O que eu fui, nesta encarnação, até os meus quarenta e seis
anos, foi um presente que Deus me deu. E o que eu me tornei, depois que
retornei da morte, é um presente que eu dou a Ele. Desde o princípio, há quinze
bilhões de anos, fui um Vaso de Recepção.
Desci, através dos Mundos, como recebedor. E, em cada Mundo, em cada Sefirot, recebi prazeres indescritíveis, pois foi para isso que
fui criado. Ao chegar em Malchut, onde
já estou há 3.700 anos, rejeitei todo o recebimento
e passei a viver na escuridão. De tudo eu me esqueci, porque se lembrasse,
não poderia exercer meu Livre Arbítrio,
que é a única coisa que um ser humano tem, a capacidade de rejeitar aquilo que
o Criador quer lhe dar.
Houve uma parada cardíaca no meio do caminho, aos quarenta e
seis anos desta encarnação, e a Luz se fez.
Diante do soldado de metralhadora, na fronteira palestina, a
Luz se fez mais uma vez. Desde que retornei, a Luz se faz todos os dias.
Entendi, naquele instante, quando o soldado me perguntou se havia algum judeu
comigo, a akedá, a amarração de Isaac. Desamarrar Isaac, esse era o meu papel, esse era o papel do
Saltoun, esse era o papel do Grupo Kadosh. Em breve, o Santuário dos Patriarcas não estará mais sob uma dupla jurisdição, israelense
e palestina. Judeus, cristãos e muçulmanos poderão fazer as suas orações em
liberdade, tanto de um lado quanto do outro. Arriscamos, arriscamos muito para
que isso acontecesse, mas aconteceu. Os mísseis não nos detiveram. O medo e o
desânimo não nos detiveram. O medo, sabem-no os cabalistas, é uma idolatria do
ego.
Depois de viver a
morte, não tenho mais medo. Porque a raiz do medo é o medo de que a vida acabe
na morte. E não acaba.
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