Quatro fatores (elementos)
Tu e eu estamos sempre numa nova situação, num novo estado de
ânimo ou num novo marco mental. Quem designa ou determina esse estado? Melhor
ainda, quais são os elementos que o determinam? A Kabbalah nos diz que são
quatro os fatores que determinam o estado de uma pessoa a cada momento:
1.
Origem. Esse é o ponto inicial da transformação, mas não é o mesmo
que uma página em branco. Pensa nele como um muro que foi pintado e repintado
muitas vezes. As camadas de pintura prévia estão ali, debaixo da superfície.
Talvez não possam ser vistas ou distinguidas, mas formam parte da composição
desse muro, sempre o ponto inicial para a seguinte camada de transformação,
assim como a atual camada da pintura atual de um muro sempre é a camada
inferior da camada seguinte.
2.
Caminhos de desenvolvimento que correspondem à
natureza humana e não mudam. Esse fator corresponde às partes imutáveis e permanentes da natureza de
uma pessoa. Entre elas incluem-se aspectos como as características hereditárias
(a cor da pele, a cor dos olhos e a predisposição às enfermidades cardíacas e
outros tipos) e a natureza do indivíduo (como ter um bom temperamento ou ser
uma pessoa irritadiça).
3.
Caminhos de desenvolvimento que se modificam sob a
influência de fatores externos. Essa é a nossa atitude em relação ao ambiente externo.
Digamos que recebas uma avaliação negativa de desempenho no teu trabalho por
parte de um chefe. Talvez te sintas magoado e injustiçado. Talvez venhas a
compreender que teu chefe tem, de coração, as melhores intenções a teu respeito
e só fez isso para te mostrar o que precisas fazer para ter mais êxito. De
qualquer forma, é inevitável que a tua atitude a respeito desse fato produzirá
alguma mudança em ti.
4.
Caminhos de desenvolvimento dos fatores externos em si
mesmos. O quarto
fator é o próprio ambiente externo e sua contínua evolução. Seguindo o exemplo
anterior, teu chefe será afetado pela tua atitude, à qual, por conseguinte,
mudará a atitude dele em relação a ti. O resultado é que a tua atitude modifica
o teu entorno.
No caminho: Por que a tua atitude, qualquer que seja ela, muda o teu
entorno? A resposta é que tu não estás separado do teu entorno, tu fazes parte
dele. Portanto, as tuas ações e as ações de todos os demais, modificam o
entorno. Isso estabelecido, resta uma pergunta importante: “Como eu posso atuar
com a finalidade de melhorar o ambiente que me rodeia?”
Como demonstram esses quatro fatores, a confluência entre a
origem de uma pessoa, sua natureza interna e as forças exteriores imutáveis
contribuem para nossa composição interna. Sem dúvida, desses quatro elementos,
o único que podemos modificar é o último, o nosso entorno. Não obstante, dado
que os elementos afetam uns aos outros, ao modificar o nosso entorno podemos
dar forma a todos os demais elementos em nosso interior.
Esse mesmo princípio de “a mudança de um afeta a todos”
aparece também na ciência. Talvez conheças o popular “efeito borboleta”, uma
teoria que sugere que o bater de asas de uma borboleta no Brasil possa produzir
um tornado no Texas. Em termos mais simples, os menores acontecimentos,
aparentemente insignificantes, podem ter consequências catastróficas mais
adiante. Assim, com o fim de controlar as nossas vidas e determinar o nosso
futuro, apenas precisamos saber que elemento modificar e que botão apertar.
Os cabalistas afirmam que a origem (o primeiro fator), as
ações da origem (o segundo fator) e a evolução da sociedade (o quarto fator)
não dependem de ti, absolutamente. O que sim, pode depender de ti, é o terceiro
fator, ou seja, a tua atitude diante dos fatores externos. Se pensares a esse
respeito em termos sociais mais amplos, poderás ver que a tua atitude e as tuas
decisões podem afetar a sociedade como um todo (inclusive a ti mesmo). Tua
escolhes a tua sociedade de acordo com as tuas metas.
Tu podes influenciar também com as tuas intenções, mas se as
intenções da sociedade não concordam com as tuas, modifica, então, a tua
sociedade. Afinal, conforme a Kabbalah, tu és o produto da tua sociedade, razão
pela qual é tão importante que tu a escolhas com cuidado e que, com
frequência, lhe dê forma e a melhore.
Por que o Criador desenhou a existência desse modo? Nos
capítulos seguintes, veremos que, segundo os cabalistas, isto tem origem na
Estrutura do Primeiro Homem (Adam HaRishon), a alma coletiva da qual
todos fazemos parte.
O escritor John Woods capturou essa ideia sobre o pensamento
e como este afeta a realidade: “O mundo é exatamente como pensamos que ele é, e
esta é a razão”. Isso é verdadeiro porque nossos pensamentos afetam as nossas
ações, as quais, por sua vez, afetam o mundo como nós o percebemos. Tudo isso
deixa uma pergunta pendente: “De onde provem os nossos pensamentos?”