Adão e Eva em Safed
Adão e Eva eram felizes em Safed. Andavam pelas ruelas
cantarolando Mode Ani. Subiam e desciam
as escadas fazendo tzeruf e yichud. Viam com “seus Eynaim de ver” os
anjos bailando acima da cidade. Frequentavam a Sinagoga do Ari, a Sinagoga do
Shlomo Carlebach. Faziam a mikvê do Ari (nessa época, essa mikvê era permitida
às mulheres). Recebiam a Rainha do Shabat com Moinho e chalot, vinho kosher, velas de Chochmá e Chassadim...
Adão e Eva não trabalhavam, pertenciam a uma comunidade
ultra-ortodoxa, em que todos colaboravam para que alguns não tivessem
necessidades e pudessem, assim, dedicar-se ao estudo da Torah integralmente.
Um dia, Adão, o ruivo Adão, prestou atenção no sorriso
ardente e na Ohr com Ayn de uma
vizinha, Lilith, numa casinha de pedra que ficava a caminho do cemitério. O
resto dessa história de amor proibido vocês podem imaginar, que assim eu me
poupo de descrições malchutianas, mas preciso acrescentar que Eva, com medo de
perder Adão, aceitou um ménage-a-trois.
Elohim, que dirigia a comunidade, enfureceu-se com os dois
alunos e os expulsou de Safed. E pagou um extra para Lilith, que tinha sido contratada
para seduzir os dois ingênuos.
Adão e Eva, cansados, sedentos, cobertos de feridas na Ohr com Ayin, depois de andarem quarenta
dias pelo Damidbar (deserto),
chegaram, enfim, a região do Mar Morto, onde haviam existido duas prósperas
cidades, Sodoma e Gomorra.
Alguns meses depois, Adão, que trabalhava nas salinas, chegou
em casa e desabafou:
“Entendi agora que Ele quis dizer”, murmurou.
“Adão, Ele quem?”
“Elohim, em Safed. Entendi a maldição...”
“Que maldição?”, resmungou Eva, que preparava potes de sais
do Mar Morto, para vender na feira semanal do vilarejo.
“Mulher, já te esqueceste da maldição? Elohim me jogou uma
praga, quando saíamos da cidade: No suor
do teu rosto comerás o teu pão, Ele me disse”.
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