quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Shamati (117)

 

117. Trabalhou e não encontrou? Não acredite.

(Eu ouvi)

 

A necessidade do Trabalho é uma exigência. Já que o Criador dá um presente ao homem, Ele quer que o homem sinta o benefício nesse presente. Senão, a pessoa seria como um tolo, como disseram os nossos sábios: “Quem é um tolo? Aquele que perde o que lhe foi dado.” Porque não aprecia a importância da questão ele não presta atenção na preservação do presente.

 

Há uma regra de que o indivíduo não sente importância em nada se ele não tem necessidade por alguma coisa. Na medida da necessidade e do sofrimento, se ela não é atendida, nessa exata medida o indivíduo sente alegria, prazer e contentamento na satisfação da necessidade. É como alguém que recebe todo tipo de boas bebidas, mas se ele não está com sede, não vai sentir nada, como está escrito, “Como água gelada para uma alma fraca.”

 

Portanto, há um costume quando refeições são servidas a fim de agradar as pessoas: Quando preparamos carne e peixe, e todo tipo de coisas boas, tratamos de servir também coisas amargas e quentes, como mostarda, pimentas, comidas azedas e salgadas. Tudo isso é para evocar o sofrimento da fome, pois quando o coração sente um sabor apimentado e amargo, ele evoca a fome e a deficiência, as quais o indivíduo precisa satisfazer com a refeição das coisas boas.

 

Ninguém perguntaria: “Por que eu preciso despertar a fome? Afinal, não deveria o anfitrião preparar apenas a satisfação para a necessidade, ou seja, a refeição, e não preparar coisas que evocam a necessidade de saciação?” A resposta óbvia é que, como o anfitrião quer que as pessoas apreciem a refeição, é na mesma medida em que elas têm uma necessidade pela comida que vão apreciar a refeição. Segue-se que, se ele fornece muitas coisas boas, isso ainda não as ajudará a apreciar a refeição devido à razão acima de que não há preenchimento sem uma falta.

 

Portanto, para ser recompensado com a Luz do Criador, é preciso também haver uma necessidade. E a necessidade para isso é o Trabalho. Na medida em que o indivíduo se esforça e pede pelo o Criador durante a maior Ocultação, nessa medida ele se torna necessitado do Criador, para que o Criador lhe abra os olhos a fim de andar no Caminho do Criador. Então, quando o indivíduo tem esse Kli (Vaso) de uma deficiência, quando o Criador lhe dá alguma ajuda de Cima, ele saberá como guardar esse presente. Acontece que o Trabalho é considerado Achoraim (Posterior, de costas). E quando ele recebe o Achoraim, ele tem um lugar no qual ser recompensado com o Panim (Face, de frente).

 

Sobre isso, é dito: “Um tolo não tem desejo pela Sabedoria.” Isso significa que ele não tem uma necessidade forte para se esforçar a fim de obter Sabedoria. Portanto, ele não tem Achoraim, e, naturalmente, não pode ser premiado com o Discernimento de Panim.

 

Esse é o significado de “Assim como é o sofrimento será a recompensa”. Ou seja, o sofrimento, chamado “Trabalho”, faz o Kli (VBaso), para que o indivíduo seja premiado com a Recompensa. Isso significa que, na medida em que ele se arrepende, nessa medida ele pode, depois, ser recompensado com alegria e prazer.

 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Shamati (116)

 

116. Aquele que disse: “Mitzvot não exigem intenção”

(Eu ouvi)

 

Mitzvot (Mandamentos) não exigem intenção”, e “A recompensa por uma Mitzvá (singular de Mitzvot) não está neste mundo”. Isso significa que aquele que diz que as Mitzvot não exigem intenção acredita que a recompensa por uma Mitzvá não está neste mundo. Uma intenção é a razão e o sabor na Mitzvá. E essa é a verdadeira recompensa da Mitzvá.

