sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (13)




13. Somos completamente capazes de entender matéria, assunto que tratamos na primeira limitação, isto é, manifestações de ações das essências.



Agora, Baal HaSulam explica a extensão de diferentes níveis de recebimentos que conseguimos acessar. Nosso recebimento é graduado: Malchut, ZA, Biná e Chochmá. O quão corretamente conseguimos perceber cada categoria?



É bem possível que o fato de estarmos atentos à graduação dos recebimentos nos ajude a suprir a falta de conhecimento. Saber exatamente o que não sabemos pode ajudar na condução dos nossos processos e evitar muitos erros.



Matéria revela ações de qualquer Essência, de todas, e a revelação da matéria é o bastante para nós.



O nível mais baixo de recebimento é o recebimento da matéria. Satisfaz plenamente nossos desejos e nossas necessidades. Quer dizer que quando recebemos matéria, absorvemos o Universo neste nível (da matéria) e nossas questões ficam respondidas, nos satisfazemos com o que recebemos. É assim que somos, é assim que fomos criados.



Ao começarmos a ascender, nossas necessidades aumentarão, incluindo a demanda por conseguir sentir mais a matéria. No geral, fomos concebidos de forma tal que sentimos pouca necessidade disso.



Isto explica porque não sofremos com a impossibilidade de percepção da Essência. Ademais, não desejamos compreender a Essência. Tanto quanto não vemos necessidade em ter um sexto dedo em nossas mãos.



Sou feito de tal forma que os cinco dedos que tenho em cada mão são absolutos, suficientes para mim. Meu cérebro é projetado de forma que determina minha preferência por trabalhar com cinco dedos, apesar de, se necessário for, ser possível trabalhar com um número menor, caso haja alguma deficiência. Entretanto, estou despreparado para trabalhar com seis, sete dedos. A natureza não forneceu técnica alguma para que eu saiba o que fazer com mais dedos. Não tenho nem ideia do que faria com dedos sobrando.



Em outras palavras, a compreensão da Matéria, isto é, as manifestações de ações das essências, é suficiente para nossas investigações e necessidades, ambas no recebimento de nossa própria Essência e de quaisquer outras essências.



Então, não temos quaisquer problemas em relação à Matéria. Se vivermos somente dentro dos limites da Matéria, ficaremos satisfeitos com o que obtivermos. Mas imagine um cabalista que obtém recebimento de Formas Superiores, que sente a insignificância das categorias inferiores; pense que o cabalista é tomado pela aspiração de ampliar a habilidade de seus sentidos ad infinitum. Ele quer conquistar milhares de tentáculos, estender-se para a infinita sensação de estar em incontáveis e diversas cores, até que tudo que ele tiver experimentado conflua em simples, branco e absoluto conhecimento que tudo abrange.



Nós, entretanto, concordamos alegremente em viver com nossos cinco dedinhos, sem nos incomodarmos nem um pouco com a falta de outros dedos. Aspirações maiores surgem sob a influência da Luz Superior. A Luz cria, em nós, cada vez mais necessidades, mais e mais, ao mesmo tempo em que nos faz entender que podemos compreender um mundo muito maior ao que nossos cinco sentidos conseguem captar assim que recebemos mais e diferentes Kelim.



Quando algo acontece e não está em nós, percebemos o ocorrido de forma limitada, unilateral, e o sentimos com distorções. Vamos imaginar que alguma influência externa consiga entrar em nós sem nenhuma barreira de proteção. Se fôssemos feitos assim, de maneira tal que tudo pudesse entrar em nós sem resistência alguma, seríamos capazes de perceber todas as influências externas. O fato de perceber algo que está fora de mim significa o quê? O Criador está fora de mim. Irei, então, senti-lo, percebê-lo claramente. Sentir o Criador com clareza tornar-se-á possível se eu eliminar todas as barreiras que impedem que as informações entrem, cheguem a mim. As barreiras funcionam como membranas limitadoras, filtros de informações. Se mover-me da cor preta até a verde, vermelha e branca, irei adquirir, então, dois, quem sabe vinte novos sentidos que irão juntar-se aos meus cinco sentidos naturais e estarei apto para ascender ao Mundo de Atzilut e, através de suas cores, receber a mais alta Luz que entrará em mim sem que haja qualquer impedimento.



