizeste o que é correto. Os cabalistas referem-se à correção como o fato de sincronizarmos a intenção com que abordamos um desejo de “para mim” a “para o Criador”.

 

Neste sentido, os humanos terminam a criação do Criador, o que significa que a corrigem. Dado que nós, humanos, temos a capacidade de sermos como o Criador, Ele nos delega a liderança da criação, uma vez que tenhamos nos corrigido. Assim, o bom propósito do mal se realiza somente se o egoísmo se converte numa força impulsionadora em direção ao Criador, o que sabemos que não é o caso mais comum. Pelo contrário, o mal é mau em si mesmo, e produz o mal, como o demonstram os atos egoístas ao longo da história.

 

O Criador incrementa a pressão sobre nós para que tomemos o comando sobre nós mesmos. Esta é a razão pela qual o mundo parece fazer-se cada vez mais hostil: o Criador o faz dessa maneira para que tu e eu comecemos a corrigir o mundo e a nós mesmos. Se Ele não o tivesse feito desse jeito, nós nos sentaríamos embaixo de uma árvore, ou ao sol, na praia, para nos bronzear. Apesar de que isso possa parecer muito bom para ti, não te aproxima muito de converter-te em um ser semelhante ao Criador, razão pela qual Ele nos criou, antes de mais nada.

 

A meta do Criador é que os humanos corrijam a Sua criação. Se te lembrares disso constantemente, todos os teus cálculos deixarão de ser passivos e se converterão em vasos, ou intenções, com as quais serás capaz de conectar-te com o Criador e o experimentar. Todo atributo maligno ou negativo em ti se transformará num meio para um fim.

 

Na Kabbalah não existe outra maneira de se fazer contato com o Criador, mas somente através dos nossos atributos negativos, através do mal. O reconhecimento do mal é o princípio da revelação do bem.

 

Esta explicação da meta do Criador deixa aberta uma nova pergunta: Se Ele deseja brindar-nos prazer, como dizem os cabalistas, o que há de mau num bom bronzeado, se nós o desfrutamos? Bem, de acordo com os cabalistas, não há nada de mau nisso se isso é realmente o que desejas. No entanto, se uma pergunta perfura o fundo da tua mente (enquanto descansas na praia) e já não podes desfrutar mais do teu banho de sol, então necessitas de algo mais, e talvez esse algo seja a Kabbalah. Como o expressa o cabalista Yehuda Ashlag: a Kabbalah é para aqueles que se perguntam (inclusive no nível inconsciente): “Qual é o sentido da minha vida?”

 

sexta-feira, 18 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (48)

 

Nosso desejo por mais, mais, mais

 

A lista das conquistas da humanidade é paralela à lista de seus desejos. O desejo dos peregrinos pela libertação da perseguição religiosa, por exemplo, levou-os a emigrar ao que se converteu em Massachusetts. O desejo de soberania dos colonos deu passagem à Guerra de Independência nos Estados Unidos.

 

Como os desejos em geral se desenvolvem dos menores aos maiores, dos simples aos complexos, uma civilização avança. Na medida em que crescem os desejos coletivos, a civilização progride.

 

A Kabbalah divide o complexo total dos desejos humanos em cinco níveis.

 

1.    Satisfação dos desejos naturais básicos, como alimento, refúgio e sexo;

2.    Luta por riqueza;

3.    Ânsia de poder e de reconhecimento;

4.    Sede de conhecimento;

5.    Desejo pelo Criador e pela espiritualidade.

 

Contudo, uma vez que o desejo imediato é satisfeito, retorna o que podemos descrever como uma sensação de vazio, que conduz, como já sabes, ao mesmo. Isso se repete até que a pessoa se pergunte se existe algo mais. Quando uma pessoa chega ao ponto em que o desejo pelos coisas dos primeiros quatro níveis se esgota, essa pessoa, em geral, termina com um forte desejo de alcançar o quinto nível da Kabbalah: a espiritualidade.

 

No caminho: Talvez tu já tenhas ouvido falar da Hierarquia das necessidades, de Abraham Maslow, uma hierarquia que ajuda a explicar as motivações humanas. Ele explicou que no princípio temos necessidades fisiológicas básicas de alimento, proteção e etc. Quando essas necessidades são satisfeitas, elas dão passagem à necessidade de segurança e proteção; depois, vem a necessidade de amor e de um sentido de pertencimento; e adiante, à necessidade de status e, por fim, no mais alto da hierarquia, à necessidade de autorrealização e transcendência. Essa hierarquia é bastante semelhante à progressão dos desejos nas Kabbalah e demonstra a universalidade desses conceitos.