 

Se uma pessoa sente o sabor de uma Mitzvá e entende o seu raciocínio, não precisa de nenhuma recompensa maior. Portanto, se as Mitzvot não exigem intenção, de qualquer forma a recompensa por uma Mitzvá não está neste mundo, pois o indivíduo não sente qualquer sabor ou qualquer razão na Mitzvá.

 

Segue-se que, se o indivíduo está num estado em que não tem nenhuma intenção, então ele está num estado em que a recompensa por uma Mitzvá não está neste mundo. Porque a recompensa por uma Mitzvá é o sabor e a razão. Se ele não tem isso, ele certamente não tem nenhuma recompensa por uma Mitzvá neste mundo.

 

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Shamati (115)

  

115. Mineral, Vegetal, Animal e Falante

(Ouvi emTav-Shin, 1939-1940, Jerusalém)

 

Mineral é algo que não tem autoridade própria. Ao contrário, está sob autoridade do seu senhorio e deve satisfazer todo anseio e desejo dele. Por isso, como o Criador fez a Criação para a Sua glória, como está escrito, “Todo aquele que é chamado pelo Meu Nome e que enaltece Minha glória, Eu o formei e o criei” (Isaías 43:7), significa que o Criador fez a Criação para Suas próprias necessidades. A natureza do senhorio está impressa nas criaturas, no sentido de que nenhuma criatura pode trabalhar em benefício de outros, mas apenas em benefício próprio.

 

Vegetal é aquele que já tem autoridade própria em algum nível. Já pode fazer algo contrário à opinião do senhorio. Isso significa que já pode fazer coisas não apenas em benefício próprio, mas a fim de doar. Isso já é o oposto do que existe no desejo do senhorio, que Ele imprimiu nos inferiores, de trabalhem apenas com o desejo de receber para si mesmos.

 

Porém, como podemos ver em plantas corpóreas, mesmo que sejam móveis e se expandam em comprimento e largura, ainda assim todas as plantas têm uma propriedade única. Em outras palavras, não há uma única planta que pode ir contra o método de todas as plantas. Ao invés disso, elas devem obedecer as regras das plantas e são incapazes de fazer qualquer coisa contra os seus contemporâneos.

 

Portanto, elas não têm vida própria, mas são partes da vida de todas as plantas. Isso significa que todas as plantas têm uma forma única de vida, que a forma de vida é a mesma para todas as plantas. Todas as plantas são uma única criatura, e as plantas individuais são órgãos específicos daquele ser.

 

De forma semelhante, na espiritualidade há pessoas que já adquiriram a força para superar o seu desejo de receber em algum nível, mas são escravas do seu entorno. Elas não podem fazer o oposto do ambiente em que vivem, mas elas fazem o oposto do que quer o seu desejo de receber. Isso significa que elas já trabalham com o desejo de doar.

 

Animal tem sua própria característica: Ele não é escravo do entorno e cada um deles tem suas próprias sensações e características. Os animais certamente podem trabalhar contra a vontade do senhorio, no sentido de que podem trabalhar em doação e também não são escravos do ambiente. Ao invés disso, eles vivem suas próprias vidas, e sua vitalidade não depende das vidas dos seus amigos. Ainda assim, eles não conseguem sentir mais do que o seu próprio ser. Em outras palavras, eles não têm sensação do outro. Naturalmente, eles não se importam com os outros.

 

O falante tem virtudes:

 

1 - Age contra a vontade do senhorio;

 

2 - Não está confinado aos seus contemporâneos como o vegetal, ou seja, é independente do entorno;

 

3 - Sente também os outros e consegue, portanto, importar-se com eles e complementá-los ao sentir e lamentar com o público, e ser capaz de se alegrar no conforto do público. Além disso, eles podem receber do passado e do futuro, enquanto os animais sentem apenas o presente e apenas o seu próprio ser.

 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Shamati (114)

 

114. Oração

(Ouvi em Tav-Shin-Bet, 1941-1942)

 

Devemos entender por que uma oração é considerada “Misericórdia”. Afinal, há uma regra: “Encontrei e não trabalhei, não acredite.” O conselho é que o indivíduo deveria prometer ao Criador que vai Lhe dar o trabalho depois.