Como tudo isto acontecerá? Não tenho como abrir novas comportas em minha “caixa preta”. E não precisarei disso – a sensação da cor branca vai entrar em mim pela minha percepção do preto, do verde e do vermelho, seguida do acromatismo do Criador. Assim acontece, pois através destas luzes sem distorções que entrarão em mim é que poderei sentir o que está dentro delas, isto é, as Dez Sefirot da Luz pura e direta.



Como resultado, vemos que, mesmo sem sair do Kli propriamente, a caixa preta, tudo depende apenas de como se está sintonizado. O Livro do Zohar ensina como adaptarmo-nos ao Esplendor Superior. O Zohar descende do ponto mais alto de Atzilut. Daí, o nome usado para o Zohar, Esplendor.



O Livro do Zohar explica como podemos vir a compreender toda informação espiritual ao mudarmos parâmetros internos (espirituais). Em outras palavras, recebemos a Forma e a Matéria, a Forma Abstrata e a Essência através da Matéria na Forma.



A fim de levar-nos ao Mundo de Atzilut, o Zohar trata apenas de dois tipos de recebimentos. Após atingir o Mundo de Atzilut e o estado de Gmar Tikun, recebemos a Forma Absoluta e, por ela, a Essência do Mundo do Infinito.



Falamos sobre quatro tipos de recebimentos. Quando mergulhamos em algum material, dentro ou fora de nós, recebemos como Matéria, como a Forma que a Matéria adquire, sua Forma Abstrata e sua Essência. Também dissemos que a Matéria e a Forma na Matéria são mais que suficientes para nos salvaguardar contra possíveis erros, enganos. Outra questão é se podemos operar e funcionar com a Forma Abstrata... Estando acima de nossos poderes e de sensações claras, a Forma Abstrata pode ser mal-interpretada e mal-conduzida. Acontece ainda mais quando for referente a alguma Essência completamente não recebida.



Por que estamos estudando isto? Quando procuramos por contato com o Criador, devemos saber com exatidão o que queremos conquistar, no que devemos nos segurar para evitar erros em nossa trajetória. Devemos ter cuidado e não visualizar Forma Abstrata. Isso ocorre, via de regra, com pessoas que parecem ser muito espirituais. Vão falar sobre várias manifestações que presenciaram, sobre anjos, imagens, sobre suas encarnações anteriores e sobre mensagens especiais recebidas de Cima. Esta é uma interpretação totalmente errada da Forma Abstrata.



Portanto, o Zohar positivamente proíbe mergulhos na Forma Abstrata e convoca o estudante a manter-se dentro dos limites da Matéria e sua Forma.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (12)




12. Saber que é quase impossível perceber a essência de uma pessoa, intrinsecamente, sem sua materialização, como foi discutido na primeira limitação. Isto ocorre porque nossos cinco sentidos e nossa imaginação nos oferecem apenas a revelação das ações da essência, não a essência em si.



1. Essência: Essência

2. Forma Abstrata: Falsidade

3. Forma na Matéria: Mentiroso

4. Matéria: Corpo



Significa que não percebemos a essência, que é puramente divina. Conseguimos, de maneira mais ou menos abstrata, receber tudo o que deriva da essência, mas não a essência em si.



 ... por que nossos cinco sentidos e nossa imaginação nos oferecem apenas a revelação das ações da essência, não a essência em si.



Por exemplo: Nossa Visão capta somente as ondas da essência do que vemos, de acordo com a luz refletida nelas.



Quando estou olhando para um objeto, não sei o que ele de fato é. Percebo-o, apenas, como ondas que nele se refletem. As ondas retornam a mim e criam, em minha percepção, alguma forma.



Nossa Audição é o poder de influência das ondas sonoras transmitidas pelo ar a partir de alguma essência. Este ar, refletido sob a influência de uma onda sonora, exerce pressão sobre as membranas do tímpano. Eis como somos capazes de ouvir algo que está perto de nós.



O som vem de algo além de mim. Isto é, nada sei sobre a fonte do som; não tenho idéia alguma do que seja esta fonte. Posso julgar somente pelo que capto.



Nosso sentido do Olfato é a irritação causada pela reação de nossos receptores nervosos aos odores emanados no ar a partir de uma essência. É como sentimos os cheiros.



Tudo depende de nossos receptores nervosos e como transmitem este ou aquele cheiro.



Nosso sentido do Paladar é apenas uma resultante do contato de alguma essência com nossos receptores gustativos.



Esses quatro sentidos nos oferecem a revelação de ações provenientes de alguma essência. Nunca nos revelam a essência em si.



