quinta-feira, 31 de maio de 2018

Tiul (17)



Um momento de paz e de descanso depois da agitada passagem por Roma. Estamos em Fiumicino, uma cidadezinha de praia, onde fica o Aeroporto Leonardo da Vinci, num hotelzinho simpático, para que a Marta possa dormir, descansar, colocar os pés acima da cabeça, para desinchar e enfrentar o longo vôo ao Rio de Janeiro. São 14h aqui, viajaremos às 21:50h. Do Rio, iremos diretamente para Porto Alegre, e para a nossa vida gaúcha. Estou com saudades dos meus temperos, dos meus churrascos, das minhas pessoas que aí ficaram.



Almoçamos num boteco, sob lindos plátanos. Ao saber que éramos brasileiros, o atendente nos disse que há dez anos deseja ir para o Brasil, onde “as pessoas são felizes, muito felizes”. O sonho do Brasil como O Paraíso dos Trópicos continua no imaginário europeu. Em meus anos de estudante da PUC, na Faculdade de Letras, muitos brasilianistas europeus do século XIX eu estudei. Na época, não entendia a fascinação que eles tinham pelo meu país. Agora, eu os compreendo, em profundidade, com experiência e com fascinação, também, pela minha própria terra. A alma brasileira é excepcional. Uma pena que tenhamos seguido o vaticínio de Platão, o filósofo grego, que dizia que “quando os bons abandonam a política, os maus governam”. Desde o começo da República, aceitamos ser governados por seres doentes, corruptos e corruptores. Quando compreenderemos que a solução não está nas pessoas, nos políticos, mas na consciência de cidadania?



“Se eu não for por mim, quem será? E se eu não for pelos outros, o que é que eu sou”?



A frase acima foi dita por Hillel, um sábio e cabalista, há mais de dois mil anos.   



Se eu não for pelo Brasil, quem será? E seu não for pelo bem dos brasileiros, o que é que eu sou?



Ouvi aqui, em Arezzo, de um político italiano, uma frase assustadora. Quando eu falava sobre as questões brasileiras que nos atormentam, ele perguntou: “Mas é corrupção necessária ou corrupção-corrupção?”



Como assim, tive vontade de gritar. Mas calei. Diante de tamanho relativismo moral, não se pode dizer nada. Corrupção é corrupção. No Brasil, na Itália, em Israel.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Mekubalim (4)



Quem foi Ramchal
(Aryeh Kaplan)

O rabino Moshe Chaim Luzzatto, também conhecido como RaMCHaL, é mais conhecido por seu trabalho clássico sobre a piedade, Mesilat Yesharim (Caminho dos Justos). Este livro é estudado em todas as Yeshivot e é considerado o seu melhor trabalho. O rabino Yisrael Salanter, fundador do Movimento Mussar, enfatizou a necessidade do estudo desse livro, dizendo que "Todas as obras clássicas de Mussar demonstram que o homem deve temer a D´us. O Mesilat Yesharim nos diz como fazer". 

Mais e mais, no entanto, as pessoas também estão percebendo que o rabino Moshe Chaim Luzzatto foi um dos mais brilhantes pensadores dos séculos passados. A profundidade de pensamento e sua mente sistemática são evidentes em todas as suas obras, que são, literalmente, cheio de idéias básicas importantes. Mais de 200 anos atrás, o rabino Eliahu, o famoso Vilna Gaon, declarou que o rabino Moshe Chaim Luzzatto tinha a compreensão mais profunda do judaísmo que qualquer ser humano mortal poderia atingir. Ele ainda afirmou que, se Luzzatto estivesse vivo em sua geração, ele iria a pé de Vilna para a Itália para se sentar a seus pés e aprender com ele.


Se fosse para escolher um aspecto notável das obras de Ramchal é sua abordagem sistemática. Ele não olha para os ensinamentos como fatos isolados, mas como partes de um sistema abrangente. Vendo-os como parte de um sistema, ele é capaz de apontar conhecimentos e relações que de outra forma não seriam de todo evidente.


Pode-se ver isso nas suas três de grandes obras. Derech Hashem (O Caminho de Deus) é, provavelmente, a exposição mais sistemática do judaísmo fundamental. já escrito. O Mesilat Yesharim (Caminho dos Justos) também reflete esta abordagem. O autor, essencialmente, explicou a palavra do talmúdico Rabi Pinchas ben Yair, que enumerou os dez passos em direção a Deus. Ramchal demonstra, sistematicamente, como muitos ensinamentos talmúdicos se enquadram no quadro geral esboçado por Rabi Pinchas, e discute cada um de acordo com o nível a que ele pertence. Em certo sentido esse trabalho sistematiza todos os ensinamentos sobre a compaixão que se encontram no âmbito da literatura talmúdica.


Sua terceira obra importante, Kalach Pis'chey Chochmá (138 Portões da Sabedoria) trata da kabbalah. Essa obra não é tão conhecida como as outras duas. Nesse livro, novamente, Luzzatto demonstra seu poder de sistematização. Poderia-se pensar que os ensinamentos esotéricos da kabbalah resistiriam a qualquer tentativa de sistematização, mas não é assim. Até certo ponto, o sistema subjacente já existia nos trabalhos de cabalistas anteriores, mas nunca tinha sido apresentado de forma tão sistemática. Nestes 138 capítulos o RaMCHaL apresenta todo o escopo da kabbalah de uma forma que muitos autores a consideram a mais sistemática jamais alcançada.


Não se sabe ao certo qual foi a fonte desse grande talento para a organização e a sistematização. Talvez se deva ao fato de Luzzatto ter sido aluno de Rabi Yitzchok Lampronti, autor do Yitzchok Pachad, a maior enciclopédia talmúdica da época. Essa enciclopédia é composta por cerca de vinte grandes volumes, e ainda hoje é insuperável como referência-padrão. É possível que Luzzatto tenha aprendido a arte da organização e da sistematização com o rabino Yitzchok Lampronti, e depois tenha chegado às suas próprias conclusões lógicas, quando estabeleceu os conceitos mais fundamentais e profundos do judaísmo.


O rabino Moshe Chaim Luzzatto nasceu em Pádua, na Itália, em 1707, filho de Yaakov Chay. Ele foi aluno de Rabi Yeshiah Basan, autor do Todah Lachmei (Pães de Ação de Graças), e, também, do rabino Yitzchok Lampronti. Começou a estudar kabbalah em idade muito precoce, sob a tutela do rabino Moshe Zacuto, um dos maiores cabalistas de sua geração.


Moshe Chaim rapidamente alcançou a reputação de ser um prodígio. Sobre ele se diz que "não sabia o que significava esquecer alguma coisa.” Seus contemporâneos dizem que aos 14 anos sabia de cor o Talmud e o Midrash, bem como todos os grandes clássicos da kabbalah. Luzzatto publicou sua primeira obra (Lashon Limudim) com a idade de dezessete anos.


Ainda muito jovem, o rabino Moshe Chaim organizou um pequeno grupo de estudos cabalísticos. Entre as suas regras estava a de que os membros do grupo deviam engajar-se no estudo da Torá em todos os momentos, dia e noite, e que eles deviam fazer da devoção a Deus o principal objetivo de suas vidas.