 

 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Shamati (113)


113. A décima oitava oração

(Ouvi em 15 de Kislev, Shabat)

 

Na Shmone Esrei (Décima oitava Oração) se diz: “Pois Tu ouves a oração de todas as bocas do Teu povo, Israel, com misericórdia”. Isso parece desconcertante, já que primeiro dizemos “Pois Tu ouves a oração de todas as bocas”, ou seja, até mesmo da boca indigna o Criador ainda ouve. Está escrito “Toda boca”, ou seja, até mesmo a indigna. Depois, diz: “Do Teu povo, Israel, com misericórdia”, ou seja, isto se refere especificamente a oração que esteja em Chessed. Do contrário, não é ouvida.

 

A questão é que devemos saber que todo o peso no Trabalho do Criador é devido à oposição que existe em cada passo. Por exemplo, há uma regra de que o homem deve ser humilde. Mas se seguirmos esse caminho, apesar de nossos sábios terem dito “Seja muito, muito humilde”, ainda não significa que deveria ser uma regra, pois sabe-se que o indivíduo deve ir contra o mundo inteiro e não ser cancelado pela proliferação de opiniões que abundam no mundo, como está escrito “E o seu coração foi levantado nos caminhos do Eterno” (2 Crônicas 17:6). Portanto, essa regra não é uma regra que podemos chamar de completa.

 

E se formos pelo outro caminho, que é o orgulho, ele também está errado, pois “Aquele que é orgulhoso”, diz o Criador, “Ele e Eu não podemos viver na mesma morada”. E podemos ver também a oposição na questão do sofrimento. Ou seja, se o Criador envia sofrimento a uma pessoa, e devemos acreditar que o Criador é bom e faz o bem, então o sofrimento que Ele enviou é necessariamente para o benefício daquela pessoa. Assim, por que rezamos para que o Criador remova o sofrimento de nós?

 

E a respeito do sofrimento, devemos saber que o sofrimento vem apenas para nos corrigir a fim de que sejamos qualificados para receber a Luz do Criador. O papel do sofrimento é apenas limpar o corpo, como nossos sábios disseram: “Como o sal purifica a carne, o sofrimento limpa o corpo”. A respeiro da oração, eles levaram a cabo essa correção em lugar do sofrimento. Portanto, vemos que a oração também purifica o corpo.

 

No entanto, uma oração é chamada “O caminho da Torá”. Por isso, a oração é mais efetiva em purificar o corpo do que o sofrimento. Portanto, é uma Mitzvá rezar pelo sofrimento, já que isso resulta em benefício adicional para o indivíduo e para o conjunto dos seres humanos.

 

Por essa razão, esse estado de oposição causa o peso e as interrupções no Trabalho do Criador. Então, o indivíduo não consegue continuar o Trabalho e se sente mal. Parece-lhe que não é digno de assumir o Fardo do Reino dos Céus “como um boi com seu fardo e como o burro com a sua carga”. Nesse momento, portanto, se lhe diz: “Não desejado”.

 

Contudo, a única intenção do indivíduo é atrair fé, chamada Malchut, no sentido de elevar a Shechiná do pó. Seu objetivo é glorificar o Seu Nome no mundo, a Sua grandeza, para que a Santa Shechiná não assuma a forma de “pobreza e escassez”. Deste modo, o Criador ouve “A oração de toda a boca”, mesmo de quem não é tão digno Dele, mesmo de quem ainda se sente longe do Trabalho de Deus.

 

Esse é o significado de “Pois Tu ouves a oração de todas as bocas”. Quando Ele ouve todas as bocas? Quando o Seu povo, Israel, ora com misericórdia, com simples misericórdia, quando alguém reza para elevar a Shechiná do pó, para receber fé.

 

É como alguém que não come há três dias. Então, quando pede que outro lhe dê algo para comer, não pede luxos nem coisas supérfluas, senão que pede simplesmente que se lhe dê algo para reviver a sua alma.