 

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (47)

 

4

 

O desejo de espiritualidade

 

*O nosso desejo e o impulso por mais *O propósito do “mal” *O ponto no coração *A intenção como força propulsora

 

Tu poderias contar-me a história da humanidade como a história do desejo humano e de como ela evoluiu e se desenvolveu ao longo de milhares de anos. A busca de modos de se satisfazer a esses desejos emergentes determina os níveis de evolução de uma civilização e define também como esta mede o seu próprio progresso.

 

Este capítulo explora o desenvolvimento dos desejos humanos, desde as necessidades mais básicas até o nível mais alto: a necessidade de espiritualidade. Tu somente conseguirás começar um estudo sério da Kabbalah depois de chegaras ao nível mais alto. Essa é a porta de entrada à compreensão do Criador e o papel dos seres humanos neste mundo.

 

terça-feira, 15 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (46)

  

O mínimo que precisas saber

 

·       Nossos sentidos nos brindam uma imagem incompleta da realidade. O que percebemos como “nosso mundo” é um fragmento do que o Criador nos deu;

·       O Criador somente deseja doar-te, e, à medida que recebes, tu vais querer ser como o Criador e doar aos demais;

·       Existem quatro fatores que determinam o teu estado em

·       qualquer momento: origem, fatores derivados e determinados pela origem, a atitude com o teu ambiente externo e a evolução desse ambiente;

·       Se queres modificar teus pensamentos e desejos deves tomar o controle sobre o terceiro fator, que é o ambiente onde vives;

·       Ao modificar o teu ambiente, modificarás os teus pensamentos e teus pensamentos mudarão a sociedade.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (45)

  

O mais forte de todos os poderes

 

Os cabalistas afirmam que “uma pessoa está onde está o seu pensamento”. Isto significa que se pensas num mundo minúsculo, permanecerás neste mundo. No entanto, se teus pensamentos aspiram ao Mundo Superior, eles te acercarão do Criador e te permitirão perceber níveis mais altos.

 

O pensamento mais amplo tem poderosas aplicações cotidianas. Se vês a tua vida e o teu entorno como produtos do Criador, começarás a perceber situações de aparência negativa como parte do Plano Dele para ti. Este modo de pensar não impede que os acontecimentos ocorram, mas te ensina a enfrentá-los de uma forma positiva e que te acerca da perfeição e que se alinha melhor com o Criador.

 

Já viste um imã empurrando outro imã? É surpreendente quando consideras que as ondas magnéticas não podem ser vistas e nem tocadas. O mesmo acontece com as ondas de rádio e os campos magnéticos, e inclusive com a gravidade. A única forma de saber que essas formas existem é através dos seus efeitos no mundo. Os pensamentos funcionam da mesma forma. Não podem ser vistos nem escutados, mas seus efeitos ressoam mais que nossas palavras e ações. De acordo com a Kabbalah, teus pensamentos são os poderes mais fortes de todos e teus pensamentos guiam as tuas palavras e as tuas ações.

 

Uma vez que tenhas reconhecido o poder dos teus pensamentos poderás começar a induzir uma mudança positiva no mundo, aprendendo de que maneira pensa o Criador e adotando esse modo de pensar como teu próprio. Poderás dizer que o método completo da Kabbalah está enfocado em ensinar como controlar os teus pensamentos e teus desejos mais íntimos, aqueles dos quais geralmente nem és consciente, mas que sentes e que conheces somente através de seus resultados.

 

Palavras do coração: “Devemos compreender Seu pensamento ao criar os mundos e a realidade diante de nós. Suas operações não foram realizadas por muitos pensamentos como fazemos nós, pois Ele é Um, Único, Unificado e Simples. Assim, Suas Luzes estendem-se Dele, Simples e Unificado. Portanto, deves compreender e perceber que todos os nomes e apelativos, e todos os mundos, o Superior e o Inferior, são uma Luz Simples, Única e Unificada. No Criador, a Luz que se estende, o pensamento, a operação e o Operador, e tudo o que o coração pode pensar e contemplar, são uma e a mesma coisa. Assim, podes julgar e perceber que essa realidade inteira, superior e inferior, em seu estado final de correção, foi emanada e criada por um pensamento único. Esse pensamento único realiza todas as operações, é a essência de todas as operações, o propósito e a essência do trabalho. É a perfeição em si mesma e a recompensa ansiada, como explicou Ramban: Uma, Única e Unificada”. (Do Estudo das Dez Sefirot, Yehuda Ashlag).

 

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (44)

  

O que dissemos sobre a realidade?

 

Recorda-te da seção neste capítulo a respeito da realidade e de como é limitada a percepção humana. As pessoas só conhecem a realidade que elas percebem através dos cinco sentidos, e o que experimentam é uma cópia interna do que está no exterior. O sexto sentido dos cabalistas te permite sentir uma realidade completamente nova, o que te leva a tomar decisões distintas em relação ao ambiente exterior, com a finalidade de abrir possibilidades diferentes na tua atitude em relação ao mundo do qual fazes parte.