Já disse, em inúmeras ocasiões, que uma pessoa, o seu Eu, assemelha-se a uma caixa preta com cinco pontos de entrada, os nossos cinco sentidos. Percebemos o que entra vindo de fora somente através deles. Além disso, captamos não o que entra no Eu mas o que é detectado por membranas especiais posicionadas nas entradas citadas e que, de alguma forma, passam sinais elétricos aos nossos cérebros (não nos é claro como esta influência externa nos afeta, considerando nossas limitações interiores). Isto é, percebemos, de maneira seletiva, as reações de nossos sentidos às influências externas.



Naturalmente, se um de nossos sentidos estiver prejudicado ou alguma de nossas faculdades estiver deficiente, nossa percepção de mundo estará distorcida se comparada a de alguém em estado normal. A respeito de um quadro ideal, não temos como saber como seria, pois nos é impossível imaginar qualquer coisa existente além de nós mesmos. Portanto, é impossível falar sobre essência. Podemos imaginar Forma Abstrata e, ainda assim, não saberemos se imaginamos como de fato é.



Até mesmo nosso sentido mais forte, o tato, capaz de discernir entre frio e calor, firme e macio, é nada além da revelação de ações dentro de uma essência. Entretanto, essas ações são apenas manifestações da essência. É possível esfriar algo quente ou aquecer algo frio. É possível derreter algo sólido e transformar em um líquido. É possível evaporar um líquido e trazê-lo a um estado gasoso, o que fará com seja impossível de ser detectado por nossos cinco sentidos. A essência, porém, é preservada e podemos transformar novamente o gás (um estado imperceptível de alguma essência) em um líquido ou trazer o líquido para um estado sólido. Está claro como o sol que nossos sentidos não revelarão essência alguma, mas somente exemplos de manifestação de ações da essência.



Baal HaSulam quer dizer que, se não ascendermos através dos Mundos de BYA aos Mundos de Atzilut e Infinito em nossos sentidos, não chegaremos ao Criador. Nunca seremos capazes de perceber algo que esteja fora ou acima de nós. Nem nossos cinco sentidos naturais tato, olfato, visão, audição e paladar nem as Dez Sefirot nos Mundos de BYA irão trazer-nos algo. Se desejarmos receber as categorias Superiores que estão além de nós, devemos alcançar os Mundos Superiores, onde a Luz Branca realmente existe.



As luzes nos Mundos de Assiyá, Yetzirá e Beriá são preta, verde e vermelha respectivamente.



Quando todas as cores combinadas capacitam-nos a sentir como elas destacam-se contra o fundo branco de Atzilut, recebemos este fundo como ele realmente é. Aqui, Baal HaSulam enfatiza que se não corrigirmos nossas sensações interiores nem subirmos aos Mundos Superiores não teremos oportunidade de obter recebimento espiritual.



Ademais, não temos, sequer, a habilidade para compreender nossa própria essência. Sinto e sei que ocupo um determinado volume neste mundo, que sou sólido, quente, que penso, e assim por diante. Tudo isto é resultado de manifestações que são manipuladas por minha essência. Mas se alguém perguntar "O que é a essência da qual emanam todas as manifestações?", não saberia responder. Afinal de contas, a Supervisão evita que recebamos a essência. Recebemos, somente, as manifestações e o modo de agir originados na essência.



Quer dizer, não podemos receber-nos, muito menos receber os Mundos Superiores, até atingirmos o nível onde a essência se manifesta.




quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (11)



11. Deve-se ter sempre em mente que existem quatro categorias de conhecimento, já mencionadas anteriormente, na primeira limitação. São elas:



Matéria;

Forma na Matéria;

Forma Abstrata;

Essência



Vou explicá-las, primeiramente, usando os exemplos deste mundo. Vejamos. Quando dizemos "uma pessoa forte", ou "alguém confiável", ou "mentiroso" e etc. diferenciamos o seguinte:



* A matéria da qual a pessoa é constituída, ou seja, o corpo (matéria é o quarto estado. Então, se falarmos de uma pessoa, nos referimos a seu corpo);



* A forma na qual a matéria está moldada, isto é, forte, confiável ou falsa (digamos "mentirosa");



* A forma abstrata, isto é, é possível compreender a forma abstrata da falsidade independente da materialidade de uma pessoa, e estudar as três formas como tais, sem que tenham se manifestado em alguma matéria ou corpo. Em outras palavras, é possível investigar as qualidades de força, autenticidade ou falsidade, discernir seus méritos e sua vileza mesmo quando estiverem completamente abstraídas de qualquer matéria.


domingo, 26 de janeiro de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (10)




10. No entanto, esta alegoria não reflete completamente a Essência, porque o Livro da Sabedoria deste mundo consiste num fundo branco e nas cores das letras, onde não há o Espírito (Ruach) da Vida.