 

De forma semelhante, no Trabalho do Criador, quando o indivíduo se encontra entre o céu e a terra, ele não pede ao Criador por algo redundante, mas apenas pela Luz da fé, que o Criador lhe abra os olhos para que ele pode tomar sobre si a qualidade da fé. Isso é chamado “Elevar a Shechiná do pó”. Essa oração é aceita de “Todas as bocas”. Ou seja, não importa o estado da pessoa, se ela pedir para reviver a sua alma com fé, a sua oração será atendida.

 

E isso se chama “Com misericórdia”, quando a oração de alguém é digna de compaixão de Cima para que possa manter sua vitalidade. E a isso se refere o que está escrito no Zohar, que a oração do pobre é imediatamente aceita. Ou seja, quando é para e pela Shechiná, é imediatamente aceita.

 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Shamati (112)

  

112. Os três anjos

(Ouvi em Vaierá, Tav-Shin-Gimel, Outubro de 1942)

 

 

Compreenda:

 

1. A questão dos três anjos que vieram visitar Abraão durante a circuncisão;

 

2. A questão da visita do Criador e o que Ele lhe disse durante a visita;

 

3. Que os nossos sábios disseram que o visitante toma um sexagésimo da doença;

 

4. A separação de Lot;

 

5. A destruição de Sodoma e Gomorra;

 

6. O pedido de Abraão para não destruir Sodoma;

 

7. A questão de a esposa de Lot olhar para trás e se transformar num pilar de sal;

 

8. A questão de Shimon e Levi enganarem o povo de Shechem a respeito da circuncisão, quando eles disseram “Pois é uma desgraça para nós”;

 

9. A questão das duas separações que ocorreram por causa de Lot e que foram apagadas nos dias de Davi e Salomão, separações estas que são opostas uma a outra.

 

 

Para entender o que está acima, devemos primeiro dizer que sabemos que existem discernimentos de Olam (Mundo), Shaná (Ano) e Nefesh (alma animal) em tudo. Portanto, também a respeito da circuncisão, que é a realização do pacto da pele, aplica-se a questão de Olam, Shaná e Nefesh. (Há quatro pactos: dos olhos, da língua, do coração e da pele; e a pele inclui todos os outros).

 

A pele, considerada o prepúcio, é Behiná Dalet (Fase Quatro), a qual deveria ser removida até o seu lugar, ao pó. Isso é considerado Malchut em seu lugar, ou seja, rebaixar Malchut a um estado de pó. Isso segue as palavras “Aba (Pai) dá o branco”, no sentido de que rebaixa Malchut até o seu lugar a partir de todos os trinta e dois caminhos. E percebe-se que as Sefirot foram esbranquiçadas das suas qualidades de Julgamento a partir do Aviut (Espessura) de Malchut, pois a quebra ocorreu por causa dessa Malchut. 

Posteriormente, Ima (Mãe) dá o vermelho, quando ele recebe a Malchut, que é adoçada por Biná, chamada “Terra” e não “Pó”. É assim porque fazemos dois discernimentos em Malchut: 1) Terra, 2) Pó.

 

Terra é Malchut adoçada em Biná, chamada “Malchut que se elevou a Biná”. Pó é chamado Malchut no lugar de Malchut, o qual é Midat ha Din (A qualidade do Julgamento).

 

Quando Abraão precisou gerar Isaac, discernido como a Israel inteira, ele precisou se purificar com a circuncisão para que Israel emergisse pura. A circuncisão, com respeito a sua Nefesh, é chamada “Circuncisão” e diz respeito à remoção do prepúcio e ao ato de jogá-lo num lugar de pó.

 

O Olam (Mundo) na Circuncisão é chamado “A destruição de Sodoma e Gomorra.”

 

O Hitkalelut (Mistura, Integração) das almas no mundo (um mundo significa Hitkalelut de muitas almas) é chamado “Lot”, e a Circuncisão no mundo é chamada “A destruição de Sodoma e Gomorra”. A cura da Dor da Circuncisão é chamada “A salvação de “Lot”. Lot deriva da palavra “Terra amaldiçoada”, chamada Behiná Dalet.