Entre 1730 e 1735, Luzzatto escreveu mais de 40 livros e panfletos. Muitos desses livros e panfletos se perderam. Uma das suas poucas obras datadas é o Daat Tevunot, que é de 29 de Adar I, 5494 (05 de março de 1734). Da mesma forma, seu livreto Kelalei Chochmat Emet (Regras da Sabedoria da Verdade) é datada de 9 de Iyar, 5494 (13 de maio, 1734). Parece provável que Derech Hashem também tenha sido escrito durante esse período. Muitos dos escritos de Luzzato foram distribuídos entre 1730 e 1735. A novidade de sua abordagem gerou muita oposição entre os sábios da época. Muitos deles não aceitaram a ideia de que alguém tão jovem pudesse escrever sobre Kabbalah e sobre assuntos esotéricos. Por conta dessa oposição, Luzzato deixou a Itália em 1735 e se estabeleceu na Holanda. 

Evitando a vida pública, Luzzatto estabeleceu-se como ourives em Amsterdã. Em 5500 (1740), na virada do século judaico, ele publicou sua obra mais famosa, a Mesilat Yesharim (Caminho dos Justos).

Como muitos outros homens de sua idade, Luzzatto ansiava pela Terra Santa, e, finalmente, em 1743, realizou seu objetivo, estabelecendo-se em Acco. Três anos depois, em 16 de maio de 1746, com a idade de 39 anos, ele foi morto por uma praga. De acordo com a tradição, foi enterrado em Tiberíades, junto ao túmulo do rabino Akiva.

Um discípulo perguntou ao rabino Dov Ber, o Maguid de Mezeritch (o discípulo mais importante do Baal Shem Tov), por que o rabino Moshe Chaim Luzzatto tinha morrido tão jovem. O Maguid respondeu que a geração de RaMCHaL não era digna de sua piedade, de seu conhecimento e de sua santidade.


terça-feira, 29 de maio de 2018

Tiul (16)



Hoje, enquanto eu fazia um almoço italiano, recebi a notícia de que a Marta deu alta do hospital.



Depois de três dias em condições difíceis, sem lugar para banho, sem poder se comunicar com as pessoas, num final de semana de serviço público italiano, na segunda-feira a Marta foi transferida para o quarto 13 e 14 da maternidade do hospital universitário. O duplo número é por conta dos dois leitos do quarto.



Nesse ponto, devo fazer um ajuste nas minhas críticas. Se o ambulatório foi um horror, o quarto foi um Jardim do Éden. Limpo, espaçoso, com banheiro adequado a um hospital, com atendimento excelente. Monitorada e medicada, o quadro crítico da Marta rapidamente evoluiu para melhores condições, a pressão alta cedeu, o inchaço diminuiu e os índices dos exames se normalizaram.



Assim, quero agora agradecer aos médicos, médicas, enfermeiros e enfermeiras; quero agradecer ao estado italiano (que está há meses sem governo, mas que consegue se autogerir); quero agradecer à medicina, que é uma das muitas mãos de Hashem no mundo; quero agradecer aos membros do Grupo Kadosh que fizeram exercícios e vigílias e que criaram um campo de Luz Azul (a Ohr Ha Chassadim) em nosso entorno; quero agradecer ao Augusto e à Taiz, e, especialmente, quero agradecer ao médico brasileiro que vive aqui, o pai da Antônia Moro, o Ricardo Moro, que nos protegeu e nos apoiou. Sem eles, tudo seria muitíssimo mais complicado. Também agradeço ao Nome, mas Ele sabe que ao agradecer às Suas criaturas, agradeço a Ele. Eu nem uso telefone (talvez eu deva reavaliar essa teimosia). Eu não sei lidar com burocracias. Eu sei cozinhar. Eu sei ensinar. Eu sei servir. Mas não sei perder a paciência quando é preciso perder a paciência. Como eu disse para a Marta ontem, no hospital, eu não ajo de bate-pronto, eu faço anotações de tudo, e eu só cobro a conta quando as águas abaixaram, quando os ânimos se acalmaram, porque eu não ajo com raiva, mas com justiça.



O melhor disso tudo é que eu consegui ensinar para a Marta um Yichud que movimenta o mundo, os planetas, o Universo inteiro. Basta a pessoa sintonizar com a Força Superior e vocalizar as Letras Sagradas e fazer com que tudo trabalhe para o seu próprio bem, seja para conseguir um bom banho, um leito de hospital ou uma alta hospitalar. Como disse Baal Ha Sulam, no leito de morte, aos seus alunos: “Avisem a todos eles que eles sofrem porque não querem receber”.



Ohr Ha Ganuz (1)



Shimon Bar Yochai criticou as pessoas que dizem que a Torah contém histórias simples e bonitas. Se assim fosse, ela não passaria de literatura.



A Torah não trata de assuntos deste mundo, mas se veste com as linguagens deste mundo. E essas vestimentas da Torah, sim, são literárias, alegóricas, simbólicas.



A Torah pediu licença ao Criador para apresentar-se diante do mundo exatamente como ela é (Eyeh Asher Eyeh).



Logo depois, quando ela retornou chorando, o Criador disse:



“Aconteceu exatamente o que Eu tinha previsto, não?”



“Sim, a metade fugiu de mim; e a outra metade, me apedrejou”.



“Então, cobre a tua nudez, e te reapresenta diante deles vestida com as linguagens que eles conseguem suportar, a Halachá, a Mishná, o Mussar, o Pilpul...”



E assim a Ohr Ha Ganuz (Luz escondida, Luz velada), que é a essência da Torah, ficou ocultada dos medrosos e dos apedrejadores por milhares de anos.



Na Era de Mashiach (era em que já estamos), os cabalistas revelarão ao mundo os Segredos de Torah, os Segredos dessa Luz Velada.



Um desses cabalistas, o rabino Joseph Saltoun, está revelando o segredo da Alma Brasileira: por 500 anos, as almas hebréias (não confundir com almas judaicas) reencarnaram na população brasileira, aguardando o seu despertar. Durante esses cinco séculos, essas almas mantiveram a sua ingenuidade e pureza. São almas que fugiram das perseguições da Espanha, de Portugal, da Itália, da Alemanha, da Rússia, da Polônia.



Há anos, afirmo no Grupo Kadosh que no Brasil existem mais de 180 milhões de pessoas com potencial interno para a construção dos Partzufim. Esse extraordinário evento espiritual começa com o recebimento do Chotem do Partzuf de Nukva, o Nariz da Noiva, com o qual conhecemos a realidade, com o qual compreendemos que “não existe nada além D´Ele”.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Tiul (15)


Alguém me perguntou se não tínhamos viajado sob proteção divina... Sim, tivemos proteção divina em Israel, quando Elohim Tzebaiot deteve uma guerra que havia começado exatamente sobre as nossas cabeças. Fizemos as conexões de almas que precisávamos fazer em Israel, e os responsáveis maiores por isso foram o Joseph Saltoun e a Marta Tejera, que suportou as reclamações dos viajantes, que resolveu problemas dos outros, que andou no deserto, que subiu às montanhas, que desceu a quatrocentos metros abaixo do nível do mar, que subiu a Jerusalém para levar harmonia e paz a povos que se odeiam, carregando uma gravidez de sete meses... É óbvio que a Sitra Achra não gostou do que fizeram o Saltoun e a Marta, que, afinal, a Terra foi entregue à Serpente... Agora, estamos sendo atacados, sim, mas continuamos sob a proteção divina.