Na realidade, uma alegoria do Mundo de Atzilut como uma página branca e seus recebimentos nos Mundos de BYA similares a letras é uma comparação muito sem vida. Essa alegoria não transmite toda a ideia, todo o recebimento que se obtém ao se entrar nesses Mundos, ao se sentir novos universos espirituais, as Almas Superiores (Elevadas), os Anjos, os Palácios. Esses recebimentos são de tirar o fôlego. O ser humano que passa por isso descobre uma vida maravilhosa, efervescente, depara-se com forças que governam não nosso mundinho, mas o imenso Universo.



Naturalmente, a alegoria falha ao tentar expressar tais sensações. Por quê? Baal HaSulam diz: Porque o Livro da Sabedoria deste mundo consiste em um fundo branco e nas cores das letras, onde não há o Espirito da Vida. A revelação da Sabedoria (nas nossas sensações) não está dentro de suas essências, mas fora delas, isto é, no intelecto daqueles que estão estudando.



Ao ascendermos dos Mundos de BYA ao Mundo de Atzilut, recebemos a Sabedoria Celestial, que não existe no papel, não está fora, em algum livro, mas torna-se a realidade que nos permeia e nos cerca como resultado de nossas mudanças interiores (espirituais).



De acordo com o que foi dito, o estudante deve estar ciente que a cor branca contida no livro é o tema de estudo dentro e fora dele. E a função das outras três cores é exteriorizar, manifestar esse tema.



Essa sentença é muito importante. Aconselho-o a examiná-la mais de perto. Neste ponto, gostaria de recordar que somos um grupo que existe com a finalidade de atingir um objetivo. Somos muitos e desejamos ajudar-nos uns aos outros. Apenas ao juntarmos nossos esforços e nossos desejos seremos capazes de cumprir essa grande missão. Baal HaSulam escreve que, quando combinamos nossos esforços e aspirações, cada um de nós se liberta de uma existência encerrada em uma concha fechada. Deste modo, criamos um Kli comum de tamanha grandeza que, enquanto passamos pelos Mundos de BYA em direção ao de Atzilut, recebemos não apenas as cores de Beriá, Yetzirá e Assiyá, mas o fundo branco de Atzilut. Em outras palavras, alcançamos um estado no qual transcendemos a Matéria e a Forma na Matéria e começamos a receber a Forma Abstrata, algo totalmente incompreensível neste nosso mundo.

Ao lermos livros neste mundo, recebemos a Sabedoria contida nas letras apenas. Ao lermos um livro no mundo espiritual, ajustamos as letras dentro de nós e construímos nossas propriedades internas (espirituais), configuramos nossas forças espirituais e definimos as combinações de nossas Sefirot. Neste processo, ao passarmos de letra a letra, de palavra a palavra, de frase a frase nos livros recomendados pelos cabalistas realizamos, interiormente, ações espirituais.



Ao criarmos estas letras dentro de nós, recebemos, através delas, o fundo branco, isto é, a Sabedoria Absoluta, o nível de Chochmá. Esta é a diferença entre recebimento espiritual e sabedoria terrena. A sabedoria terrena fica concentrada em nossos Kelim internos, em nosso conhecimento, ao passo que a sabedoria espiritual permite-nos receber a Luz em nossas sensações, na medida das similaridades entre nossos Kelim internos e as propriedades da Luz.




quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Hillulot das Faíscas Sagradas (12)


 


Yitzhak Kaduri


Rabi Mizrahi Haredi e Cabalista. Dedicou sua vida ao estudo da Torá e a orar pelo Povo Judeu

29 de Tevet | 26/01/2020



Nasceu em Bagdá, Iraque, em 1902

Faleceu em 28 de janeiro de 2006, em Jerusalém, Israel





Ensinava e praticava as Kavanot do Rashash. Suas bênçãos e amuletos eram muito procurados a fim de curar doenças e infertilidade.



Durante sua vida, não publicou quaisquer artigos religiosos ou livros. Quando faleceu, estima-se que sua idade estivesse entre 103 e 118 anos, pois não se sabe ao certo seu ano de nascimento.



