segunda-feira, 27 de junho de 2022

Shamati (22)

  

22. Torá Lishmá

 

(Ouvi em 9 de Shevat, Tav-Shin-Aleph, 06 de fevereiro de 1941)

 

A Torá é chamada de Lishmá [eu Seu nome], principalmente quando o indivíduo aprende para saber com certeza absoluta, dentro da razão, sem qualquer dúvida sobre a clareza da verdade, que há um juiz e há um julgamento. Há um julgamento significa que o indivíduo vê a realidade como ela aparece para os nossos olhos. Isso quer dizer que, quando trabalhamos dentro da fé e da doação, vemos que estamos crescendo e escalando diariamente, pois sempre vemos uma mudança para melhor.

 

E também é assim ao contrário: quando trabalhamos na forma de recepção e conhecimento, vemos que decaímos cada dia até o último degrau possível que existe na realidade material.

 

Quando examinamos esses dois estados, vemos que há julgamento e há um juiz, pois enquanto não seguimos as leis da verdade da Torá, somos punidos instantaneamente. Nesse estado, vemos que há um julgamento justo. Em outras palavras, vemos que esse é precisamente o melhor caminho, o qual é adequado e pode atingir a verdade.

 

Isso é considerado um julgamento justo, pois apenas dessa maneira podemos chegar ao objetivo final: compreender dentro da razão, com completo e absoluto entendimento, sobre o qual não há nada superior a isso, que apenas por meio da fé e da doação é possível atingir o propósito.

 

Portanto, se a pessoa estuda com esse propósito, de entender que há julgamento e que há um juiz, isso é chamado de Torá Lishmá. Esse também é o significado do que os nossos sábios disseram: “Grande é o aprendizado que leva à ação.”

 

Parece que deveriam ter dito “que trazem ações”, no sentido de ser possível fazer muitas ações, no plural, e não no singular. No entanto, como mencionado acima, ocorre que o aprendizado deve trazer apenas fé ao indivíduo, e a fé é chamada de uma Mitz[mandamento], a qual sentencia o mundo inteiro ao mérito.

 

A fé é chamada de “fazer” porque, normalmente, quando se faz alguma coisa, é preciso primeiro ter uma razão que faça a pessoa agir dentro da razão. É como a correlação entre a mente e a ação.

 

Contudo, quando algo está acima da razão, quando a razão não permite que o indivíduo faça determinada coisa, mas ao contrário, devemos dizer que não há razão nesse ato, há apenas um ato. Esse é o significado de “se o indivíduo realiza uma Mitzvá, feliz é ele pois sentenciou a si mesmo, etc., ao lado do mérito”. Esse é o significado de “Grande é o aprendizado que leva à ação”, ou seja, um ato sem razão, chamado de “acima da razão”.

 

terça-feira, 7 de junho de 2022

Shamati (21)


21. Quando o indivíduo se sente num estado de ascensão

(Ouvi em 23 de Cheshvan, Tav-Shin-Hey, 9 de novembro de 1944)

 

Quando o indivíduo se sente em um estado de ascensão, sente-se elevado, quando sente que não tem nenhum desejo a não ser pela espiritualidade, então é bom que mergulhe nos Segredos da Torá a fim de internalize-los. Se o indivíduo vê que, apesar de se esforçar para entender algo, ainda não sabe nada, mesmo assim vale a pena mergulhar nos Segredos da Torá, ainda que veja cem vezes numa única coisa.

 

O indivíduo não deve se desesperar, não deve dizer que é inútil por que não entende nada, por duas razões:

 

A) Quando o indivíduo mergulha em algo e anseia por entendê-lo, esse anseio é chamado uma “oração”. Isso é porque uma oração é uma falta, ou seja, ele deseja o que lhe falta, deseja que o Criador satisfaça o seu desejo.

 

O alcance da oração é medido pelo desejo, já que o desejo é maior por aquilo de que ele mais precisa. De acordo com a medida da necessidade também é a medida do anseio.

 

Há uma regra de que naquilo que o indivíduo coloca mais esforço, o empenho aumenta a falta, e ele quer receber o preenchimento por essa deficiência. Além disso, um desejo é chamado de “uma oração”, é considerado “o trabalho do coração”, já que “o Misericordioso quer os corações”.