A diferença entre um cabalista e um não-cabalista é que o primeiro compreende o todo e o não-cabalista só vê o próprio umbigo. Os terríveis problemas que eu, a Marta e a Sofia estamos enfrentando aqui em Roma são enviados de Cima, como tudo o que acontece em nossas vidas. O ouro, para brilhar, passa pelo fogo. O diamante, para luzir, passa pelo esmeril. Nós, tenho certeza, voltaremos melhores, mais purificados, mais generosos. E melhor preparados para ensinar a Sabedoria Secreta, que de secreta não tem nada: basta receber para compreender.



A proteção divina em Israel se chamou Domo de Ferro, o sistema anti-mísseis que derrubou no ar 34 mísseis que vinham para as nossas cabeças. A proteção divina se manifestou na resposta israelense (quando o mundo vai compreender que Israel não ataca, que Israel se defende desde o ano 70 da Era Comum, quando Sagrado Templo foi destruído?) que destruiu a metade da força aérea da Síria e todos os sistemas de defesa daquele país? Israel tem o poder militar para destruir todos os países do Oriente Médio em algumas horas. Mas Israel não faz isso, porque deseja viver em paz com seus primos. Basta que o mundo árabe reconheça o direito de Israel à existência, como estado, como país, como nação, e a paz poderá se realizar. A imprensa internacional devia se acordar. Devia parar com essa campanha anti-israelense. Israel é a Luz para as Nações, mas Israel respeita o livre arbítrio dos outros povos. Se os outros não querem paz, Israel não pode impor a paz.



A proteção divina aqui em Roma, para mim e para minha família, se chama Augusto Hatori, Taiz Alves e o médico brasileiro, pai da Antônia Spohr Moro, Ricardo Moro, que vive aqui. Ele, que sequer me conhece, me ligou para me dizer que tem um apartamento para mim em Roma para me abrigar, e que tem dinheiro para me ajudar, caso eu tenha necessidade, pelo tempo que for necessário.



Eu voltarei ao Brasil com a certeza absoluta da proteção divina, que se manifestou aqui com os nomes de Auguto, Taís e Ricardo, esses lindos Malachim. Um halo de luz azul cobre o meu corpo (até apareceu a descida da Luz numa foto que alguém do grupo tirou) e me protege, e protege a Marta e a Sofia.



    

domingo, 27 de maio de 2018

Tiul (14)


Eu já havia terminado essa seção de Viagem, pois terminamos o Trabalho em Israel e nos dispersamos como grupo. Aproveitamos a passagem pela Itália, para visitarmos uma grande amiga, da Marta, da Sofia e minha, em Arezzo, na Toscana.



Desde Israel a Marta estava inchada, como ficam as mulheres grávidas, mas talvez mais. E, antes de embarcarmos de volta para o Brasil, procuramos um Pronto Socorro, pois a sua pressão arterial estava muito alta.



E aí começou uma história kafkiana. A Marta precisou permanecer internada no hospital universitário de Roma. E não permitiram que eu ou a Sofia ficássemos com ela. Isolada dentro da emergência de sala de parto, sem saber o idioma italiano, num hospital em que médicos e enfermeiros trocam de posto de hora em hora, cobaia de magotes de estudantes de medicina que entram e saem com os professores sem o menor respeito e consideração pela humanidade do outro, a Marta está vivendo um de seus piores momentos da vida, e eu e a Sofia também.


Depois que enviei um e-mail aos grupos de estudos para fazerem exercícios cabalísticos pela Marta, a Antônia Moro, participante de nosso Grupo Kadosh, se tornou uma luz de esperança. O pai dela vive em Roma e é médico. E falou com a Marta por telefone. Estamos tentando retirar a Marta do hospital universitário e levá-la para um hospital com melhores condições.



Se eu escrevesse um conto sobre o que estamos passando, ninguém acreditaria. Nós, brasileiros, temos o costume de falar mal de nós mesmos. Falamos mal de nossas instituições, de nossos políticos e de nossa política, falamos mal de nossa cultura, falamos mal de nossa espiritualidade, falamos e falamos mal de nós mesmos, e nos desmerecemos, e achamos que os outros são melhores e mais eficientes. Seria interessante se cada reclamador passasse um dia pelo que estamos passando, para que descobrissem o quanto somos eficientes e altruístas.



Eu, a Marta e a Sofia, e o Augusto Hatori e a Taiz Alves, sairemos dessa situação melhores, mais atentos aos outros, mais dignos e menos embasbacamos com alguns países da Europa. Aliás, foram os europeus que chamaram o Brasil de Terra da Esperança. Não, o Brasil não é apenas a Terra da Esperança, é a Terra onde o processo de correção das almas mais se desenvolverá. A Gmar Tikun se agigantará no Brasil, porque em nosso país vivem mais de 180 milhões de almas que aceitam ser melhores, mais justas, mais altruístas.



Esperamos retornar em breve ao nosso país, para trabalharmos pela disseminação da Kabbalah, que não é nada mais nada menos que a Revelação do amor do Criador às Suas criaturas neste mundo, como escreveu Baal Ha Sulam.     

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Segredos do Gan Naul (5)




Equivalência de forma, segundo a Kabbalah
(Michael Laitman)


Todos os mundos, Acima e abaixo, estão dentro do homem, e a realidade inteira foi criada apenas para ele. Isto está escrito n’O Livro do Zohar. Então por que não sentimos isso? Nós sentimos que estamos dentro da realidade, não que ela está dentro de nós. Além disso, por que este mundo não é suficiente para nós? Por que precisamos dos Mundos Superiores?


A razão para a criação da realidade é que o desejo do Criador é beneficiar suas criaturas. Por isso, o Criador criou as criaturas com uma natureza que deseja desfrutar do que o Criador deseja doar para nós. O Criador está acima do tempo e do espaço; Seu Pensamento opera como o ato em si mesmo.


Por isso, quando Ele desejou e contemplou criar as criações, para preenchê-las com prazer, as criaturas foram imediatamente criadas e completamente preenchidas com todos os prazeres que receberam do criador. Porém, nós não sentimos aquele estado, já que ele é meramente nossa raiz, a qual nós devemos alcançar de acordo com o desígnio da criação.


Ao criar a sequência dos mundos a partir do mundo de Ein Sof até este mundo, o Criador removeu a criatura de Si mesmo e a colocou no estado mais baixo. É importante entender por que Ele fez isso. Este ato indica imperfeição em Suas ações?


O Ari responde esta pergunta em seu livro, A Árvore da Vida: “revelar a perfeição dos Seus atos”, para que então as criaturas se aperfeiçoem e alcancem o nível do Criador, que é a única perfeição verdadeira. Para ajudá-las, o Criador criou a escada dos mundos. As almas descem esta escada até o degrau mais baixo, onde elas “se vestem” com os corpos físicos deste mundo. Então, através do estudo da Kabbalah, as almas por si mesmas começam a subir aquela escada, pela qual elas desceram, até que retornem para o Criador.


A alma consiste de Luz e Kli (vaso). A Luz da alma vem do Criador, de Atzmuto (Sua Essência). Através dessa Luz, o Kli (vaso) da alma foi criado, sendo ele (o Kli) o desejo de receber Luz, de desfrutar da Luz. Por isso, o Kli se ajusta perfeitamente à Luz que vem para preenchê-lo.