Seu funeral atraiu mais de meio milhão de seguidores e foi o maior funeral da história de Israel.



Estudou na Yeshivá para cabalistas Shoshanim LeDavid, no Iraque. Lá, estudou com os maiores cabalistas da sua época, incluindo o Rabi Yehuda Ftaya, autor do Beit Lechem Yehudah, e o Rabi Yaakov Chaim Sofer, autor do Kaf HaChaim. Depois disso, se concentrou no estudo regular do Talmud e da Lei Rabínica na Yeshivá Porat Yosef, localizada na Cidade Antiga de Jerusalém, onde também estudou cabalá com o Rosh Yeshivá, Rabi Saliman Eliyahu, pai do líder rabínico sefaradi Mordechai Eliyahu, além de outros sábios rabis.



Em 1934, Rabi Kaduri mudou-se para a Cidade Antiga, juntamente com sua família, onde a Yeshivá Porat Yosef lhe deu um apartamento próximo e um trabalho: o de encadernador dos livros da Yeshivá e escriba de manuscritos raros contidos na biblioteca. Os livros permaneciam na biblioteca, enquanto que os manuscritos eram guardados na biblioteca pessoal do Rabi Kaduri. Antes de encadernar cada livro, ele os estudava atentamente, confiando-o à memória. Diz-se que tinha memória fotográfica e que também sabia o Talmud de cor, inclusive os comentários adjuntos do Rashi e as Tosafot.

Que o mérito do tzadik Yitzhak Kaduri proteja a todos nós, Amém.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (9)




9. O Zohar diz que recebemos o Mundo de Atzilut como branco e sua luminescência, nos três mundos de BYA, como letras sobrepostas ao fundo branco. Os três mundos são as cores das letras e suas permutações, como em um livro. O recebimento da Luz ocorre de duas maneiras. Se os três Mundos de BYA recebem a Luz de Atzilut em seus lugares (abaixo da Parsa).



Isto é, o Mundo de Atzilut é um monte, enquanto que todas as letras, as cores e as suas permutações são determinadas por nossas coordenadas nos Mundos de Beriá, Yetzirá e Assiyá. Como a Luz do Infinito passa através do Mundo de Atzilut para entrar nos Mundos de BYA, nós podemos estar nos três mundos e receber a luz que chega a eles, ou podemos atingir Atzilut e receber a Luz lá.



Podemos nos movimentar livremente dentro dos Mundos de BYA: de Assiyá para Yetzirá até Beriá, e, até mesmo, ir para Atzilut. Nossas Almas podem mover-se, desde que transformem suas propriedades internas.



Se os três Mundos de BYA recebem luminescência do Mundo de Atzilut, a Luz que chega neles é diminuída muitas vezes, conforme ela passe pela Parsá, abaixo do Mundo de Atzilut. Então, a Luz torna-se meramente a luz emitida dos Kelim de Atzilut.



Isto é, os Kelim do Mundo de Atzilut brilham pouquíssimo nos Mundos de BYA. A Luz que passa de Atzilut para os Mundos de BYA é chamada Ohr de Toladá (Luz do Nascimento), isto é, é uma Luz microscópica em comparação com a Luz do Mundo de Atzilut.



De outra forma, os Mundos de BYA (e as Almas) sobem acima da Parsá até o lugar das Sefirot Biná, Tiferet e Malchut de Atzilut e vestem o Mundo de Atzilut, isto é, recebem a Luz onde ela brilha.



Neste caso, os Mundos de BYA e as Almas certamente receberão a Luz de Atzilut. Primeiro, temos que entrar nos Mundos de BYA, atingir o ponto mais evoluído do Mundo de Beriá, chegar o mais perto possível da Parsá e forçar todos os três Mundos de BYA a elevar-se a Atzilut. Em conjunto com os Mundos de BYA, ascenderemos a Atzilut e receberemos a Luz que lá está.




sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (8)




8. Em complemento ao que foi dito anteriormente, a alegoria sobre as quatro luzes traz consigo uma dica importante. As Luzes Superiores são chamadas Sefer (Livro). A Sabedoria existente em cada livro não será revelada ao estudante na luz branca que este contém.