 

Devemos saber que, quando o indivíduo é premiado com a Dvekut (Adesão) com o Criador, quando ele tem Equivalência de Forma e seu único desejo é doar e não receber nada em seu próprio benefício, ele chega a um estado onde não há espaço para trabalhar. Isso é assim porque essa pessoa não precisa de nada para si mesmo; e sobre o Criador, ela vê que o Criador não tem deficiências. Assim, ela permanece onde está, sem trabalho. Isso lhe causa a grande dor da circuncisão, pois a circuncisão lhe deu espaço para trabalhar, já que a circuncisão é a remoção do desejo de receber para si mesmo.

 

Acontece que, ao remover o desejo de receber, quando essa condição não controla mais o indivíduo, ele não tem mais nada a adicionar ao seu trabalho. Mas há uma correção para isso: Mesmo após ter sido recompensado com a circuncisão do desejo de receber, ainda restam faíscas de Behiná Dalet nele, e elas também aguardam  a correção. Essas faíscas são adoçadas apenas pela atração das luzes de Gadlut (Grandeza, Maturidade), e, portanto, há espaço para trabalhar.

 

Esse é o significado das dores de Abraão, o Patriarca, após a circuncisão, e da visita do Criador. Esse também é o significado de o Anjo Rafael tê-lo curado de sua dor (e não podemos dizer isso sobre os quatro anjos, pois a ordem é que Miguel fica na direita, Gabriel na esquerda, e Uriel à frente, e atrás, que é Malchut, implícito no oeste, fica Rafael, que cura Malchut após a remoção do prepúcio, para que haja mais espaço para o trabalho).

 

E o segundo anjo veio para destruir Sodoma. Isso significa que a remoção do prepúcio na qualidade da Nefesh é chamado “Circuncisão”, e na qualidade de Olam é chamado “Destruição de Sodoma e Gomorra”. Como eles disseram, após a remoção do prepúcio, a dor permanece, e então precisamos curar essa dor. Da mesma forma, na destruição de Sodoma e Gomorra, a cura é chamada “A salvação de Lot” devido às duas boas separações que estavam prestes a ocorrer.

 

Aparentemente, é difícil entender a questão da boa separação. Se é separação, como pode ser boa? E mais, após a remoção do prepúcio, há dor. Isso é assim porque o indivíduo não tem espaço para o trabalho. E essas separações, as faíscas de Behiná Dalet que permanecem, dão espaço para o trabalho no qual o indivíduo precisa corrigi-las.

 

Elas não podem ser corrigidas antes da remoção do prepúcio, pois antes as 248 faíscas precisam ser “elevadas e corrigidas”. Posteriormente, se corrigem as 32 faíscas que correspondem ao “Coração de Pedra”. Assim, primeiro, o prepúcio deve ser removido completamente.

 

Esse é o significado da necessidade de ter um segredo, no sentido de que o indivíduo não deve saber antes do tempo, pois deve permanecer na forma de um Reshimo (Lembrança). E esse é o significado de Som (Segredo): Por meio da Correção da Circuncisão, a qual é o rompimento de Yesod (Fundação), ou seja, o rompimento do Yud (a primeira letra de Yesod). Então, o Sod se torna Yesod.

 

Esse é o significado de, em seguida, o anjo Rafael ir salvar Lot devido às “Boas separações”. Esse é o significado de Rute e Naomi, consideradas “Mente” e “Coração”. Rute deriva da palavra Re’uia (Digna), quando o Aleph é pronunciado. E Naomi deriva da palavra Noam (Agradabilidade), algo que é agradável ao coração. Essas “separações” foram então adoçadas em Davi e Salomão.