A Luz é uma parte do Criador. A alma é o verdadeiro Kli. Consequentemente, apenas o Kli é considerado uma criação. Ele foi criado a partir da ausência, ou seja, não havia desejo antes que o Criador decidisse criá-lo. E porque o Criador desejou dar o prazer perfeito para este Kli, como é próprio d’Ele, Ele criou este Kli – o desejo de receber – enorme, de acordo com a medida de Luz (prazer) que Ele desejou doar.


Criação significa iniciação, algo novo que não existia anteriormente, e esta iniciação é chamada “existência a partir da ausência”. Mas se o Criador é completo, como algo poderia não estar incluído n’Ele? Do que já foi dito ficou claro que, antes da criação, não existia desejo de receber no Criador, já que o Criador é completo e deseja apenas doar. Portanto, o que não está n’Ele e deveria ser criado é apenas o desejo de receber prazer d’Ele.


O desejo de receber é a totalidade da realidade. Por isso, a única diferença entre os elementos da realidade está na medida (intensidade) do desejo de receber em cada um destes elementos, e não há dois elementos que contenham o mesmo desejo (a mesma intensidade de desejo).


Não há corpos físicos na espiritualidade. O mundo espiritual é um mundo de desejos, forças “cruas” ou “materiais”, sem quaisquer revestimentos materiais. Assim, todas as palavras usadas na sabedoria da Kabbalah são na verdade denominações do desejo de usufruir (desfrutar), ou suas impressões a partir da satisfação da Luz dentro dele.


O Criador é o desejo de doar, e a criatura é o desejo de se beneficiar da doação do Criador. Se a criatura desfruta do prazer apenas porque o Criador desfruta da sua recepção, este ato é considerado doação, de acordo com sua intenção, e não como um ato de recepção. Isto é considerado como a igualdade entre o desejo do Criador e o da criatura, sem nada que os separe.


Portanto, seguindo a lei espiritual de equivalência de forma, como resultado da equalização das suas qualidades (desejos), eles se tornam um. Neste estado, eles não são dois desejos idênticos, mas são literalmente um. Este estado espiritual é chamado “equivalência de forma” ou Dvekut (adesão ao Criador).


No entanto, se eles não têm o mesmo desejo, a mesma intenção, eles não têm o mesmo objetivo e estão separados. Porque eles têm qualidades (desejos) diferentes, eles são dois ao invés de um. Em espiritualidade, este estado é chamado “disparidade de forma”.


A medida da equivalência de forma entre Criador e criatura determina o quanto eles estão próximos, e a medida de disparidade de forma determina a distância entre eles. No começo, o desejo de doar do Criador e o desejo da criatura de receber são iguais, já que o desejo de receber da criatura nasceu do desejo de doar do Criador. Portanto:

* Se todos os seus desejos (intenções) são os mesmos, eles são um;

* Se todos os seus desejos (intenções) são opostos, eles estão o mais distante possível;

* Se, de todos os desejos (intenções) eles têm apenas um desejo em comum, então eles se tocam através daquele desejo comum;

* Se alguns dos seus desejos (intenções) são similares, eles estão distantes ou próximos de acordo com as suas medidas de equivalência de forma ou disparidade de forma.


Nós não temos attainment no Criador Ele mesmo, em Atzmuto, já que nós apenas obtemos a sensação da Luz no Kli, o preenchimento em nosso desejo. E aquilo que nós não alcançamos/atingimos, nós não podemos chamar por nenhum nome, pois nós damos os nomes de acordo com as nossas impressões deste preenchimento. Por isso, não podemos dizer uma única palavra ou dar um único nome para Atzmuto. Todos os nossos nomes e denominações, com respeito ao Criador, são apenas reflexos do que nós sentimos por Ele.


Nós podemos senti-Lo e sentir Suas ações apenas na medida da equivalência de forma (desejo, intenção) com Ele. Por isso, dependendo da extensão de nossa similaridade com Ele, nós sentimos Seus desejos e ações, e o nomeamos de acordo. Quando nós sentimos, podemos nomeá-Lo de acordo com o que sentimos d’Ele. Isto se chama “Por Tuas ações, Te conhecemos”.


Cabalistas são pessoas que vivem neste mundo e se conectam ao Criador de acordo com sua medida de equivalência de forma enquanto vivem neste mundo. “Mundos” são as diferentes medidas de sensação do Criador. Um “mundo” é a medida de revelação ou ocultação do Criador para as Suas criaturas; e a ocultação completa é chamada “este mundo”.


O começo da sensação do Criador é a transição entre este mundo e o mundo espiritual. A transição é chamada “barreira”. Há 125 degraus de revelação de partes do Criador para as criaturas entre a ocultação e a revelação completa. Estas partes são chamadas “mundos”.


Os cabalistas sobem pelos mundos espirituais corrigindo seus desejos (intenções). Ele nos dizem – verbalmente ou em textos – que o Criador tem apenas o desejo de beneficiar suas criações. Ele criou tudo para nos dar toda a Sua abundância. Foi por isso que Ele nos criou com um desejo de receber, para que possamos receber o que Ele deseja nos dar.


O desejo de receber para nós mesmos é a nossa natureza. Mas, estando nesta natureza, nós somos opostos em forma ao Criador, já que Ele é apenas um desejo de doar, e não possui um desejo de receber. Por isso, se nós permanecemos no desejo de receber para nós mesmos, permaneceremos para sempre afastados do Criador.


Os cabalistas nos dizem que o propósito do Criador é trazer toda a Criação para Si, e que Ele é bondade absoluta. Por essa razão, Ele deseja doar para todos.


Eles ainda nos dizem que a razão para a criação dos mundos é que o Criador deve ser completo em todas as Suas ações e forças. E se Ele não executa Suas forças em ações completas, Ele aparentemente é considerado incompleto.


Mas como operações imperfeitas poderiam se originar do Criador perfeito até o ponto em que Suas ações demandariam correção pelas criaturas? Nós somos Suas ações! Se nós temos que corrigir a nós mesmos, isto não significa que suas ações são imperfeitas?


O Criador criou apenas o desejo de receber, chamado “a criatura”. Mas quando a criatura recebe o que o Criador deseja doar a ela, ela é separada do Criador, já que o Criador é o Doador e a criatura é o receptor, e nisso eles são opostos. Em espiritualidade, a equivalência de forma é determinada pela equivalência de desejos (qualidades, intenções). E se a criatura permanece separada do Criador, o Criador também não estará completo, já que operações perfeitas se originam de um operador perfeito.


Para garantir à criatura a possibilidade de alcançar a perfeição com seu livre arbítrio (por sua livre escolha), o Criador restringiu a Si mesmo – Sua Luz – e criou os mundos, restrição por restrição, até chegar a este mundo. Aqui o homem é completamente subordinado ao desejo de usufruir, mas não da Luz de Deus, e sim dos desejos animais que estão sobre ela (que a estão encobrindo). Toda a humanidade está se desenvolvendo a partir do desejo por prazer que os animais têm, assim como através de desejos por riqueza, honra, dominação e conhecimento, até que o Criador implanta um desejo de desfrutar algo desconhecido entre esses desejos, algo além das vestimentas deste mundo.