A Luz que desce do Criador até nós carrega e revela sua Sabedoria. Essa Sabedoria não é recebida através da Luz limpa e clara das Dez Sefirot, nem pela Essência, mas, sim, através da Forma e da Forma na Matéria, vindas dos Mundos de Beriá, Yetzirá e Assiyá, através de nossas Almas, isto é, pela reação de Malchut à Luz vinda de cima. Não conseguimos, portanto, captar a Luz sem cor de Keter ou a Luz de Atzilut, mas conseguimos recebê-las dos Mundos de BYA como luzes preta, verde e vermelha.



Essas muitas cores nos dão uma ideia do que são o Infinito, a Eternidade e a Perfeição. Embora por si mesmas essas propriedades sejam incolores, não temos habilidade para captar esse acromatismo. Conseguiremos apreender os seus atributos somente após incluirmos, em nós mesmos, todas as cores existentes, suas imensas variedades de combinações, depois que tudo se mesclar dentro de nossos Kelim completamente corrigidos.



Cada uma dessas cores ocupa seu próprio espaço dentro dos Kelim. Somente após o recebimento absoluto, como resultado da absorção de toda paleta de cores, é que chegamos à Luz branca. E partimos, então, para o acromatismo absoluto.



Em outras palavras, nós não captamos a Luz branca. Tudo é revelado através das Sefirot Biná, Tiferet e Malchut. Estas três Sefirot, que são os Mundos de BYA, são as cores nas quais o Livro do Paraíso está escrito. As letras e suas permutações são reveladas através das três cores mencionadas acima. A revelação da Luz Divina é mediada apenas através delas.



Mais adiante, teremos que discernir o seguinte: enquanto que a Luz branca num livro é a sua fundação, todas as letras estão acopladas à fundação.



As letras pretas sobrepõem-se sobre o fundo branco (a Luz Divina). Elas parecem presas ao fundo, enquanto que a cor branca dá a impressão de apoiá-las. Ao marcarem a página branca, ao trespassarem a brancura absoluta, as letras nos trazem a Sabedoria. Como resultado disso não percebemos as cores, mas o Kli, as letras que lemos. Em outras palavras, não lemos as letras em si, mas a ausência da Luz branca, através das formas pretas, verdes e vermelhas que ali vemos. Percebemos a Luz branca apesar de sua ausência, pois somos seres criados e recebemos tudo através de nossas deficiências (hesronot) e desejos.



Toda a Sabedoria está no Mundo de Atzilut porque Atzilut é o Mundo de Chochmá.



Beriá, Yetzirá e Assiyá correspondem a Biná, ZA e Malchut.



O Mundo de Adam Kadmon (AK) é Keter.



Os Mundos do Infinito e de AK se equivalem para nós porque tudo neles contido está acima do Tzimtzum Aleph e não é possível que os recebamos antes da Correção Final. A partir disso, segue-se que os dois mundos estão incluídos dentro da noção do Mundo do Infinito. Apenas captamos o Mundo de Atzilut através dos Mundos de BYA, pois é uma forma corrigida pelo Tzimtzum Bet.




quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (7)





7. No Livro do Zohar, as Dez Sefirot, HuBTuM, são chamadas por cores: branco, vermelho, verde e preto.



Branco corresponde à Sefirá de Chochmá;



Vermelho corresponde à Sefirá de Biná;



Verde corresponde à Sefirá de Tiferet;



Preto corresponde à Sefirá de Malchut



No nosso mundo, essas cores criam as quatro cores básicas.



É similar a um instrumento óptico, onde haveria quatro lentes com as cores correspondentes às mencionadas acima. A Luz, apesar de ser unificada, ao passar por uma das lentes, adquire a cor da lente pela qual passou e se transforma em uma das quatro luzes: branca, vermelha, verde ou preta.



Assim, a luz encontrada em cada uma das Sefirot é a Luz do Criador, simples e unificada. De fato, ela (isto é, as Dez Sefirot) é completamente incolor.



As Dez Sefirot da Luz Direta não tem cor, mas, ao passarem pelos mundos, adquirem cores diferentes. São cobertas por vários véus e, então, manifestam-se para nós. É desta forma que percebemos este nosso mundo.



Podemos explicar de outra maneira. Existe, ao nosso redor, apenas a Luz simples e totalmente amorfa (incolor). Entretanto, por meio de nossas propriedades internas (espirituais), nós separamos a Luz e a representamos como níveis da natureza, dos mundos: níveis mineral, vegetal, animal e humano. A Luz Direta, por si só, não tem tais representações.