 

A sabedoria da Kabbalah permite-nos modificar nossa atitude em relação ao exterior com maior rapidez. Permite-nos, por exemplo, reverter a força negativa que nos empurra, para conseguirmos um progresso rápido em direção à força positiva, que nos puxa para a frente. Ao fim e ao cabo, a Kabbalah nos recorda que o Criador é benevolente e quer nos dar prazer, e que esse é o Seu único pensamento. Na verdade, tudo o que temos que fazer é mudar a nossa percepção da realidade. Assim, o mundo se verá unificado e unido sob o único pensamento do Criador, que é fazer o Bem às Suas criaturas.

 

domingo, 6 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (43)

 

Apenas pensa!

 

A Kabbalah é o estudo de como eu e tu sentimos o Criador. Recorda-te das nossas discussões neste capítulo sobre os sentidos e a percepção. Quando o sol começa a brilhar e tua pele se aquece, tu não sabes, em termos cognitivos, que estás quente. Tu sentes o calor do sol de uma forma que supera o pensamento e a razão. Os cabalistas aprenderam a unificar os reinos díspares do pensamento e dos sentidos, e, ao fazê-lo, conseguiram alcançar novos níveis de percepção. Eles compreenderam que os pensamentos criam a realidade, não as ações, e centram os seus esforços em evocar os pensamentos que criam a realidade positiva.

 

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (42)

  

Quatro fatores (elementos)

 

Tu e eu estamos sempre numa nova situação, num novo estado de ânimo ou num novo marco mental. Quem designa ou determina esse estado? Melhor ainda, quais são os elementos que o determinam? A Kabbalah nos diz que são quatro os fatores que determinam o estado de uma pessoa a cada momento:

 

1.    Origem. Esse é o ponto inicial da transformação, mas não é o mesmo que uma página em branco. Pensa nele como um muro que foi pintado e repintado muitas vezes. As camadas de pintura prévia estão ali, debaixo da superfície. Talvez não possam ser vistas ou distinguidas, mas formam parte da composição desse muro, sempre o ponto inicial para a seguinte camada de transformação, assim como a atual camada da pintura atual de um muro sempre é a camada inferior da camada seguinte.

2.    

Caminhos de desenvolvimento que correspondem à natureza humana e não mudam. Esse fator corresponde às partes imutáveis e permanentes da natureza de uma pessoa. Entre elas incluem-se aspectos como as características hereditárias (a cor da pele, a cor dos olhos e a predisposição às enfermidades cardíacas e outros tipos) e a natureza do indivíduo (como ter um bom temperamento ou ser uma pessoa irritadiça).


3.    Caminhos de desenvolvimento que se modificam sob a influência de fatores externos. Essa é a nossa atitude em relação ao ambiente externo. Digamos que recebas uma avaliação negativa de desempenho no teu trabalho por parte de um chefe. Talvez te sintas magoado e injustiçado. Talvez venhas a compreender que teu chefe tem, de coração, as melhores intenções a teu respeito e só fez isso para te mostrar o que precisas fazer para ter mais êxito. De qualquer forma, é inevitável que a tua atitude a respeito desse fato produzirá alguma mudança em ti.


4.    Caminhos de desenvolvimento dos fatores externos em si mesmos. O quarto fator é o próprio ambiente externo e sua contínua evolução. Seguindo o exemplo anterior, teu chefe será afetado pela tua atitude, à qual, por conseguinte, mudará a atitude dele em relação a ti. O resultado é que a tua atitude modifica o teu entorno.

 

No caminho: Por que a tua atitude, qualquer que seja ela, muda o teu entorno? A resposta é que tu não estás separado do teu entorno, tu fazes parte dele. Portanto, as tuas ações e as ações de todos os demais, modificam o entorno. Isso estabelecido, resta uma pergunta importante: “Como eu posso atuar com a finalidade de melhorar o ambiente que me rodeia?”

 

Como demonstram esses quatro fatores, a confluência entre a origem de uma pessoa, sua natureza interna e as forças exteriores imutáveis contribuem para nossa composição interna. Sem dúvida, desses quatro elementos, o único que podemos modificar é o último, o nosso entorno. Não obstante, dado que os elementos afetam uns aos outros, ao modificar o nosso entorno podemos dar forma a todos os demais elementos em nosso interior.

 

Esse mesmo princípio de “a mudança de um afeta a todos” aparece também na ciência. Talvez conheças o popular “efeito borboleta”, uma teoria que sugere que o bater de asas de uma borboleta no Brasil possa produzir um tornado no Texas. Em termos mais simples, os menores acontecimentos, aparentemente insignificantes, podem ter consequências catastróficas mais adiante. Assim, com o fim de controlar as nossas vidas e determinar o nosso futuro, apenas precisamos saber que elemento modificar e que botão apertar.  