O novo desejo impulsiona o homem a procurar plenitude (realização) até que ele chega ao estudo da Kabbalah. Durante o estudo, ele começa a entender a intenção do Criador em relação a ele. Naquele estado, ele estuda não para receber conhecimento, mas para atrair para si a Luz que reforma (“Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”, Item 155).


Através daquela Luz, a pessoa começa a corrigir seus desejos. No total, o homem tem 613 desejos, que são geralmente chamados Guf (corpo). A correção dos desejos é feita usando cada desejo com a intenção de doar para o Criador, da mesma forma que o Criador doa para o homem. A correção de cada desejo e a recepção da Luz dentro dele é chamada “observar um Mitzva (boa ação/mandamento)”. A Luz que uma pessoa recebe dentro do desejo comum corrigido é chamada “Torah”. E a Luz que corrige (reforma) os desejos do homem é o meio pelo qual a criatura alcança a perfeição (ver “Percorrendo o Caminho da Verdade”).


A perfeição está em que a criatura obtenha equivalência de forma (qualidades) com o Criador por ela mesma. Isto porque então ela é merecedora de receber todo o prazer e deleite incluídos no Pensamento da Criação. Em outras palavras, ela se deleita na Luz e no status (condição/posição) do próprio Criador, já que ela alcançou equivalência de forma em desejos e pensamentos.


Acontece que apenas através do estudo da Kabbalah alguém pode corrigir a si mesmo e alcançar o objetivo pelo qual o homem foi criado. Isto é o que todos os cabalistas escreveram. A única diferença entre os livros sagrados (Torah, Profetas, Hagiografa, Mishnah, Talmud etc.) está na intensidade da Luz dentro deles, a qual pode corrigir uma pessoa. A Luz nos livros de Kabbalah é a maior; é por isto que os cabalistas recomendam o estudo deles especificamente.


quarta-feira, 23 de maio de 2018

Emanações de Chochmá (5)


O efeito da Ohr Makif (Luz Circundante)

(Michael Laitman)



Existem 3.800 religiões e crenças do mundo. Todas as principais religiões realmente vieram de Abraão, que viveu na antiga Babilônia perto de 3.500 anos atrás.



Abraão ensinou seu método, ou seja, a sabedoria da Cabalá, a um pequeno grupo que ele chamou de Israel. E ele deu presentes, ou outras formas de fé, para o resto das pessoas. A Torá diz que Abraão deu presentes aos filhos de suas concubinas e enviou-os para o leste, onde todos esses métodos chegaram de volta até nós.



A diferença é que o método de Abraão possui a capacidade de corrigir uma pessoa, algo que não existe em qualquer outro método. A sabedoria da Cabalá nos possibilita atrair a força do bem que está oculta na natureza e que irá corrigir nosso ódio para com o outro e transformá-lo em amor. Essa força do bem é adicionada à nossa natureza egoísta e nós nos tornamos portadores de duas forças. A integração dessas duas forças possibilita que trabalhemos com elas, nos desenvolvamos corretamente, e descubramos uma forma adicional de realidade que se encontra fora de nós.



A física moderna fala sobre a existência de uma realidade como essa. Além do universo, do mundo que vemos agora, existem outras formas de realidade. A sabedoria da Cabalá nos possibilita sair para além da estrutura das limitações deste mundo de forma a vermos os Mundos Superiores. Possibilidades como essa não existem em nenhum outro método, porque eles não contêm a Ohr Makif (Luz que corrige). A singularidade da Torá é que ela contém uma força que corrige nossa natureza e nos eleva acima do ego em direção a uma natureza de doação e amor, na medida em que abre os nossos olhos, como é dito: “Você vai ver o seu mundo em sua vida” (Berachot 17a).


terça-feira, 22 de maio de 2018

Sefer Ha Zohar (7)




13



Bereshit é formado pelos segmentos Bará Shit (criou seis), pois de um extremo a outro dos céus há seis ramos que se estendem do segredo do sublime com a expansão de Bará (criou). Bará se expande do primeiro ponto, que é Arik Anpin. E aqui, desse primeiro ponto, o segredo do nome de 42 letras foi gravado.



Entonações, vogais e letras



O relacionamento entre as letras hebraicas, as vogais e as entonações é explicado em termos de seu significado espiritual. O Zohar nos diz que as letras, as vogais e as entonações não são meros blocos de construção da linguagem. Eles são os blocos de construção de todo o Universo. Eles são os sons da criação, as forças através das quais as estrelas e os planetas são construídos e através dos quais os mundos físico e metafísico são erigidos. Assim como a voz humana cantando pode estilhaçar vidros e evocar lágrimas, o alfabeto hebraico afeta tanto a realidade física quanto a espiritual. Podemos acionar essas forças ao escanear meditativamente as mesmas letras que falam dos segredos das próprias letras. Ao fazer isso, podemos atrair o sustento espiritual e a Luz para dentro de nossas vidas.



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 “E aqueles que são sábios brilharão” (Daniel 12:3) como as marcas de entonação que seguem as letras e as vogais. Elas se movem como soldados seguindo seu rei. As letras são o corpo e as vogais são o aspecto do seu espírito. E elas todas seguem suas entonações e delas recebem a sua existência. Quando a melodia das marcas de entonação se propaga, as letras e as vogais marcham no mesmo compasso. Quando a melodia para, elas também param.





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As palavras “E aqueles que são sábios brilharão” aludem às letras a às vogais que brilham, e “a luminescência” alude ao tom das marcas de entonação. “O firmamento” alude à expansão do tom, nomeadamente, todas aquelas entonações que fluem e se expandem à medida em que o tom flui. “E aqueles que transformam muitos em justos” alude à música das marcas de entonação que pausam o andamento e permitem que o significado das palavras seja ouvido claramente. A palavra “brilharão” alude às letras e às vogais que brilham unidas ao longo das jornadas por caminhos ocultos. Tudo se expande a partir disso. “E aqueles que são sábios (maskilim) brilharão como a luminescência do firmamento” sobre os pilares e suportes daquele andor. “E aqueles que são sábios” são eles próprios os pilares e suportes supremos, os quais cumprem conscientemente a obrigação de doar àquele andor e aos seus suportes tudo o que é necessário para seu sustento. Os pilares são Chesed, Guevurá e Tiferet; os suportes são Netzach, Hod e Yesod. Esse segredo está velado, como se diz: “Abençoado aquele que leva o pobre em consideração (maskil)” (Tefilim 41:2); Maskil é Zeir Anpin, e o pobre é o seu princípio feminino. E ele recebe a luminescência para o bem do pobre que dela necessita. As seis extremidades supremas de Zeir Anpin brilharão, pois se elas não brilharem ou iluminarem, não serão capazes de estabelecer o andor e determinar o que é necessário para sua restauração. Não fosse pela necessidade de estabelecer esse andor, elas não receberiam nada daquela luz de luminescência.








Tiul (13)


Na segunda de manhã, dia 21, fomos ao Museu de Israel, para vermos os Manuscritos do Mar Mort


Em seguida, fomos ao Monte das Oliveiras. Dali, se pode ver o Portão do Mashiach. Um invasor poderoso de alguma época passada mandou fechar essa entrada da cidade velha e transformou a ladeira do Vale de Kidron em uma lixeira, para impedir a entrada do Redentor. No cemitério que fica no Monte das Oliveiras estão todos enterrados com os pés voltados para o Monte do Templo. Quando os mortos ressurgirem, diz o mito, já se levantarão de frente para o Santo dos Santos (a Rocha do Monte Moriá). Esses mortos serão os primeiros a ressuscitar.