 

Só então o indivíduo pode oferecer uma oração verdadeira. Porque, quando ele mergulha nas palavras da Torá, o coração deve estar livre de outros desejos e dar à mente a força para poder pensar e escrutinizar. Se não há nenhum desejo no coração, a mente não consegue fazer o escrutínio, como disseram nossos sábios: “Sempre há aprendizado onde há desejo do coração” (Avodá Zará 19a).

 

Para que a oração do indivíduo seja aceita, deve ser uma oração completa. Por isso, quando faz um escrutínio de forma completa, o indivíduo extrai dele uma oração completa, e então sua oração pode ser aceita, porque o Criador ouve uma oração. Mas há uma condição: a oração deve ser completa e não pode ter outras coisas misturadas no meio dela.

 

B) A segunda razão é que, nesse momento, como o indivíduo está separado em alguma medida da corporeidade e está mais perto da qualidade da doação, é um tempo melhor para se conectar com a internalidade da Torá, a qual é revelada àqueles que tem Equivalência de Forma com o Criador. Isso é porque a Torá, o Criador e Israel são um. Contudo, quando o indivíduo está num estado de auto-recepção, ele pertence à externalidade e não à internalidade.

domingo, 5 de junho de 2022

Arizal (1)

 

A oração de Adão

 

Quando Adão foi criado, todas as almas foram separadas do mal. Quando Adão orou, começou a chover e a vegetação começou a crescer, enquanto ele retificava todos os mundos. Este é o segredo de Adão, quando ele dava nomes aos animais.

 

Por que foi proibido que Adão comesse carne?

 

Agora entendemos por que foi proibido que Adão comesse carne, como está dito no versículo: “Eu lhes dou todas as ervas e sementes para consumo”. É que o propósito de se comer carne é separar a parte boa da parte má da comida, para elevá-la, mas os animais já estavam completamente separados, antes do pecado de Adão, por isso era proibido comê-los.

 

Comer carne para retificar

 

Através do pecado de Adão, toda a Criação fracassou e desceu a um nível inferior, ficando exposta e mesclada com as forças do mal. As profundezas das forças do mal se misturaram com o bem. Até a ação de Noé (ao construir a Arca) a humanidade ainda não possuía o poder de separar o bem do mal através da ingestão de carne. Depois do Dilúvio, pela ação de Noé, que era um Justo, permitiu-se ingerir os animais que precisavam ser retificados.

 

E, mais que isso, hoje podemos separar o bem do mal unicamente dos animais puros (cujo consumo é permitido pela Torá), animais que contém grandes porções de santidade. E, pelo contrário, não temos o poder de retificar os animais impuros. Por isso, a Torá proibiu o seu consumo, porque ao comê-los as almas se contaminariam e perderiam toda a santidade.

 

O cuidado ao se comer carne

 

Ainda mais, a separação entre o bem e o mal ocorre principalmente quando um Justo ingere carne com a intenção de separar o bem do mal. Por isso, nossos sábios de Torá disseram que “a um ignorante é proibido comer carne”, já que sua alma se misturará com a alma do animal e perderá sua santidade, por carecer da capacidade de separar o bem do mal. Daqui aprendemos quão cautelosos devemos ser em não comer muita carne.

 

Por esse motivo, Adão estava impedido de comer carne, já que não necessitava de nenhuma retificação. O propósito da comida é separar o bem do mal. Adão podia comer frutas e vegetais, que não requerem retificação. Depois do Dilúvio, os seres humanos se tornaram tão vis que até os animais se afastaram da sua tendência natural, assemelhando-se a outras espécies. Aos filhos de Noé lhes é permitido comer carne. No Templo, se traziam oferendas de animais assim como de farinha, de vinho, de azeite e de sal para retificá-los junto com o arrependimento. Por isso, o versículo ordena que cada oferenda seja acompanhada de sal.


(Shaar HaMitzov Ekev)

Shamati (127)

    127. A diferença entre o núcleo central, a essência e a abundância agregada ( Su cot Inter 4, Tav - Shin - Guimel , 30 de setembro d...