Assim, a luz encontrada em cada uma das Sefirot é a Luz do Criador. Essa Luz é simples e unificada, indo do Rosh (cabeça) do Mundo de Atzilut ao Sof (fim) do Mundo de Assiyá. A diferenciação que ocorre com a Luz Direta e a transforma nas Sefirot HuBTuM acontece nos Kelim (vasos) também chamados de HuBTuM. Cada Kli (cada Sefirá) é como um fino véu por onde passa a Luz do Criador. É desta maneira que cada Kli transmite sua cor à Luz que passa por ele.



Logo, o Kli de Chochmá do Mundo de Atzilut passa luz branca. Isto é assim porque o Kli de Atzilut (vaso de Atzilut) é similar à Luz propriamente dita. Então, a Luz do Criador não sofre nenhuma modificação ao passar por ali.



Este é o segredo do Mundo de Atzilut, sobre o qual diz o Zohar: "Ele, a Luz e Sua Essência são Um". A Luz do Mundo de Atzilut é definida como luz branca, em acordo com o que foi dito no Zohar. Entretanto, a Luz que passa pelos Mundos de Beriá, Yetzirá e Assiyá é transformada e escurecida. Vamos considerar, como exemplo, que a Luz torna-se, respectivamente, a luz vermelha da Sefirá de Biná no Mundo de Beriá, a luz verde de Tiferet no mundo de Yetzirá e a luz preta da Sefirá de Malchut no Mundo de Assiyá.



Já existem outros Kelim. Logo, a Luz assume outras cores. Isto acontece porque os Kelim nos Mundos de BYA (como em Biná, ZA e Malchut) estão parcialmente corrigidos ou completamente incorrigidos no que concerne à Luz. Se o Zohar fala em cores, podemos interpretá-las como atributos das Sefirot. Então, quando falarmos na cor verde, significa que nos referimos às propriedades de ZA e que estamos nesse nível e que recebemos desse nível.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Naassê Venishmá (3)




O pão da vergonha



Sem comer o Pão da Vergonha ninguém se torna cabalista (alguém capaz de doar contentamento ao Fazedor).



E o que é o Pão da Vergonha? A sensação que o Kli (vaso) sente quando a Ohr o preenche sem a proteção da Masach. No início, esse Zivug é absolutamente prazeroso. Depois, a alma se cobre de vergonha e desespero, porque sabe que não é merecedora de tanto deleite. Nesse instante, o vaso não quer mais receber, quer doar também. Como o Kli não foi criado para doar, mas para receber, ele precisa implorar que o Criador mude a sua natureza. Se o pedido for sincero, a prece é atendida e o recipiente recebe a tela, e passa também a gerar Ohr Hozer e Ohr Makif, a Luz de Retorno e a Luz Circundante.



De usurpadora e fonte de escuridão, a pessoa se torna então doadora e Luz para as nações.  

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Shamati (10)




O que significa “Apressa-te, Amado Meu, no Trabalho”?



É preciso levar em conta que assim que alguém começa a caminhar pela senda do desejo de conseguir fazer tudo pelo Criador, chega a estados de ascensos e descensos. Às vezes, a pessoa se encontra num descenso tal que chega a pensar em fugir da Torá e das Mitzvot (preceitos). Isto quer dizer que a pessoa recebe pensamentos tais que já não sente mais o desejo de estar sob o domínio da Kedushá (Santidade).



Nesse estado a pessoa deve convencer-se do contrário: de que é a Santidade que foge dele. Isso se deve ao fato de que quando alguém deseja manchar a Santidade, ela se adianta e foge dele. Se alguém crê nisso e se sobrepõe à fuga, então a Brach (fuga, em hebraico) se converte em Brachá (benção), tal como está escrito em: “Bendiz, Senhor, o que fazem, e recebe com agrado a obra de suas mãos”. (CK)


segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (6)



6. Você sabe que as Dez Sefirot são Chochma, Biná, Tiféret, Malchut e a raiz de todas, Keter. São dez, pois Tiferet é constituída por seis Sefirot: Chessed, Guevurah, Tiferet, Netzach, Hod e Yessod. Lembre-se sempre que ao nos referirmos às Dez Sefirot diremos HuBTuM.

HuBTuM é: Chochmá, Biná, Tiferet e Malchut. O nome Keter é omitido por representar o Criador.