 

Os cabalistas afirmam que a origem (o primeiro fator), as ações da origem (o segundo fator) e a evolução da sociedade (o quarto fator) não dependem de ti, absolutamente. O que sim, pode depender de ti, é o terceiro fator, ou seja, a tua atitude diante dos fatores externos. Se pensares a esse respeito em termos sociais mais amplos, poderás ver que a tua atitude e as tuas decisões podem afetar a sociedade como um todo (inclusive a ti mesmo). Tua escolhes a tua sociedade de acordo com as tuas metas.

 

Tu podes influenciar também com as tuas intenções, mas se as intenções da sociedade não concordam com as tuas, modifica, então, a tua sociedade. Afinal, conforme a Kabbalah, tu és o produto da tua sociedade, razão pela qual é tão importante que tu a escolhas com cuidado e que, com frequência, lhe dê forma e a melhore.

 

Por que o Criador desenhou a existência desse modo? Nos capítulos seguintes, veremos que, segundo os cabalistas, isto tem origem na Estrutura do Primeiro Homem (Adam HaRishon), a alma coletiva da qual todos fazemos parte.

 

O escritor John Woods capturou essa ideia sobre o pensamento e como este afeta a realidade: “O mundo é exatamente como pensamos que ele é, e esta é a razão”. Isso é verdadeiro porque nossos pensamentos afetam as nossas ações, as quais, por sua vez, afetam o mundo como nós o percebemos. Tudo isso deixa uma pergunta pendente: “De onde provem os nossos pensamentos?”

 

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Kabbalah Sem Segredos (41)

 

O princípio do prazer e da dor

 

O único desejo do Criador é que tu e eu nos enchamos de prazer. O fato de reconhecer essa verdade é central para nosso caminho para a perfeição. A todo observador da cena humana fica claro que a maioria das pessoas, sejam estudantes de Kabbalah, ou hedonistas a moda antiga, desejam prazer, e, às vezes, percorrem grandes distâncias para consegui-lo. Se a intenção do Criador era que nós buscássemos e experimentássemos o prazer infinito, como entra a dor nessa equação?

 

Eu e tu não nos comprometemos com nenhuma ação a menos que acreditemos que, de alguma forma, isso nos proporcionará felicidade. Além disso, não fazemos movimentos laterais na nossa busca pelo prazer. Cada ação está comprometida com o cálculo de que nossa felicidade aumentará. Assim, tu e eu nos colocamos em situações dolorosas de maneira consciente com o fim de obter mais prazer.

 

Certas situações dolorosas nos fazem reavaliar o que cremos ser as causas de nossa felicidade e nos fazem reordená-las de acordo com a sua importância. Digamos que tenhas um relógio Rolex, cuja posse te proporciona muito prazer: o que ele representa, em termos das tuas conquistas sociais, o que ele diz acerca dos teus valores e de teu nível de vida, tua admiração pela sua beleza e precisão, e quem sabe quantas outras coisas mais. Certo dia, um assaltante coloca uma pistola na tua cabeça e exige que entregues o teu adorado relógio. Ou, caso contrário... A maioria das pessoas aceitaria esse ato doloroso (neste caso, entregar o precioso objeto) com a finalidade de evitar um ato ainda mais doloroso (levar um tiro ou morrer no assalto).

 

Pense nisso como uma espécie de escala de prazeres. Quais objetos, artigos ou experiências possuem um valor mais alto? Quais são os de menor importância? Estás disposto a agüentar uma dor momentânea em troca de um prazer maior?

 

As pessoas podem mudar a consciência do seu prazer futuro (todo mundo tem imaginação) e calcular que qualquer incômodo no presente vale por um prazer futuro. Noutras palavras, um sofrimento pode valer a pena se desejas obter prazer, inclusive se o prazer não é imediato e não pode estar ao alcance das tuas mãos por anos e anos.

 

O rabino Ashlag define isso como um estado no qual o prazer futuro “brilha” no presente, iluminando-o. Ele nos explica que, na realidade, não podemos sentir o futuro. Em vez disso, sentimos o prazer que virá, enquanto nos encontramos no estado presente. Dessa forma, o incômodo atual se faz tolerável, inclusive desejável, se focarmos a nossa mente na meta gratificante do futuro.

 

No caminho: A felicidade nem sempre significa um sucesso que coloca um grande sorriso em nosso rosto. Significa avançar até as metas que nos ajudam a viver o tipo de vida que acreditamos ser a que mais nos convém nesse preciso momento. Então, essa é a direção a que sempre as nossas ações nos conduzirão para sermos “felizes”.   

 

Shamati (127)

    127. A diferença entre o núcleo central, a essência e a abundância agregada ( Su cot Inter 4, Tav - Shin - Guimel , 30 de setembro d...