Um velho árabe inteligente puxa um burro por ali, pedindo esmolas.



(Estou escrevendo esse texto na companhia do Gerson Mainardi. Estamos sentados na sacada do Hotel Prima Kings, na Rua Ramban (não confundir com Rambam), tomando uma cerveja. Terminamos o nosso trabalho espiritual aqui na Terra Santa e sairemos de Israel amanhã).



Levei o Rabino Saltoun e alguns membros do Kadosh (éramos 17 pessoas) para visitarmos o Instituto do Templo, na Cidade Velha. Há três anos estive no Instituto, e a minha impressão sobre esse assunto da construção do III Templo se aprofundou, mas não mudou em essência. Defini o que senti, depois da visita, com a frase: “O noivo está pronto, mas a noiva não veio para o casamento”. Em outro momento, vou elaborar melhor o que eu quero dizer com isso.



E, à noite, vivemos uma experiência muito impactante. Depois da janta, retornamos à Cidade Velha e entramos nos Túneis do Rei Salomão. Quase um quilômetro costeando o Muro Externo do Monte do Templo, metros abaixo do chão, cercados pela história dos romanos, dos cruzados, dos bizantinos, do império otomano. No final do percurso, encontramos a Rocha, a Rocha que está embaixo do Domo da Roca. Uma pedra diferente. O Yesod da Terra. A Fundação do Mundo. A pedra em que Adão e Eva fizeram o primeiro altar de adoração a Elohim. A pedra onde Abraão amarrou Isaac. A Pedra onde Jacob sonhou com os Anjos subindo e descendo a Sulam (Escada Espiritual). A Pedra que é o Santo dos Santos (Kadosh de Kadoshim) e em torno da qual estava construído o Primeiro e o Segundo Templos. A Pedra de onde pode emanar a Geula, a redenção do mundo, a Pedra que pode trazer a destruição do mundo. Indescritível o perfume que senti ao fazer um Ana Bekoach com a mão esquerda espalmada contra essa pedra sagrada. Nela, sim, há santidade, e não no Muro das Lamentações, que não passa de um muro externo do complexo extraordinário que era o Templo. Desde que fundei o grupo Kadosh eu afirmo que as pessoas estão rezando no muro errado. Como disse o Saltoun, se o Papa, o Ayatolá, o Rabino-Chefe, o presidente do Sanhedrin; se os líderes religiosos de todas as religiões do mundo se dessem as mãos ao redor dessa Rocha, construiríamos um mundo melhor, de tolerância (ninguém precisa mudar de religião para fazer uma conexão com o Criador) e de ajuda mútua (Arvut).



Hoje, na terça-feira, fomos para Hebron, onde descansam os patriarcas e as matriarcas. E lá fizemos o trabalho espiritual para o qual fomos escolhidos, fizemos o trabalho que nem judeus e palestinos conseguem fazer. Foi para isso que viemos a esta terra, abençoada e amaldiçoada ao mesmo tempo. Abençoada pelo Criador e amaldiçoada por grande parte dos seres humanos.  Foi para isso que entramos no Santuário construído por Herodes.



Explico.



Esse Santuário de Macpella (onde estão Abraão e Sara, Isaac e Rebeca, Jacó e Lia) fica na fronteira de Israel e Palestina. Abraão e Sara e Jacó e Lia estão no lado israelense. Isaac e Rebeca estão no lado palestino, divididos pela política, pela insanidade, pela serpente. No lado israelense fizemos os nossos Yichudim, unindo as almas de Abraão, Jacó, Sara e Lia. Mas Isaac e Rebeca ficaram de fora. Assumi o comando do grupo, a pedido do Rabino Saltoun e fui conversar com os guardas da fronteira da Palestina. Disse-lhes que éramos do Brasil e que queríamos muito visitar também o patriarca e a matriarca do lado da terra deles. Eles me perguntaram: “Existe algum judeu com vocês?”. Eu apenas disse que éramos brasileiros. Ele insistiu. Repeti que éramos brasileiros. As metralhadoras ficaram abaixadas e eles nos deram dez minutos de visitação. Um minuto para cada Sefirot, pensei. E entramos na Palestina. E foi incrível, foi indescritível. Na frente dos Santuários de Isaac e Rebeca, dentro da Mesquita, existe uma fenda, uma fissura, um buraco que penetra profundamente o solo e que é a entrada do Gan Éden. Os guardas do Santuário permitiram que olhássemos pela escotilha. Todos nós olhamos o local em que entraram os corpos de Abraão, Isaac e Jacó, menos o rabino. Olhamos com a inocência de Adão e Eva no Paraíso, antes da enganação do Serpente. Lá na fenda, enrodilhado em si mesmo, está o Serpente, guardando a entrada do Gan Éden, o Nachash que se transformará no Mashiach. Posso elaborar melhor em grupo fechado.



No caminho de retorno, fomos visitar Bethlehem (Belém) e a Igreja da Natividade. Vimos o local do nascimento de Jesus e o local da manjedoura. Essa cidade também está dividida entre Israel e Palestina. No início, o rabino foi impedido de entrar nesses locais sagrados para o cristianismo, mas depois ele conseguiu se unir ao grupo. Acho que ele esqueceu a kipá na cabeça e os palestinos implicaram com ele.



No meio do caminho, tinha um muro. Um muro altíssimo. Um muro que separa israelenses e palestinos, um muro de ignorância, um muro de politicagem, um muro de ódios e preconceitos, e, na margem desse muro, no lado israelense, repousa Rachel, a amada de Jacó, que morreu em trabalho de parto nesse local. Diante do seu Santuário, fizemos Yichudim, exercícios cabalísticos, e recebemos maravilhosos perfumes.



Dentro do ônibus, Vera Teixeira Aguiar, que recebeu a cura de uma doença agressiva depois que a convidei a fazer parte do Grupo Kadosh, leu o poema de Camões em homenagem à Rachel, um dos mais belos sonetos da língua portuguesa.



Do muro, viemos diretamente a Jerusalém e fomos visitar o Santuário de Baal Ha Sulam. Lá, na presença do mestre, o maior cabalista do século vinte, cantamos, fizemos os nossos exercícios cabalísticos e comemoramos o aniversário da Denise, que veio do Rio de Janeiro para juntar-se conosco nessa peregrinação.

Agora, estamos prontos para regressar aos nossos países (Brasil e Suíça), às nossas cidades, aos nossos familiares e amigos.



Levo uma grande e inolvidável certeza ao final dessa viagem: no Gan Éden, as almas de Abraão, Isaac e Jacó, Sara, Rebeca, Lia e Rachel estão felizes, porque através do Grupo Kadosh, através do Saltoun e de seus convidados, voltaram a se encontrar aqui na Terra, em Hebron e no caminho cercado de altos muros e muitas metralhadoras.



Como disse um escritor uruguaio que já traduzi (e publiquei) no Brasil, Juan Jose Morosoli, “nós só começamos a viajar depois que voltamos para casa”.



Amanhã, começa, de fato, a nossa viagem, e o nosso Trabalho Espiritual no Brasil.

  




domingo, 20 de maio de 2018

Tiul (12)


Noite de domingo, final da Festa de Shavuot. Fomos à Torre de David, na Cidade Velha, para ver um show de som e luzes.