 

Porém, anteriormente, o anjo disse: “Não olhes para trás de ti” (Gênesis 19:17), pois “Lot” é Behiná Dalet, mas ela ainda está conectada a Abraão. No entanto, “Atrás de ti”, após a Behiná Dalet, há apenas a Behiná Dalet crua, sem adoçamento. Esse é o significado dos “Grandes monstros marinhos”, sobre os quais os nossos sábios disseram que é um Leviatã (Baleia) e sua esposa, os quais mataram a Nukva e a salgaram para os sábios no futuro. “No futuro” significa depois de todas as correções.

 

Esse é o significado de a esposa de Lot olhar para trás, como está escrito: “E sua mulher olhou para trás e converteu-se num bloco de sal” (Gênesis 19:26). Contudo, primeiro ela precisava ser morta, que é a destruição de Sodoma e Gomorra. Mas Lot, que é considerado o Leviatã (A conexão entre Behiná Dalet e Abraão) precisava ser salvo.

 

Isso explica uma pergunta frequente: Como poderia o anjo que curou Abraão salvar Lot? Afinal, há uma regra: Um anjo não executa duas missões. Porém, essa é a mesma questão, pois um Reshimo de Behiná Dalet precisa permanecer. Mas isso precisa ser um segredo.

 

Quer dizer que antes de circuncidar a si mesmo não havia necessidade de saber nada disso. Ao contrário, ela precisava ser morta. E o Criador a salgou para os justos no futuro, quando o Sod se tornar Yesod.

 

Esse é o significado do conflito entre os pastores do gado de Abraão e os pastores do gado de Lot (Miknê [gado] significa Kinyanim [posses] espirituais). É porque o gado de Abraão tinha o propósito de aumentar a qualidade de Abraão (Fé). Isso significa que, dessa maneira, ele tomou para si forças maiores a fim de subir Acima da Razão, pois ele viu que, especificamente, nesse caminho da Fé Acima da Razão o indivíduo é recompensado com todas as posses.

 

Assim, a razão pela qual ele queria as posses é que elas atestariam o caminho chamado “Fé Acima da Razão”, que representa o caminho verdadeiro. Isto se evidencia pelo fato de que, posto que as posses espirituais são optidas de Cima, por meio delas ele se esforça em seguir somente pelo caminho da Fé Acima da Razão, por que seu interesse nas posses espirituais não se baseia nos grandes níveis e recebimentos que estas implicam. 

 

Ou seja, não é que ele acredita no Criador a fim de atingir grandes conhecimentos por meio da fé. Ao contrário, ele precisa de grandes conhecimentos a fim de saber que está trilhando um caminho verdadeiro. Portanto, depois de toda Gadlut, ele quer, especificamente, andar no caminho da fé, pois através dele o indivíduo vê que está fazendo alguma coisa.

 

Porém, a única intenção dos pastores do gado de Lot era atingir grandes posses e conhecimentos. Isso é chamado “Aumentar a qualidade de Lot”. Lot é chamado “A terra amaldiçoada”, que é o desejo de receber, chamado Behiná Dalet, seja na mente ou no coração. É por isso que Abraão disse Separa-te, rogo, de mim” (Gênesis 13:9), ou seja, que a Behiná Dalet se separasse dele, a partir da Behiná de Olam-Shaná-Nefesh. Esse é o significado da remoção do prepúcio. A remoção de Behiná Dalet na Nefesh é chamada “Circuncisão”. Na Behiná de Olam, a remoção do prepúcio é chamada “A destruição de Sodoma”; e a partir da Behiná de Shaná ocorre o Hitkalelut de muitas almas, e isso é chamado Shaná (Ano). Essa é a qualidade de Lot, a partir da palavra “Maldição”, chamado “A terra amaldiçoada”.

 

Portanto, quando Abraão disse a Lot Separa-te, rogo, de mim, por outro lado, Lot era filho de Haran, uma referência à Segunda Restrição, chamada “Um rio que corre desde o Éden para regar o Jardim”. E há o discernimento de “Além do rio”, fora do rio, no sentido do primeiro Tzimtzum (Restrição), e há uma diferença entre o primeiro Tzimtzum e o segundo Tzimtzum.