Keter não é nem mesmo designada por uma letra, mas pela ponta do topo da letra Yud. Aqui, é equivalente ao processo da Luz Descendente: o momento em que algo começa a ser criado converte-se em fase um. A Luz não pode ser recebida como é. Consequentemente, não lhe prestamos atenção. Quando a sentimos em nosso Kli, podemos falar sobre sua propriedade de Doação. Na fase dois, dizemos que esta propriedade cobre-nos de encantamento. No primeiro caso, falamos sobre a Luz em si; no segundo, sobre o que ela nos dá.


domingo, 12 de janeiro de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (5)



5. Terceira definição (limitação)



Em cada um dos mundos, há três aspectos:


Dez Sefirot;

As Almas;

O restante da realidade



As Dez Sefirot são constituídas da Pura Luz. A Luz Pura descende em forma de emanações que vão gradualmente diminuindo de intensidade. É desta Luz que são constituídas as Dez Sefirot. Detectamos a Luz à medida que conseguimos nos comunicar com as Dez Sefirot. 



As Almas vestidas pelas Dez Sefirot existem dentro da realidade que as rodeia. Assim, um aspecto encontra-se dentro de outro. Há dois tipos de Almas: Elevadas (Superiores) e Humanas. Mais tarde, entenderemos o que são Almas Elevadas



1)    10 Sefirot; 

2)    Almas Superiores e Humanas;

3)    Ambiente: Anjos, Vestimentas e Palácios



O restante da realidade ao nosso redor é composto por Anjos, Vestimentas e Palácios. Essas são as forças espirituais inferiores que cercam a alma humana. Seus nomes apontam para significados semelhantes no nosso mundo: Anjos são similares a animais; Vestimentas são forças externas ao homem; Palácios são forças mais remotas que envolvem o ser humano. 



Qualquer outro aspecto que venha a ser comentado servirá para entendermos o que as Almas recebem. O Livro do Zohar não profere palavra alguma que não esteja relacionada com as Almas. Estes três aspectos fundamentais servem como nosso ponto de partida:


Não ultrapassar o âmbito da Matéria e da Forma na Matéria;

Não ultrapassar o âmbito dos Mundos de BYA;

Não ultrapassar o âmbito das Almas Humanas.



Se nos detivermos nestes três sistemas e suas limitações, entenderemos corretamente o que o Livro do Zohar pretende nos proporcionar. Assim, receberemos suas mensagens com precisão através de um canal estabelecido com o Livro, canal este que descenderá até nós. Não vamos procurar algo que não está lá, nem algo que não precisamos. Receberemos do Livro o que for necessário para a nossa correção. Cada palavra lá contida fala sobre isso. Por exemplo, se uma pessoa com raciocínio filosófico tentar entender o Zohar de forma abstrata, com certeza irá fracassar. Daí o Zohar parecer "oculto atrás de mil portões fechados".



Se alguém quiser trazer à tona algo sobre a Forma Abstrata e sobre a Essência, sem ter atingido nível espiritual para tanto, não conseguirá. Não daqui, do nível deste mundo, por meio do raciocínio filosófico. Para chegar lá, a pessoa terá que atingir o nível espiritual adequado, apropriado ao Mundo de Atzilut e ao Mundo do Infinito, e começar sua pesquisa lá. No geral, o Livro do Zohar nada tem a ver com estas questões; estuda, exclusivamente, o processo para nossas correções. Uma vez corrigidos e tendo recebido a Realidade Superior, receberemos todo conhecimento sobre Forma Abstrata, Essência, Mundo de Atzilut e Mundo do Infinito, Dez Sefirot, Almas Elevadas, Anjos, Vestimentas e Palácios



O Zohar não pode nos dizer nada sobre as questões citadas acima até que, com sua ajuda, consigamos corrigir Matéria e Forma na Matéria, isto é, os Mundos de BYA, onde nossas Almas existem. 



Apenas depois que o desejo criado estiver corrigido, será possível falar sobre como atingir níveis espirituais mais elevados. Enquanto o desejo continuar sendo egoísta, será impossível captar o que estiver acima do nível em que se está.



Naturalmente, o desejo não vai alcançar os níveis de Forma Abstrata nem de Essência nos Mundos de Atzilut e Mundo do Infinito, pois significaria já ter adquirido a propriedade da Doação. Não conseguirá, também, atingir o recebimento do que existe além das Almas Humanas, especialmente nas Dez Sefirot, na Pura Luz do Criador. 



O Livro do Zohar foi escrito de forma a influenciar adequadamente e positivamente a quem quiser a energia que dele emana para o propósito de correção. Se o leitor não tiver intenções de corrigir-se, passará pelo Zohar sem noção do poder que ele irradia. 


Shamati (127)

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