sábado, 14 de abril de 2018

Otiot (2)


O significado da Letra Aleph



O alef, a primeira letra do alfabeto hebraico, é formado por dois yuds (a décima letra) — um no alto, à direita, e outro embaixo, à esquerda — unidos por um vav (a sexta letra) em diagonal. Ele representa as águas superiores e inferiores e o firmamento entre elas, conforme ensinado pelo Arizal (Rabi Itschac Luria, que recebeu e revelou novas percepções dentro da milenar sabedoria da Kablalah).



A água é mencionada pela primeira vez na Torá no relato sobre o primeiro dia da Criação: “E o espírito de D’us pairou sobre a superfície das águas”. Naquele momento as águas superiores e inferiores eram indistinguíveis. Seu estado é referido como “água dentro de água”. No segundo dia da Criação, D’us separou as duas águas “estendendo” o firmamento entre elas.



No serviço da alma, a água superior é a água do júbilo, da experiência de estar próximo a D’us, enquanto a água inferior é a água da amargura, da experiência de estar distante de D’us.



Na filosofia judaica, as duas propriedades intrínsecas da água são “molhada” e “fria”. A água superior é “molhada” com o sentimento de unidade com a “exaltação de D’us”, enquanto que a água inferior é “fria” com o sentimento de separação, de frustração por vivenciar a inerente “baixeza do homem”. O serviço Divino enfatiza que, realmente, a consciência primordial de ambas as águas é o senso do Divino – cada uma a partir de sua própria perspectiva: sob a perspectiva da água superior, quanto maior a “exaltação de D’us”, maior a união de todos em Seu Ser Absoluto. Já sob a perspectiva da água inferior, quanto maior a “exaltação de D’us”, maior o vácuo existencial entre a realidade de D’us e a do homem, e daí a inerente “baixeza do homem”.



O Talmud relata sobre quatro sábios que entraram no Pardês, o pomar místico de elevação espiritual que é alcançado somente por meio de intensa meditação e contemplações cabalísticas. O mais notável dos quatro, Rabi Akiva, disse aos outros antes de entrar: “Quando vocês chegarem ao local da rocha de puro mármore, não digam ‘água-água’, pois consta que ‘aquele que fala mentiras não ficará diante de Meus olhos’”. O Arizal explica que o lugar da “rocha de puro mármore” é onde a águas superiores e inferiores se unem. Aqui não se pode evocar “água-água” como que estabelecendo uma divisão entre a água superior e a inferior. “O local da rocha de puro mármore” é o local da verdade – o poder Divino de sustentar simultaneamente dois opostos. Nas palavras de Rabi Shalom ben Adret: “o paradoxo dos paradoxos”. Aqui a “exaltação de D’us” e Sua proximidade com o homem se unem com a “baixeza do homem” e sua “distância” de D’us.



A Torá começa com a letra beit (a segunda letra do alfabeto hebraico): “Bereishit (No início) D’us criou os céus e a terra”. Os Dez Mandamentos, a revelação Divina no Monte Sinai, começa com a letra alef: “Anochi [Eu] sou D’us, seu D’us, que tirou vocês da terra do Egito, da casa da escravidão”. O Midrash afirma que a “realidade superior” foi separada da “realidade inferior”, pois D’us decretou que a realidade superior não descende, nem tampouco a realidade inferior ascende. Na entrega da Torá, D’us anulou Seu decreto, sendo Ele Próprio o primeiro a descer, como está escrito: “E D’us desceu sobre o Monte Sinai”. A realidade inferior, por sua vez, ascendeu: “E Moshe se aproximou da nuvem…”. A união da “realidade superior”, o yud superior, com a “realidade inferior”, o yud inferior, através do vav conectivo da Torá, é o segredo fundamental da letra alef.



Forma



Um yud em cima e um yud embaixo com um vav separando-os e unindo-os simultaneamente. O segredo da imagem na qual o homem foi criado.



Mundos



A água superior e a água inferior com o firmamento entre elas.



No mundo:



1. A atmosfera superior, a atmosfera inferior, o oceano e o lençol de água.



2. Ondas de energia, a atmosfera, o ciclo hidrológico.



No corpo humano:



1. O sistema respiratório, o diafragma, o sistema digestivo.



2. O líquido da cabeça, a membrana, a umidade do cérebro.





Almas



Sentir-se próximo de D’us e distante d’Ele, com o comprometimento com Torá e Mitzvot equilibrando estas emoções.



“O choro está enraizado em um lado do meu coração, enquanto a alegria está enraizada no outro lado do meu coração”.



Divindade



Luz Transcendente e Luz Imanente, com a contração (tzimtzum) e a impressão (reshimo) entre elas.



O homem em perfeita união com a Vontade Infinita de D’us.



NOME



Bois, milhar, ensinamento, mestre.



Mundos



Bois – realidade física bruta, a alma animal inferior.



Milhar – multiplicidade na Criação, “as milhares de montanhas pastejadas pelo boi”.



O jugo do boi sendo aquiescido milhares de vezes e retornando à unificação.



Almas



“Eu ensinarei sabedoria a você” – a raiz da alma deriva da sabedoria de D’us.



Percepção direta da verdade Divina, ser nada.



Divindade



“Mestre do Universo”.



O “Um” Divino revelando-Se através da pluralidade da Criação.



NÚMERO



Um



Mundos



O primeiro dos números contáveis.



O começo do verdadeiro processo e a sequência dos eventos mundanos.

Conta-se “algo a partir de algo”.



Almas



“Uma nação na terra”.



A união orgânica de todas as almas.



Conta-se “algo a partir do nada”.



Divindade



“D’us é Um”: a unidade absoluta de D’us.



“Não há ninguém além d’Ele: Um, Único e Ímpar”.



Conta-se “nada a partir de algo”.


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