 

No primeiro Tzimtzum, os Dinim (Julgamentos) ficam abaixo de todas as Sefirot da Kedushá (Santidade), assim como emergiram no início, de acordo com a  ordem descendente dos Mundos. No segundo Tzimtzum, no entanto, eles se elevaram ao lugar da Kedushá e se sujeitam a ela. Assim, neste sentido, esses Dinim são piores do que eram no primeiro Tzimtzum. Eles não podem continuar a se expandir.

 

A “Terra de Canaã” deriva do segundo Tzimtzum, cujos Dinim são muito ruins porque estão sob o controle da Kedushá. É por isso que está escrito sobre eles: “Não deixaram nada com vida”. A qualidade de Lot, no entanto, a Behiná Dalet, deve ser salva. Portanto, os três anjos vieram como Um: Um para abençoar a semente, considerada toda a Israel, sugerindo também a multiplicação da Torá. Esse é o significado de “Revelar os Segredos da Torá”, que é chamado Banim (Filhos), derivado da palavra Havaná (Entendimento). Somente é possível atingir isso a Correção da Circuncisão.

 

Esse é o significado das palavras do Criador: “Esconderei de Abraão o que farei?” (Gênesis 18:17). Abraão tinha medo da destruição de Sodoma e Gomorra, com receio de que perderia todos os Vasos de Recepção. É por isso que ele disse: “Talvez haja cinquenta justos dentro da cidade” (Gênesis 18:24), porque um Partzuf completo tem cinquenta níveis. E, posteriormente, ele perguntou: “Talvez haja quarenta e cinco justos”, ou seja, Aviut de Behiná Guímel, o qual é quarenta, e o Dalet de Hitlabshut (Vestimenta), o qual é VAK, meio nível, cinco Sefirot etc. Finalmente, ele perguntou “Talvez haja dez justos”, ou seja, o nível de Malchut, que é apenas dez. Assim, quando Abraão viu que mesmo o nível de Malchut não podia emergir dali, ele concordou com a destruição de Sodoma e Gomorra.

 

Acontece que quando o Criador veio visitá-lo, ele rezou por Sodoma e Gomorra, como está escrito “Conforme o clamor”, no sentido de que estavam todos imersos no desejo de receber. “E do contrário, o saberei” (Gênesis 18:21). Isso significa que, se há  neles discernimentos de doação, então saberemos. Isso é uma questão de vínculo, ou seja, Ele vai conectá-los à Kedushá. Como Abraão viu que nenhum bem viria deles, concordou com a destruição.

 

É por isso que, depois de Lot se separar de Abraão, está escrito: “Armou suas tendas até chegar a Sodoma” (Gênesis 13:12), o local de moradia do desejo de receber para si mesmo. E isso acontece apenas na Terra de Israel.

 

No entanto, após o rio, que é o primeiro Tzimtzum, a dominação da Behiná Dalet, não há espaço para trabalhar. É assim porque ela comanda e prevalece no seu próprio lugar, e apenas na Terra de Israel, considerada o segundo Tzimtzum, há todo o trabalho. Esse é o significado do nome de Abraão com o Hey Bera’am (Criou a eles com o Hey). Isso significa que o Yud de Sarai se dividiu em dois Heys - o Hey inferior e o Hey superior, e Abraão tomou da Hikalelut (Integração) do Hey inferior com o Hey superior.

 

Agora podemos entender Shimon e Levi, que enganaram os homens de Shechem. Como Shechem queria Diná, pois toda a sua intenção era o desejo de receber, eles disseram que precisavam ser circuncidados, no sentido de cancelar seus Vasos de Recepção. Já que seu único objetivo era o desejo de receber, eles foram mortos pela circuncisão, pela perda do desejo de receber por meio da circuncisão. Para eles, isso era considerado a morte.