Um milhão de palavras não seriam capazes de descrever uma única imagem do que vi.



Tente descrever, em palavras, o olhar do teu pai no dia em que saíste de casa. Ou o teu semblante no espelho no dia em que decidiste desistir de um casamento, de uma amizade, de uma viagem. Tente descrever um sapato numa escada. Uma cadeira vazia ao lado de uma cama num quarto gelado. Tente descrever o vôo de uma pomba. Tente descrever alguma coisa, qualquer coisa, e vais descobrir que a essência da coisa te escapou. Escrevi e publiquei mais de quarenta livros para tentar descrever uma imagem, uma única imagem, e não consegui. No entanto, dentro de mim, no fundo de mim, lá onde nenhum ser humano consegue penetrar, a imagem fulgura, e somente eu posso acessá-la e posso revê-la quando eu quiser.



As imagens que vi, hoje à noite, na Torre de David, e que contaram, em 30 minutos, a história dessa cidade pesada, em que religiosos judeus, cristãos e muçulmanos se esforçam para parecer aos outros mais religiosos que os outros, jamais sairão da minha memória, esse meu relicário particular de imagens. O clima das ruínas internas da Torre de David, as pessoas do mundo todo, sentadas para ver o espetáculo, os membros do Grupo Kadosh, o rabino Saltoun e os amigos e amigas de Brasília, do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Suíça que nos acompanham, jamais sairão das minhas sinapses, das imagens internas que produzi a partir das imagens externas projetadas nas paredes de pedra da antiga fortaleza militar. Nas imagens externas, toda a história de Jerusalém foi contada, de forma poética e dolorosa, a destruição do templo, as cruzadas, o império grego, o império romano, o império otomano. Nas minhas imagens internas, a história do Universo foi contada.



Ontem, Erdogan, presidente da Turquia, reuniu 57 países muçulmanos para formarem um Exército do Islã com o propósito abertamente declarado de cercar e destruir Jerusalém.



Por quê?



Por que todos os malucos do mundo, como eu e alguns outros, vem para cá, alguns para construir e outros para destruir? Por que sobre os céus de Jerusalém estão em guerra eterna os Malachim e os Shedim? O que há aqui que borbulha, como uma chaleira de água quente? O que há aqui que faz a gente trepidar, prestes a sofrer, novamente, o Shevirat Kelim?



Os cabalistas sabem o que há aqui, mas ninguém lhes pergunta o por quê... E por que não perguntam? Porque a resposta dói, a resposta dói profundamente, e depois de ouvi-la, um ser humano perde a inocência, como Adão e Eva perderam a inocência depois que comeram do fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.

Tiul (11)


Hoje, domingo, 20 de maio, é Feriado de Shavuot aqui em Israel. Marta, Sofia e outros membros do Kadosh estão passeando pela cidade, pois Saltoun nos deu um dia livre. Fiquei no hotel para “alimentar” o blog.



Ontem, tivemos umas quatro horas de aula expositiva. À noite, passamos em vigília. Fomos ao Kotel (Muro das Lamentações), mas não lamentamos nada. Aliás, cabalistas não lamentam nada, cabalistas costumam usar a expressão Gan Zu Lê Tovah, que significa “Tudo o que acontece, acontece para o bem”. No Kotel, fizemos o nosso Moinho. Cantamos e dançamos em círculo, as mulheres no sentido anti-horário, e os homens no sentido horário. Durante o Moinho, foram inúmeros os recebimentos da Shechinat. Até judeus ortodoxos paravam para nos ver dançar e cantar. Alguns até ensaiaram uma envergonhada participação, mas o preconceito lhes foi mais forte. Cantamos somente em hebraico e aramaico, como fazemos em nossas reuniões em Porto Alegre.



Se alguém pensa que estamos aqui em viagem turística está muito enganado. Estamos aqui trabalhando, mas trabalhando num outro plano. Shimon Bar Yochai e seus alunos viajavam, a pé e em lombo de burro, por vários lugares da Terra Santa, trabalhando pela Gmar Tikun, já naquela época, no primeiro século da Era Comum. Fazemos a mesma coisa, mas num nível muito mais baixo, pois nós somos a Geração do Cachorro, anunciada no Zohar. Apesar disso, estamos, também, como eles, ativando as energias espirituais adormecidas aqui, aprisionadas nos níveis mineral, vegetal, animal e humano. Retornaremos a Porto Alegre imantados e dispostos a ajudar no despertar das mais de 180 milhões de almas hebréias que vivem hoje no Brasil.

sábado, 19 de maio de 2018

Tiul (10)

Na sexta de manhã, a caminho de Jerusalém, onde já estamos, visitamos as ruínas de Qumram, onde os Manuscritos do Mar Morto foram descobertos.



Uns 30 anos antes do início da Era Comum, um conjunto de homens, hebreus de alma, e judeus de nacionalidade, cansados da corrupção que minava (e preparava a destruição) do II Templo, mudaram-se para as montanhas próximas de Masada, com o Mar Morto diante deles, na linha do horizonte, e iniciaram nesse lugar um grupo de práticas espirituais de pureza e arvut. Comiam em silêncio. Viviam com poucos recursos e compartilham tudo o pouco que tinham entre todos. Nesse local, Mirian (Maria, na tradição ocidental) teria participado de um ritual para a descida, nela, da alma do Mashiach, aos 12 anos. Nesse local, viveu entre os essênios, João Batista, que depois batizaria Yoshua (Jesus Cristo) nas águas do Jordão, dando início a seu ministério. Os essênios construíram 10 mikveot (para os seus banhos rituais) e deixaram um impressionante legado de textos, que só foram descobertos na década de 40 do século passado por um menino, pastor de ovelhas. Imagino que tenham feito 10 mikveot para receber a purificação nas 10 sefirot.



Eu, o Christiano, e alguns outros membros do Grupo Kadosh tivemos alguns recebimentos durante da visita, mas sobre isso não podemos falar.



De Qumram, viemos diretamente a Jerusalém, onde estamos. Alguém que tem partzufim entende porque se diz que essa cidade é sagrada e porque todos os povos querem dominá-la. Jerusalém foi destruída duas vezes. Jerusalém foi sitiada 23 vezes. Jerusalém foi atacada 52 vezes. Jerusalém foi capturada e resgatada 44 vezes. E mais uma vez, depois da transferência da embaixada norte-americana para cá, Jerusalém está se tornando o centro de um novo conflito, mas dessa vez envolvendo o mundo inteiro. A energia cósmica (como prefere dizer o rabino Saltoun), e que eu chamo de Ohr Yashar (Luz Direta) desce aqui em proporções gigantescas. Se o Kli (vaso) mundial não estiver minimamente preparado, essa energia terá um poder destruidor incalculável. No entanto, se os cabalistas fizerem corretamente o seu trabalho (e eles sabem o que precisam fazer), essa energia se transformará em benções incalculáveis para toda a humanidade. Mais uma vez, estamos diante do Livre Arbítrio. O que faremos?