 

Portanto, segue-se que eles mesmos se enganaram, pois toda a sua intenção estava em Diná, sua irmã. Eles pensaram que poderiam receber Diná em seus Vasos de Recepção. Assim, uma vez que foram circuncidados, e então quiseram receber Diná, eles só poderiam usar os Vasos de Doação, pois tinham perdido os Vasos de Recepção pela circuncisão. Mas como eles não tinham a faísca da doação, pois Shechem era o filho de Hamor, que não conhece nada além dos Vasos de Recepção, eles não podiam receber Diná nos Vasos de Doação, pois isso é contra a sua raiz, já que sua raiz é apenas Hamor, o desejo de receber. Por isso, terminaram perdendo de todas as formas. Isso se chama: “Shimon e Levi causaram suas mortes”. Mas, na verdade, foi culpa deles mesmos e não de Shimon e de Levi.

 

Esse é o significado das palavras dos nossos sábios: “Se você cruzar com um vilão, atraia-o para o seminário.” Devemos entender o que significa “Se você cruzar”. Quer dizer que um vilão, ou seja, o desejo de receber, nem sempre é encontrado. Antes, significa que nem todo mundo considera o seu desejo de receber um “Vilão”. Mas se alguém sente o desejo de receber como um vilão e quer se livrar dele deve atuar como está escrito: “Sempre deve sobrepor a inclinação ao bem sobre a inclinação ao mal”. E: “Se ele triunfa, bom; e se não, ele deve se envolver com a Torá, e se não, deve ler o Shemá, e se não, deve se lembrar do dia da sua morte (Berachot, p 5). Nesse estado, ele tem três conselhos juntos, e cada um está incompleto sem os outros.

 

Agora, podemos entender a pergunta frequente com a qual termina a Guemará: Se o primeiro conselho, “Atraia-o para o seminário”, não ajudar, então “Leia o Shemá”. E se isso não ajudar, “Lembre-se do dia da sua morte”. Portanto, se há dúvida sobre a ajuda, por que ele precisa dos dois primeiros conselhos? Por que ele não deveria tomar logo o último conselho, ou seja, lembrar-se do dia da sua morte? Ele responde que isso não significa que um conselho apenas ajudará, mas que requer todos os três conselhos juntos.

 

E isso significa:

 

1. Atraia-o para o seminário, ou seja, a Torá;

 

2. Leia o Shemá, ou seja, o Criador e a Dvekut (Adesão) com o Criador;

 

3. Lembre-se do dia da sua morte, o que significa devoção. Isso é considerado Israel, que é comparado a uma pomba que estica o seu pescoço. Em outras palavras, todos os três discernimentos são uma unidade chamada “A Torá, Israel e o Criador são Um”.

 

O indivíduo pode receber ajuda de um Rav (Pessoa elevada, professor) quanto ao discernimento da Torá e quanto à leitura do Shemá. No entanto, quanto a Israel, que é a circuncisão, que é a devoção, ele precisa trabalhar sozinho. E embora também para isso haja ajuda vinda de Cima, tal como disseram os nossos sábios em “E fez um pacto com ele”, ou seja, que o Criador o ajudou, ainda assim quem deve tomar a iniciativa é o homem. A isso se refere a frase que diz “Lembre-se do dia da sua morte”. Devemos sempre lembrar e não esquecer disso, pois essa é a essência do trabalho do homem.

 

E sobre as Reshimot que devemos deixar ao modo de “A salvação de Lot”… Isto se faz por causa das “boas separações”, que representam o significado de Haman e Mordechai. Mordechai quer apenas doar, pois ele não tem necessidade de atrair as Luzes de Gadlut. “Mas através de Haman, que deseja engolir todas as Luzes para dentro de sua autoridade e domínio, através dele o homem pode puxar as Luzes de Gadlut”.

 

Contudo, depois que atraiu essas Luzes, é proibido recebê-las nos Kelim de Haman, que são chamados “Vasos de Recepção”, mas apenas se pode atraí-las para os Vasos de Doação. Esse é o significado do que está escrito, sobre o que o rei disse a Haman: “E faz isso a Mordechai, o judeu” (Ester 6:10). Isso é: “As Luzes de Haman brilhando nos vasos de Mordechai”.

 

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