Na noite de Shabat, nosso grupo aqui, composto de 40 pessoas (mais duas crianças e três “futuras” crianças ainda no ventre de suas mães) foi dividido em dois grupos e fomos recebidos por duas famílias judias de Jerusalém. Em meu grupo, o homem da casa era sefaradi e a esposa ashkenazi. No grupo do rabino Saulton, o homem da casa era ashkenazi e a esposa era sefaradi. Foi uma experiência fantástica, para os dois grupos, e que vai reverberar em nossas reflexões e práticas cabalísticas por muito tempo. Apenas posso dizer que essas duas famílias estão cumprindo um preceito ensinado por Avraham Avinu (Abraão) há mais de 3.400 anos: o de receber o estrangeiro com amor, carinho e respeito para compartilhar a Rainha do Shabat, a Sagrada Shechinat.



Agora, estamos fazendo uma vigília (passaremos toda a noite acordados, em estudos, exercícios e passeio ao Kotel, o Muro das Lamentações) para a Festa de Shavuot, que comemora a Matan Torah. Para quem não sabe a Outorga da Torah se deu no dia 06 de Sivan de 2.488 (em 1.272 antes da Era Comum). Nessa data, o povo de Israel (em conjunto com a Erev Rav, a Multidão Misturada) foi “uma só nação com um só coração”. Se recuperarmos essa unidade a Ohr Yashar que desce sobre a cidade de Jerusalém poderá ser recebida pelas nações do mundo como abundância, paz e tranquilidade. Mais uma vez, é questão de Livre Arbítrio.  

  

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Tiul (9)


Nosso último dia no Mar Morto. A experiência de entrar na água e não afundar é muito estranha. Para cada litro de água, 240 gramas de sal. Entrei na água e engoli uma gotícula. Na hora, pensei: “Caramba! Isso é mais salgado que o churrasco do João Bica!”.



Descobrimos o que estavam fazendo aqueles aviões militares que sobrevoaram baixinho o nosso hotel e que soltaram um sinalizador. Foram à Faixa de Gaza, onde bombardearam posições do Hamas. Hamas significa ira, raiva. Aqui, além de tudo o que existe de maravilhoso, há a contraparte de ira, raiva, rancor, pois o Criador é justo e envia a mesma porção aos dois lados, ao Yetzer Hará e ao Yetzer Tov. E o Grupo Kadosh está aqui para distribuir Ohr Makif e contribuir com o início de uma nova consciência mundial, a Consciência da Árvore da Vida.



Acertei com o Rabino Saltoun que faremos o VI Congresso de Kabbalah em Porto Alegre, em novembro de 2019, durante a Feira do Livro, com a administração estratégica da Marta Tejera, que comandará os grupos de trabalho do evento em nossa cidade. Também vamos apoiar o Saltoun numa viagem à antiga Pérsia, o Irã, para fazermos exercícios cabalísticos nos Santuários de Esther e de Mordechai, onde a consciência messiânica se revelou pela primeira vez no planeta.



Pela manhã, fomos a Eshmurat Ein Guedi, um parque nacional, onde tomamos banho na Cascata do Rei David. Chama-se assim porque nas cavernas que ficam acima da cascata o Rei Davi se escondeu. Depois, fomos a um Kibutz, que tem um lindo Jardim Botânico. Um Jardim Botânico no meio do deserto! Uma profecia de Isaías afirma que a Terra Santa se transformaria num jardim quando os judeus retornassem do exílio. Faz 70 anos que o Estado de Israel foi fundado. E faz alguns dias que os EUA reconheceram Jerusalém como a capital do estado judeu e transferiram para lá a sua embaixada. Estamos no meio do cumprimento de um conjunto de profecias. Que se tornem realidade as boas profecias e que sejam suspensas as profecias negativas.



A tarde, aqui, foi de banhos nas piscinas e nas águas salgadas. Estamos acumulando forças para a grande programação que começará amanhã, quando iremos a Qumram, as montanhas onde viviam os essênios e onde Jesus ficou estudando dos 13 aos 30 anos, preparando-se para ensinar kabbalah aos seus contemporâneos. Não foi entendido. E os ensinamentos do nazareno foram seqüestrados pelos romanos, a partir do Apóstolo Paulo, e que desembocou no Concílio de Nicéia (355 EC) e na transformação das pregações de um místico judeu numa religião oficial de um estado agressivo, invasor, prepotente e corrupto. Jesus disse: “Não vim para mudar a Lei, vim para cumprir a Lei”. A que Lei ele se referia? À Lei de Moisés, emanada do Monte Sinai. A circuncisão foi suspensa, o Mikvê virou gotinhas na testa (batismo) e o Shabat virou domingo. Se Jesus realmente retornasse, como pregam os crentes, não reconheceria as religiões cristãs que nasceram a partir das suas pregações.



Amanhã bem cedo iremos para a Cidade Eterna, Yerushalaim, a Cidade dos Anjos.    

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Tiul (8)


Vivemos, agora à noite, aqui no Resort do Mar Morto, o momento mais divertido da viagem, até esse momento.



Estávamos na beira das piscinas, olhando para as estrelas, como fazem os humanos há centenas de milhares de anos. Marta e Sofia, e vários outros, permaneciam no interior, no restaurante, jantando e conversando. Joana e seu anjinho Maia estavam caminhando pelas ruelas calçadas ao longo da praia.



E, de repente, em vôo rasante, mas muito rasante, um pouco acima das tamareiras, passou o primeiro jato militar. Depois, outro. E mais outro. Cinco ou seis. E, na seqüência, um grande bombardeiro militar, um pouco mais lento. E dele, da barriga dele, de sua barriga cheia de iniqüidades, caiu uma bola de fogo e veio em nossa direção. Todos correram para dentro do edifício, mas eu errei a porta. Tentei entrar, mas porta não se abria. Na hora, pensei: Os sete ou oito estrondos que ouvimos durante um Mikvê em Netanya (não contei isso para não assustar quem não está aqui) estão agora sobre nós. Preciso salvar a Sofia, pensei, e corri para dentro do hotel. Mas errei a porta. E a Sandra Berto retornou e me resgatou, puxando-me pelo braço para a porta correta. Se fosse bomba, eu não estaria aqui contando essa história. E nem a Sandra, que teria morrido num ato heróico. Ainda não sei o nome e a função dessas bombas de luz que os bombardeiros militares lançam sobre as pessoas, parece que se chamam sinalizadores. Para sinalizar o quê? Que o Armagedom já começou? Aliás, Armagedom foi o assunto da palestra que o rabino Joseph deu depois, numa sala aqui no hotel. Ele cedeu-me a palavras, para que eu falasse também um pouco sobre isso. Revelei a todos que a Guerra de Gog e Magog foi dividida em três etapas, pelo mérito de grandes mekubalim que clamaram por compaixão à humanidade. A primeira etapa já veio, e foi a Primeira Guerra Mundial. A segunda etapa já veio, e foi a Segunda Guerra Mundial. Estamos no vestíbulo da terceira etapa. Todas as peças do tabuleiro militar já estão posicionadas no tabuleiro. No entanto, nos Tribunais Superiores, uma ordem foi exarada, adoçando o Julgamento. Se a Luz do Mashiach, que é a Kabbalah, for revelada ao mundo, a terceira etapa virá como paz e compaixão, e não como guerra e sofrimento. Cabe a todos nós decidirmos que caminho vamos tomar, se o Caminho da Luz ou o Caminho do Sofrimento.  



Qual é o teu caminho?

Shamati (127)

    127. A diferença entre o núcleo central, a essência e a abundância agregada ( Su cot Inter 4, Tav - Shin - Guimel , 30 de setembro d...